domingo, 31 de agosto de 2014

MELGAÇO - DIA DO BRANDEIRO - OLHARES GEOLÓGICOS E ANTROPOLÓGICOS


MELGAÇO

DIA DO BRANDEIRO









OLHARES GEOLÓGICOS E ANTROPOLÓGICOS

 

José Rodrigues Lima

 

A Declaração Patrimonial proclamada a 7 de Setembro de 1996, e inserida no projecto cultural “Memória e Fronteira” preconiza a comemoração do Dia do Brandeiro.

Está estabelecido que no primeiro sábado de Agosto se proceda à homenagem a todos aqueles que seguiam a rota da transumância, partindo da parte baixa da freguesia da Gave, para as terras altas da Aveleira, apascentando o gado bovino, caprino e cavalar.

Pretende-se perpetuar a diversidade cultural existente naquele espaço geocultural e transmitir para o futuro “lugares e vivências” humanizadas.

 

ARTE DA SOLIDARIEDADE ACTIVA

O acontecimento cultural faz parte do programa “Melgaço em Festa”.

O Presidente da Câmara de Melgaço, Manoel Batista; a Vereadora da Cultura, Maria José Codesso; o Presidente da Junta da Gave, Agostinho Alves; o Pároco da Gave, Raul Fernandes, e outras entidades locais e regionais marcaram presença, estimulando a vida cultural daquela comunidade agro-pastoril.

Os homens do cajado firme “com os olhos cheios de memória e pensamentos lavados pela aragem”, testemunharam vivências misturadas com os aromas da montanha e onde correm os ribeiros do Aveleira, Calcado e Vidoeiro.

As conversas relataram episódios vividos naquele santuário natural que é a Branda da Aveleira, onde se pode dar descanso ao corpo e paz ao espírito, alojando-se nas casas de granito recuperadas e ao serviço dos turistas, formando uma verdadeira aldeia de montanha a 1.120 metros de altitude.

Pelo território há testemunhos da arte da sobrevivência que conviveu com a arte da solidariedade activa.

Também na montanha está a história da terra e a memória dos homens.

Há caminhos patrimoniais não rompidos onde sentimos o mítico e conhecemos a história.

 

SUBI ONDE OS MEUS OLHOS ESTÃO

A poesia de Pedro Homem de Mello ajudou à comemoração.

Assim : “Subi às frias montanhas, / Pelas veredas estranhas / Onde meus olhos estão”.

De Miguel Torga recordou-se que “há sempre um reino maravilhoso, um mundo de primária beleza, de intimidade, que ora fugia esquivo pelas brenhas, tímido e secreto, ou sorria dum postigo acolhedor e fraterno”.

Do sociólogo Eugénio Castro Caldas lembrou-se que “ Ser minhoto é ser celta / castrejo, galaico, pouco lusitano, mais suevo do que visigodo…”

A sabedoria e o simbolismo alimentaram os espíritos: “Na sombra dos tempos / Os velhos sabiam, / Ouvir as vozes do mundo a falar; / Onde o segredo é saber calar” (Pedro d’Orey).

O pensamento do geógrafo Orlando Ribeiro esteve presente: “Aqui se encontram também os últimos restos de deambulações do gado grosso… Um caso de povoamento desdobrado, pelas necessidades da pastagem e da cultura... Com tons cinzentos e acastanhados.

O saudoso etnógrafo alto-minhoto, José Rosa de Araújo, foi recordado com as suas expressões regionalistas: “É preciso ter os olhos sem remelas e os ouvidos escabichados, para apreciar a cultura.”

 

Muitos do participantes, por certo, seguiram a recomendação de Marcel Proust: “A verdadeira viagem não é partir para longe, mas inventar um novo olhar”.

Olhámos e apreciámos o território que o antigo brandeiro José Maria Rodrigues assim registou: “Da Peneda até ao Mouro, / Tudo é teu oh minha terra; / Tens a frescura do rio / E o verde escuro da serra”.

Para a Branda de Aveleira subiu-se com o gado através do tempo secular, e aí se permanecia de Maio a Setembro, em comunhão com a natureza e recebendo o cheiro da “terra-mãe”.

Para abrigo construíram-se as cardenhas. A poesia sublinha: “Estas paredes erguidas, / Pelas mãos dos nossos avós; / São muitas vidas vividas, / Que falam dentro de nós…” (D. Mello)

 

BRANDA E CARDENHAS

A palavra branda é um signo linguístico que alguns eruditos escrevem veranda, pois defendem que deriva de Verão.

