segunda-feira, 25 de novembro de 2013

O Ano da Fé termina, mas a porta da fé continua aberta


 
 
O Ano da Fé termina, mas a porta da fé continua aberta

Não se chega à fé com discursos ou abordagens abstratas, mas abrindo-nos à força de Deus que, em Cristo, respondeu aos interrogantes da nossa vida


 

 

No próximo domingo, 24 de novembro, encerraremos oAno da Fé. Um tempo de graça, que foi um convite à conversão pessoal e pastoral, e uma oportunidade para a renovação da vida e da missão da nossa Igreja.

Cada um pode fazer seu exame sobre este ano e cada comunidade pode tirar suas próprias conclusões. Penso que todos nós conseguimos frutos positivos. No entanto, ainda vemos muitos católicos que recebem os sacramentos e praticam devoções, mas não se converteram a Jesus Cristo nem se comprometem com a sua Igreja.

Também há católicos frios em sua , que conhecem apenas alguns pontos doutrinais, mas não chegaram a uma relação pessoal com Deus; vários deles deixam a Igreja, buscando novas experiências espirituais em outras comunidades.

Para enfrentar esta realidade, convém recordar o que o Papa Bento XVI ensinou: "Muitas vezes, preocupamo-nos afanosamente com as consequências sociais, culturais e políticas da , dando por suposto que a  existe, o que é cada vez menos realista. Colocou-se uma confiança talvez excessiva nas estruturas e nos programas eclesiais, na distribuição de poderes e funções; mas que acontece se o sal se tornar insípido?"

E continua: "Para isso, é preciso voltar a anunciar com vigor e alegria o acontecimento da morte e ressurreição de Cristo, coração do cristianismo, fulcro e sustentáculo da nossa , alavanca poderosa das nossas certezas, vento impetuoso que varre qualquer medo e indecisão, qualquer dúvida e cálculo humano. (...) Portanto, a nossa  tem fundamento, mas é preciso que esta  se torne vida em cada um de nós" (
Homilia, 11 de maio de 2010).

Na verdade, construímos estruturas pastorais, transmitimos ensinamentos morais, promovemos diversos tipos de celebrações, mas supomos que a  já estava presente e talvez não tenhamos propiciado uma verdadeira experiência espiritual.

Antes de celebrar os sacramentos, antes de entrar na comunidade cristã, antes de pedir compromisso apostólico, é preciso receber o primeiro anúncio, o kerygma. Este anúncio é o que suscita a , que não é uma ideia, mas uma luz que vem do alto, uma experiência na ação do Espírito Santo, uma graça para entrar em comunhão com a obra de Deus realizada em Cristo, um contato pessoal com o amor inefável de Deus, que conduz à confiança e à conversão. Sem este anúncio primordial e ardente, a evangelização e a pastoral não dão frutos verdadeiros.

Miguel Pastorino escreve: "O kerygma não é uma moda ou uma nova descoberta da Igreja: é o conjunto de fundamentos de todo verdadeiro processo evangelizador, de Pentecostes até hoje. O kerygma não é catequese, não é um discurso doutrinal, não é só o testemunho de vida, não é proselitismo, nem sequer uma estratégia pedagógica prévia à catequese ou uma conversação sobre qualquer tema. Todas estas iniciativas podem ser o âmbito para o anúncio dokerygma, mas não são, em si, o primeiro anúncio".

E completa: "O objetivo do primeiro anúncio não é despertar simpatia por Jesus Cristo, mas a conversão do coração. É algo que, sem a experiência de  do evangelizador, é impossível de realizar. Anunciar o kerygma sem  é como falar a linguagem do amor sem estar enamorado. Só uma palavra repleta da graça, carregada de experiência do amor de Deus, pode ser um verdadeiro kerygma".

Ano da Fé nos deixa, então, o propósito de cultivar permanentemente em nós, com a força do Espírito Santo, uma relação pessoal e real com Deus, por meio de Jesus Cristo. O acolhimento e a proclamação desta possibilidade requerem uma autêntica renovação espiritual e pastoral em nossa vida eclesial.

Não podemos continuar pensando em Cristo e anunciando-o como um personagem do passado; não podemos continuar lendo a Bíblia sem permitir a transformação que Deus faz em nós com a sua Palavra; não podemos continuar orando enquanto o coração está longe de Deus.

Não se chega à  com discursos ou abordagens abstratas, mas abrindo-nos à força de Deus que, em Cristo, nos deu a resposta às aspirações e interrogantes da nossa vida. Como diz a carta 
Porta fidei, a porta da  continua aberta e nos introduz em um caminho que dura a vida toda.

(Artigo publicado originalmente pela 
Arquidiocese de Medellín).

Para que servem os padres?






Para que servem os padres?

Será que os sacerdotes são realmente necessários em nossa vida, ou podemos chegar a Deus sozinhos, sem intermediários?




Juan Ávila Estrada



 



Em um mundo que exalta o valor do light e do instantâneo, também o âmbito da fé tem estado sob a ameaça do mais fácil, efêmero e superficial. Por isso, encontramos pessoas que acham que, para chegar a Deus, não há necessidade de intermediários.

Os que constroem uma fé cômoda e "do seu jeito", acabam desprezando os sacramentos e o ministério sacerdotal. Apesar de que cada relação com Deus é personalizada, há "homens escolhidos entre os homens e constituídos a favor dos homens como mediadores nas coisas que dizem respeito a Deus, para oferecer dons e sacrifícios pelos pecados" (Hebreus 5, 1). Mas há pessoas que preferem uma construção sem ferramentas de trabalho, porque acham que as próprias mãos são capazes de fazer tudo.

É verdade que uma pessoa não pode se relacionar com Deus no lugar de outra. Nisso, cada ser humano é insubstituível, e não podemos pedir a outra pessoa que faça isso por nós. Mas também é verdade que, em seu plano de salvação, Deus estabeleceu uma Igreja que é mãe e mestra, e por meio dela Ele oferece sua graça santificante e se permite agir de maneira humana para ser entendido pelos humanos. O fato de Jesus Cristo ter se feito Homem é uma prova disso.

Para alguns, tudo o que dê a ideia de ponte, caminho ou acesso deve ser bombardeado, para que a aproximação da divindade seja imediata e produto da própria bondade humana. Às vezes, estamos tão seguros de nós mesmos, que esquecemos as palavras de Jesus, quando afirma: "Ninguém vai ao Pai senão por mim" (João 14, 6); mas também aquelas outras que Ele dirigiu aos apóstolos: "Como o Pai me enviou, eu os envio" (João 20, 21).

