quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Contabilidade de fim de ano


Contabilidade de fim de ano

Contar, agradecer os deves e os haveres pessoais de 2014, última tarefa do ano, pode ser um desafio eufórico ou deprimente. O melhor é aceitar o desafio que respeite a realidade sem subterfúgios irracionais. Vamos lá, uma pequena ajuda, mas só no que respeito a empresas pessoais.

Sei onde vou contabilizar as alegrias de 2014. Claro, no haver dos presentes recebidos de todos os lados. E as tristezas? Serão dons ou secas? Trouxeram mais-valias, ou perdas? Para não me enganar, conto-as como dons porque muitas fizeram-me melhor. A saúde, não se dúvida, é um presente da vida e do Senhor da vida; mas as doenças, são só prejuízos? Sim, se trouxeram só choro, em mim e à volta; se cresceu a bondade, dentro e fora de mim, por ocasião delas, podem ser aceites como dons de remédios amargos, mas remédios. Ficam no haver, depois veremos; vou pensar melhor. Os sorrisos fizeram subir os ganhos? Bem… nem todos, depende da sua qualidade; também houve choros e dores que deixaram o coração cheio de alegria. Pelo sim pelo não, ponho ambos na coluna do haver.

Se a fome foi de saúde e foi saciada com alimentos à mão, ponho como ganho; se foi fome que deu em doença e morte por faltar a comida, ou por comida a mais, ponho nas dívidas. Quem fica a dever? Se tenho egoísmo e bens em excesso que levam a doenças e mortes alheias por carências, só a posso colocar no meu deve. A justiça do bem comum que promovi aumenta o capital dos valores do coração humano: é ganho. E que vou fazer ao egoísmo avarento que faz do coração uma pedra? Só o posso colocar nas perdas e custos irreparáveis. Fico perplexo onde devo colocar a abundância e a austeridade e tenho de perguntar: abundância excedente e austeridade de privação no básico, de quem? Parece que as duas são grandes perdas do ano. Só se salva no haver a abundância para o bem comum, para todos. As atitudes e ações de amor e seus similares, se forem de qualidade e não espúrios, não oferecem dúvida: vão para a coluna dos ganhos; os seus opostos ódio e vingança são vírus mortais infiltrados no programa da empresa pessoal, um prejuízo incalculável. As receitas da humildade e modéstia multiplicaram os lucros; enquanto os seus opostos de orgulho, soberba, e o cortejo dos seus produtos tóxicos, falsificações, roubos, mentira, contam como danos de bancarrota fraudulenta; entram na corrupção e apodrecimento da empresa pessoal. Só ficará a embalagem com algum verniz.

Continuemos. Agora já posso começar a agradecer os dons que aí ficam a quem me fez presentes; e a pagar as dívidas contraídas. Nem adianta usar muitos embrulhos e embalagens para esconder a dívidas e tentar envernizar por fora os negativos do ano como sepulcros caiados. Esse fingimento tão comum ia logo aumentar as perdas e poria a empresa pessoal a perder e na falência. Bem, a não ser que haja um resgate de grande poder e generosidade. Mas só de quem não esteja também falido por egoísmo, ganância, açambarcamento e, pior, armadilhado de ódio ao próximo, que faria aumentar a dívida e os prejuízos do ano 2014 e dos anos seguintes até quase ao infinito.

Vamos então procurar quem nos ofereça grátis prendas que cubram todos os prejuízos acumulados neste ano e os que já vêm dos anos anteriores. Prejuízos não apenas dos horizontes terrenos mas também dos horizontes da vida sem fim em cuja entrada nos exigem contas do coração muito certinhas.

Bom fim de ano com contas certinhas, bom ano novo para todos!

Aires Gameiro

Simpatia de ano novo ou confiança em Deus?

Simpatia de ano novo ou confiança em Deus?


Católicos devem buscar a bênção de Deus para 2015 com oração, não nas superstições de ano novo


Aleteia
año nuevo© marie0                                         © marie0
 
 
"A diferença entre a religião cristã e práticas de superstição é que essas práticas se baseiam no desejo de dominar e controlar. A superstição pode dar a impressão para quem a pratica de que é possível dominar o futuro, mas nós sabemos que isso não é verdade. Todo cristão deve saber que a atitude dele diante do futuro não pode ser uma postura de domínio ou controle, mas sim de entrega e de
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confiança em Deus", afirmou o sacerdote carioca e autor do Livro “Basta uma Palavra”, Padre Antonio José Afonso da Costa. Segundo ele, a expectativa criada pela passagem do dia 31 de dezembro para o dia 1º de janeiro não pode afastar a pessoa de sua fé em Jesus, por meio de superstições e simpatias.

O sacerdote, que é pároco da Igreja Nossa Senhora de Fátima, no Méier (RJ), explicou que no Cristianismo a postura correta diante do futuro é buscar crescer no relacionamento com Deus, para que na confiança a pessoa seja capaz de construir um futuro melhor.

“O futuro da gente não está escrito como algumas pessoas pensam de uma maneira determinista ou fatalista. O futuro da gente é construído na medida em que caminhamos com Deus”, ensinou.

O sacerdote também refletiu sobre a importância do dia 1º de janeiro, quando a Igreja celebra a solenidade e o dogma de Maria, Mãe de Deus e o Dia Mundial da Paz.

“É costume da Igreja que as grandes celebrações como a Páscoa e o Natal, não durem apenas um dia. São celebrações grandiosas que comemoram os grandes mistérios da nossa fé e devem se estender por um tempo, de forma especial pela semana seguinte a festa. O dia 1º de janeiro é a Oitava da Festa do Natal, ou seja, o término dessa grande celebração do Nascimento de Jesus que a Igreja comemora recordando a união entre Maria e seu filho Jesus. Por isso, no oitavo dia da Festa do Natal, que coincide com o primeiro dia do ano civil, é celebrada a maternidade divina de Nossa Senhora.

O sacerdote ressaltou que na Solenidade de Maria Mãe do Filho de Deus, a Igreja coloca todo o ano civil debaixo da proteção de Nossa Senhora.

