terça-feira, 9 de abril de 2013

Afastar-se da comunidade é afastar-se do Senhor


Afastar-se da comunidade é afastar-se do Senhor




Sempre se falou muito da Igreja. Bem e mal. De facto, a Igreja, quase sempre entendida como a Igreja Católica, está na praça pública de direito e de facto. Sujeita-se, portanto, aos condicionalis­mos culturais e históricos e é observada como qualquer outra realidade social. Apesar de reivindicar um estatuto e uma presença única e especial, que nem todos reconhecem, dado ultrapassar a dimensão de uma empresa ou de uma organização religiosa.

Nos últimos meses, porém, a intensidade da sua presença mediática parece supor que algo estará a mudar. Um novo Papa será a razão. Como o Papa anterior se tornou razão ao renunciar ao papado. Diz-se que está a surgir uma nova ima­gem da mesma Igreja de sempre. Será?! Ao longo de 2000 anos a grande no­vidade não será, antes, a continuidade de uma «frescura» inicial que o tempo renova e torna perene?! E à qual os mo­vimentos de renovação se reportam?

Felizmente que os nossos contemporâ­neos olham com agrado um estilo novo de pontificado. E falam dele com apreço. Oxalá tal contribua para uma conversão pessoal ao Senhor do Evangelho para onde constantemente o Papa aponta. E que não se fique a olhar apenas para o ponto de partida da mensagem - o Papa - esquecendo-nos do ponto de chegada - o Senhor!

O Aleluia de Páscoa continua a ecoar em nós, cristãos, e, por nós, no mundo que nos rodeia. Oxalá a alegria sentida continue a «refrescar» os corações hu­mados, deficientes de uma esperança fundada. E só Jesus é razão de alegria e de esperança com futuro.

A Igreja de sempre atravessa a história participando dos acidentes de percurso comuns à caminhada humana. Se, en­tre as primitivas comunidades, se des­taca ora a harmonia ora as dissensões, percebe-se no entanto um fio condutor: é o Senhor quem age no seio da comu­nidade conduzida pelo Espírito Santo. Daí o fervor e o entusiasmo capazes de enfrentar todas as adversidades e mes­mo ousar contra os poderosos de cada tempo, que se julgam no direito e com força de mandar calar quem fala em nome de Jesus.

Mas há uma nota de extrema importân­cia, muitas vezes desconsiderada: é no seio da comunidade que se encontra o Senhor que salva. E a Igreja, que surge como comunidade dos discípulos de Je­sus, assume desde o início a tarefa de dar continuidade à mensagem e à obra de Jesus, o Ressuscitado. A continuidade do Pregador, que tornam Crucificado e que Deus O faz Ressuscitado, verifica-se na Igreja desde há dois mil anos. Jesus continua a falar por meio dos Apóstolos, que admitem discípulos no seio da co­munidade, em nome do Senhor Jesus. E é esta comunidade, a Igreja, que se torna espaço de salvação, como novo templo, onde habita o Santo dos Santos, o Se­nhor. A obra do Senhor continua-se na Igreja chamada a atrair a todos para a reconciliação. E, reconciliados com Deus, torna-se possível a harmonia de uns com os outros.
Boletim da Paróquia de  Barcelos

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