Neste sentido, podemos compreender que a mediação de Cristo é absolutamente necessária para a pessoa que quiser chegar a uma comunhão perfeita com Deus. O conhecimento e a proximidade de Deus é gratuidade do seu Filho Jesus Cristo. A eternidade do seu sacerdócio é condição de possibilidade para realizar com Deus uma aliança eterna, em benefício do homem de todas as épocas.

Cristo é necessário porque Deus é necessário e, sem Ele, o homem nunca alcançaria o objetivo da sua existência; mas este sacerdócio único de Jesus se prolongou através do sacerdócio que Ele deixou em sua Igreja, não como uma simples cópia simbólica do seu sacerdócio, e sim como uma participação no seu ministério, que a Igreja exerce de maneira fiel, assistida pelo Espírito Santo, para que, dessa maneira, a pessoa possa ter acesso a Deus. Os sacerdotes são, assim, instrumentos efetivos de comunhão com Deus.

Isso não é uma usurpação da atividade salvadora de Jesus, mas, pelo contrário, o cumprimento do seu desejo de aproximar todas as pessoas de Deus, já que o que a Igreja faz não é movido pelo capricho, mas pelo mandato expresso do Salvador, quem confiou nela e confiou a ela a tarefa de prolongar sua presença no mundo, em todo tempo e lugar.

Mas nunca foi fácil aceitar a ajuda de ninguém, a intercessão de ninguém, a santificação por meio de ninguém. É mais fácil acreditar que podemos fazer tudo sozinhos, que temos todas as forças e recursos suficientes para alcançar o céu com as nossas mãos.

A soberba humana, que foi o grande pecado de todos os povos, nos impede de ver um Deus que desce até os homens, que se faz Homem, que escolhe homens e santifica por meio de homens, justamente porque o homem não pode chegar a Deus a não ser que Deus chegue a ele.

Como Jesus é necessário para chegar a Deus, o sacerdócio ministerial é necessário para alcançarmos a graça de Cristo. Sempre custará, nos interpelará, nos incomodará que Deus tenha querido fazer as coisas de maneira tão "absurda", já que a experiência mostra que nem todos conseguem ser epifania de Deus e que, pelo contrário, a vida de muitos não é coerente com o que eles deveriam ser.

Mas, ainda assim, Deus prefere ser ocultado pelo pecado de muitos, a negar-se a irradiar e inundar sua graça em todo aquele que for capaz de aceitar a humilde intercessão de pecadores que são somente ferramentas nas mãos de um excelente artista.

Ninguém pode amar Cristo cabeça e desprezar seu corpo, que é a Igreja. Eles formam um todo. Nem Cristo sem Igreja, nem Igreja sem 
Cristo.

 

Pacientes em estado vegetativo: quem ajuda as famílias?


Pacientes em estado vegetativo: quem ajuda as famílias?

Cerca de 34% dos familiares de um paciente em estado vegetativo se veem obrigados a deixar o emprego para cuidar do enfermo

Chiara Santomiero

Uma pesquisa com 275 pacientes e 216 familiaresdemonstra que, em 32% dos casos, a situação criada nafamília pela presença de um quadro de estado vegetativo causa uma grave dificuldade econômica e, em 34% dos casos, pelo menos um dosfamiliares do enfermo se vê obrigado a renunciar ao trabalho, de maneira temporária ou definitiva, para cuidar dele.

Estes são dados publicados recentemente pelo Instituo Neurológico C.B., de Milão, referentes às formas de assistência e cuidado dos pacientes em estado vegetativo e de consciência mínima na Itália, que tornam evidente o peso assistencial suportado pelas pessoas que cuidam deles, bem como as dificuldades econômicas, emocionais e relacionais enfrentadas pelas famílias, muitas vezes sem apoio suficiente.

"As instituições neurocientíficas – afirma Matilde Leonardi, neurologista e responsável pela estrutura de neurologia, saúde pública e deficiência do Instituto C. B. – se sentiram incentivadas a dar o máximo de si na pesquisa, graças também à atitude das famílias que não abandonam os enfermos. Nossa maior preocupação é a qualidade de vida dos pacientes. Sobre o cérebro, ainda sabemos muito pouco; devemos continuar adiante, também nos momentos de crise, como o atual" (Avvenire, 14 de novembro).

A partir desta perspectiva, é preciso propor uma reflexão sobre a organização dos serviços de saúde para os pacientes. De fato, os dados do instituto demonstram que há uma evolução clínica das condições e capacidades dos pacientes, diferente da que se esperava.

Em 14% dos casos, de fato, no decorrer dos anos, os pacientes passam do estado vegetativo (caracterizado por um estado de vigília, mas sem consciência ou conhecimento de si mesmos ou do ambiente que os rodeia) ao de consciência mínima (um estado de consciência alterado, no qual comportamentos mínimos, mas definidos, demonstram uma consciência de si e do ambiente), ou de consciência mínima à invalidez gravíssima (Corriere della Sera, 27 de setembro).

No que se refere às condições de saúde, a alta taxa de mortalidade característica do primeiro ano de enfermidade continua até o terceiro ano, mas, depois deste prazo, o paciente parece estabilizar-se e, com exceção dos acontecimentos imprevistos, tende a sobreviver durante muito tempo.

O peso assistencial dos familiares não diminui depois de dois anos, segundo dados do instituto: ele continua sendo muito elevado, apesar da estabilidade da doença.

Cerca de 60% dos familiares entrevistados passa mais de três horas por dia com o enfermo. Este é um peso também emocional, ainda que, com o passar do tempo, a tendência é que os sintomas depressivos dos cuidadores diminuam.

sábado, 23 de novembro de 2013

A luta pela alma deste mundo



A luta pela alma deste mundo

História do missionário que defendeu os valores da maternidade e da família, mesmo recebendo ameaças de representantes da Fundação Rockfeller

 

Manuel Bru

 
 

Conheci recentemente um padre, Julián Vicente García, que passou 10 anos de ministério sacerdotal como missionário em Porto Rico, no bairro de San Isidro, da vidade de Canóvanas, na década de 80.

