sexta-feira, 31 de outubro de 2014

CARTA A UM AMIGO




 Amigo (a):

Chamo-me Artur Rodrigues Coutinho e sou o padre responsável há 36 anos pela Paróquia de Nossa Senhora de Fátima, na cidade de Viana do Castelo, em Portugal.
 




(Nesta foto vê-se a Igreja e anexos e não se veem os dois pisos por baixo com ar e luz directa  que estão por acabar. Vê-se ao lado direito o Berço de Nª SRª das Necessidades (CAT) que acolhe 20 meninos e meninas até aos 12 anos e bebés abandonados, ou frutos de maus tratos, de violência doméstica, filhos de vícios,...)

Desde a minha chegada a esta paróquia que me lancei numa intensa actividade, com o envolvimento de muitos paroquianos comprometidos, de renovação da dinâmica paroquial tendo em vista a satisfação das necessidades espirituais e sociais duma comunidade em contínua transformação.

 

A renovação e criação de movimentos e obras de espiritualidade, a dinamização das eucaristias e actos de culto bem como o relevo colocado na importância da catequese ao serviço da formação e crescimento na fé atestam o papel imprescindível da espiritualidade na vida do cristão.

 

No entanto, como a fé sem obras é morta, (Tiago, 2,17) e serem as obras de amor ao próximo a medida do amor a Deus (I S. João 4,20) desde que o início da minha actividade pastoral nesta paróquia, erigi a preocupação com os sectores mais desprotegidos da sociedade como grande prioridade de toda a minha acção. Assim, foram surgindo, entre outras, estruturas de carácter social como centro de dia para idosos, centro de acolhimento de bebés e crianças em risco, recolha e distribuição de roupas e outros bens de primeira necessidade, alimentos, medicamentos, mobílias e electrodomésticos, refeitório social, apoio domiciliário a idosos e doentes, serviços que vivem com apoios oficiais e dos donativos e colaboração voluntária de muitos paroquianos.

 

Paralelamente ao lançamento de estruturas de suporte à obra social, houve também necessidade de dotar a paróquia de condições físicas capazes de responder em termos de culto e formação às necessidades de uma comunidade em amplo crescimento. Por isso, com a devida anuência da hierarquia eclesiástica, nos lançámos num projecto de construção de uma nova igreja com estruturas anexas para serviços administrativos, catequese e outras actividades de formação cujo orçamento inicial, no contexto económico da altura, se afigurava compatível com os os recursos disponíveis na comunidade.

 

Porém, atrasos verificados na execução de projectos e obras foram não só encarecendo os encargos como nos foram arrastando para os tempos de grave de crise económica que afecta o nosso país, fazendo escassear as fontes de obtenção de recursos de que normalmente a paróquia se socorre.

 

A obra, na parte respeitante à Nova Igreja está concluída e inaugurada. Porém, para o conseguirmos, tivemos de contrair um pesado empréstimo bancário num valor superior a um milhão de euros sujeitos a juros e amortização de difícil cumprimento devidas às limitações com que lutamos nas dolorosas condições económicas por que as famílias e o país atravessam. 

 

Por isso, estando conscientes da generosidade e espírito de solidariedade dos nossos amigos, meus amigos, para com os problemas que esta Comunidade se debate nesta cidade e porque certamente são sensíveis à dignidade e importância da causa que lhes apresentamos, venho suplicar a vossa ajuda através da recolha de donativos em dinheiro que nos possam ajudar a levarmos a cabo esta obra tão importante para a nossa Comunidade e para cuja conclusão tão carenciados nos encontramos de meios.

 

Teremos grande prazer e sentir-nos-emos muito honrados em vos mostrarmos a obra quando tenham oportunidade de nos visitarem nesta terra minhota que é a cidade de Viana do Castelo.

 

Por toda a ajuda que nos possam prestar-nos ficaremos imensamente gratos e certamente que Nossa Senhora de Fátima, nossa padroeira, não deixará de compensar tão generoso gesto.

