sábado, 31 de maio de 2014

Dar Alma à Vida X


Dar Alma à Vida X

 

A virtude da humildade, não se pode confundir com a designação de palerma, é uma virtude que se aplica a todas as pessoas que a compreendem e a encarnam como forma de estar e viver e se fazem pessoas de referência, apelativa e próxima.

A humildade é saber escutar a voz de Deus nas coisas de cada dia, no silêncio, na oração, no ouvir um sermão que parece estremecer, comungar com quem não se simpatiza, estar com os outros, servi-los, dar dignidade às coisas que fazemos porque amamos a Deus, nosso Pai e aos outros, pois d’Ele viemos e para Ele caminhamos como meta desta peregrinação terrena.

Dar alma à vida, é dar-lhe a humildade de transformamo-nos como Jesus na Galileia o “vinho em amor”, amor que nos une, amor que nos conduz a perdoar e a ser perdoado, o Amor que nos faz pacientes, benignos, que não é invejoso, nem leviano e soberbo, que não se irrita, nem suspeita mal ou se alegra com a injustiça, mas com a verdade e tudo crê, tudo espera e tudo suporta. (Cf. Paulo aos Coríntios).  “É o vinho do Amor”, que nunca falha, amor que nos faz viver com felicidade neste mundo, embora imperfeito a caminho da felicidade que o “Vinho do Amor” a partir de Cristo e da sua mãe nos pôde dar para a viver em plenitude na vida do Além.

A vida com Alma é uma vida alegre porque partilhada, celebrada e anunciada e sempre aberta, livre de preconceitos e próxima, inclinando-nos mais para o sofredor do que para aquele que parece nada precisar.

Dar Alma à vida é viver o nosso Baptismo, participando da natureza de Jesus Cristo como Sacerdote, Profeta e Rei e se apresentou como Vida, Verdade e Caminho. (Cf.S. João, cap.14)

A Alma da Vida está na proximidade dos outros, vivendo mais os problemas dos outros que os nossos próprios problemas, é preocuparmo-nos mais com os outros do que com nós próprios, é saber servir para ser seguido, amado, querido e enlevado.

Nós, para vivermos com Alma, precisamos de saber renunciar a favor do outro, seja colega na política, na religião, no trabalho, na família, em casa ou na Comunidade.

Dê Alma à sua vida fazendo dela uma Vida que ilumina, seduz e anima a chegar a Jesus.

Muito queria eu ser Alma no comum dos mortais, isto é, poder ser modelo, mas só o Mestre, Jesus Cristo, me pode iluminar a ser obra que possa dar algum fruto e a ser semente no meio da massa para nunca perder o sentido do meu caminhar… com a consciência de que o fruto colhido por Nosso Senhor, o Nosso Mestre e Doutor, e não há outro maior que Ele.
                                                                                                         Padre Artur Coutinho
 

 

 

quinta-feira, 29 de maio de 2014

Encontro ibérico


Espiritualidade Vicentina

Deus á amor e Cristo o revelou como tal. Por isso Jesus amou sem medida e o realizou plenamente. Foi por a espiritualidade vivida por S. Vicente de Paulo, que nos fez entender e conhecer o Cristo Vicentino que trabalhou e caminhou como nós e levou a que Frederico Ozanan fundasse as Conferências Vicentinas de S. Vicente de Paulo. Quando Frederico Ozanan e alguns seus amigos tiveram a inspiração de se unirem para o serviço dos pobres, fizeram-no da maneira mais humilde e discreta possível. Sentiam a necessidade de dar testemunho da sua fé cristã mais por actos do que por palavras. Consideravam os seus irmãos infelizes, quaisquer que fossem e qualquer que fosse o seu sofrimento. Viam neles o Cristo sofredor. Amavam-nos como homens e como filhos de Deusa; reconheciam neles não só a sua dignidade de homens confrontados com a sua miséria, mas também a dignidade a quem é dado em primeiro lugar o Reino de Deus.