“Esse dia traz uma série de lembranças e evocações importantes para a vidada Igreja, é o dia em que celebramos a circuncisão de Jesus. A leitura do Evangelho recorda esse acontecimento e o momento em que o nome do menino Jesus foi imposto. A primeira leitura relata Deus ensinando a abençoar o povo de Israel. Sempre no início de um novo ano, a Igreja recorda que o Senhor é um Deus que abençoa, que deseja nos abençoar. Também lembra que com o nome de Jesus nos lábios a gente encontra salvação, porque Jesus significa ‘Deus é o nosso Salvador’. Esse dia é uma concorrência de coisas bonitas que unem o mistério do Natal às expectativas que temos para o ano que se inicia. Mas repito, o grande segredo da nossa esperança a respeito do futuro é a nossa união com Jesus Cristo”, garantiu.
sources: ACI Digital
 
 
 
 
 
 

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Ante o mistério natalino, as doenças do servidor da Igreja de Cristo


Ante o mistério natalino, as doenças do servidor da Igreja de Cristo

 

Na sessão de apresentação de cumprimentos de Natal dos membros dos seus diversos dicastérios e serviços, o Papa dirigiu-se à Cúria Romana como tal e através dela, enquanto pequeno modelo de Igreja, a todos os servidores do Povo de Deus. E assumiu, neste discurso natalício, a imagem da Igreja como Corpo de Cristo.

Começou por sublinhar, na essência do Natal, “o acontecimento de Deus que se faz homem para salvar os homens”. Com efeito, no seu amor, Deus dá-Se-nos a Si mesmo, não se limitando a dar-nos algo, a enviar-nos um ou mais mensageiros. Desce de Si mesmo e assume-nos na natureza e pecado para gratuitamente nos revelar a Vida divina, a Graça e o Perdão. O seu nascimento na gruta da pobreza releva o poder da humildade, mostrando-nos a luz acolhida, não pelo escol político, económico e social, mas pelos pobres e simples que esperam a salvação.

Recordando que as pessoas que trabalham, na Cúria ou espalhadas pelo mundo ao serviço da Santa Sé, da Igreja Católica, das Igrejas particulares e do Sucessor de Pedro, não são números ou denominações, mas pessoas, Francisco saúda e agradece o empenho dos servidores no ativo e pensa com gratidão em quem terminou o serviço por excesso de idade, assunção de outros papéis em Igreja ou por óbito. E eleva ao Senhor a oração de ação de graças pelo ano prestes a chegar ao fim, pelos eventos vividos e pelo bem que Deus nos dispensou através da Santa Sé e formula o pedido de perdão pelas faltas materializadas em “pensamentos, palavras, atos e omissões”, de modo a lograr uma boa preparação para o Natal.

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Fixando-se na imagem da Igreja como o Corpo Místico de Cristo, segundo a formulação de Pio XII e na sequência da Sagrada Escritura e da tradição patrística, explicita que a sua unidade se realiza através da pluralidade e diversidade de muitos dons e membros, como ensina S. Paulo: “Como o corpo é um só e tem muitos membros, e todos os membros do corpo, apesar de serem muitos, constituem um só corpo, assim também Cristo(1 Co 12,12). Por seu turno a Lumen Gentium, do Vaticano II, assegura que “na estrutura do Corpo de Cristo vigora a diversidade de membros e de ministérios. É um só o Espírito que para utilidade da Igreja distribui a pluralidade e diversidade de dons com uma liberalidade conforme à sua riqueza e às necessidades dos serviços (LG,7; cf 1Co 12,1-11). Daqui se infere que Jesus e a Igreja formam o Cristo total, ou seja, a Igreja é una com Cristo.

Também a Cúria, enquanto miniatura modelar da Igreja, tem de funcionar como um corpo cada vez mais vivo, são, unido em si e com Cristo. São vários os Dicastérios, os Conselhos, os Ofícios, os Tribunais, as Comissões e os outros numerosos serviços, com membros provenientes de diversas culturas, línguas e nações. Porém, são “coordenados por um funcionamento eficaz, edificante, disciplinado e exemplar.

Ora, esse corpo dinâmico precisa de se nutrir e curar. Para tanto, a Cúria, como a Igreja, tem necessariamente uma relação vital, pessoal, autêntica e sólida com Cristo e com os demais. Caso contrário, o servidor tornar-se-á um burocrata ou formalista, funcionário, empregado. Como antídoto alimentício e curativo o Pontífice aponta a oração quotidiana, a participação assídua nos sacramentos (sobretudo a Eucaristia e a Reconciliação), o contacto quotidiano com a Palavra de Deus e a espiritualidade traduzida na caridade vivida.

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Sendo a Cúria (tal como a Igreja) chamada a contínua melhoria e a crescimento em comunhão, santidade e sabedoria, ela pode sofrer, como qualquer corpo, de doença, disfunção e enfermidade – fenómenos que dificultam e impedem o desempenho cabal da missão e serviço.

Assim, o Papa, inspirando-se no roteiro dos Padres do deserto, apresenta em moldes atuais um catálogo de 15 doenças e tentações, extensíveis a todos os membros da Igreja, mas em especial aos da Cúria, mais expostos e de quem se espera mais. Pode mesmo servir de ajuda à preparação para o sacramento da reconciliação e para a solenidade do Natal do Senhor.

1. O sentir-se imortal, imune ou indispensável. Leva à negligência de cuidados e controlos habituais sobre nós próprios. E um serviço que não se autocritica, não se ajusta aos novos tempos ou não procura melhorar é um corpo enfermo. Os cemitérios estão repletos de gente que se julgava imortal e imprescindível – recorda o Papa, que sugere a reflexão que nos faça reconhecer pecadores e a dizer do fundo do coração: “Somos servos inúteis. Limitámo-nos a fazer o que devíamos (Lc 17,10).

2. O “martismo” (de Marta) ou excesso de atividade. É de recordar que há um tempo para cada coisa (cf Ecl 3,1-15); que o próprio Cristo também sentiu a necessidade de repouso (cf Mc 6,31); e que a contemplação pode é mais meritória que a atividade excessivamente fatigante: Maria, que se sentou aos pés de Jesus, “escolheu a melhor parte (cf Lc 10,30-42).