 

Pe. Artur Rodrigues Coutinho

 

P.S.- Na Paróquia há todos os sábados, às 16 horas, em honra de Nª Sª de Fátima uma missa  por todos os colaboradores desta obra vivos e falecidos.

Para simplificar fornecemos mais dados

Dar Alma à Vida XVIII

Dar Alma à Vida XVIII

 


A Fidelidade dá Alma à Vida. Esta ficará sem vida nas infidelidades dos padres, dos leigos, dos solteiros e dos casados, isto é, na falta da verdade de coerência nas nossas relações sociais e com Deus. É preciso que venha um profeta a convidar à conversão.

Dar Alma à Vida não é andar por aí dividido entre o nosso Deus e Senhor, e os outros actos supersticiosos ou sem fundamento que em vez de trazer sossego à vida traz a vida em desassossego, isto é, uma vida sem Alma.

Dêmos Alma à Vida escutando e pedindo a Deus o discernimento sincero entre o bem e o mal. O Bem que nos traz e transmite alegria e testemunho; o Mal que faz de nós pedras duras que tendo ouvidos não ouvem a voz de Deus, tendo olhos não vêem a maldade, tendo tacto só apreendem as unhas do diabo, tendo olfacto estão sempre com o nariz metido na podridão como se fosse o melhor do mundo.

Assim, dar Alma à Vida é ser livre e organizar projectos de liberdade para desfrutar da vida na sua plenitude, alimentando com o sabor precioso que vem da flor do trigo e o mel do rochedo.

Dar Vida à Alma é saber escutar e recuar quando faz falta; é não criar falsos deuses porque Deus nunca nos abandona e há que compreender, que o Amor com Amor se paga, e Ele que nos acompanha e está sempre connosco sempre nos abre caminhos e nos deixa portas abertas para a justiça e para a liberdade.

Quando se dá Alma à Vida até do esterco nasce uma flor que, de tão bela, nos interpela e nos leva em bondade a Deus. É por isso que quanto a ser o último ou o primeiro no Reino de Deus, só a Deus pertence, juntamente com o Filho conhecê-lo. Cf. Salmo 81

MILITIA SANCTAE MARIAE


MILITIA SANCTAE MARIAE

– Cavaleiros de Santa Maria -

Província de S. Nuno de Santa Maria

PONTO D@ SITUAÇÃO

Outubro.2014

Acabamos de saber que o livro “ENTRAREI NO ALTAR DE DEUS” vai entrar na 2ª edição, com um Prefácio de Dom António Carlos Rossi Keller, Bispo de Frederico Westphalen, no Brasil. Está de parabéns o seu autor, o nosso Fr. Michel Pagiossi e a Militia Sanctae Mariae – cavaleiros de Santa Maria de que é Escudeiro-Donato e Preceptor de S. Paulo (Brasil).

Te Deum laudamus!

Apresento, ao público, esta obra de fundamental importância:

“Entrarei no altar do Senhor. Cerimonial da Sagrada Liturgia, Volume 1, Cerimonial para a Santa Missa e Liturgia das Horas” do amigo Michel Pagiossi Silva. Uma obra de referência para a Liturgia, a meu ver, tão maltratada no Brasil.

A finalidade deste volume é a de oferecer um auxílio para a Pastoral Litúrgica das Paróquias e Comunidades, para os padres, cerimoniários e Equipes de Liturgia.

Portanto, é muito benvindo, já que pode servir como um instrumento no desenvolvimento de uma Liturgia digna, interiorizada.

Hoje, aqueles que cultivam o rigor litúrgico pedido pela Igreja em seus Documentos oficiais, são acusados depreciativamente de “rubricistas”, “romanos” e outros adjetivos.

Infeliz engano...

