domingo, 28 de fevereiro de 2016

Penedo das ferraduras na encosta do Alto da Coroa na Serra de Arga e outras curiosidades



Penedo das ferraduras na encosta do


Alto da Coroa,
 
 



 


penedos das Peninhas, depois da Raiz e antes da
 
Chão Grande e um penedo com qualquer coisa na
 
corte de éguas que fica junto ao Caminho Florestal na
 
Serra de Arga.




 
 
 
 

 
 

Pedra e Cruz trevada (?)



Junto ao S. João de Arga
 
 
Padre Loureço, Padre Flávio e eu
 
 procurámos observar com detalhe
 
 
etas pedras.
 
 
 
 

 
 
 

A cruz também fui eu que a descobri e a mandei
 
 
incrustar numa parede virada apoente no primeiro
 
 
coreto, fora do lugar porque estava subterrada,
 
 
 mas ficou acautelada. Esta fou encontrada dentro
 
 
do  adro.


 
 
 

MARE MARIA DA CONCEIÇÃO

MARE MARIA DA CONCEIÇÃO
 
 - A FREIRINHA DE VIANA - DO CARMELO DO COVENTO ONDE SE
 
ENCONTRA A IGREJA PAROQUIAL DA PARÓQUIA
 
DE NOSSA SENHORA DE FÁTIMA


MORREU COM FAMA DE SANTIDADE
 
 
IMAGENS DO CEMITÉRIO MUNICIPAL ONDE FOI SEPULTADA
 
 
 
Mansoléu
 
 
 
Espólio de ex-votos
 
 ESTAMPA DE ORAÇÃO REPETDA EM 1977


 
Desde a sua morte começou a ser venerável e com oração
 
 própria com imprimatur do
 
 Arcebispo da altura

A indústria de curtumes na Bandeira


MEMÓRIAS

 

A indústria de curtumes na Bandeira

 

 

A Rua da Bandeira - entre o Carmo e S. Vicente - era, no século passado, um espaço periférico da cidade. Cruzada pelos romeiros que da cidade se deslocavam a S. Vicente, para livrar as crianças das "bexigas", a Rua da Bandeira constituía um dos pontos de passagem para aqueles que se queriam deslocar para as restantes terras da Ribeira Lima. Este afastamento do centro cívico vianense implicou a fixação de um conjunto de indústrias que marcará a memória da rua. Entre eles destacamos, hoje, a de curtumes.

A Aurora do Lima de 26 de Setembro de 1884 publicava uma carta de um dos seus leitores, morador na Rua da Bandeira, que se queixava dos estragos provocados pelos "cortumes". Dizia Ricardo José Couto que " na rua da Bandeira, d'esta cidade, se conserva um curtume de couros junto a uma casa minha, sita na mesma rua, contígua à viella dos Abraços (...). Junto ao poço da agua está também um tanque, aonde se curtem pelles com o lixo de cevados e cães, e quando de dias a dias mexem o dito tanque, não se póde supportar o mau cheiro que tudo aquillo exhala. Contiguo ao mesmo poço ha um cano por onde passa toda a imundice do curtume, a ponto de que nem eu nem o proprio cortidor podemos servirmo-nos da agua para consumo ". Este "curtume" não era o único na Rua da Bandeira. Ainda, segundo a mesma fonte, havia " dous cortumes, um dos quaes pertence ao sr. Cerqueira Lima e o outro a um visinho ".

Segundo o almanak de Vianna ( 1896 ), na Rua da Bandeira, existiam duas " fábricas de cortumes ": a de Inacio José de Passos e a de Moraes & Filho. Será que é a estas fábricas que se refere o autor do artigo do jornal? Ficam-nos algumas dúvidas quanto à parcela da rua a que o almanaque se refere.

Esta tradição industrial permanecerá até ao princípio do nosso século. Na década de trinta terá encerrado a fábrica dos Santinhos e, na década de cinquenta, a dos Veríssimos. Esta última corresponderia à zona do actual "Nosso Café" e foram seus últimos proprietários os srs. Américo e Carvalho.

 

Carlos Loureiro 

sábado, 27 de fevereiro de 2016

Penedo casamenteiro

 
 
Penedo casamenteiro
 
 
 
 
 

 em Arga de S. João. As raparigas, segundo a tradição


 que passassem no romeiro para S. João de Arga


 lançavam uma pedra e se ela ficasse sobre o penedo


 casariam naquele ano. Quantas pedras atirassem e



caíssem eram os anos que tinham de esperar pelo


casamento.