O vocábulo branda está consagrado na geografia humana, na antropologia, na cartografia e na linguagem do Alto-Minho.

A origem etimológica do termo branda, com rigor, ainda não está determinada.

No Dicionário de Cândido de Figueiredo (Lisboa, 1913), branda significa tapada ou pastagem nas montanhas (de brando?).

Derivará do latim “veranu”, com o significado de primaveril. No Grande Dicionário de Língua Portuguesa (Lisboa, 1981), o termo branda significa pastagem da serra aproveitada pelo gado transumante no Verão (de Abril a Setembro); abrigo de pastor e o que se oferece, de noite, ao gado que no Verão sobe a serra para pastar.

O grande etnógrafo J. leite de Vasconcelos diz que branda corresponde a verãa-verenata. Pensa-se que o vocábulo terá origem pré-romana.

A palavra refere-se ao universo agro-pastoril de montanha, com características diversas e singulares, de acordo com as diferentes regiões do Noroeste Peninsular.

Mais simples parece ser o termo inverneira, referindo o local do vale, onde se recolhem as famílias das brandas, de Dezembro a Abril, durante a estação fria, ventosa, de chuva e de neve.

O facto é que nos locais altos da montanha há boas pastagens para os gados, sendo os ares mais brandos e as águas cristalinas e leves, constituindo espaços de harmonia singular.

Há a branda pastoril, de cultivo e mista (pastoril e cultivo).

A palavra cardenha ou cardanha deriva do vocábulo latino “cardo” (inis), significando coucoeira, gonzo, quício, e será uma casa térrea onde os jornaleiros dormem. Esta definição parece ser uma metonímia de gonzo.

O Dicionário de Cândido de Figueiredo diz ser preferível o emprego de cardenha, usado por Camilo Castelo Branco em “Sereia” pp. 113 e “Amor de Perdição” pp.265.

O especialista José P. Machado apresenta-o com o significado de choupana, casa pobre.

De cardo viria cardinale, que diz respeito ao gonzo ou eixo, e nesse sentido se toma a terceira vertebra cervical, também apelidada de gnício.

As cardenhas são construções rudimentares, feitas de pedra tosca que se encontra nos locais de montanha, sendo a cobertura de lajes, formando uma falsa cúpula. Muitas possuem dois níveis, sendo o de cima para dormir o brandeiro, e a parte de baixo para o gado.

Estas casarotas sem idade, cobertas de cinzentos líquens, são bem a imagem da aspereza primitiva da vida das gentes serranas, frugal e dura, revelando uma tendência ancestral inconsciente.

Podemos referir que estes testemunhos da paisagem cultural revelam memórias celtas.

 

PAISAGEM CULTURAL

Ao peregrinar pela branda tentámos localizar a zona do Batateiro com a anta, a Ermida da Nossa Senhora da Guia, a Pata do Mouro na Calçada do Moniz, a Cova dos Anhos, o Poulo das Beiguinhas e o Coto Grande com coroas.

O sítio da “junção das águas Entre-os-Portos”, é onde se incorporam as águas dos ribeiros que formam o rio Vez das águas límpidas e truteiras.

O património material vai das referidas cardenhas e cortelhos até aos utensílios utilizados no quotidiano do brandeiro: um lenço, duas mantas, alguns potes ou asados, duas broas e um presunto, dois cabaços descascados, chicolateira velhinha, eram os traste usados.

Junta-se ainda o mascoto, o ripanço, o arado de pau, a concha de madeira, a cana de pesca, o corno, a malga do caldo e o prato para as comidas.

Da alimentação recorda-se o caldo de leite, a água de unto, o caldo de farinha, os mínharos, as batatas solteiras e os formigos. A sopa de vinho alegrava os dias e não fazia mal nenhum.

Como nota curiosa é de sublinhar que os brandeiros, geralmente, comiam o caldo ao cair da tarde, sentados na soleira da cardenha.

Do património imaterial fazem parte as sentidas emoções dos sustos quando o gado se tresmalhava, ou se ouvia o uivar do lobo ou quando ele atacava algum animal.

O som das aves nocturnas com os sons agourentos quebravam, por vezes, o silêncio da noite escura.