A Liturgia exige fidelidade às Normas estabelecidas pela Igreja, já que ela não é propriedade de ninguém em particular e nem se orienta primordialmente para o povo, como infelizmente se ouve dizer por aí, mas para Deus. Hoje, infelizmente, depois de 50 anos da reforma Litúrgica, ainda pouco se

nº 7

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fides.msm@clix.pt

msm-portugal.org

compreendeu daquilo que a Igreja pretendia com a mesma reforma, objetivo este expresso no n. 48 da Constituição Conciliar “Sacrosanctum Concilium”:

“É por isso que a Igreja procura, solícita e cuidadosa, que os cristãos não entrem neste mistério de fé como estranhos ou espectadores mudos, mas participem na ação sagrada, consciente, ativa e piedosamente, por meio duma boa compreensão dos ritos e orações; sejam instruídos pela palavra de Deus; alimentem-se à mesa do Corpo do Senhor; dêem graças a Deus; aprendam a oferecer-se a si mesmos, ao oferecer juntamente com o sacerdote, que não só pelas mãos dele, a hóstia imaculada; que, dia após dia, por Cristo mediador (38), progridam na unidade com Deus e entre si, para que finalmente Deus seja tudo em todos.”

A meu ver, este livro servirá para retomar a busca destes objetivos, através da celebração digna da sagrada Liturgia.

Parabenizo e agradeço o autor, por nos oferecer este instrumento precioso de trabalho, repito, uma referência neste tema tão importante para a Igreja e o desenvolvimento da vida cristã entre os fiéis.

Recomendo vivamente sua leitura e a aplicação prática na vida litúrgica das Comunidades católicas do Brasil

Frederico Westphalen, 30 de outubro de 2014.

+ Antonio Carlos Rossi Keller

Bispo de Frederico Westphalen

Aborto: este é um problema nosso também

Aborto: este é um problema nosso também


Veja o apelo desesperado de uma mulher que trabalha com mães que optaram por não abortar

Fórum Libertas
 
30.10.2014
aborto© Wei Hsu and Shang-Yi Chiu
Como acordar da letargia que a sociedade inteira sofre diante do tema do aborto?
 
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Nós, que trabalhamos com mães que optaram por não abortar, vivemos diariamente o valor da vida humana. Eu incentivo todas as pessoas a saírem da letargia da indiferença sob o escudo do "isso não é problema meu", "o que eu fizer não vai servir para nada" ou "para que complicar minha vida?".

São muitos em nossa sociedade os que desconhecem o que realmente se está fazendo com milhares de bebês que não chegam a nascer porque são – literalmente – jogados no lixo, em um emaranhado de carne e ossos. Todos nós precisamos ser informados sobre a verdade.

É necessário refletir sobre a mudança brutal de sentido das palavras utilizadas para justificar o injustificável: chamar de "interrupção da gravidez" (algo que se refere à mãe) o que realmente é matar um filho não nascido (a quem é dada a categoria de "não é nada").

Se, em uma viagem, devido a um acidente, morressem quatro pessoas, pareceria sarcasmo ou zombaria que as manchetes dos jornais dissessem que o acidente "interrompeu a viagem de quatro pessoas".

Interromper é uma coisa, matar é outra

Quantas mães, devido a este engano com as palavras, não sabem o que estão fazendo realmente! "Interrompem" a gravidez justificando-se com frases repetidas: "Não era hora de ficar grávida", "eu não desejava a gravidez", "estou desempregada" etc. Todas estas frases são usadas para ocultar a verdade: a morte dos seus filhos.

Essas mães poderiam usar a mesma justificativa, por ficar sem emprego ou sozinha, pela morte do marido, por exemplo, ao falar da hipótese de matar algum dos seus filhos? Ninguém na sociedade diria que a mãe interrompeu sua maternidade, nem poderia alegar que sua ação respondia a que "não era hora de ficar viúva", ou que a pobreza ou a viuvez "eram uma situação não desejada".

Será que a única situação que parece dar valor à vida dos filhos é que se encontrem fora do útero materno, de maneira que matar um filho quando está fora do corpo da mulher é um delito, mas matá-lo quando ainda está dentro é um direito? Que hipocrisia! Ou será que estamos loucos?

Os políticos preferem neste caso, como em tantos outros, brincar com as palavras.