Um dos dramas desse bairro, além de uma delinquência atroz, era, como continua sendo em tantos lugares do mundo, a escassez de casamentos, razão pela qual muitas mulheres que ficam grávidas acabam abortando ou dão à luz e abandonam seus filhos.

O Pe. Julián teve uma grande ideia: levou a cabo, junto à promoção de alojamentos sociais, uma campanha a favor da maternidade, divulgada nas escolas; seu zênite era uma festa multitudinária, na qual, em poucos anos, todo o bairro se envolveu.

Um dia, o Pe. Julián recebeu uma ligação inesperada de uma pessoa de alto cargo público no país, que lhe disse que a CIA vigiava seu trabalho. Por quê? Porque a sua campanha pela maternidade havia conseguido neutralizar outra campanha: a do todo-poderoso Plano Rockfeller na América Latina.

Como é sabido, este plano tem como objetivo combater a influência católica e seus valores em defesa da vida, da família e da justiça social; o plano financia seitas evangélicas que seguem a linha da Fundação Rockfeller.

É que, no bairro do Pe. Julián, até os que tinham sido seduzidos pelas seitas começaram a valorizar a estabilidade familiar e a maternidade.

O Pe. Julián, mesmo quando recebeu ameaças diretas, não foi embora do bairro; só o deixou quando, muitos anos depois, seus superiores lhe destinaram outro lugar.

Como tantos homens e mulheres santos, este sacerdote trabalhou sem cessar, e mergulhou na "luta pela alma deste mundo", da qual falava o Beato João Paulo II.

E carregou a bandeira de Cristo, já defendida há cinco séculos por Santo Inácio de Loyola – esta bandeira que Cristo Rei e Juiz do Universo terá nas mãos no tão temido e esperado dia do juízo final.

 

 

Papa: quem não respeita os avós não tem futuro



Papa: quem não respeita os avós não tem futuro

“Os idosos são aqueles que nos trazem a história, que nos trazem a doutrina, que nos trazem a fé como herança”


http://www.aleteia.org/image/pt/article/papa-quem-nao-respeita-os-avos-nao-tem-futuro-16124001/sourceicon/0

 

PatriceTHEBAULT/CIRIC

 
 
 

Papa Francisco afirmou hoje que os avós são um tesouro a ser preservado e bem cuidado, pois quem não respeita os avós não tem futuro.

Em sua homilia da missa na Casa Santa Marta, reconheceu que “vivemos um tempo no qual os idosos não contam”.

“É triste dizê-lo, mas são descartados! Porque incomodam. Os idosos são aqueles que nos trazem a história, que nos trazem a doutrina, que nos trazem a fé como herança. São aqueles que, como o bom vinho envelhecido, têm esta força dentro de si para nos darem uma herança nobre”, afirmou.

Neste momento da homilia, o Papa Francisco contou uma pequena história sobre uma família: pai, mãe, tantos filhos e um avô que quando comia a sopa sujava o rosto.

O pai aborrecido com tal comportamento comprou uma mesinha à parte para o avô e explicou a atitude aos filhos. Um dia mais tarde, regressando a casa, encontra um dos seus filhos a brincar com um pedaço de madeira e pergunta-lhe o que estava ele a fazer. A resposta não se fez esperar: estou a fazer uma mesinha para ti, para quando fores velhinho como o avô!

“Esta história fez-me tão bem, toda a vida. Os avós são um tesouro”, disse Francisco.

“É verdade que a velhice, às vezes, é um pouco triste, pelas doenças que surgem, mas a sabedoria que têm os nossos avós é a herança que nós devemos receber. Um povo que não conserva os avós, um povo que não respeita os avós, não tem futuro, porque não tem memória, perdeu a memória.”

(Com informações da 
Rádio Vaticano)

 

Não, a Igreja não defende o "casamento tradicional"


Não, a Igreja não defende o "casamento tradicional"

O que a Igreja defende é o casamento como Deus quer, o que é bem diferente

Juan Ávila Estrada

 
 

"Mulher, case-se e seja submissa" ("Sposati e sii sottomessa") é o polêmico e "ofensivo" título de um livro escrito pela italiana Costanza Miriano, quem, com um toque de humor, quis falar da beleza do amor esponsal.

Como em tudo, aqueles que não se deram ao trabalho de ler o livro tentaram apedrejá-lo só porque a autora utilizou como estratégia de marketing uma paráfrase do apóstolo Paulo, quando afirma: "Mulheres, submetam-se aos seus maridos" (Efésios 5, 22-24).

Mas, claro, os que se deixam levar pelas aparências não estão interessados em conhecer a verdade, mas simplesmente em reafirmar aquilo em que sempre acreditaram: que a Igreja é uma instituição interessada em submeter a mulher, e que seus membros defendem o machismo para poder manter o status quo.

Mas qual é a verdade exposta pelo Evangelho sobre o casamento e o que a Igreja, em consonância com a Palavra de Deus, defende sobre esta instituição natural?

Não podemos ignorar que existem "correntes" católicas que, mal-interpretando o texto do apóstolo Paulo, afirmam que o casamento querido por Deus se baseia na submissão da mulher ao seu marido. Neste sentido, fala-se do casamento"tradicional", ou seja, aquele em que um homem, casado com uma mulher, sai de casa para trabalhar e sustentar a família, enquanto a esposa se limita a cuidar dos filhos e das tarefas domésticas, esperando que o marido volte para poder atendê-lo e estar atenta às suas decisões, por ser ele o "chefe" do lar.





Mas... será este o modelo de casamento defendido pela Igreja?

Não. A Igreja não defende o casamento "tradicional", mas sim o casamento"cristão", ou seja, aquele querido por Jesus e que se baseia na doação mútua de um homem e de uma mulher, que entenderam que ambos estão chamados a construir sua família e a sociedade, oferecendo sua contribuição, cada um a partir da sua condição de homem e mulher (o que envolve necessariamente certa assimetria, já que cada um tem uma identidade sexual específica – o que não significa que um contribua mais que o outro), mas ambos com a possibilidade de desenvolver todas as suas potencialidades humanas, sem renunciar ao que caracteriza cada um como pai ou mãe.

sociedade contemporânea, tendo aberto à mulher a possibilidade do estudo e da vida profissional, está conhecendo toda a riqueza e poder de transformação que ela é capaz de oferecer. Mas o fato de abrir esta porta, necessária e justa, foi mal-interpretado por aqueles que acreditam que a maternidade ou seu exercício vão contra a possibilidade de desenvolvimento profissional e econômico da mulher.

casamento cristão é o sonho de Deus: homem e mulher, chamados à complementariedade. Não se trata de duas pessoas pensando como uma só, nem de pensar como um "eu" e um "você": o casamento é um pensar como "nós". Esse pensar como "nós" exige levar em consideração o parecer, a opinião, o desejo do cônjuge, sem supor o que o outro pensa nem anular sua vontade; mas, isso sim, ambos dispostos a morrer para o bom, com o fim de chegar ao melhor.