A montanha forjou o carácter forte dos brandeiros das caminhadas longas e com suores pela canícula do dia.

Ao romper do dia os brandeiros saem com o gado para o pasto e saúdam os companheiros com bom-dia. A resposta era pronta, “pois Deus nos dê os bons dias”.

 

A VIRAGEM NOS ANOS SESSENTA

Por volta dos anos sessenta muitos brandeiros jovens aderiram ao movimento demográfico, económico, cultural e político que foi a emigração, tentando orientar as suas vidas no contexto de países europeus.

Foi o período da emigração clandestina ou “ a salto”, ou com “passaporte de coelho”.

As actividades da branda acentuaram a sua queda.

Para avaliar o que foi a fuga de braços jovens para as cidades europeias, basta referir que entre 1960-1965 houve no tribunal de Melgaço 803 processos e as causas eram o engajamento, a emigração clandestina a falsificação de passaportes.

As belezas da paisagem da branda abrem-nos janelas escancaradas para regalar os olhos com a diversidade cultural. Esses espaços merecem ser percorridos pelos andarilhos do fotojornalismo e os registos fotográficos serem apresentados nos meios culturais urbanos

 

MONGES NA SERRA

Através de registos históricos referentes ao Mosteiro Cisterciense do Ermelo, no Vale do Lima, e ao Mosteiro Cisterciense de Fiães, já no vale do Minho, sabemos que a ligação directa entre ambos os mosteiros se fazia pelo Soajo, Adrão, Miradouro, Peneda ou Cando, passando nas franjas da Aveleira, prosseguindo por Lamas de Mouro para depois encontrar Santa Maria de Fiães, sedimentado assim a “Rota Cisterciense do Alto-Minho”.

A comunidade cisterciense do Ermelo possuía terra no Cando e Pomba. Os Mosteiro de Fiães, igualmente em Fervença, na Bouça do Homens, assim como em Ciche e em Campelo da Aveleira.

Através dos documentos do Mosteiros de Fiães conhecemos os foreiros Pedro Migueis, do Cando e outros do Vale de Poldros, bem como o enfiteuta Gonçalo Fernandes, da Aveleira.

 

TESTEMUNHOS DOS GLACIARES

A especialista Raquel Alves, professora da Universidade do Minho, prestou um contributo eloquente na comemoração do Dia do Brandeiro, versando os testemunhos glaciares existentes e explicando a movimentação dos mesmos.

A comunicação científica, com rigor em matéria da sua especialidade, motivou os numerosos participantes que enchiam o salão do recinto da Senhora da Guia.

“Quando o glaciar começa a retrair-se deixa na extremidade as moreias frontais e terminais as quais podem formar morros de calhaus com dezenas de metros de altura.

Podemos ver moreias de intersecção na junção do rio Vez e seu afluente no rio Aveleira.

Nas margens do curso superior do rio Vez podem observar-se também moreias laterais, de fundo e terminais”. (in Olhares Multidisciplinares-Branda da Aveleira, 2001).

Os interessados em aspectos geológicos podem concretizar “o percurso geológico da Aveleira-Gave-Melgaço verificando a riqueza do geossítio”.

 

VOLTAREMOS À BRANDA

A fim de dar continuidade ao património vivo da Branda da Aveleira, no final da sessão cultural e de homenagem aos brandeiros foram apresentadas várias sugestões.

Assim, deve-se proceder à conservação de uma cardenha como núcleo museológico, bem como um cortelho do gado.

Por outro lado, fomentar a participação de várias entidades para se definir e divulgar a “Rota Cisterciense do Alto-Minho” que nasce no Mosteiro do Ermelo, passando pelo Mosteiro de Fiães e tendo o seu termo no Mosteiro de Santa Maria de Osseira, na Galiza.

Perspectivou-se ainda a comemoração dos vinte anos do Dia do Brandeiro a acontecer em 2016.

É de referir que o convívio contou com os tocadores de concertina, portadores de espécimes raras de autênticas academias de música regional.

Os brandeiros que comungaram com estes pedaços de terra, onde cada espaço está denso de permanência e universalismo, foram os grandes protagonistas e construtores de uma trama espessa e indissolúvel, onde os factores geológicos, geográficos, ecológicos, económicos, antropológicos e a biodiversidade operaram uma constante simbiose que contribuiu para a coesão social em que o ideário celtista deixou marcas perduráveis.