Mas a ciência diz algo diferente: diz que o ser humano é humano desde o instante da fecundação do óvulo por um espermatozoide, e o que se forma nesse momento nunca pode ser chamado de "nada" ou "coisa", e sim de "vida humana". Quem nega isso é ignorante, age de má fé ou por interesse.

Novamente, convido todos a saírem da letargia da indiferença diante da farsa da "interrupção voluntária da gravidez". As mães e seus filhos agradecem.

Não só os filhos, também as mães – como podemos testemunhar, ao trabalhar junto delas e de tantos psicólogos e psiquiatras que tratam mães que caíram no engano de abortar e hoje sofrem transtornos. Os médicos que indicaram o aborto não são capazes de curar tais transtornos.

Obrigada por ler estas linhas. Eu o convido, caro leitor, a ajudar nossa sociedade a acordar, a sair da letargia diante do aborto.

(Por Aurora Gallego. Artigo publicado originalmente pelo Fórum Libertas)

Devo fazer uma reverência toda vez que passo na frente do altar?

Devo fazer uma reverência toda vez que passo na frente do altar?


Entenda melhor os gestos litúrgicos e seus significados

30.10.2014
A person bowing at the altar of a church_© Public Domain
Após uma fase na qual alguns ministros participaram das celebrações quase mostrando um entediante "rigor mortis", hoje em dia, em certas celebrações sacras, especialmente solenes, os ministros (em geral, acólitos bem preparados por padres com muito zelo), em seu caminhar pelo presbitério, gastam um excesso de exercícios cervicais e abdominais que poderia chegar até a afetar sua saúde.
 
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É louvável o sentido de reverência que cresceu em nossos santuários, particularmente nos padres jovens e nos seminaristas.

Lembro de ter visto um sacerdote celebrar a missa com os braços cruzados sobre o peito, sem movê-los, a não ser para pegar o pão e o cálice. Um portento de expressividade!

Em outra ocasião, ouvi críticas a um comportamento similar durante um curso. Ou seja, progredimos para o bem, sem dúvida.

No entanto, cuidado com o famoso pêndulo que nos leva de um extremo a outro. O equilíbrio é o ideal – e deve ser o real –, e tal equilíbrio nos é dado precisamente pelos livros litúrgicos.

Os números 274 e 275 da "Institutio" do missal nos falam das genuflexões e inclinações. Leiam, leiam!

Digamos, finalmente, que os ministros atuais fariam bem em distinguir entre um deslocamento pelos presbitério por razões de funcionalidade e um deslocamento ritual.

Ou seja, se vamos passar na frente do altar (a quem corresponde inclinação profunda sempre, e não só inclinação de cabeça) para dar um aviso a alguém, acender uma luz, conectar o microfone etc., podemos andar sem cerimônia, pelo caminho mais breve, e pronto.

Porém, se a passagem pelo altar está dentro de um ato ritual, indo proclamar o Evangelho, levando as oferendas, em caminho para proclamar a Palavra de Deus etc., então devemos fazer o gesto de reverência prescrito ao altar.

Inclinar-se a cada passo não é o correto em uma celebração litúrgica; agindo assim, desvaloriza-se o gesto e se cansa a assembleia. O sentido litúrgico é potenciado quando acrescentamos o bom senso às celebrações. Não nos esqueçamos disso!

(Artigo de Jaume González Padrós, publicado originalmente na revista Liturgia y Espiritualidad)

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Monsenhor Manuel Vaz Coutinho, um homem de vida espiritual profunda que convivia bem com os números e a matemática

Com mais autoridade escreveu o Cónego João Aguiar Campos
Sobre o falecimento de Monsenhor Manuel Vaz Coutinho no "Diário do Minho"
 
 

