quarta-feira, 3 de julho de 2013

FONTANÁRIO DO CARMO... TESTEMUNHA DO PASSADO


 
DO CARMO...
 
TESTEMUNHO DO PASSADO
 

A nossa cidade, tal como muitas outras, sofreu, nos últimos cem anos, alterações paisagísticas e arquitectónicas profundas. Sem dúvida que estas evoluções são necessárias para o progresso e bem estar das populações, mas por vezes corre-se o risco de perder para sempre verda­deiras "jóias" arquitectó­nicas.
 


 
(Fontanário do Carmo, testemunha do passado. Aguarela a cores de Crispim da Silva.)


A "jóia" que vamos falar não foi, felizmente, perdida para sempre; falamos do Fontanário do Carmo, popularmente conhecido por fontanário dos narizes (talvez devido ao facto de a
água sair dos narizes dos dois leões que adornam a fonte), de que com certeza os mais velhos ainda se lembram. Situado junto à Linha Férrea, este fontanário foi, aquando da abertura, há algumas décadas, do troço da EN 13 que vai desde a Igreja do Carmo até Monserrate, transladado para Sta. Luzia, onde ainda o podemos admirar. Numa época em que não existia ainda água canalizada, este fontanário tinha uma importância enorme na vida quotidiana dos habitantes desta zona da cidade, importância esta que os ventos do progresso fizeram diminuir.
Construído com a função de fornecer água potável a pessoas e animais, trata-se de uma construção simples, ornamentada por duas cabeças de leão, ao centro (de onde as águas brotam), e em cima por um Brasão da cidade. A sua transladação enquadrou- se num conjunto de mudanças radicais que se prolongaram por vários anos naquela zona : além da referida abertura do troço da EN 13, abriu-se, em 1947, a Avenida Afonso 111 (para o que foi necessário demolir a casa de D. Maria Barros Lima, a dos Porto Covo e outras adjacentes) e fecharam-se, já mais tarde, as duas passagens de nível que ali existiam.
Foi de facto louvável a intenção de preservar essa fonte, transladando-a para Sta. Luzia. Seria no entanto ainda mais louvável voltar a transladá-la, desta feita para a sua zona de "nascença", onde efectivamente pertence. Visto ser impossível replantá-la frente à Igreja do Carmo, porque não colocá-la no Largo das Carmelitas, ou noutro local na Rua da Bandeira ou Rua Manuel Fiúza Júnior? Seria devolver o monumento ao seu local de origem, onde ele pode voltar a ser admirado e utilizado pelos transeuntes que sintam sede!
Do autor in Livro da  Cidade de Viana no Presente e do Passado





 

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