Os brandeiros foram e são homens de carácter firme, personalidades simbólicas e poéticas.

“Não é só na grande cidade, / que os poetas cantam bem; / Os rouxinóis são da serra / E cantam como ninguém.”

Voltaremos à branda da aveleira com J. Rosseau no pensamento: “Quando queremos estudar os homens precisamos de olhar à nossa volta; mas para estudar os homens, precisamos de aprender a levar mais longe os nosso olhar; devemos primeiro observar as diferenças para lhes descobrirmos as propriedades.”

 

Bibliografia:

- Lima, José Rodrigues (coordenador), “Olhares Multidisciplinares – Branda da Aveleira”, 2001.

- Oliveira, Ernesto Veiga de, “Construções Primitivas em Portugal”, Lisboa, Publicações Dom Quixote, 1991.

- Dias, Jorge, “Rio de Onor, Comunitarismo agro-pastoril”, Lisboa, Editorial Presença, 1984.

- Ferro, Gaetano, “Sociedade humana e ambiente, no tempo”. Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 1979.

- Ribeiro, Orlando, “Portugal, o Mediterrâneo e o Atlântico”. Lisboa, Livraria Sá da Costa, 1986.

- Moreira, A., Simões M. “Carta Geológica de Portugal”, 1/50.000, Folha 1-D, Arcos de Valdevez.

- Sampaio, Gonçalo, “Flora Portuguesa”, Ed. 2, Porto, 1947.

- Jorge, Vítor Oliveira; Silva, Eduardo Jorge Lopes da; Baptista, António Martinho; Jorge, Susana Oliveira, “As mamoas do alto da Portela do Pau (Castro Laboreiro, Melgaço), Sociedade Portuguesa de Antropologia e Etnologia, Porto, 1997.

 

José Rodrigues Lima

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Dar Alma à Vida XX


Dar Alma à Vida XX

 

Dá-se Alma à Vida quando se estuda, se reflecte, se reza, se trabalha, se ama e se fazem obras de Amor.

A Vida sem esta Alma não faz sentido, mas, esta não é uma vida aconselhável aos corruptos, aos viciados, aos que guardam ressentimentos e ódios, aos senhores grandes porque podem. Têm de saber perder algo, mas é no perder que está muitas vezes o ganho, pois a semente que é lançada à terra, se não morrer não dá fruto.

Dar Alma à Vida é fazê-la frutificar, não é esperar ser o primeiro, ou o último, mas é fazer, na vida, o que está ao nosso alcance com serenidade de chegar à Meta e o lugar ou o tempo não interessa. O que é importante é chegar, chegar de Alma cheia de Amor!...

Dar Alma à Vida é ser solidário, é partilhar mesmo o pouco que se tem com quem tem menos… É amar e amar é dar-se, pois é no dar-se que podemos dar testemunho de uma Alma grande, capaz de espelhar a infinitude do nosso Deus. PC

 

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

O que as famílias podem fazer para evitar suicídios?

O que as famílias podem fazer para evitar suicídios?

Algumas atitudes concretas que os pais podem adotar com relação aos filhos

                                                                                                                                             © martinak15
Os crescentes casos de suicídio entre adolescentes aumentaram a preocupação da sociedade. No Chile, por exemplo, no último feriado prolongado, houve 5 casos. É por isso que o bispo auxiliar de Santiago del Estero, Dom Ariel Torrado Mosconi, fez algumas recomendações aos pais de família.

“Os pais, no interior da família, precisam colocar limites nos seus filhos, ainda que devam tolerar as ‘birras’ dos seus filhosadolescentes e suas reclamações de ‘por que não posso fazer isso?’, ‘todo mundo faz’ – o que é melhor do que chorar pelas consequências de tantos acidentes e mortes absurdas”, manifestou o prelado.

“Os pais demonstram seu carinho aos filhos também dizendo ‘não’ a alguns dos seus pedidos. Que Deus esteja presente nos lares por meio da oração cotidiana em família, da valorização das realidades espirituais e da paz no lar. É preciso procurar os valores transcendentes que dão sentido ao sacrifício e ao sofrimento, em prol de um ideal”, acrescentou.

O bispo também fez uma análise da situação particular pela qual a província de Santiago del Estero passa, com relação a tantas mortes de adolescentes.