Nem todos os pareceres católicos são realmente "católicos"; e o fato de que cada um pense de uma maneira e mesmo assim se considere católico e apostólico não significa necessariamente que sua opinião coincida com o ensinamento da Igreja.

Por isso, é preciso formar-se, conhecer a maneira como a Igreja defende a beleza do amor humano, do amor matrimonial e, por isso, está disposta a ser alvo de ataques e más-interpretações, com tal de ajudar cada pessoa a encontrar o verdadeiro significado da felicidade.

Parabéns à autora do livro, que foi bastante corajosa ao dar-lhe tal título; é uma pena que alguns o julguem apenas pela sua capa, e que seus preconceitos os impeçam de se aproximar da possibilidade de reconhecer e reavaliar a falsa imagem de uma instituição que, apesar de ter passado por tantas fases em sua história, foi aprendendo com seus próprios erros e sempre lutou por levar o ser humano à verdade sobre si mesmo e sobre Deus.


 

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Prémios Nobel que defendem a harmonia entre ciência e fé


Prémios Nobel que defendem a harmonia entre ciência e fé

Erros históricos de alguns eclesiásticos não deveriam deixar os cristãos complexados sobre a racionabilidade da criação

 

 

Enrique Chuvieco

Às vezes, as notícias científicas encolhem o coração de alguns católicos, porque estes acham que elas colidem supostamente com determinados aspectos do cristianismo. É mais o "boom" cultural-divulgativo que prende a opinião pública que os argumentos científicos expostos em um e outro sentido, em todo caso inconclusivos, sobre a existência de Deus. É maravilhoso conhecer mais a natureza e os fenômenos ao nosso redor, e é preciso afastar qualquer suspeita de que estas descobertas estejam em contradição com a Revelação.

O peso de Galileu

A meu ver, o que subjaz nos preconceitos de alguns cristãos com relação à ciênciaé mais o complexo de culpa por alguns erros cometidos por eclesiásticos durante os 20 séculos de existência da Igreja.

Por exemplo, o caso Galileu, pelo qual alguns pontífices pediram perdão. Sobre o erro não há antídoto para ninguém, nem antes nem agora, assim como tampouco há receitas. Sobre estas, estamos muito acostumados a pedi-las no mundo católico, para economizar esforços no aprofundamento das questões.

Atualmente, há vozes científicas discordantes que negam a existência de Deus, da alma ou equiparam o ser humano a qualquer animal da escala da vida. Saber que falam partindo de suas ideologias nos poupará alguns sofrimentos. Além disso, há outros muitos que foram ou são católicos.

Nem a favor nem contra Deus

É preciso deixar claro: a ciência experimental não pode se pronunciar sobre a existência ou não de Deus, simplesmente porque seu estudo se centra na matéria e na forma de abordá-la. O que um científico pode dizer é que o que conhece dela é perfeitamente compatível com a existência de um Deus criador e, a partir daqui, continuará analisando e submetendo a matérias a provas, para desvendá-la ou aprofundar em suas leis.

Muitos cientistas relevantes e Prêmios Nobel manifestaram sua crença em um Deus transcendente. Pasteur (1822–1895), um dos três fundadores da microbiologia, era católico praticamente e afirmou: "Quanto mais conheço, mais minha  se assemelha à de um simples camponês". Einstein (1879–1955), Prêmio Nobel de Física em 1921, disse que "a ciência sem a religião fica manca; a religiãosem a ciência fica cega".

Seis anos mais tarde, outro Nobel de Física, Arthur Compton, descobridor dos raios cósmicos e da reflexão, polarização e espectros de raios-X, sublinhou: "Para mim, a  começa com a compreensão de que uma inteligência suprema deu o ser ao universo e criou o homem. Não me custa ter essa , porque a ordem e inteligência do cosmos dão testemunho da mais sublime declaração jamais feita: 'No princípio Deus criou'".

Mais atrevido e provocador foi Max Born, outro Nobel de Física em 1954, que qualificou de "idiotas" os que defendem que "o estudo da ciência leva ao ateísmo". Já o Nobel de Física Arno Penzias (1933-), descobridor da radiação cósmica de fundo, afirmou: "Se eu não tivesse outros dados a não ser os primeiros capítulos do Gênesis, alguns dos Salmos e outras passagens das Escrituras, teria chegado essencialmente à mesma conclusão quanto à origem do Universo que a que os dados científicos nos oferecem".

Derek Barton (1918–1998), Nobel de Química em 1969, manifestou que não havia "incompatibilidade alguma entre a ciência e a religião, porque a ciênciademonstra a existência de Deus". Assim como Born, Christian B. Anfinsen, Nobel de Química em 1972, chamou de "idiotas" os que "são capazes de ser ateus".

Desenvolvedor da espectroscopia do laser, pela qual obteve o Nobel em 1981, Arthur Schawlow afirmou que, "quando a pessoa se depara com as maravilhas da vida e no universo, inevitavelmente se pergunta por que as únicas respostas possíveis são de cunho religioso... Tanto no universo como em minha própria vida, tenho necessidade de Deus".

A lista é quase interminável. Mas podemos citar alguns cientistas atuais: Francis Collins e William D. Phillips. O primeiro é diretor do genoma humano e manifestou que é "cientista crente", porque "não acho conflito entre estas duas visões de mundo"; e deixou isso explicado em seu último livro, cujo título dispensa comentários: "A linguagem de Deus".

Já Phillips, outro Nobel de Física em 1997, observou: "Há tantos colegas meus que são cristãos, que eu não conseguiria cruzar o salão paroquial da minha igreja sem encontrar pelo menos uma dezena de físicos".