 Foto minha em reunião de família


 
O corpo do falecido é trasladado, na manhã de hoje, para a capela do Senhor das Boas Novas, em Mazarefes, Viana do Castelo; e, durante a tarde, para a igreja paroquial da mesma localidade. A missa de corpo presente é celebrada às 15h30 de amanhã, domingo, seguindo-se o funeral no cemitério da freguesia. Mons. Vaz Coutinho nasceu no dia 24 de Maio de 1921 na freguesia de Ceivães, Monção. Frequentou os seminários de Braga, tendo recebido a ordenação sacerdotal em 28 de Maio de 1944, na Sé Primaz. Recebeu o título de Monsenhor em 28 de Novembro de 1964. Foi professor e ecónomo do Seminário, administrador da empresa do Diário do Minho e responsável pelas Irmandades de S. Bento da Porta Aberta e Senhora da Lapa e ainda da Comissão Administrativa dos Terceiros. Respeitosamente Mesmo quando há muito se faz anunciar, em prolongada doença e afastamento, a morte de familiares ou amigos é sempre um golpe inesperado. Estamos preparados e, ao mesmo tempo, recusamos a normalidade do acontecimento... Monsenhor Manuel Vaz Coutinho há quase uma meia dúzia de anos que se afastou das rotinas diárias a que nos habituara, dividindo as horas entre o pequeno gabinete da Administração do DM e as capelas por onde, em diferentes períodos do dia, se isolava em momentos de oração. Aos que o conheciam mal, parecia ao mesmo tempo delicado e frio. Aos demais, mostrava fino sentido de humor, comprazendo-se em contar episódios do perío-do a que chamava «o tempo da meia branca». Penso que, no dia a dia, se esforçava por vencer o lado mais sensível da sua personalidade - parecendo navegar acima de preocupações que os outros sentiam, mas que anotava numa letra miudinha; «avarenta» - dizia eu. Fui seu aluno de Matemática, no Seminário de Nossa Senhora da Conceição; mais tarde, cruzámo-nos e convivemos durante cinco anos nos corredores deste jornal, nas antigas e nas actuais instalações. Voltámos a encontrar-nos, após largo intervalo, num Setembro de há seis anos, quando aqui entrei como director. Recordo uma recepção quase clandestina: apareci-lhe no gabinete, indefeso, sem um papel que dissesse ao que vinha. Olhou-me e foi sintético: «quero que te sintas bem». Dias depois, vi-me obrigado (ou necessitado?) a ir falar com ele, explicando projectos e urgências - a começar pela reorganização dos espaços e pela afirmação de métodos de trabalho. Quase a medo, apontei prioridades, que ouviu sem comentários, mas abrindo muito os olhos onde descobri um sorriso juvenil. Animado, avancei uma pergunta, com a terminologia que, na brincadeira, usava dos tempos do prec: «Não diz nada, oh patronato reaccionário?!...». O sorriso abriu-se numa quase gargalhada: «Continuas igual, filho!... Vai para cima, que eu mando o Zé Sá Machado entender-se contigo». Quando me afastava, incrédulo da minha sorte, ouvi-o chamar para me dizer: «Com bom senso, podemos lá chegar...» As coisas aconteceram sempre assim, entre a provocação infantil que lhe fazia e a resposta bem humorada - mesmo quando eu o "acusava" de gostar mais do Jornal do Benfica que do Diário do Minho; ou lhe perguntava se, em caso de conflito de horário, o jornal da Luz não ultrapassaria a Liturgia das Horas... Todos sabemos que não. Todos sabemos do amor a uma causa e da resistência que são precisos para levantar por volta das quatro ou cinco da manhã, para acompanhar o início da distribuição do jornal. Todos sabemos dos equilíbrios indispensáveis em momentos de dificuldade económica ou de problemático diálogo sócio-laboral. Depois de se refugiar na Casa Sacerdotal, onde viveu os últimos anos, Monsenhor Vaz Coutinho veio ao DM raras vezes. Mas ao ver as «coisas novas» que por cá havia, mostrava sempre a alegria de quem descobria, palpável, um sonho que também sonhara. Deus chamou-o agora para a terra dos sonhos cumpridos. Se na memória magoa a saudade, também se ergue a gratidão - enquanto a fé repete: «a vida não acaba; apenas se transforma»... Respeitosamente

AUTOR: João Aguiar
 
PS-29/10/2014
 

     Monsenhor Manuel Vaz Coutinho

 