“Os jovens e adolescentes são a parte mais preciosa de um povo e precisam ser uma das principais preocupações de todos os que têm alguma responsabilidade em sua formação. Por isso, o lamentável crescimento de casos de suicídio entre os jovens precisa interpelar toda a sociedade”, disse.

“As adições, a solidão, o sofrimento e o desespero costumam levar os jovens à falta de sentido na vida. Somente um olhar transcendente é capaz de encontrar um sentido mesmo em meio às graves dificuldades da vida”, refletiu.

O bispo acrescentou: “Infelizmente, são muitos os jovens que crescem sem consciência da presença de Deus e sem religião. Sem esperança, sem uma adequada contenção familiar, sem verdadeiros amigos, sem formação na fé, sem a possibilidade de estudar ou trabalhar”.

“São muitos os que ficam marginalizados da sociedade e são tratados como ‘sobra’. Querem fugir da sua situação por meio da alienação das adições ou de excessos nocivos de todo tipo e, infelizmente, chegam às vezes ao extremo do suicídio.”

Sobre a causa destas mortes provocadas, o bispo mencionou a “El Liberal” a “crise pela qual a família passa hoje em dia; muitos sofrem de profundas carências afetivas, conflitos emocionais, e crescem sem uma referência aos valores. A crise que leva ao suicídio muitas vezes tem uma causa espiritual: o vazio existencial da falta de experiência do amor gratuito de Deus e da família”.

(Artigo publicado originalmente por AICA)
 

terça-feira, 26 de agosto de 2014

Escândalo Farisaico ?


 Escândalo Farisaico ?
 
 
 
É sempre de lamentar a existência de “Posturas Fasisaicas” principalmente quando estas ocorrem dentro do próprio clero e em pleno séc. XXI. Será que estas atitudes são apenas para tranquilizar a sua consciência pela falta de partilha a favor da obra?  Só os fariseus se escandalizam com a cobertura de cobre da Igreja da Sagrada Família quando desconhecem todo o contexto do projecto, o custo do mesmo, bem como o custo da alteração do projecto para a sua não colocação. Invocar o custo da “cobertura em cobre” como factor das inúmeras dificuldades de tesouraria que a Paróquia de Nª Srª de Fátima passa denota pura ignorância ou má fé perante uma obra que foi tão desejada e é motivo de orgulho para a maioria dos paroquianos.
Infelizmente os “erros e omissões” do projecto, os “trabalhos imprevistos”, as “dificuldades financeiras” decorrentes do agravamento da crise que afectou os contributos para a obra dos nossos doadores foram os ingredientes que arrastaram a paróquia para uma situação difícil que não era expectavel nem desejada, principalmente quando a “... porcissão ainda ía no adro...”. No entanto, apesar das dificuldades temos fé que com a ajuda de todos possamos ultrapassar esta fase com dignidade e respeito para com todos aqueles que confiaram em nós. Acreditamos na generosidade e na compreensão de todos os que não são fariseus, principalmente das crianças que desfrutam deste espaço simples mas confortável, leve, calmo, acolhedor e convidativo à oração.
Sou um homem de fé pelo que rezo para que o bom senso impere. Acredito  que o tempo nos há-de dar razão, pois o sentimento dos paroquianos é que esta igreja já devia ter sido construída há muitos anos, e “Fariseus” já existiam no tempo de Cristo...

Armando Sobreiro

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Iraque: Cáritas manifesta solidariedade à população e apela ao fim das «atrocidades»

Iraque: Cáritas manifesta solidariedade à população e apela ao fim das «atrocidades»

Agência Ecclesia
 
Caritas.org
Caritas.org

 

 

 

 

 

 

 