3. A petrificação mental e espiritual. Coração de pedra e cerviz dura fazem do servidor uma máquina de práticas e não um homem de Deus. A perda da sensibilidade, da serenidade interior, da vivacidade e da audácia prejudicam ou aniquilam mesmo o amor para com Deus e para com o próximo. É, pois, necessário, contra a passagem do tempo, cultivar de coração os sentimentos de Jesus (cf Fl 2,5-11): sentimentos de humildade e doação, de disponibilidade e generosidade.

4. A excessiva planificação e funcionalização. Se o apóstolo tudo planifica meticulosamente e crê que as coisas assim avançam infalivelmente, torna-se um contabilista ou um mercantilista e facilmente cai na tentação de condicionar a liberdade do Espírito. Dificilmente se abre à mudança. Ora, a Igreja deve mostrar-se fiel ao Espírito Santo e não tentar fazê-lo fiel a si própria, tentando “regulá-lo, domesticá-lo”, pois, “Ele é frescura, sonho, novidade” e surpresa.

5. A má coordenação ou a descoordenação. Quando os membros perdem a comunhão entre si e o corpo diminui na sua harmoniosa funcionalidade, são orquestra que produz música, mas cujos seus elementos não colaboram, não vivem o espírito de cooperação e não produzem trabalho coerente. É como se um dos membros do corpo tivesse a veleidade de dispensar o trabalho dos outros ou quisesse assumir a direção de uma atividade para a qual não está preparado.

6. O “alzheimer” espiritual. Esquece-se o núcleo da história da salvação, da história pessoal com o Senhor, o “primeiro amor” (Ap 2,4). É a perda progressiva das faculdades espirituais, que torna a pessoa incapaz de atividade autónoma e dependente de suas visões imaginárias.

7. A rivalidade e da vanglória. Quando o aparato e as insígnias se tornam o objetivo da vida, ao arrepio das palavras de Paulo de nada se fazer por vanglória, corremos o risco de viver um falso angelismo, um falso “misticismo” e um falso “quietismo”, que nos faz “inimigos da Cruz”, ao envaidecermo-nos da própria ignomínia e ao atermo-nos prazer terreno (cf Fl 3,19).

8. A esquizofrenia existencial. É a duplicidade ou bipolaridade da vida, “fruto da hipocrisia típica do medíocre e do vazio espiritual progressivo”: doença “que atinge frequentemente aquele que, abandonando o serviço pastoral, se limita aos afazeres burocráticos, perdendo, assim, o contacto com a realidade, com as pessoas concretas”. Chegam farisaicamente a colocar de parte o que “ensinam severamente aos outros” e vivem tambémuma vida oculta e até dissoluta.

9. A murmuração e o mexerico. É doença grave, já denunciada por S. Paulo (cf Fl 2,14-18), que começa com uma ligeira troca de palavras, mas apoderando-se da pessoa, a transforma em  “semeadora de cizânia” e mesmo “homicida a sangue frio” da fama de colegas e confrades.

10. A divinização dos chefes. É doença típica dos que, vítimas do carreirismo e do oportunismo, adulam os Superiores para obterem a benevolência deles, honrando as pessoas e não a Deus (cf Mt 23,8-12). Mas esta doença  pode atingir também os Superiores, quando cortejam alguns dos seus colaboradores para lograrem a cúmplice submissão, lealdade e dependência psicológica.

11. A indiferença para com os outros. Acontece “quando alguém pensa apenas em si mesmo e perde a sinceridade e o calor das relações humanas”. Leva a que, invejosa ou ciumentamente, se esconda para si mesmo o conhecimento a que se chegou sobretudo por meios desconhecidos, “ao invés de compartilhar positivamente com os outros” induzindo ao seu encorajamento.

12. A síndrome da cara funérea. É a doença das “pessoas grosseiras e sisudas” que julgam que a seriedade consiste nas fingidas feições de melancolia, de severidade e tratamento dos outros com rigidez, dureza e arrogância. O apóstolo deve, abandonando a severidade teatral e o pessimismo estéril (muitas vezes, sintomas de medo e de insegurança), esforçar-se por ser uma pessoa amável, serena e alegre que transmite alegria por toda parte onde quer se encontre.  

13. A mania da acumulação. Consiste na procura insana e na guarda avara de bens materiais, não por necessidade, mas só para sentir-se seguro, preenchendo o vazio existencial do coração. A este propósito, Francisco lembra que “a mortalha não tem bolsos” (nada de material se leva deste mundo) e que “a acumulação só pesa e freia inexoravelmente o caminho”.

14. O espírito de capelinha. É a doença de círculo fechado onde a pertença ao grupo se torna mais forte do que a pertença ao Corpo” e ao próprio Cristo. Começando com boas intenções, acaba por escravizar, tornando-se o cancro ameaçador da harmonia do Corpo e causa de escândalo sobretudo para os mais débeis. Leva à autodestruição; é o mal que atinge a partir de dentro; e, como diz Cristo, “todo o reino dividido contra si mesmo será destruído” (Lc 11,17).

15. A ânsia do proveito mundano, do exibicionismo. Acontece quando o apóstolo transforma o serviço em poder e o poder em mercadoria para obter dividendos humanos ou mais poder. Leva à calúnia, difamação e descrédito dos outros. “Também esta doença faz muito mal ao Corpo porque leva as pessoas a justificar o uso de todo meio, contanto que atinja o seu objetivo, muitas vezes em nome da justiça e da transparência” – refere o Pontífice!

***

Trata-se, segundo o Papa, de tentações e doenças que “são naturalmente um perigo para todo cristão e para toda a cúria, comunidade, congregação, paróquia, movimento eclesial”,  podendo exprimir-se a nível quer individual quer comunitário. Mais: só o Espírito Santo  – a alma do Corpo Místico, como afirma o Credo Niceno-Costantinopolitano: o Espírito Santo, Senhor e vivificador – pode curar todas as enfermidades. É Ele que sustenta todo o esforço de purificação e toda a boa vontade de conversão. É Ele que faz compreender que todo o membro participa da santificação do corpo ou do seu enfraquecimento, no âmbito da comunhão dos santos. É Ele o promotor da harmonia: “Ipse harmonia est”, no dizer de São Basílio. N’Ele reside o segredo.