Este texto é muito diferente daquele que alguém numa assembleia utilizou com reticências de modo a insinuar infâmia de uma pessoa como o Monsenhor Manuel Vaz Coutinho, de Monção por casualidade, mas de Mazarefes, a quem os de Mazarefes tinham como um padre de referência e orgulho por o admirar pela sua vida espiritual, apesar da inclinação para a matemática, para a economia da Arquidiocese de Braga, nas várias construções e para a construção do Centro Paulo VI de que a Diocese de Viana do Castelo usufrui e agora passados mais de 45 anos precisar de ajuda dos diocesanos porque a casa é nossa e nos termos de unir mais, não só os sacerdotes, como os leigos na manutenção e actualização aos tempos de hoje…

Monsenhor Manuel Vaz Coutinho, parece-me que não o devia dizer, mas, em sua honra e homenagem, embora, seja suspeito, nesse assunto.

Não foi nunca um homem de café, mas tinha sempre as notícias frescas, de um modo particular do Benfica. Não tinha hora de se deitar porque no seu gabinete se estendiam grandes folhas de papel para com a sua letra miudinha, como a um economista daquele tempo convinha, fazer a trabalho de casa e, depois de algum descanso, a altas horas da madrugada se levantava na expedição do Diário do Minho nada falhasse.
                     Pais  e irmãos ( Só tem duas irmãs vivas)
Regressava para a Capela do Seminário onde, de joelhos, rezava o breviário, meditava, contemplava e celebrava a eucaristia. Tomava o pequeno-almoço. Voltava a passar pela Capela de onde saía para o trabalho regressando a pé e andando pela rua… ia lendo o jornal. Antes do almoço passava pela Capela e depois almoçava. Voltava à Capela para voltar ao trabalho. No regresso do trabalho se recolhia na Capela onde passava de joelhos a maior parte do tempo até à hora do jantar. Após o jantar voltava à Capela e depois das suas últimas orações lá fazia o serão no quarto para tratar dos números.
                       Família reunida  na Missa Nova

Sempre trabalhou com fé e devoção, desde a sua ordenação sacerdotal, em 1944 até ficar doente. Acabou o curso com 22 anos Foi ordenado com já com23 anos de idade, com licença do Vaticano.

 
Arco na Missa Nova
 
Criava sempre muita impressão aos seminaristas porque era, de facto, um homem de oração, apesar de ser um matemático exímio. Sabia de cor a tábua dos logarítmos, como sabia o breviário saboreado diante do Santíssimo Sacramento, em frente ao Sacrário, embora quase sempre no fundo da Capela onde se mergulhava na espiritualidade para arranjar energia e concentração para desenvolver o seu trabalho.

Havia, na altura, uma tertúlia de professores de matemática formada por professores de matemática de escolas públicas e privadas. Muitas vezes recorriam ao Padre Vaz Coutinho para descobrirem soluções de problemas de matemática. Ele era professor no Seminário.

Quando estava doente e nos últimos anos da sua vida em Mazarefes, pensei que, beijar-lhe os joelhos calejados seria uma idolatria, mas que ele agisse por maldade ou de uma fé nas coisas materiais da vida, não creio porque era pessoalmente uma pessoa desprendida de bens…e.boa-fé, naturalmente e compreendo, sendo eu familiar me castigou uma vez porque o colega da frente num teste de matemática copiou a solução de um exercício pelo meu que era errada.

               Numa reunião de família no meu quintal
 
Ele nunca entendeu isso, antes pensou que eu, que estava atrás copiei pelo da frente, castigando-me na nota.

Procurei-o no seu gabinete, mas suponho que não o convenci e ele terá ficado sempre com registo negativo, mas se não se confessou disso, também Deus não o castigou.

Acredito piamente que se encontra no Céu.
 
Onde não faltou a missa com irmãos, cunhados, primos e primas até à terceira geração 
 
 A falar dos mortos que não respondem, pondo em causa a sua dignidade parece-me inoportuno, no mínimo. Deus lá está para fazer a justiça, dessa ninguém escapa, nem os que se consideram os mais santos e outros os mais pecadores. Por isso, muitas cruzes na boca, quanto mais os ouvidos tapados e a boca fechada será o melhor, sobretudo em referências particularmente a pessoas ausentes, depois chega o desinteresse de coisas que interessam e fazem falta.