Cardeal Oscar Rodríguez Maradiaga condena violência dos extremistas

Lisboa, 21 ago 2014 (Ecclesia) – O presidente da confederação internacional da Cáritas, cardeal Oscar Rodríguez Maradiaga, apelou ao fim das “atrocidades” no Iraque e condenou a ação dos extremistas dos jihadistas do Estado Islâmico do Iraque e do Levante (ISIS).
“Os extremistas que se chama a si próprios de Estado Islâmico devem parar de infligir atrocidades aos seus irmãos e irmãs. Todas as partes do conflito devem trabalhar para construir uma sociedade pacífica, em que todas as pessoas possam viver em paz”, refere o responsável numa carta aberta ao patriarca de Babilónia dos Caldeus, D. Louis Raphael I Sako, e ao bispo Shlemon Warduni, presidente da Cáritas do Iraque.
“Como podem os membros de uma mesma família infligir tais atrocidades ao seu próprio povo em nome da religião?”, questiona o cardeal Maradiaga.
A missiva, divulgada hoje, manifesta “profunda tristeza” pela “violência destruidora” que atinge o Médio Oriente e, em particular, o Iraque.
“Assistimos com o coração entristecido ao deslocamento em massa de mais de 1,2 milhões de pessoas, que fugiram do horror na esperança de salvar a própria vida e as dos seus familiares”, frisou cardeal hondurenho.
D. Oscar Rodríguez Maradiaga cita o Papa Francisco para afirmar que “não se vence a violência com violência”.
A ‘Caritas Internationalis’ convida à construção de “uma única família humana na qual ninguém tenha de morrer de fome ou de sede nem perder a vida por causa do ódio e da violência”.
“Trabalhemos pela causa de uma única família humana que viva em paz e harmonia, na caridade e na justiça”,conclui o cardeal.
OC

Paquistão: Relatório sobre Liberdade Religiosa regista aumento da violência contra cristãos

Paquistão: Relatório sobre Liberdade Religiosa regista aumento da violência contra cristãos

Agência Ecclesia
 
AsiaNews
AsiaNews

Num ano o balanço no país passou de 7 para 128 mortos

Lisboa, 22 ago 2014 (Ecclesia) – No Paquistão morreram mais de 120 cristãos em 2013 vítimas de violência religiosa, de acordo com o relatório anual da Comissão dos Estados Unidos da América sobre a Liberdade Religiosa Internacional.
“Enquanto o governo não tomar medidas contra os autores da violência religiosa, protegendo os mais vulneráveis, a situação continuará a deteriorar-se”, assinala o organismo num comunicado veiculado pela Fundação Ajuda a Igreja que Sofre..
A AIS analisou o relatório que explica que “a violência contra as comunidades cristãs aumentou substancialmente nos últimos meses”.
“Sete cristãos foram mortos em ataques entre junho 2012 e junho de 2013, enquanto nos últimos 12 meses foram já 128 mortes”, acrescenta a AIS.
A Fundação ligada à Santa Sé adianta que o grupo religioso “mais visado” no Paquistão são os muçulmanos xiitas: “Mais de 220 xiitas foram assassinados nos últimos 12 meses, em atentados, tiroteios e ataques direcionados contra a comunidade”.
O relatório da comissão norte-americana sobre Liberdade Religiosa Internacional destaca que o grupo extremista islâmico TTP Jundullah, com ligações aos talibãs afegãos, foi o responsável pelo ataque mais mortífero contra os cristãos na história do Paquistão, que vitimou 119 pessoas.
No atentado, os militantes suicidas do TTP Jundullah detonaram duas bombas na Igreja de Todos os Santos, em Peshawar, em setembro de 2013.
“O Paquistão é considerado como um dos dez países no mundo onde a comunidade cristã é mais violentamente perseguida, registando-se um elevado grau de impunidade com os autores dessa violência”, observa ainda a AIS. 
AIS/CB/JCP

domingo, 17 de agosto de 2014

CONCLUSÕES DAS JORNADAS DO IDOSO


CONCLUSÕES DAS JORNADAS DO IDOSO

3 a 8 de Maio de 1993 – Viana do Castelo

 


 
Durante seis dias, na cidade de Viana do Castelo, através da Direcção do Centro Social e Paroquial de N.ª Sr.ª de Fátima e com colaboração da Direcção Geral da Família, Centro Regional de Segurança Social e Administração Regional de Saúde, foi possível criar espaços e tempos de reflexão sobre a problemática da pessoa idosa. Estas jornadas que estão integradas no Ano Europeu do Idoso e Solidariedade entre Gerações, tinham como objectivos:

 

·       Sensibilizar e Formar para a problemática do idoso.

·       Identificar as necessidades de respostas novas.

·       Aceitar e superar as realidades.

 

A temática foi amplamente desenvolvida pelos diversos conferencistas ( João Tavares, Valdemar Valongueiro, Manuel Afonso, Rui Teixeira, Laura Margarido, Lopes Cardoso, Jorge Cunha, Anselmo Sousa, etc...

Podemos dizer que os objectivos foram plenamente alcançados, os quais se consubstanciaram também pela grande afluência diária de público, pela qualidade das intervenções e pela oportunidade e vivacidade dos debates que se lhes seguiram, tendo sido notório a presença de elevado número de jovens.