2014.12.22 – Louro de Carvalho

As lições da Sagrada Família


As lições da Sagrada Família

A família atual só poderá se reencontrar e salvar a sociedade se souber olhar para a Sagrada Família e copiar o seu modo de vida

Prof. Felipe Aquino
 


 

 


 
Wikimedia Commons


O Papa João Paulo II, na Carta às Famílias, chamou a família de “Santuário da vida” (CF, 11). Santuário quer dizer “lugar sagrado”. É ali que a vida humana surge como que de uma nascente sagrada, e é cultivada e formada. É missão sagrada da família: guardar, revelar e comunicar ao mundo o amor e a vida.

O Concílio Vaticano II já a tinha chamado de “a Igreja doméstica” (LG, 11) na qual Deus reside, é reconhecido, amado, adorado e servido; nele também foi ensinado que: “A salvação da pessoa e da sociedade humana estão intimamente ligadas à condição feliz da comunidade conjugal e familiar” (GS, 47).

Jesus habita com a família cristã. A presença do Senhor nas Bodas de Caná da Galileia significa que o Senhor “quer estar no meio da família”, ajudando-a a vencer todos os seus desafios; e Nossa Senhora ali o acompanha com a sua materna intercessão.

Desde que Deus desejou criar o homem e a mulher “à sua imagem e semelhança” (Gen 1,26), Ele os quis “em família”. Por isso, a família é uma realidade sagrada. Jesus começou sua missão redentora da humanidade na Família de Nazaré. A primeira realidade humana que Ele quis resgatar foi a família; Ele não teve um pai natural aqui, mas quis ter um pai adotivo, quis ter uma família, e viveu nela trinta anos. Isso é muito significativo. Com a presença d’Ele na família – Ele sagrou todas as famílias.

Conta-nos São Lucas que após o encontro do Senhor no Templo, eles voltaram para Nazaré “e Ele lhes era submisso” (cf. Lc 2,51). A primeira lição que Jesus nos deixou na família é a de que os filhos devem obedecer aos pais, cumprindo bem o Quarto Mandamento da Lei. Assim se expressou o Papa João Paulo II:

“O Filho unigênito, consubstancial ao Pai, ‘Deus de Deus, Luz da Luz’, entrou na história dos homens através da família” (CF, 2).

Ao falar da família no plano de Deus, o Catecismo da Igreja Católica (CIC) diz que ela é “vestígio e imagem da comunhão do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Sua atividade procriadora e educadora é o reflexo da obra criadora do Pai” (CIC, 2205). E na sua mensagem de Paz, do primeiro dia do Ano Novo (2008) o Papa Bento XVI deixou claro que sem a família não pode haver paz no mundo. E o Papa fez questão de ressaltar que família é somente aquela que surge da união de um homem com uma mulher, unidos para sempre, e não uma união homossexual que dá origem a uma falsa família.

“A família é a comunidade na qual, desde a infância, se podem assimilar os valores morais, em que se pode começar a honrar a Deus e a usar corretamente da liberdade. A vida em família é iniciação para a vida em sociedade” (CIC, 2207).

A Família de Nazaré sempre foi e sempre será o modelo para todas as famílias cristãs. Acima de tudo, vemos uma família que vive por Deus e para Deus; o seu projeto é fazer a vontade de Deus. A Sagrada Família é a escola das virtudes por meio da qual toda pessoa deve aprender e viver desde o lar.

Maria é a mulher docemente submissa a Deus e a José, inteiramente a serviço do Reino de Deus: “Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a sua palavra” (Lc 1,38). A vontade dela é a vontade de Deus; o plano dela é o plano de Deus. Viveu toda a sua vida dedicada ao Menino Deus, depois ao Filho, Redentor dos homens, e, por fim, ao serviço da Igreja, a qual o Redentor instituiu para levar a salvação a todos os homens.

José era o pai e esposo fiel e trabalhador, homem “justo” (Mt 1, 19), homem santo, pronto a ouvir a voz de Deus e cumpri-la sem demora. Foi o defensor do Menino e da Mãe, os tesouros maiores de Deus na Terra. Com o trabalho humilde de carpinteiro deu sustento à Família de Deus, deixando-nos a lição fundamental da importância do trabalho, qualquer que seja este.


A família atual só poderá se reencontrar e salvar a sociedade se souber olhar para a Sagrada Família e copiar o seu modo de vida e
O Papa João Paulo II, na Carta às Famílias, chamou a família de “Santuário da vida” (CF, 11). Santuário quer dizer “lugar sagrado”. É ali que a vida humana surge como que de uma nascente sagrada, e é cultivada e formada. É missão sagrada da família: guardar, revelar e comunicar ao mundo o amor e a vida.

O Concílio Vaticano II já a tinha chamado de “a Igreja doméstica” (LG, 11) na qual Deus reside, é reconhecido, amado, adorado e servido; nele também foi ensinado que: “A salvação da pessoa e da sociedade humana estão intimamente ligadas à condição feliz da comunidade conjugal e familiar” (GS, 47).

Jesus habita com a família cristã. A presença do Senhor nas Bodas de Caná da Galileia significa que o Senhor “quer estar no meio da família”, ajudando-a a vencer todos os seus desafios; e Nossa Senhora ali o acompanha com a sua materna intercessão.

Desde que Deus desejou criar o homem e a mulher “à sua imagem e semelhança” (Gen 1,26), Ele os quis “em família”. Por isso, a família é uma realidade sagrada. Jesus começou sua missão redentora da humanidade na Família de Nazaré. A primeira realidade humana que Ele quis resgatar foi a família; Ele não teve um pai natural aqui, mas quis ter um pai adotivo, quis ter uma família, e viveu nela trinta anos. Isso é muito significativo. Com a presença d’Ele na família – Ele sagrou todas as famílias.