Quando entraram em contacto pessoal com os pobres verificara, que a caridade é inseparável da justiça. Mas, como nem sempre é possível a justiça neste mundo, quiseram ao menos fazer o que deles dependi: “dar aquilo que o mais pobre pode dar” – a partilha do seu tempo, dos seus poucos recursos, a sua presença, um simples sorriso de modo a fazer tudo o que lhes era possível para levar um pouco de alívio – muitas vexes apenas quebrar a solidão. Deste diálogo aperceberam-se que, para compreender os pobres é preciso ser pobre com eles. Desta forma, a S. Vicente de Paulo não podia senão chamá-los ao aprofundamento da sua vida espiritual.

Viver deste contacto pessoal com os que sofrem, vivê-lo unidos em comum e com aquele espírito fraterno que é a sua própria essência, o carisma fundamental, original da S. S. Vicente de Paulo.

No Evangelho encontrou a inspiração que animou S. Vicente de Paulo a fundar a sua associação.

O Reino de Deus já chegou – estão nele os pobres, os pequeninos que a ele foram, chamados em primeiro lugar. O Reino de Deus é a lei do amor; o testamento de Cristo é o amor fraterno vivido conjuntamente através do amor de Deus e começa pelo serviço ao próximo. A caridade é universal e recíproca; os pobres servem os pobres e dão esmola e o seu testemunho é o mais alto; o serviço dos pobres é o serviço do próprio Cristo.

A História da Cristandade ilustra o cuidado e a dignidade do serviço dos pobres. Frederico Ozanan nos seus escritos refere o lugar ocupado pela mensagem de pobreza vivida com os pobres e é exemplo de incansável dedicação e da eficácia de S. Vicente de Paulo, eleito padroeiro da Sociedade que acabava de fundar. Sendo assim, o que é ser Vicentino?

Ser Vicentino é uma vocação, um apelo da consciência esclarecida pela graça do Espírito Santo. Quem quer que um dia tenha desejado ser vicentino, traduziu em acto o que é uma consequência da fé cristã – A Fé sem obras é morta. – S. Paulo

Mas, quais são as qualidades fundamentais para ser realmente vicentino?

A Espiritualidade Vicentina está no testemunho de S. Vicente de Paulo e seus companheiros e no Evangelho de Jesus Cristo que as reuniu em cinco virtudes essenciais nomeadas pelo próprio Vicente de Paulo.

- SimplicidadeHumildadeMortificaçãoMansidãoZelo pelas Almas (Zelo Apostólico).

Não me vou alongar muito a comentar estas virtudes que enunciei, pois demoraria muito tempo, mas apenas umas breves explicações. As virtudes vicentinas não são tratados teológicos, mas posturas humanizantes e humanitárias da pessoa que assume uma missão dentro do universo da espiritualidade vicentina junto dos mais carenciados. Os vicentinos são conhecidos pelos mais empobrecidos, não pelo seu discurso, mas pela sua postura aproximada do mundo dos pobres. As virtudes vicentinas dão uma configuração própria à nossa maneira de viver – castidade, pobreza, obediência, serviço aos pobres.

1ª – Simplicidade – a vivência desta virtude educa-mos para a proximidade do mundo dos pobres na realidade de hoje, no seu universo sócio-económico, cultural, religioso, geográfico, etc. Esta aproximação coloca-nos num clima de disponibilidade para acolhermos e nos aproximarmos do diferente, do pluralismo no meio da humanidade. Leva-nos ao tratamento da pessoa com devido cuidado, respeito e atenção que merece. A espiritualidade vicentina necessita de uma forte experiência com Deus para que a posamos pôr ao serviço dos pobres.

Trabalhar com os pobres no contexto actual exige de nós uma busca constante de preparação intelectual justamente pelo respeito que devemos ter à dignidade de todo o ser humano. O empobrecido não é um ser menos humano.

Vicente de Paulo descreve a simplicidade desta forma: Deus é simples. Onde encontrares a simplicidade cristã caminharás seguro; pelo contrário, os que recorrem a precauções e artimanhas estão com um medo contínuo de que descubram o seu artifício e que, ao ver-se surpreendido na falsidade, ninguém vai ter confiança nele.