Em jeito de balanço, a Comissão Executiva elaborou as principais conclusões que na sessão de encerramento apresentou de forma telegráfica, de modo a serem de fácil e rápida memorização e servirem também como pontos de referência e de reflexão e que passamos a transcrever:

 

·       A População do Distrito de Viana do Castelo continuou a envelhecer durante a década de oitenta a um ritmo superior ao do País, apresentando uma percentagem de população idosa superior à média nacional. Os  responsáveis locais e nacionais deverão ter em conta esta realidade, aquando da programação e dotação de meios para fazer face à problemática deste grupo etário.

·       Deverá ser efectuado, a nível de cada freguesia, um levantamento das necessidades da população idosa.

·       O apoio à pessoa idosa deverá ser articulado entre as várias instituições e equipamentos sociais existentes. Tais como outros grupos etários, os idosos têm especificidades próprias, não devendo ser vistas como um grupo improdutivo e marginal em « fim-de-linha ».

·       A pessoa idosa é a consequência natural do envelhecimento biológico e do facto de estar na vida, podendo por isso ter algumas limitações físicas, psíquicas e sociais que obrigam a uma atenção própria e a uma intervenção adequada.

·       Os lares, centros de dia e outras instituições são necessárias como opção de escolha do Idoso, e nunca como forma de rejeição ou comodidade familiar. Estes e outros equipamentos afins, são ainda insuficientes para as necessidades do Distrito.

·       As Instituições Particulares de Solidariedade Social, embora apoiadas através de acordos de cooperação, pela sua importância social, carecem de apoios, nomeadamente a isenção do I.V.A.

·       A Família deve ser a referência social do idoso, mesmo quando internado em lar.

·       As Famílias de Acolhimento são um recurso a explorar.

·       Deve ser recuperado e incentivado, na medida do possível, o modelo da família tradicional em que seja possível o encontro de gerações, a troca de saber, experiências, usos e costumes e, na qual o idoso se sinta útil e amado

·       São necessárias políticas de incentivo e apoio à habitação, que permita tornar possível o encontro de gerações.

·       Os mais novos devem crescer num ambiente em que o encontro de gerações contribua para estruturar uma postura de aceitação, compreensão e respeito pela pessoa idosa.

·       É necessário estar disponível, saber ouvir e compreender as especificidades da pessoa idosa.

·       A velhice prepara-se na juventude e deve ser encarada com naturalidade.

·       A marginalização, o desenraizamento e o isolamento social do idoso devem ser prevenidos e contrariados.

·       Devem ser estimulados os contactos interpessoais da pessoa idosa, incentivando-se as «redes de solidariedade informais».

·       A pessoa idosa deve sentir-se socialmente activa, na medida das suas possibilidades físicas, capacidades intelectuais e necessidades sociais.

·       Deve ser incentivada e salvaguardada a mobilidade do idoso através da adaptação da habitação, dos equipamentos sociais e dos transportes às necessidades e especificidades da pessoa idosa, tendo as autarquias uma particular responsabilidade nesta matéria.

·       A sensibilidade para a problemática do idoso deve iniciar-se ao nível da formação de formadores, bem como, incentivar e facilitar a formação dos trabalhadores voluntários e assalariados com os idosos.

·       As políticas de reforma devem prever a possibilidade do reformado não ter um corte abrupto com o seu trabalho, aplicando-se o princípio de que « se deve trabalhar enquanto se pode e se quer », sendo desumano paralisar as pessoas por força da lei.

·       A alimentação do idoso deve ser semelhante à da população em geral, variada e quantitativamente ajustada à sua actividade física e ao seu estado de saúde.

·       O nível civilizacional de uma sociedade mede-se pela atenção que esta dá aos mais indefesos e desfavorecidos, em especial, crianças e idosos.

·       Não compete aos Estados resolver todos os problemas do idoso. À sociedade em geral e em particular às Organizações Não Governamentais cabe um papel fundamental na resolução dos problemas do idoso num espírito de subsidiariedade.

 

 

 

                                             P’la Comissão Executiva

 

 

                                                   (Dr. Manuel Gomes Afonso) 

 

 

 

 

Centro Social Paroquial em actividade ( arquivo)

 
 
 
FOTOS DE ARQUIVO