Conta-nos São Lucas que após o encontro do Senhor no Templo, eles voltaram para Nazaré “e Ele lhes era submisso” (cf. Lc 2,51). A primeira lição que Jesus nos deixou na família é a de que os filhos devem obedecer aos pais, cumprindo bem o Quarto Mandamento da Lei. Assim se expressou o Papa João Paulo II:

“O Filho unigênito, consubstancial ao Pai, ‘Deus de Deus, Luz da Luz’, entrou na história dos homens através da família” (CF, 2).

Ao falar da família no plano de Deus, o Catecismo da Igreja Católica (CIC) diz que ela é “vestígio e imagem da comunhão do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Sua atividade procriadora e educadora é o reflexo da obra criadora do Pai” (CIC, 2205). E na sua mensagem de Paz, do primeiro dia do Ano Novo (2008) o Papa Bento XVI deixou claro que sem a família não pode haver paz no mundo. E o Papa fez questão de ressaltar que família é somente aquela que surge da união de um homem com uma mulher, unidos para sempre, e não uma união homossexual que dá origem a uma falsa família.

“A família é a comunidade na qual, desde a infância, se podem assimilar os valores morais, em que se pode começar a honrar a Deus e a usar corretamente da liberdade. A vida em família é iniciação para a vida em sociedade” (CIC, 2207).

A Família de Nazaré sempre foi e sempre será o modelo para todas as famílias cristãs. Acima de tudo, vemos uma família que vive por Deus e para Deus; o seu projeto é fazer a vontade de Deus. A Sagrada Família é a escola das virtudes por meio da qual toda pessoa deve aprender e viver desde o lar.

Maria é a mulher docemente submissa a Deus e a José, inteiramente a serviço do Reino de Deus: “Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a sua palavra” (Lc 1,38). A vontade dela é a vontade de Deus; o plano dela é o plano de Deus. Viveu toda a sua vida dedicada ao Menino Deus, depois ao Filho, Redentor dos homens, e, por fim, ao serviço da Igreja, a qual o Redentor instituiu para levar a salvação a todos os homens.

José era o pai e esposo fiel e trabalhador, homem “justo” (Mt 1, 19), homem santo, pronto a ouvir a voz de Deus e cumpri-la sem demora. Foi o defensor do Menino e da Mãe, os tesouros maiores de Deus na Terra. Com o trabalho humilde de carpinteiro deu sustento à Família de Deus, deixando-nos a lição fundamental da importância do trabalho, qualquer que seja este.


A família atual só poderá se reencontrar e salvar a sociedade se souber olhar para a Sagrada Família e copiar o seu modo de vida e
O Papa João Paulo II, na Carta às Famílias, chamou a família de “Santuário da vida” (CF, 11). Santuário quer dizer “lugar sagrado”. É ali que a vida humana surge como que de uma nascente sagrada, e é cultivada e formada. É missão sagrada da família: guardar, revelar e comunicar ao mundo o amor e a vida.

O Concílio Vaticano II já a tinha chamado de “a Igreja doméstica” (LG, 11) na qual Deus reside, é reconhecido, amado, adorado e servido; nele também foi ensinado que: “A salvação da pessoa e da sociedade humana estão intimamente ligadas à condição feliz da comunidade conjugal e familiar” (GS, 47).

Jesus habita com a família cristã. A presença do Senhor nas Bodas de Caná da Galileia significa que o Senhor “quer estar no meio da família”, ajudando-a a vencer todos os seus desafios; e Nossa Senhora ali o acompanha com a sua materna intercessão.

Desde que Deus desejou criar o homem e a mulher “à sua imagem e semelhança” (Gen 1,26), Ele os quis “em família”. Por isso, a família é uma realidade sagrada. Jesus começou sua missão redentora da humanidade na Família de Nazaré. A primeira realidade humana que Ele quis resgatar foi a família; Ele não teve um pai natural aqui, mas quis ter um pai adotivo, quis ter uma família, e viveu nela trinta anos. Isso é muito significativo. Com a presença d’Ele na família – Ele sagrou todas as famílias.

Conta-nos São Lucas que após o encontro do Senhor no Templo, eles voltaram para Nazaré “e Ele lhes era submisso” (cf. Lc 2,51). A primeira lição que Jesus nos deixou na família é a de que os filhos devem obedecer aos pais, cumprindo bem o Quarto Mandamento da Lei. Assim se expressou o Papa João Paulo II:

“O Filho unigênito, consubstancial ao Pai, ‘Deus de Deus, Luz da Luz’, entrou na história dos homens através da família” (CF, 2).

Ao falar da família no plano de Deus, o Catecismo da Igreja Católica (CIC) diz que ela é “vestígio e imagem da comunhão do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Sua atividade procriadora e educadora é o reflexo da obra criadora do Pai” (CIC, 2205). E na sua mensagem de Paz, do primeiro dia do Ano Novo (2008) o Papa Bento XVI deixou claro que sem a família não pode haver paz no mundo. E o Papa fez questão de ressaltar que família é somente aquela que surge da união de um homem com uma mulher, unidos para sempre, e não uma união homossexual que dá origem a uma falsa família.

“A família é a comunidade na qual, desde a infância, se podem assimilar os valores morais, em que se pode começar a honrar a Deus e a usar corretamente da liberdade. A vida em família é iniciação para a vida em sociedade” (CIC, 2207).

A Família de Nazaré sempre foi e sempre será o modelo para todas as famílias cristãs. Acima de tudo, vemos uma família que vive por Deus e para Deus; o seu projeto é fazer a vontade de Deus. A Sagrada Família é a escola das virtudes por meio da qual toda pessoa deve aprender e viver desde o lar.

Maria é a mulher docemente submissa a Deus e a José, inteiramente a serviço do Reino de Deus: “Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a sua palavra” (Lc 1,38). A vontade dela é a vontade de Deus; o plano dela é o plano de Deus. Viveu toda a sua vida dedicada ao Menino Deus, depois ao Filho, Redentor dos homens, e, por fim, ao serviço da Igreja, a qual o Redentor instituiu para levar a salvação a todos os homens.