Fingimentos de água-benta não valem nada… O que interessa é fé, oração e obras!…
 
Em Mazarefes homenagearam-no com o seu nome atribuído a uma rua e em S. Bento da Porta aberta o vemos de mãos erguidas, como a foto que junto:


 

 

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Dar Alma à Vida XXVII


Dar Alma à Vida XXVII

  


 
Deus dá-nos uma Vida com Alma e com nada nos falta para manter essa Vida com Alma. Há muitas formas de o fazer e o nosso Deus convida-nos sempre. Qual é a nossa resposta?

Pode ser dada de três modos.

Primeiramente podemos andar muito atarefados como “dirigir uma empresa de sucesso, ou a escalar a vida a pulso, ou a conquistar os seus cinco minutos de fama, ou a impor aos outros os seus próprios esquemas e projectos, ou a explorar o bem estar que o dinheiro lhes conquistou e não têm tempo para os desafios de Deus. Vivemos obcecados com o imediato, o politicamente correcto, o palpável, o material, e prescindimos dos valores eternos, duradouros, exigentes, que exigem o dom da própria vida”.

Dar Alma à Vida é procurar a verdadeira felicidade. Só a Vai encontrar  nos valores do Reino ou nesses valores efémeros que nos absorvem, nos dominam e nos matam?

Depois, em segundo lugar, perdemos a Alma na Vida quando andamos cheios de preconceitos, somos auto-suficientes, não precisamos de ninguém, os outros é que precisam de nós. A Deus já o conhecemos e fechámo-nos na nossa concha à sua divina criatividade, fechando o nosso coração à novidade divina de cada momento.

Finalmente, Deus como é tolerante e cheio de Bondade, mantém o Seu convite e aceita para a festa maus e bons, isto é, por todos aqueles que “apesar dos seus limites e do seu pecado, têm o coração disponível para Deus e para os desafios que Ele faz. Percebem os limites da sua miséria e finitude e estão permanentemente à espera que Deus lhes ofereça a salvação. São humildes, pobres, simples, confiam em Deus e na salvação que Ele quer oferecer a cada homem e a cada mulher e estão dispostos a acolher os desafios de Deus”.

Dar Alma à Vida é aceitar o convite com humildade. Quem for humilde será exaltado, mas o que se exalta, será humilhado. Dar Alma à Vida é fazer com que a Vida não perca o dom de Deus, mas Vencer com a Alma, viver com entusiasmo, coragem porque se a Fé for forte…Atenção, não uma fé de baptismo! Da infância!... mas uma fé opcional, isto é, acreditamos que o Absoluto está connosco e não há motivo para deixar morrer a Alma que dá a autêntica felicidade à nossa Vida. É uma opção pessoal.

Dar Alma à Vida é reanimar, encorajar, trabalhar, rezar e abandonar-se, de olhos fechados, “a dar um salto no escuro”.              

                                                                                                                                   P.C.

                                                                                                                                         
                                                                                                                                                                                                                                                             .C.
 

 

 

 

terça-feira, 21 de outubro de 2014

IX Congresso* S. Bento da Porta Aberta - 23, 24 e 25 de outubro de 2014* “MEDIAdores da alegria e do encontro”



Av. do Colégio Militar, nº 28 – 9º Dto., 1500-185 Lisboa

Telef/Fax: 217 165 392 // E-mail: aic@sapo.pt // http: www.aiic.pt

IX Congresso

S. Bento da Porta Aberta - 23, 24 e 25 de outubro de 2014

“MEDIAdores da alegria e do encontro”

Programa:

Dia 23 de outubro (quinta feira):

21h15 – Apresentação de Boas Vindas pelo Presidente da AIC, Cón. António Salvador dos Santos