Cruzeiro dos clamores e de divisão de freguesias

Cruzeiro dos clamores e de divisão
 
 
 
 de freguesias
 
 


 onde se sentavam os 4 abades: Orbacém, Gondar,


Azevedo e Argela no monte da Senhora das Neves,


também conhecida por Senhora da Serra, em Dem,


com data do princípio do século XVIII.

Pedra com inscrição (Celta) no Castro do Germano em Dem

Pedra com inscrição (Celta) no
 
 
 Castro   do Germano em Dem
 
 

Pedra na Chão do Guindeiro acima do S. João de Arga

Pedra na Chão do Guindeiro
 
 
 
 
 acima do S. João de Arga, da freguesia de Santo
 
 Oginha quase no topo onde se avista ou se pode
 
tomar o caminho dos romeiros que vão dos viveiros
 
de  S. Lourenço para S. João de Arga.

Fontanário do Carmo...


Fontanário do Carmo...

 

Testemunho do passado

       

A nossa cidade, tal como muitas outras, sofreu, nos últimos cem anos, alterações paisagísticas e arquitectónicas profundas. Sem dúvida que estas evoluções são necessárias para o progresso e bem estar das populações, mas por vezes corre-se o risco de perder para sempre verdadeiras “jóias” arquitectónicas.

A “jóia” que vamos falar não foi, felizmente, perdida para sempre; falamos do Fontanário do Carmo, popularmente conhecido por fontanário dos narizes (talvez devido ao facto de a água sair dos narizes dos dois leões que adornam a fonte), de que com certeza os mais velhos ainda se lembram. Situado junto à Linha Férrea, este fontanário foi, aquando da abertura do troço da EN 13 que vai desde a Igreja do Carmo até Monserrate, transladado para Sta. Luzia, onde ainda o podemos admirar. Numa época em que não existia ainda água canalizada, este fontanário tinha uma importância enorme na vida quotidiana dos habitantes desta zona da cidade, importância esta que os ventos do progresso fizeram diminuir.

Lá iam os moradores da Bandeira e do Carmo buscar a água para as suas casas. Bebiam os animais, os bois dos carreteiros da Abelheira e os equídeos que transportavam os das aldeias em dias de feira para o Mercado, nas suas carroças.  
 
      

Construído como obra de arte, trata-se de uma construção simples, ornamentada por duas cabeças de leão, ao centro (de onde as águas brotam), e em cima por um Brasão da cidade. A sua transladação enquadrou-se num conjunto de mudanças radicais que se prolongaram por vários anos  naquela zona :  além da referida abertura do troço da EN 13, abriu-se, em 1947, a Avenida Afonso III (para o que foi necessário demolir a casa de D. Maria Barros Lima, a dos Porto Covo e outras adjacentes) e fecharam-se, já mais tarde, as duas passagens de nível que ali existiam.

Foi de facto louvável a intenção de preservar essa fonte, transladando-a para Sta. Luzia. Seria, no entanto, ainda mais louvável voltar a transladá-la, desta feita para a sua zona de “nascença”, onde efectivamente pertence. Visto ser impossível replantá-la frente à Igreja do Carmo, porque não colocá-la no Largo das Carmelitas, ou noutro local na Rua da Bandeira ou Rua Manuel Fiúza Júnior ? Seria devolver o monumento ao seu local de origem, onde ele pode voltar a ser admirado e utilizado pelos transeuntes que sintam sede !

Lançamos então aqui um apelo às autoridades competentes e aos cidadãos em geral, para que nos ajudem a recuperar o Fontanário do Carmo.

 

Santos Alves

        in Paroquia Nova

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte dos Monges junto ao S. João de Arga

Fonte dos Monges junto ao S. João de
 
Arga propriedade da Paróquia de Arga
 
 de S. João,mas em território de Arga
 
 de Baixo. Segundo a tradição
 
abastecia de água o convento dos
 
frades beneditinos.
 
 

Perto das Casarolas a caminho da Corte de Éguas, muito perto da Chão da Raiz em Arga de Baixo

 
 
Perto das Casarolas
 
a caminho da Corte de Éguas, muito perto da Chão da
 
 Raiz em Arga de Baixo
 
 

Uma porta megalítica no sítio da Portela em Arga de S. João perto do "Alto da Coroa

 Uma porta megalítica no sítio da Portela em Arga de S. João perto do "Alto da Coroa.
 