José era o pai e esposo fiel e trabalhador, homem “justo” (Mt 1, 19), homem santo, pronto a ouvir a voz de Deus e cumpri-la sem demora. Foi o defensor do Menino e da Mãe, os tesouros maiores de Deus na Terra. Com o trabalho humilde de carpinteiro deu sustento à Família de Deus, deixando-nos a lição fundamental da importância do trabalho, qualquer que seja este.

A família atual só poderá se reencontrar e salvar a sociedade se souber olhar para a Sagrada Família e copiar o seu modo de vida em vez de escolher um pai letrado e erudito para Jesus, Deus escolheu um pai pobre, humilde, santo e trabalhador braçal. José foi o homem puro, que soube respeitar o voto perpétuo de virgindade de sua esposa, segundo os desígnios misteriosos de Deus.

A Família de Nazaré é para nós, hoje, mais do que nunca, modelo de unidade, amor e fidelidade. Mais do que nunca a família hoje está sendo destruída em sua identidade e em seus valores. Surge já uma “nova família” que nada tem a ver com a família de Deus e com a Família de Nazaré.

As mazelas de nossa sociedade –, especialmente as que se referem aos nossos jovens: crimes, roubos, assaltos, sequestros, bebedeiras, drogas, homossexualismo, lesbianismo, enfim, os graves problemas morais e sociais que enfrentamos, – têm a sua razão mais profunda na desagregação familiar a que hoje assistimos, face à gravíssima decadência moral da sociedade.

Como será possível, num contexto de imoralidade, insegurança, ausência de pai ou mãe, garantir aos filhos as bases de uma personalidade firme e equilibrada e uma vida digna, com esperança?

Como será possível construir uma sociedade forte e sólida onde há milhares de “órfãos de pais vivos”? Fruto da permissividade moral e do relativismo religioso de nosso tempo, é enorme a percentagem dos casais que se separam, destruindo as famílias e gerando toda sorte de sofrimento para os filhos. Muitos crescem sem o calor amoroso do pai e da mãe, carregando consigo essa carência afetiva para sempre.

A Família de Nazaré ensina ainda hoje que a família desses nossos tempos pós-modernos só poderá se reencontrar e salvar a sociedade se souber olhar para a Sagrada Família e copiar o seu modo de vida: serviçal, religioso, moral, trabalhador, simples, humilde, amoroso… Sem isso, não haverá verdadeira família e sociedade feliz.

 



 

 



 

 

sábado, 27 de dezembro de 2014

NATAL: ENCONTRO SINGULAR DE DEUS COM A HUMANIDADE


NATAL: ENCONTRO SINGULAR DE DEUS COM A HUMANIDADE

 

 

 


 

 

É Natal de Jesus…

Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens por Ele amados.

Aos homens e mulheres de boa vontade, construtores de um mundo mais solidário, fraterno e justo.

Alegrem-se os corações dos que vivem sós.

Alegrem-se os corações dos que vivem tristes.

Alegrem-se os corações dos que vivem angustiados.

Alegrem-se os corações dos que vivem com medo.

Alegrem-se os corações dos que vivem com sombras.

Alegrem-se os que são vítimas da incompreensão.

Alegrem-se as crianças e os idosos.

Alegrem-se os que estão na cárcere-prisão.

Alegrem-se os que estão nos hospitais.

Alegrem-se os que vivem nas ruas (os sem-abrigo).

Alegrem-se os que se sentem marginalizados, os desempregados e os que choram!

Alegrem-se os que vivem na dor.

Alegrem-se os que têm fome e sede de justiça…. Os pobres.

Alegrem-se os abandonados pelos homens, mas amados por Deus!...

Alegrem-se todas as famílias.

É tempo de ser bom…

 

 

É Natal! Boas Festas para todos.

Alegre-se o céu e rejubile a terra.

A criação.

Glória in excelsis Deo.

Glória… Glória e paz na terra ao homem nosso irmão.

Jesus foi o primeiro a testemunhar o amor a todo o homem.

No dizer de Gil Vicente:

“NASCEU A ROSA DO ROSAL, DEUS E HOMEM NATURAL!”

O Menino nos foi dado.

“Ele espalhará a justiça entre as nações” (Isaías 42, 1)

“Ele será a reconciliação do povo e a luz das nações” (Isaías 42, 6)

“E O VERBO FEZ-SE HOMEM E VEIO HABITAR ENTRE NÓS” (Jo. 1, 14)

A oferta da salvação realizou-se.

ALEGREMO-NOS.

 

Feliz Natal

2014                                                                                José Rodrigues Lima

Não fique triste no Natal!

Não fique triste no Natal!


Não pode haver tristeza onde se experimenta a alegria espiritual de sentir-se eternamente amado

stardust and magic in your hands
© DR
Há muitas pessoas que, nestes dias natalinos, experimentam tristeza, nostalgia e depressão. Tristeza pela ausência de entes queridos; nostalgia pelo tempo passado; depressão por não querer, não saber nem poder compartilhar a alegria destes dias festivos.

Não pode haver tristeza onde se experimenta a alegria espiritual de sentir-se eternamente amado. Desta experiência brota a fonte da alegria perene. Os entes queridos que já não estão entre nós chegaram definitivamente à meta, que será para eles luz perpétua e descanso eterno no amor.

Não pode haver nostalgia onde se realiza uma manifestação de simplicidade, de pobreza e de entrega no humilde estábulo no qual Deus amanhece para a humanidade, para que a humanidade amanheça para um estilo de vida renovado. No Natal, o Senhor nos diz: Não tenha medo! Você não está sozinho!

Não pode haver depressão onde há solidariedade; onde todas as mãos são poucas para compartilhar; onde todas as vozes são necessárias para anunciar a Boa Notícia; onde todos os olhos são imprescindíveis para contemplar com estupor o nascimento do Filho de Deus; onde são necessários tantos gestos de fraternidade para valorizar a dignidade única de cada pessoa.