21h30 – Sessão de AberturaD. Jorge Ortiga, Arcebispo de Braga

22h00 – Conferência: - S. Bento e a Europa - Carlos Aguiar Gomes, Irmandade de S. Bento da Porta Aberta

 

Dia 24 de outubro (sexta feira):

08h00 – Missa (presidida por D. Jorge Ortiga)

08h45    Pequeno almoço

09h15 – Painel – Meios de Comunicação Social: “mediadores da alegria e do encontro”

            - Parcerias europeiasPe. Duarte da Cunha, Secretário da CCEE

            - Parcerias empresariais – Cónego Fernando Monteiro, Admin. Diário do Minho

            - Parcerias editoriais – Pe. António Leite, Presidente da Missão Press

              Debate

11h00 – Intervalo

11h15 – Conferência: - Pela cultura do encontro: papel dos media – Felisbela Lopes, Universidade do Minho

12h30 – Intervenção do Secretário de Estado Adjunto do Ministro Adjunto e do Desenv. Regional, Dr. Pedro Lomba

13h30 – Almoço

              Tarde Cultural

 

Dia 25 de outubro (sábado):

09h00 – Painel: - Comunicar a alegria do Evangelho – experiências

            - Cónego António Rêgo – Padre e jornalista há 50 anos

            - Pe. Tony Neves – Padre e jornalista há 25 anos

            - Pe. Jorge Guarda – Dos 100 anos do “Mensageiro” ao “Presente”

10h30 – Intervalo

11h00 – Conferência: - Comunicar a alegria do Evangelho - desafios aos meios de comunicação social de inspiração cristã - Cónego João Aguiar Campos, Presidente da Assembleia Geral da AIC

11H45 – Leitura das conclusões

12h00 – Sessão de encerramento, com D. João Lavrador e outras Entidades presentes.

13h30Almoço

Local do Congresso:

Hotel S. Bento da Porta Aberta – Rua 1, nº 99 – 4845-026 RIO CALDO (Gerês) //GPS: N41º 41´23,2´´ W 8º 12´14,2´´

Telef: 253 141 580// Tm: 965 525 386// E-mail: hotel@sbento.pt // http:www.hotel.sbento.pt

Patrocínios: Câmara Municipal de Terras de Bouro, Diário do Minho e Ir. S. Bento da Porta Aberta.

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

A nossa sociedade ainda precisa da família?

Sociedade 17.10.2014

A nossa sociedade ainda precisa da família?

É necessário que a família volte a ser o ponto de partida da realização da pessoa

 © Public Domain
Hoje em dia nós casamos tarde, temos filhos tarde e geralmente apenas um. Não é apenas porque o desemprego nos persegue ou os impostos são altos. Na verdade faz tempo que a família deixou de ser vista como um essencial ponto forte, passando a ser considerada um peso, um obstáculo à realização dos projetos pessoais dos seus integrantes.
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Quem afirma isso é o estatístico Roberto Volpi, em seu livro “A nossa sociedade ainda precisa da família?”. Para Volpi a escolha de dar vida a um projeto familiar chega tarde porque é percebida como secundária. Não é mais um pilar que sustenta a própria existência para permitir às pessoas ingressar na sociedade com vigor e obstinação.

Ponto de chegada

A teoria de Volpi é que a família começou a perder espaço não porque o seu “sucesso”, fortalecido no pós-guerra, fosse falso. Ontem a família era o time com o qual se tentava lançar uma marca no mundo, hoje é um ponto de chegada, a coroação de um sonho que corre o risco de não ter o tempo e as energias necessárias para se realizar completamente. (Tempi.it, 16 de outubro).

O que é preciso para mudar a tendência?

Volpi explica que reequilibrar o individualismo, não censurá-lo, mas fazê-lo frutuosamente atingir a família sólida da qual a sociedade precisa. Isso se inicia demonstrando que a família pode ser um âmbito fecundo para o indivíduo. Um âmbito de certeza do qual a pessoa pode reiniciar a cada dia, sentir-se acolhida e amada gratuitamente. Este é justamente um dos pontos centrais do trabalho do sínodo sobre a família.