Afastar-se da comunidade é afastar-se do Senhor
Sempre
se falou muito da Igreja. Bem e mal. De facto, a Igreja, quase sempre entendida
como a Igreja Católica, está na praça pública de direito e de facto.
Sujeita-se, portanto, aos condicionalismos culturais e históricos e é
observada como qualquer outra realidade social. Apesar de reivindicar um
estatuto e uma presença única e especial, que nem todos reconhecem, dado
ultrapassar a dimensão de uma empresa ou de uma organização religiosa.
Nos
últimos meses, porém, a intensidade da sua presença mediática parece supor que
algo estará a mudar. Um novo Papa será a razão. Como o Papa anterior se tornou
razão ao renunciar ao papado. Diz-se que está a surgir uma nova imagem da
mesma Igreja de sempre. Será?! Ao longo de 2000 anos a grande novidade não
será, antes, a continuidade de uma «frescura» inicial que o tempo renova e
torna perene?! E à qual os movimentos de renovação se reportam?
Felizmente
que os nossos contemporâneos olham com agrado um estilo novo de pontificado. E
falam dele com apreço. Oxalá tal contribua para uma conversão pessoal ao Senhor
do Evangelho para onde constantemente o Papa aponta. E que não se fique a olhar
apenas para o ponto de partida da mensagem - o Papa - esquecendo-nos do ponto
de chegada - o Senhor!
O
Aleluia de Páscoa continua a ecoar em nós, cristãos, e, por nós, no mundo que
nos rodeia. Oxalá a alegria sentida continue a «refrescar» os corações humados,
deficientes de uma esperança fundada. E só Jesus é razão de alegria e de
esperança com futuro.
A
Igreja de sempre atravessa a história participando dos acidentes de percurso
comuns à caminhada humana. Se, entre as primitivas comunidades, se destaca
ora a harmonia ora as dissensões, percebe-se no entanto um fio condutor: é o
Senhor quem age no seio da comunidade conduzida pelo Espírito Santo. Daí o
fervor e o entusiasmo capazes de enfrentar todas as adversidades e mesmo ousar
contra os poderosos de cada tempo, que se julgam no direito e com força de mandar
calar quem fala em nome de Jesus.
Mas
há uma nota de extrema importância, muitas vezes desconsiderada: é no seio da
comunidade que se encontra o Senhor que salva. E a Igreja, que surge como
comunidade dos discípulos de Jesus, assume desde o início a tarefa de dar
continuidade à mensagem e à obra de Jesus, o Ressuscitado. A continuidade do
Pregador, que tornam Crucificado e que Deus O faz Ressuscitado, verifica-se na
Igreja desde há dois mil anos. Jesus continua a falar por meio dos Apóstolos,
que admitem discípulos no seio da comunidade, em nome do Senhor Jesus. E é
esta comunidade, a Igreja, que se torna espaço de salvação, como novo templo,
onde habita o Santo dos Santos, o Senhor. A obra do Senhor continua-se na
Igreja chamada a atrair a todos para a reconciliação. E, reconciliados com
Deus, torna-se possível a harmonia de uns com os outros.
Boletim da Paróquia de Barcelos
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