Existe uma alegria efêmera, repleta de pequenas luzes, pálido resplendor de outra alegria mais real, intensa e duradoura: a alegria que vem do encontro com o Senhor, Deus conosco, que nasce entre nós, por nós e para nós.

Há luzes que se apagarão. Mas há uma luz que não se extingue jamais. Uma luz que brilha em nosso interior e nos acompanha para sempre. Uma luz que nasce do encontro com o Deus vivo e toca cada um de nós no mais profundo.

Que admirável acontecimento! O Natal é um mistério de amor que nos envolve, nos penetra, nos fascina e nos transforma.

O Natal nos convida a sair ao encontro do Senhor que nasce humilde, simples, pobre, mas rico em misericórdia.

Quem se deixa transformar no Natal, adquire uma nova forma de ver, de ser e de viver.

No Natal, comemoramos o amor de Deus, que se faz solicitude concreta por cada pessoa. No Natal, agradecemos um desígnio de salvação que abraça toda a humanidade e toda a criação. No Natal, descobrimos que o Senhor é o nosso centro, o objetivo da nossa vida, a razão do nosso ser, nosso bem supremo, nossa alegria e nossa glória.

Feliz Natal!

(Artigo de Dom Julián Ruiz Martorell, publicado originalmente por SIC)
sources: SIC
 
 
 
 
 
 

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Dar Alma à Vida XXXIII

Dar Alma à Vida XXXIII



Dar Alma à Vida é ter presente no nosso modo de viver que Jesus é "Deus connosco" e que optou por viver sob a iluminação da mensagem Jesus Cristo, a vida terá sempre uma Alma nova em todos os seus momentos.

Dar Alma à Vida é reconhecer que Deus veio ao encontro dos homens para lhes oferecer uma vida nova. É sinal de que Deus não abandona a sua obra criada, o seu Povo, e que quer percorrer de mãos dadas, com o Povo, a sua história.

Dar Alma à Vida é colocar toda a nossa segurança não nas armas dos homens, ou quaisquer tipo de seguranças para além da Esperança que Jesus nos traz, onde nós descobrimos afecto, alento, serenidade, harmonia, amor "Vinde a Mim todos vós que andais fatigados".

Acreditar que Cristo nos trouxe uma proposta de salvação que nos leva a acolher e a transformarmo-nos nela é dar Alma à Vida.

Como, dar testemunho deste Cristo e levá-lo aos outros para que se torne presente como libertador no tempo e no espaço, é dar Alma a uma Vida que já não tem mais fim. Isto é resultado de uma vida com Alma e é preciso dar-lhe já Alma, para a qual a morte é uma vírgula e não um ponto final.


Pe. Coutinho

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

O anúncio na periferia


O anúncio na periferia

P. Vitor Gonçalves

 

"O Anjo Gabriel foi enviado por Deus

a uma cidade da Galileia chamada Nazaré…”

Lc 1, 26

 
Quando pensamos em periferias referimo-nos àquilo que está afastado do centro, distante do mais importante e decisivo, dos lugares de destaque e de poder. E, normalmente, estamos aí nós, pois cada um tem também as suas periferias: os lugares, pessoas, e realidades a que damos menos importância. Creio que em Deus não há periferias pois onde está a vida e onde estão as pessoas, Ele está. E, talvez por isso, tenha um particular gosto em surpreender-nos nas suas escolhas: Abraão era tão periférico sem terra nem descendência, Moisés tão gago e tão “queimado” entre os seus, David tão novo que quase é esquecido pelo pai, e assim por diante, na lista de surpresas de Deus! Assim, para a vinda do Messias, iria Deus subjugar-se ao poder religioso e político de Jerusalém, assente numa religião “perfeita” e perita em excluir e desprezar as periferias dos que não a conseguiam cumprir? 

De Nazaré pode vir alguma coisa boa?” (Jo 1, 46) dirá Natanael a Filipe fazendo eco da insignificância do lugar. Sim, não será em Jerusalém mas num humilde lugar da Galileia (chamada “dos gentios”, acentuando a sua periferia), não no Templo ou num palácio mas numa casa familiar, não a uma rainha mas a uma jovem desposada com um carpinteiro, que Deus anuncia o nascimento de Jesus. Quem poderia adivinhar que Deus entraria na história pela pequena porta da pobreza, pelo sim de Maria (e de José, claro!)? Deus assume fazer-se pequeno e entrar no nosso mundo pela fragilidade das nossas vidas e da nossa história. Deus, para sempre, faz-se um de nós, é “Deus connosco”, plenamente e silenciosamente. Não haverá salvas de morteiros, nem notícias de abertura em telejornais, e até os anjos de Belém terão como “share” do anúncio celeste uns pobres pastores do campo (mais uns periféricos da religião e do poder, transformados em arautos da melhor notícia para o mundo)!     

Maria, também é “periferia” da descendência de David, que será dada a Jesus, por José! Talvez representando tantas mulheres que, ao longo da história e dos tempos (e hoje também) são das periferias mais próximas de todos. Tantas vezes sofrendo desigualdades, exclusões, violência e morte: quarenta mulheres mortas em Portugal por maridos e ex-maridos, e sabe Deus quem, ao longo de 2014?; namoradas violentadas por namorados?; exclusão no trabalho quando engravidam?  Jesus virá olhar de modo diferente as mulheres, apresentando-as como modelo de verdadeiros discípulos, valorizando a sua dignidade e dons próprios. E nós, aqui e agora?

Quantas periferias podemos encontrar à volta do nascimento de Jesus, onde Deus encarna, e nos pede que façamos o mesmo? A periferia de espaços familiares (onde há fome de diálogo e atenção mútua pois quanta distância, às vezes, existe numa mesma casa!), a periferia entre donos e empregados (onde nenhum lucro, fruto da exploração de outros, agrada a Deus!), as periferias de uma “comunidade” (onde grupinhos e capelinhas rivalizam por poder!), a periferia dos mais velhos (esquecidos, abandonados, “peso” nas nossas vidas egoístas e sedentas de prazer e distrações!), a periferia de mim mesmo (onde acumulo mágoas e ressentimentos, decisões corajosas e gestos que fariam felizes outros!). Parece um olhar desencantado mas não é! Eu acredito que Deus vem constantemente a essas periferias, e recebe muitos “sim”! Que alegria se Ele escutasse o meu também!