Há várias outras galerias de ilustres crentes das ciências (hoje parece que aludir àciência experimental para negar Deus tem a última palavra nas conversas), razão pela qual só podemos ter medo mesmo da nossa preguiça, que nos leva a evitar qualquer aspecto da realidade. Seria um investimento de tempo gratificante para conhecer o maravilhoso mundo que nos cerca.

Fé: abandonar-se nas mãos de um amor que tem sua origem em Deus


Fé: abandonar-se nas mãos de um amor que tem sua origem em Deus

A fé é compreendida como a resposta que o homem dá com responsabilidade a uma proposta, decifrada como sendo a revelação do próprio Deus na vida concreta

 

 
 

Por Frei Marcos Antonio de Andrade

A evidência da fé…

O Novo Testamento fala tanto da dúvida como da fé. Os apóstolos não estavam muito surpreendidos pela dificuldade em acreditar, pois sabiam que ela estava predita pelos profetas. Paulo e João citam a palavra de Isaías: «Senhor, quem acreditou na nossa mensagem?» (Jo 12,38 e Rm 10,16). João acrescenta: «era o que Isaías tinha dito ainda: ‘Cegou-lhes os olhos e endureceu-lhes o coração, para que seus olhos não vejam, seu coração não compreenda’» (Jo 12, 39-40). Os quatro Evangelhos fazem referência a esta passagem do capítulo 6 de Isaías. O que podemos notar é que a fé não é evidente!

O Evangelho de João mostra a fé no pano de fundo do seu oposto. Desde o início Cristo é ignorado: «Veio para o que era seu e os seus não o receberam» (Jo 1,10-11). É verdade que a certa altura muitos seguiram Jesus. Mas, rapidamente, a maioria deixa de acreditar nele: «Muitos discípulos voltaram atrás e não andavam mais com ele» (Jo 6,66). Jesus não tenta agarrá-los. Constata: «Por isso é que vos disse: ‘Ninguém pode vir a mim se não lhe for concedido por meu Pai’» (Jo 6,65). Cristo não procurou suscitar a adesão através da persuasão, pois a fé tem uma profundidade que ultrapassa a inteligência e as emoções. Enraíza-se nessas profundidades onde «o abismo chama outro abismo» (Sl 42,8), onde o abismo da nossa condição humana toca no abismo de Deus. «Ninguém pode vir a mim, se o Pai, que me enviou, o não atrair» (Jo 6,44). A fé nasce inseparavelmente da atuação de Deus e da vontade humana. Ninguém acredita se não quiser. Também ninguém acredita sem que Deus o permita.

Se a fé é um dom de Deus e se nem todos acreditam, será que Deus afasta alguns? Na passagem onde João cita Isaías sobre a impossibilidade de crer, também transmite uma palavra de esperança de Jesus: «E eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim» (Jo 12,32). Elevado sobre a cruz e elevado na glória de Deus, Cristo «atrai» como o Pai «atrai». Como é que ele faz para atingir todos os seres humanos? É impossível dizê-lo. Mas por que não havemos de confiar nele no que diz respeito àquilo que nos ultrapassa?

Até à última página, o Evangelho de João mostra a fragilidade da . A dúvida de Tomé tornou-se proverbial. Mas o que é decisivo é que, sem acreditar, permanece na comunidade dos crentes – e evidentemente, estes não o expulsam! Tomé espera, o Ressuscitado mostra-se a ele, e ele acredita. Depois Jesus diz: «Porque viste, creste. Felizes os que não viram e creram!» (Jo 20,29). A fé não é um feito. Vem inesperadamente, ninguém sabe como. É uma confiança que se espanta com ela própria.

A fé enquanto abertura radical ao Mistério

Diz Leonardo Boff num de seus livros: “A fé consiste fundamentalmente numa atitude radical de abertura para o Mistério de nossa existência e de sua acolhida amorosa, modificando o caminhar humano. Crer em Deus é um modo de viver a vida como confiada, entregue, colocada em Suas mãos; é uma maneira de totalizar todas as nossas experiências e interpretar o mundo, vendo-o a partir do desígnio de Deus e ligado umbilicalmente à Sua divina realidade.”

Este é o sentido originário de crer, como um existir em confiança e abertura, mas uma abertura iluminada por um Tu absoluto, uma “Luz na qual vemos a luz” (Sl 36,10). Esse tu comungado e amado deixou sua obscuridade misteriosa e se fez nosso irmão em Jesus Cristo, Deus encarnado. Crer, significa abrir-se, deixar-se orientar, acolher a santa humanidade de Jesus de Nazaré na qual encontramos o Absoluto Mistério, sentido de nosso viver e morrer.

Crer é mais que um confiar-se radical e ontológico ao Tu divino; é também abrir-se e acolher o que Ele nos tem a dizer, seu projeto histórico sobre o homem, sua revelação sobre o destino do mundo. O que Ele nos tem a dizer o auscultamos em nossa consciência; com sentidos afiados por Sua luz o descobrimos nos sinais dos tempos e na história que Ele fez com um povo. Isso é testemunhado pelas Sagradas Escrituras,  interpretadas à luz da história da fé cristã, história que culminou no caminho concreto de Jesus de Nazaré vivo, morto e ressuscitado.

Essa atitude de abertura e acolhida, por um lado universal e por outro concreta, constitui uma manifestação do que seja graça em cada homem. Porém, esta graça não se restringe a uma dimensão pessoal, ela se desdobra numa dimensão eclesial e social. Em última análise, é por causa da fé que nós somos responsáveis pelo tipo de sociedade, de fraternidade, de Província, de Ordem, de Igreja e da qualidade de vida criadas ao nosso redor. Se elas dão margem à emergência de Deus ou O abafam com sua prepotência. A emergência, a transparência e a epifania da fé se dá nas obras (Tg 2, 14-18).

A fé enquanto resposta do ser-humano   

A fé é compreendida como a resposta que o homem dá com responsabilidade a uma proposta, decifrada como sendo a revelação do próprio Deus na vida concreta. Ela deve exprimir a nossa assunção de forma livre para uma realidade que é fundamento e destinação. O homem exprime essa sua experiência por várias formas: pelo culto, por símbolos, por fórmulas doutrinais e por organizações religiosas. A religião é a fé institucionalizada, e a fé é o núcleo e a substância da religião.