 
 
 

ARTISTA ALBINO RODRIGUES LIMA DE MODELALOR A ESCULTOR


 

ARTISTA ALBINO RODRIGUES LIMA

DE MODELALOR A ESCULTOR

 

José Rodrigues Lima

 

Albino Lima seguiu a arte dos “Limas” abrindo novas perspectivas na modelação, escultura e desenho.

 Seu bisavô foi o Mestre José Pereira Lima; seu avô o Mestre Domingos Pereira Lima; e seu pai o Mestre Emídio Pereira Lima, com testemunhos da sua acção de mestria artística na região minhota, duriense, Galiza e Angola.  

Viveram todos no lugar de Milhões, freguesia de Vila de Punhe, nos limites com Vila Fria.

Albino nasceu a 29 de Março de 1932.

Matriculou-se a 14 de Agosto de 1945 na Escola Industrial e Comercial Nun’Álvares, em Viana do Castelo, à data instalada no belo edifício do jardim D. Fernando, onde hoje funcionam os serviços do Instituto Politécnico.

Terminou o curso de Modelador e Entalhador em 1950, tendo obtido nas disciplinas de Desenho Profissional 18 valores; Modelação 17 valores;  e  em Arte da Talha 17 valores. Foi o melhor aluno do curso, tendo sido premiado.

Na sua história de vida a arte ocupou um lugar de mérito reconhecido. O seu espirito sonhador e de rara sensibilidade estética, levou-o a materializar a arte como” epifania do mistério”. A sua sensibilidade, que ultrapassou as “fronteiras do território, do tempo e dos cânones”, manifestou-se ainda na poesia, sendo de referir os poemas “O Santo” e o “Zé do Telhado”.

 

(Introduzir o poema)

 

Era de certo modo “clarividente”.

Sendo filho de “artista de mestria”, e com a capacidade revelada nas artes, mereceu a confiança da Confraria de Santa Luzia e do Arquiteto Miguel Nogueira para executar os modelos do escultor Leopoldo de Almeida. Os querubins que estão no Templo Monumento de Santa Luzia.

Assim, dava-se início à vida artística de Albino Rodrigues Lima com a concretização rigorosa dos modelos do referido escultor.

O escultor lisboeta só veio uma vez verificar a execução artística dos querubins em mármore, dando parabéns ao Mestre Lima e a seu filho Albino, pela capacidade artística e pela expressão conferida às duas obras de arte.

A data que consta na base das esculturas é de 1955.

 

(foto Albino no Templo a contemplar a sua obra)

 

CARTA DO ARQUITETO MIGUEL NOGUEIRA

O Arquitecto Miguel Nogueira era o Diretor da Escola Industrial e Comercial N’Álvares e tinha muito apreço pelo Albino, conforme testemunha a carta escrita em 25 de Maio de 1953, aqui apresentada.

 

.  

 A carta arquiteto

  

São da sua autoria de Albino Lima diversos modelos escultóricos estando alguns referenciados e registados, como a Senhora de Fátima que se encontra na fachada da igreja da Congregação dos Padre Passionistas em Barroselas; “Consta no acervo documental da congregação e foi confirmado no dia do seu funeral, com a presença de representantes da Congregação Passionista, que lhe prestaram homenagem.

São ainda da sua autoria a escultura de Santa Ana na capela de S. Romão do Neiva; a Senhora de Assunção existente no alçado no alçado principal da igreja de Riba de Âncora; a Senhora Auxiliadora da Congregação dos Padres do Espirito Santo, Igreja da Missão Católica do Sambo em Angola; a Senhora do Ó, S. Pedro e outras, pertencente ao espólio da família; os modelos em gesso do Sagrado Coração de Jesus e Maria encomendados a Mestre Lima, pelo Reverendo Padre David da Silva Monteiro, no ano de 1954, e cinzelados por José Clemente Gonçalves, no atelier de cantaria do Mestre Lima, e que se encontram no adro da Igreja de Vila de Punhe.

Dava forma artística aos blocos de granito ou mármore como descreve Padre António Vieira.

 

(foto de escultura)

 

O Estatuário

Vede o que faz em uma pedra a arte.

Arranca o estatuário uma pedra dessas montanhas, tosca, bruta, dura, informe; e, depois que desbastou o mais grosso, toma o maço e o cinzel na mão e começa a formar um homem, primeiro membro a membro e depois feição a feição, até mais miúda; ondeia-lhe os cabelos, alisa-lhe a testa, rasga-lhe os olhos, afia-lhe o nariz, abre-lhe a boca, avulta-lhe as faces, torneia-lhe o pescoço, estende-lhe os braços, espalma-lhe as mãos, divide-lhe o dedos, lança-lhe o vestido; aqui desprega, ali arruga, acolá reclama, e fica um homem perfeito e talvez um santo que se pode por num altar.