 
Voz da Verdade 2014.12.21

QUANTOS CRISTOS RESSUSCITARAM?


QUANTOS CRISTOS RESSUSCITARAM? (1)

                                 Frei Bento Domingues, o.p.

 

 

1. Nas crónicas de Natal, durante vários anos, preocupei-me, com questões de ordem histórica e teológica, levantadas pelo género literário dos chamados “Evangelhos da Infância”. Esses belos tecidos simbólicos, anunciando o reinado do Espirito de Cristo – recusa do mundo de senhores e escravos – são mal servidos por uma leitura estéril de biologia milagrosa.

Este ano, opto pela peregrinação ecuménica do Papa Francisco à Turquia, fundamental para o renascimento das Igrejas. Selecciono, apenas, duas respostas descontraídas a perguntas dos jornalistas, no voo de regresso[1]. Voltarei, em breve, a outros aspectos.

O Papa Bergoglio tinha afirmado que, para chegar à suspirada plenitude da unidade, “a Igreja católica não tem intenção de impor qualquer exigência”. Daí a questão: “estaria a referir-se ao Primado (do Bispo de Roma)?

Resposta: A questão do Primado não é uma exigência; é um acordo porque também os ortodoxos o desejam. É um acordo para encontrar uma modalidade que seja mais conforme com a dos primeiros séculos. Li, uma vez, algo que me fez pensar – um parêntesis - aquilo que sinto de mais profundo acerca deste caminho da unidade está na homilia que fiz, ontem, sobre o Espírito Santo. Li, com efeito, que só o caminho do Espírito Santo é caminho certo, porque Ele é surpresa. Ele mostrar-nos-á onde está o ponto decisivo. Ele é criativo…

Talvez isto seja uma autocrítica, mas corresponde, mais ou menos, ao que eu disse nas congregações gerais, antes do Conclave, o problema está no seguinte: a Igreja tem o defeito, o hábito pecador, de olhar demasiado para si mesma, como se imaginasse que possui luz própria. Mas, como sabem, a Igreja não tem luz própria. Deve voltar-se para Jesus Cristo!

 À Igreja, os primeiros Padres chamavam-lhe mysterium lunae, o mistério da lua, porquê? Porque dá luz, mas não tem luz própria; é a que lhe vem do sol. E, quando a Igreja olha demasiado para si mesma, aparecem as divisões. Foi o que sucedeu depois do primeiro milénio. Hoje, à mesa, falávamos do momento, de uma terra – não me lembro qual – em que um cardeal foi comunicar a excomunhão do Papa ao Patriarca (ortodoxo). Naquele momento, a Igreja olhou para si mesma; não estava voltada para Cristo. Creio que todos estes problemas que surgem entre nós, entre os cristãos – falo pelo menos da nossa Igreja católica – surgem quando ela olha para si mesma: torna-se auto-referencial.

Hoje, Bartolomeu usou uma palavra, não foi «auto-referencial», mas era muito semelhante, uma palavra muito bela… Agora não me recordo, mas era muito bela, muito bela [o termo na versão italiana é introversão].

Eles aceitam o Primado [do Bispo de Roma]. Hoje, na Ladainha, rezaram pelo «Pastor e Primaz». Como diziam? «Aquele que preside…». Reconhecem-no; disseram-no, hoje, na minha frente. Mas, quanto à forma do Primado temos de ir um pouco ao primeiro milénio para nos inspirarmos. Eu não digo que a Igreja errou, não. Percorreu a sua estrada histórica. Mas, agora, a estrada histórica da Igreja é aquela que pediu João Paulo II: «Ajudai-me a encontrar um ponto de acordo à luz do primeiro milénio».

Este é o ponto-chave. Quando se fixa em si mesma, a Igreja renuncia a ser Igreja para ser uma ONG teológica.

2. Uma jornalista interpelou-o “acerca da histórica inclinação” que ontem o Papa Francisco tinha feito diante do Patriarca de Constantinopla: como pensa agora enfrentar a crítica  de quem talvez  não entenda  estes gestos de abertura?  

Resposta: Atrevo-me a dizer que não se trata de um problema só nosso; é também um problema dos ortodoxos. Eles têm o problema de alguns monges, de alguns mosteiros que estão nessa estrada. Por exemplo, há um problema que se discute desde os tempos de Paulo VI: é a data da Páscoa. E não nos pomos de acordo! Mas porquê? Porque, se a fizéssemos na data da primeira lua depois do 14 de Nisan, com o avanço dos anos, correríamos o risco – os nossos bisnetos – de ter de a celebrar em Agosto. E devemos procurar… Paulo VI propôs uma data fixa concordada, um domingo de Abril.

3. Bartolomeu foi corajoso, sublinhou o Papa. Por exemplo, em dois casos, recordo um, mas há outro. Na Finlândia, ele disse à pequena comunidade ortodoxa: festejai a Páscoa com os luteranos, na data dos luteranos, para que num país de minoria cristã não haja duas Páscoas. E o mesmo problema vivem os orientais católicos. Ouvi esta, uma vez, à mesa na Via della Scrofa: preparava-se a Páscoa na Igreja católica e estava presente um oriental católico que dizia: «Ah, não! O nosso Cristo ressuscita um mês mais tarde! O teu Cristo ressuscita hoje?» O outro observou: O teu Cristo é o meu Cristo.

A data da Páscoa é importante. Há resistência a isto por parte deles e nossa. Quanto a estes grupos conservadores, devemos ser respeitosos, sem nos cansarmos de explicar, catequizar, dialogar, sem insultar, sem os denegrir nem criticar porque tu não podes arrumar uma pessoa dizendo: «este é um conservador». Não. Este é tão filho de Deus como eu. Mas convidemo-lo: vem cá, falemos! Se não quer falar é um problema dele, mas eu respeito-o. Paciência, mansidão e diálogo.

Boas festas