Embora geralmente a fé seja vista como uma religião, porque trata da relação com esse Absoluto a que se chama Deus, esta noção não se revela muito útil para a captar no seu carácter único. Será ela então uma espiritualidade? Sim, no sentido em que oferece um caminho pessoal e vivido de aprofundamento do sentido da existência. É uma peregrinação nas pisadas de Cristo, e coloca forçosamente o peregrino em relação com todos aqueles que estão no mesmo caminho. Sabemos que não pode haver fé sem religião, mas pode contudo haver religião sem fé! Basta observarmos o legalismo, o ritualismo, o dogmatismo, o sacramentalismo, etc.

Mas a fé é quase nada, mal se discerne – pequena como um grão de mostarda, dizJesus (Lc 17,6). Ao mesmo tempo, é «mais preciosa que o ouro» (1Pd 1,7), «santíssima» (Jd 20). A fé pertence às virtudes teologais, nos diz o Catecismo: «são infundidas no homem com a graça santificante, tornam-nos capazes de viver em relação com a Trindade e fundamentam e animam o agir do cristão, vivificando as virtudes humanas. Elas são o penhor da presença e da ação do Espírito Santo nas faculdades do ser humano» (CIC 384). Segundo S. Paulo «A fé, a esperança e a caridade permanecem para sempre. Porém, a maior delas é a caridade» (1Cor 13,13), pois «a Fé atua pelo amor» (Gl 5,6). No séc. VII, Máximo, o Confessor, identifica a fé com o reino de Deus: «A fé é o reino de Deus sem forma visível, o reino é a fé que tomou forma segundo Deus». E acrescenta que a fé realiza «a união imediata e perfeita do crente com Deus em quem crê».

O fundamento da fé

“Ressuscitou!” Este é o fundamento da nossa fé, a razão da nossa esperança e o motivo da nossa caridade: «Se Cristo não ressuscitou, vazia é a nossa pregação, vazia também é a nossa fé» (1Cor 15,14). Sem esta experiência, a cruz de Jesus e as nossas seriam uma tragédia e a vida cristã um absurdo. A partir dela, ao contrário, podemos cantar com a liturgia: “O Crux, ave, spes unica” (Salve, ó cruz, nossa única esperança). O Crucificado «ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras» (1Cor 15,4). Eis aqui o núcleo central da nossa fé e do kerigma primitivo: «Tanto eu como eles, eis o que proclamamos» (1Cor 15,11). A ressurreição é o grande “sim” de Deus Pai a seu Filho e, nele, a nós, por isso é também o tema do anúncio e o fundamento da nossa fé.



terça-feira, 19 de novembro de 2013

Imã se converte ao catolicismo: "O Alcorão diz que Jesus Cristo está vivo"


Imã se converte ao catolicismo: "O Alcorão diz que Jesus Cristo está vivo"

A coragem de um ex-muçulmano que se encontrou com Jesus Cristo e decidiu segui-lo

 

Mario Joseph era imã aos 18 anos e, ao converter-se aocristianismo, sofreu até uma tentativa de assassinato do seu pai. Hoje, ele é pregador católico na Índia. É um caso único no mundo. É o clérigo muçulmano mais jovem que abraçou o cristianismo, o que lhe supôs uma sentença de morte.

No cemitério da sua cidade natal, na Índia, há uma lápide com seu nome, em cima de um túmulo que tem uma escultura de barro do seu tamanho. Seu pai lhe disse: "Se você quiser ser cristão, terei de matá-lo".

Mas este homem ainda está vivo e Lartaún de Azumendi o entrevistou:

Mario Joseph, você tinha 18 anos e era um clérigo muçulmano. Como aconteceu esta mudança?

Eu era o terceiro de 6 irmãos e, aos 8 anos, meu pai me enviou a uma escola corânica para que eu me tornasse um imã. Depois de 10 anos de estudo, aos 18 anos, então, eu me tornei imã. Um dia, eu estava pregando na mesquita que Jesus Cristo não era Deus e então uma pessoa do público me disse para não dizer isso; e me perguntou quem era Jesus Cristo.

Como eu não tinha uma resposta para dar, comecei a ler todo o Alcorão e lá descobri que o capítulo 3 fala de Jesus, que muitas vezes é chamado de Jesus Cristo; e, no capítulo 9, fala-se de Maria.

Maria é o único nome de mulher que aparece no Alcorão; de Jesus, diz-se que Ele é a Palavra de Deus.

A região em que você morava na Índia era muçulmana?
 





Sim, é de maioria muçulmana e hindu; praticamente não há cristãos.

A partir dessa dúvida que você teve enquanto estava pregando, como começou o processo de conversão?

Alcorão diz que Maomé está morto, mas que Jesus Cristo ainda está vivo. Então, quando eu li isso, me perguntei: quem devo aceitar: o que está morto ou o que está vivo?

Perguntei a Alá sobre quem eu deveria aceitar e comecei a orar para que me ajudasse nesta questão. Quando comecei a orar, abri o Alcorão e li, no capítulo 10, versículo 94, que os que tinham uma dúvida assim, deveriam ler a Bíblia. Por isso, decidi começar a ler e estudar a Bíblia. Então, percebi quem é o Deus verdadeiro e, partir disso, abracei o cristianismo.

Você conta isso de maneira natural, mesmo sabendo a situação pela qual poderia passar. Como sua comunidade reagiu?

Quando eu me converti, fui a um centro de retiros e minha família começou a me procurar. E me encontraram lá. Meu pai me espancou e me levou para casa. Quando chegamos, ele me trancou em um quarto, amarrou minhas mãos e meus pés, deixou-me nu, colocou pimenta nos meus olhos, boca e nariz, e me deixou lá, assim, sem comida, durante 28 dias. Passado este tempo, meu pai voltou e me pegou pelo pescoço, para ver se estava vivo.

Abri os olhos e vi que ele tinha uma faca na mão. Ele me perguntou se eu tinha aceitado Jesus e disse que me mataria se eu o aceitasse. Eu sabia que o meu pai ia me matar, porque ele é um muçulmano muito duro, eu tinha certeza. Mas respondi que aceitava Jesus Cristo; naquele momento, senti uma luz muito forte na minha mente, que me deu forças para gritar: "Jesus!".

Naquela hora, meu pai caiu e acabou machucando seu peito com a faca; foi um grande corte, que sangrava muito; saía espuma pela boca dele. Nesse momento, minha família, assustada, o socorreu e o levou ao hospital, mas se esqueceu de trancar a porta. Eu pude sair e pegar um táxi, para ir ao centro de retiros de onde tinham me tirado, e fiquei lá, escondido.