                                               António Vieira – Sermões /1679)

 

RECONHECIMENTO ARTISTICO

Albino Lima mereceu admiração do Escultor Leopoldo de Almeida,  Martinho de Brito e do Arquitecto Moreira da Silva, além do já referido Arquitecto Miguel Nogueira.

Do amigo pessoal e colega de curso, Engenheiro Alberto Mesquita, recebeu em 17 de Julho de 2004 o seguinte comentário:

“Tive a felicidade de frequentar a Escola Industrial e Comercial de Viana do Castelo, localizada no Palacete do Jardim D, Fernando, onde hoje funcionam os serviços centrais do Instituto Politécnico. Fiz aí o curso de Entalhador. Um dos Professores era o Arquitecto Miguel Nogueira que orientava os trabalhos na construção do Templo Monumento, Nós trabalhávamos em conjunto. Ele aproveitava a nossa mão de obra, ensinando-nos a fazer os decalques e a dar os sombreados. Com ele visitámos o estaleiro do templo. Lembro-me muito bem. O Arquitecto Miguel Nogueira Tratava o Mestre Lima por Mestre, com respeito pela palavra Mestre. O Mestre tratava os operários com muito respeito. A época era outra.

Lembro-me bem das varas de elevação das pedras com os sarilhos, e as explicações que o Arquitecto Miguel Nogueira dava ao Mestre Lima acerca dos sombreados que marcavam a espessura das volutas do granito, quando tinham que ficar de fora…

Lembro-me da sugestão: “Não repare que os pequenos aqui (os pequenos aqui eramos nós, seus alunos) deram mais dois milímetros.” É curioso que naquele tempo trabalhava-se a pedra como se trabalhasse o ouro. Era o rigor.

O estaleiro era enorme e ouvir cantar os cinzéis na pedra era um sonho. Este era um senhor estaleiro, tinha qualquer coisa de fantástico. Aqui trabalhava muita gente, mais ou menos quarenta homens; uns que trabalhavam pedras, outros que elevavam pedras e as montavam, outros que lavravam as pedras.

Tenho as melhores recordações do Mestre Lima como artista. Nós que fazíamos a talha e que sabíamos o que custava faze-lo com precisão, trabalhar o granito como se trabalha a madeira é uma diferença abismal! Eles brincavam com a pedra!

É esta a minha homenagem ao Mestre Lima a quem recordo com profunda saudade, admirando a grande mestria e grande arte daquele construtor.

Fui colega, no curso de Modelador e Entalhador de Albino Lima, filho do Mestre Lima. Os grandes mestres para a nossa idade eram Francisco Franco e Albino Lima. Eles eram dois grandes artistas. Colaboravam muito com o arquitecto Miguel Nogueira na edificação do templo Monumento em Santa Luzia.

O Arquitecto Miguel Nogueira era um arquitecto sem atelier, o atelier era a escola, na sala 5, cá em baixo, virada para o jardim D. Fernando.

 O Albino Lima é que me ensinava a afiar os lápis

Ainda recordo com saudade o termos trabalhado/estudado, entre outros, nos pormenores do púlpito do lado direito e da qualidade do trabalho, grande mestria quer do colega Albino Lima, quer do Franco.”

 

CARTA DO POETA LAUREANO SANTOS

O conterrâneo Laureano Santos, no seu livro “Verboso” (2008) dirigiu uma carta ao:

 “ Caro Albino Rodrigues Lima

 É a recordar-te naquele trono natural de pedra, situado no alto das Carrascas, entre eucaliptos seculares e velhos pinheiros mansos, aromatizado pelas especiosas flores de mimosas, que inicio esta insólita narração.

 
 
 
No leito, a dormir, ora a contemplar quem me olha, ora a divagar metafisicamente; fora da cama, ora a cobrir ou a nutrir a carcaça (que enfado é comer), ora a barafustar por os olhos não verem direito os tortos, ora, ainda, a sair à sorte (como se, fortuitamente, não podemos todos!)

Na rua., a gente fala, ou seja, diz asneiras, ri, chora é importante, modesto olhado, admirado, ridicularizado, criticado, cuspido, beijado, atormentado pelas arruaças provenientes do progresso… traído. Enfim, o imaginado e o oculto!