2ª – Humildade – Torna-nos capazes de reconhecer e admitir as nossas fraquezas e limitações, criando a possibilidade de confiar mais em Deus e menos em nós mesmos. Ajuda-nos a livrar-nos da nossa autosuficiência, a reconhecermos a nossa dependência do amor de Cristo e a nossa interdependência comunitária. Educa-nos para a tolerância dialogada. Torna-se condição necessária para nos desenvolvermos, crescermos e fortalecermos como pessoas em comunidade apostólica, como atitude que nos leva a reconhecer que todos necessitamos do outro para nos enriquecermos e superar as nossas próprias dificuldades. A humildade faz-nos ver que todo o ser humano é pecador. Sensibiliza-o perante o pecado. A atitude de nos reconhecermos pecadores perdoados pelo sangue de Cristo responsabiliza-nos a reconhecer que a nossa vida se enriquece e fortalece com o perdão; o perdão implica aceitação, e para aceitar é necessário sair de nós, esvaziarmo-nos de nós mesmos, esvaziarmo-nos do nosso egoísmo, mudo, dar um passo na direcção do outro, quebrar as nossas arestas, derrubar muros e construir pontes.

3ª – Mansidão – permite à pessoa moderar razoavelmente a sua ira e indignação. A mansidão não é agressiva, raivosa, barulhenta. Ajuda a construir a confiança de uns com os outros. Se não se pode ganhar uma pessoa pela amabilidade e pela paciência, será difícil consegui-lo de outra forma. Com vinagre não se apanham moscas!

Numa comunidade é necessário que todos que a compõem e que são seus membros, sejam condescendentes uns com os outros. Com esta disposição os sábios têm que condescender com a debilidade dos ignorantes, nas coisas em que não há erro nem pecado. Não há pessoas mais constantes e firmes no bem que aqueles que são mansos e pacíficos; pelo contrário, os que se deixam levar pela cólera e pelas paixões são geralmente muito inconstantes, porque agem por impulsos e ímpetos. São como as torrentes que só têm força e impetuosidade nas chuvas, mas secam logo depois de ter passado o temporal, enquanto os rios que representam as pessoas pacíficas que caminham sem ruído, no seu leito, com tranquilidade, sem jamais secarem.

4ª – Mortificação – Esta virtude pede que nos entreguemos totalmente pensando primeiro nos outros, pensando especialmente nos pobres antes de pensar em nós mesmos. S. Vicente de Paulo diz: “Os santos são santos porque seguem as pegadas de Jesus Cristo, renunciam a si mesmos e mortificam-se em todas as coisas”.

A oração pessoal e comunitária é uma fonte inesgotável para um autêntico cristão vicentino, por isso mesmo foi insistentemente recomendada por S. Vicente. É muito importante rezar de modo disciplinado, dar à oração o seu tempo, não a fazer a correr, compartilhar com os irmãos a sua espiritualidade, fazer dos sacramentos um alimento para a vida diária. S. Vicente de Paulo dizia: “Somos firmes em resistir à natureza pois se permitimos que alguma vez se cole em nós um pé, rapidamente chegará a outro e estamos seguros de que a medida do nosso progresso na vida espiritual está no progresso da virtude da mortificação que é especialmente necessária para os que hão-de trabalhar na salvação das almas – pois é inútil pregarmos a penitência aos outros, se nós estamos vazios dela e se não a demonstramos nas nossas acções ou no modo como nos comportamos. (Bem prega Frei Tomás…).

5ª – Zelo Apostólico – O Zelo Apostólico é a consequência de um coração verdadeiramente compassivo. Trata-se da paixão por Cristo, pela humanidade e paixão especialmente pelos pobres. É uma virtude missionária que todos nós recebemos pelo Baptismo e expressa-se sob a forma de disponibilidade, de disposição para o serviço e a evangelização, mesmo quando as forças físicas já estão decadentes. O zelo apostólico é o amor por uma missão que dura a vida inteira; é entusiasmo, cria a disponibilidade para ir a todo o mundo levar o fogo do amor de Cristo e do temor de Deus. Outro aspecto do zelo apostólico é a busca de assumirmos responsabilidades compartilhadas, trabalho em equipe, decisões colegiais. Deus é nosso provedor e atende todas as nossas necessidades e algo mais.