É incrível que você tenha tido força física para sair de saca e ir ao centro de acolhimento católico...

Eu estava magro e muito fraco, mas aquela luz me deu forças e uma saúde que eu não sabia de onde vinha. No entanto, sofro até hoje as consequências desse castigo, porque tenho uma úlcera no estômago e úlceras na boca.

Faz quanto tempo que isso aconteceu?

Faz 18 anos. E o sofrimento ainda me acompanha. O Alcorão diz, em mais de 18 lugares, que quem rejeita o Alcorão deve ser eliminado.

Você nunca mais voltou a ver o seu pai?

Nunca mais voltei à minha cidade. Nunca mais pisei minha terra. Não só isso; eu estou enterrado lá, porque meus pais fizeram um túmulo para mim, com uma lápide que tem o meu nome e o dia do meu nascimento.
In Aleteia

 

A Regra de São Bento aplicada às empresas


A Regra de São Bento aplicada às empresas

Entrevista com o prior da comunidade de Montserrat, um dos criadores do curso "Valores e liderança: a Regra de São Bento, caminho para uma boa gestão"

Patricia Navas González

 
 
 
 

Regra de São Bento, que inspirou a vida dos monges durante mais de 1.500 anos, também pode ser aplicada àsempresas atuais, pois oferece grandes princípios de gestão. A Aleteia entrevistou o prior da comunidade beneditina de Montserrat, Ignasi Fossas, um dos criadores do curso "Valores e liderança: a Regra de São Bento, caminho para uma boa gestão".

O que a Regra de São Bento pode oferecer a uma empresa de hoje?

Ela pode oferecer a experiência de séculos da sabedoria monástica condensada em um texto que serviu para inspirar a vida dos monges, também em sua vertente de trabalho e, portanto, também de organização econômica.






Como se aplica esta ampla experiência em um âmbito tão diferente de um mosteiro?

Regra de São Bento oferece o que nas escolas de negócios chamam de job profiles, o perfil para determinadas funções. Por exemplo, o capítulo dedicado ao âmbito econômico (capítulo 31 da Regra) oferece um perfil ideal do CEO de umaempresa. Outro exemplo: os capítulos dedicados ao abade oferecem o perfil ideal do presidente de uma companhia. Ou o mesmo enfoque do mestre de noviços. Ainda que a Regra esteja muito focada na vocação monástica, ela pode oferecer também elementos adequados para a direção de pessoas.

Há outros elementos mais gerais, como o domínio do idioma, mais do que o silêncio; é o que a regra chama de "taciturnitas" no capítulo 6, ou seja, o uso adequado da palavra. Ou o valor da humildade, a capacidade de delegar as próprias responsabilidade etc.

A vantagem da sabedoria monástica beneditina, neste sentido, é que todos os mosteiros têm uma experiência empresarial, sejam eles pequenos, com uma simples loja para vender lembrancinhas ou comercializar os produtos que elaboram, sejam eles grandes, com universidades, empresas de serviços que lidam com a gestão de muitas pessoas, porque a própria Regra incentiva os mosteiros a serem autossustentáveis, o que implica organização.

Não se trata apenas de uma teoria recolhida em um texto clássico, mas de princípios contrastados pela prática secular. Uma história de 1.500 anos na qual houve de tudo, mas que funciona.

Um elemento interessante é que, em nossa curta experiência, vemos que as pessoas que participam destes cursos  ficam positivamente surpresas ao descobrir um texto culturalmente tão próximo de nós, como é o caso da Regra de São Bento, no qual podem encontrar elementos de inspiração, porque, para a maioria, este era um texto desconhecido. E nos perguntam: "Por que nunca nos disseram que vocês tinham isso?".

Que pessoas costumam participar destes cursos?

É um público muito variado, de gestores de empresas familiares de diversos tamanhos a proprietários de empresas que precisam repensar seu negócio totalmente no momento atual. Também há consultores.

Não é a primeira vez que se fala da aplicação da Regra de São Bento à empresa. Que iniciativas já houve, neste sentido?

Na Alemanha, sobretudo, trabalham nisso há anos nos mosteiros beneditinos, especialmente o Pe. Anselm Grün, que é ecônomo do mosteiro de Münsterschwarzach. No âmbito anglo-saxônico também, principalmente nos EUA e na Inglaterra.

Então, achamos que poderia valer a pena. Há cerca de 4 anos, eu comecei algo parecido com uma professora da Universidade Bocconi de Milão.

Em Montserrat, reunimos um grupo de 8-10 pessoas do mundo dos negócios, daempresa, gestores, dois professores, o ecônomo atual de Monteserrat, Pe. Manuel Gash, e eu. Então, já tínhamos um pouco de experiência com isso e demos conferências a grupos mais uniformes, por exemplo, um grupo completo de umaempresa só, que nos havia pedido.

Na sua opinião, por que tantas empresas fracassam?

Não sou especialista e não tenho soluções. Suponho que há muitos motivos, alguns estruturais, outros por deficiências no modelo de gestão; e os princípios incidem em tudo isso, ou seja, nas atitudes e valores com que as decisões são tomadas.

Quais são os erros mais comuns de gestão empresarial que a Regra poderia ajudar a solucionar?

Há algo que me parece importante: a primazia da pessoa, a preocupação por cada pessoa concretamente, por definir bem o papel de cada um, a flexibilidade dentro da estrutura, que seria complementar à definição e ao fato de que a estrutura esteja muito clara. A Regra prevê certa flexibilidade para desenvolver determinadas responsabilidades. Algumas podem ser deixadas de lado, sem problemas.

A estrutura monástica tem uma diferença importante com relação a umaempresa: o objetivo da atividade econômica do mosteiro não é diretamente remunerar os acionistas nem os proprietários, mas melhorar ou favorecer o serviço que se pretende oferecer, ou manter o patrimônio, para que, assim, possa continuar com a atividade que se leva a cabo.

Em uma empresa, isso é diferente, não precisa ser necessariamente assim. Este é um elemento interessante: ao apresentar a possível utilidade da Regra na gestãoempresarial, acho que é preciso ser honrado também e apresentar o que pode ser útil para as empresas, que é diferente.