Nos salões de café é diferente que coisa alguma muda do ocioso. A não ser quando encontramos personagens como o poeta Al Berto no “Frait d’Union” ,  em Paris, ou no Restaurante Saudade na esquina da “grand Place” em Bruxelas. Apenas sentados! Na rua não. Não, porque hoje chove de aluvião.

Como é banal ver (por lentes escuras defendidas dos aguaceiros) uns a correr, tropeçando nas capas compridas que se usam este inverno; outros nas esquinas das ruas devorando o “Officiel des Spectacles” para descobrirem a melhor forma de se esquecerem um pouco deles mesmos, outros nos carros a rir dos mal agasalhados, outros, também dentro de “calhambeques”, que se exercitam com gestos amorosos, imaginando-se num palácio de cortinas formadas pelos aguaceiros no exterior, e pelas exalações de eternos esfomeados de caricias, no interior, outros nervosos quando o “flic” lhes pede os documentos.

Não é por serem refugiados políticos, ladrões, assassinos, escroques, sedutores, agitadores ou calmos, que o “senhor guarda” lhes consulta os papéis. Não, é só para, entretanto, dar uma olhadela à viçosa “colega” do 2culpado”, de mini-saia, a mostrar… as vizinhanças das regiões do púbis…

Lá mais abaixo, no passeio da Av. St. Germain, um casal deplora a sua situação exposta por falta de pagamento do aluguer. Vê-se um colchão sobre umas tábuas, algumas panelas (ainda ensarranhadas) e, à chuva, um mobiliário esquisito escoltado pelas figuras gigantes (intui-se estimadas) de Che, de Marx, de Sartre, de Saint Simon, de Engeles, de Luther King e de Proudhon o socialista (e não o Prud’hon, pintor de “A Justiça e a Vingança Perseguem o Criminoso”, ou o Prudhomme personagem representativa da burguesia mesquinha).

Muitos viandantes, mesmo esbofeteados pelas chuvadas impiedosas, observam a cena com um sorriso borrado de zombaria. Isto faz-me lembrar que “ está todo o mundo à espera da queda da vítima para lançar uma ovação sarcástica”.

No entanto as lamentações não vem só dos oprimidos, pois, na Inglaterra, Rainha também se queixa de dificuldades financeiras lembrando que os salários da Família Real não são aumentados desde há dezoito translações, e que a libra esterlina (de Churchill), em 1952, valia mais 60%que a libra de (Wilson) 1969.

Adeus para aqui, até logo, para acolá, e toca a ir com a “pena” no braço em direcção a um cinema.

Não te digo mais. Fui, como os outros, para esquecer-me um pouco de mim. Debalde, terminado o espectáculo, reencontrei-me e fiz penas à “pena”. Deixei as coisas terrenas e fui até ao estado de encantação… Egoísmo? Ao menos honestidade comigo mesmo, o que nem a todos é possível…por hipocrisia.

Ainda um pouco estropiado, reencontrei-te… como já aconteceu em diversos momentos de inspiração causada por alguns cantos esconsos da nossa “selva”.

O teu digníssimo mutismo, nesse meio de indigência espiritual atónita, é sinónimo duma riqueza interior nunca compreendida por outrem. As  vezes a honestidade  conduz-nos a um silêncio fácil de ser interpretado como egoísmo.

Procura ler esta carta no enlevado jardim da música para não te torturares!”

Um abraço do Laureans

 

(foto do chapéu)

Albino Lima, faleceu a 4 de Setembro de 2010,

A sua memória ainda está bem viva.

 
 
De estatura alta, magro, calvo, olhos esbugalhados, bigode impecavelmente aparado, boné ou chapéu na cabeça, educado, sereno, dava longos passeios caminhando por sítios simbólicos e memoriais. O mundo não o afectava, porque era maior do que a limitação do entendimento sobre as coisas vivas. Era de tal forma singular que poucos conseguem reconhecer essa virtude da mesma maneira humana.

“Vamos ver um livro”. Esta é a parte da herança cultural de um homem, que amava os livros e as artes.

As ideias, a sabedoria, a sua escrita criativa, as cantigas, os contos, a poesia, os projectos, os desenhos a lápis sobre papel improvisado, as modelações em granito, as instalações, era o seu mundo.

Ficou-nos o seu legado de emoções, sentimentos, sonhos e criações artísticas.

 

                                                        José Rodrigues Lima

                                                        Telemóvel: 938 583 275