As pessoas entram no mosteiro porque sentem a vocação e, portanto, comprometem de alguma maneira toda a sua vida e toda a sua pessoa. No âmbitoempresarial, as pessoas também se comprometem, mas não a vida toda nem toda a pessoa necessariamente. Não queremos que os empresários sejam como monges.

Qual é a sua experiência como empresário de Montserrat?

Eu estive 6 anos trabalhando como administrador e, para mim, uma lição essencial é a importância das relações humanas. A porcentagem mais elevada do meu trabalho é dedicada às relações humanas e isso é fundamental: ter uma boa equipe, estabelecer relações saudáveis com os colaboradores, saber motivar, lidar também com as diferenças, abordar os problemas de maneira positiva etc.

Em segundo lugar, poder descobrir que a gestão, que parece o elemento mais material da vida do mosteiro, pode ser precisamente uma oportunidade de crescimento espiritual, inclusive uma aventura espiritual.

Alguns dizem que conhecemos melhor as pessoas quando elas lidam com o dinheiro...

Nós começamos o curso dizendo que qualquer trabalho (todos têm alguma dimensão de liderança) afeta a pessoa inteira: corpo, alma, espírito. Por isso, é uma oportunidade privilegiada para desenvolver todos estes aspectos da pessoa, porque é preciso enfrentar a si mesmo, confrontar-se com a própria realidade, com o melhor e o pior de si mesmo; e, quanto mais alta é a responsabilidade, mais intensa é esta confrontação.

Por isso, quando se aproveita a oportunidade, a pessoa pode se desenvolver, crescer pessoalmente. As pessoas passam uma parte muito importante da sua vida no trabalho. Portanto, é normal que seja este um dos melhores lugares para conhecê-las.

A caminhada de Jesus na Galileia


A caminhada de Jesus na Galileia

Os capítulos 4,14 – 9,50 narram os acontecimentos da primeira etapa desta caminhada que acontece na Galileia. Vale a pena perceber que acontecimentos são estes e que interesse tem Lucas em narrá-los.

 

 

Por: Carlos Frederico Schlaepfer

Todo o Evangelho de Lucasestá voltado para Jerusalém, isto é, a pregação e a ação de Jesus é apresentada conforme uma viagem do próprio Jesus, partindo da Galileia em direção a Jerusalém. Esta viagem tem por objetivo mostrar que é em Jerusalém, o centro do poder judaico, que Jesus vai se apresentar verdadeiramente como o Messias que vem mostrar o caminho da libertação para todos os povos.

Os capítulos 4,14 – 9,50 narram os acontecimentos da primeira etapa desta caminhada que acontece na Galileia. Vale a pena perceber que acontecimentos são estes e que interesse tem Lucas em narrá-los.

Jesus inicia o seu ministério na Galileia, região ao norte da palestina, onde se encontravam pequenos e grandes proprietários de terras, além de um grande número de trabalhadores rurais, sofrendo o peso dos tributos e das leis sobre os seus ombros. Por esta razão era da Galileia que se insurgiram vários grupos com lideranças esporádicas, buscando a libertação do jugo romano. Foi também da Galileia que nasceu o grupo dos Zelotes que pelos anos 68 a 70 se rebelaram contra os Romanos provocando a destruição de Jerusalém, fato muito importante tanto para os judeus, como para os cristãos. A Região da Galileia era considerada portanto, lugar de bandoleiros, subversivos, pessoas de segunda categoria, aos olhos dos poderosos de Jerusalém. Tratava-se sempre de uma ameaça ao poder estabelecido. Jesus foi criado nesta região. Daí que muitas vezes tratavam-no como o Galileu. Sua residência era em Nazaré cidade pequena onde em dia de Sábado Jesus dá início ao seu trabalho de pregar a Boa Nova do Reino de Deus e mostrar através de sua prática que este Reino está presente no meio de nós. (Lc 4,14-21).

As primeiras palavras de Jesus em sua terra, de início provocam admiração; afinal, estava lendo o profeta Isaías 61,1-2. Porém, quando atualiza esta leitura, mostrando que o Espírito tem liberdade para agir onde quer e que a salvação não depende da pertença a um povo ou do seguimento cego da Lei, mas está aberta a todos quantos queiram abraçá-la através da proposta do Reino de Deus que chega primeiramente aos pobres, marginalizados, oprimidos, muitos dos que estavam ouvindo Jesus ficam furiosos a ponto de expulsá-lo de Nazaré, cidade onde se criara. Escreve Lucas que ele prosseguia o seu caminho (Lc 4,30).




Se compararmos o Evangelho de Lucas com o Evangelho de Marcos, vemos que existe semelhança entre Lc 4,31-6,19 e Mc 1,21-3,19. A partir de Lc 6,20 as semelhanças desaparecem para novamente voltarem em Lc 8,4-9,50 com Mc 4,1-9,40. Estes textos que não estão em semelhança com Marcos, Lucas provavelmente foi buscar em algum material que trazia principalmente os discursos de Jesus, pois aí temos: 6,20-26 – As bem aventuranças e as maldições; 6,27-35 – o amor aos inimigos; 6,36-38 – A misericórdia e a gratuidade; 6,39-49 – a autenticidade no seguimento de Jesus. Já no capítulo 7, Jesus cura o servo do centurião (Lc 7,1-10), revive o filho da viúva de Naim (7,11-17) e na casa de um fariseu é ungido por uma mulher pecadora (Lc 7, 36-50). Estes três episódios mostram Jesus voltado para os pagãos, impuros e pecadores. Desta forma vai sendo colocado em prática o que Ele havia anunciado na Sinagoga de Nazaré.Lucas coloca também neste capítulo, o diálogo de Jesus com os discípulos de João Batista (Lc 7,18-35).

Na caminhada de Jesus pela Galileia, aparecem duas estradas: Uma é a estrada das ações de Jesus; outra é a estrada da pregação de Jesus. Ambas as estradas vão se encontrar em um ponto que é comum: A Boa Nova do Reino de Deus que chega aos pobres e marginalizados. Lucas através desta caminhada de Jesus pela Galileia mostra a força e o poder de Jesus, em contraste direto à força e ao poder dominante que não consegue derrotar Jesus. É importante ter presente que esta chegada do Reino de Deus através de Jesus, está pleno de misericórdia e perdão, condições indispensáveis para que o Reino possa acontecer no meio dos homens e mulheres de todos os tempos.

(Instituto Teológico Franciscano)