Não sei se nos preocupamos muito em agradecê-lo. Vivemos do património de Jesus Cristo e do suor dos pobres.

Conclusão – A vocação vicentina não consiste somente em servir os pobres, mas também prestar este serviço em comum dentro de um grupo – a Conferência de S. Vicente de Paulo.

A A espiritualidade vicentina sente como um escândalo que se seja indiferente à presença de Cristo na Eucaristia e à sua presença nos pobres. A espiritualidade vicentina sente como um escândalo que se seja indiferente à segunda (pobres) quando se tem tanta piedade pela primeira (Eucaristia). Cada um aproveita da espiritualidade segundo a graça que recebe e o acolhimento interior que lhe reserva. A esperança de todo o vicentino, se ele corresponde à graça está na realização do desejo expresso numa das orações do fim das sessões… a fim de que tendo dado com a melhor vontade aos pobres o que possuem, se dêem a si mesmos.
Piedade Gonçalves

Qual é a importância dos doentes na Igreja e na sociedade?


Qual é a importância dos doentes na Igreja e na sociedade?

Quem disse que os doentes têm um papel passivo entre nós?

http://www.aleteia.org/image/pt/article/importancia-dos-doentes-5666228634910720/world-day-of-the-sick_pt/topic
 
 



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27.05.2014 // IMPRIMIR

Nos hospitais, clínicas, em muitas casas e em todas as famílias, encontramos pessoas que sofrem, pessoas doentes, que vivem a Paixão de Cristo em seu corpo e em seu espírito. Sua desafiadora realidade de dor e solidão, de dependência e de alterações psíquicas e físicas nos interpela e nos convida à caridade fraterna, à solidariedade com a sua dor ou o seu abandono.
 
O sofrimento faz parte da existência humana; extirpá-lo do mundo por completo não está em nossas mãos, simplesmente porque não podemos nos desprender das nossas limitações ao longo da nossa história pessoal.
 
Nossa sociedade destaca sobretudo os campeões, os que têm muito, os mais eficazes; e marginaliza quem não ganha, quem não produz, quem não é útil. Mas a Igreja reconhece os valores dos doentes, mostrando que eles não são membros passivos, mas ativos nela.
 
Os doentes nos ajudam a relativizar muitas coisas, nos evangelizam, estimulam nossa esperança e silenciosamente constroem o “tempo do espírito” como pedras vivas. Ao participar tão intimamente da Paixão de Cristo, eles realizam e completam a salvação que Jesus veio trazer.
 
A doença carrega inevitavelmente um momento de crise e de séria confrontação com a situação pessoal. Os progressos das ciências médicas proporcionam os meios necessários para enfrentar este desafio, pelo menos com relação aos aspectos físicos. No entanto, a vida humana tem seus limites intrínsecos e, cedo ou tarde, a morte chega.
 
Esta é uma experiência à qual todo ser humano está chamado e para a qual precisa estar preparado. 
Bento XVI nos recorda isso: “A Igreja deseja ajudar os doentes incuráveis e terminais, suscitando políticas sociais justas que possam contribuir para eliminar as causas de numerosas enfermidades e exortando a melhorar o cuidado reservado aos moribundos e àqueles que não dispõem de assistência médica”.
 
E continua: “É necessário promover políticas que criem condições em que os seres humanos possam viver de maneira digna também as doenças incuráveis e a morte. Agora, é preciso ressaltar novamente a necessidade de mais centros de cura paliativa, que ofereçam cuidados integrais, proporcionando assim aos enfermos a assistência humana e o acompanhamento espiritual de que precisam. Trata-se de um direito que pertence a cada ser humano, e todos nós temos o dever de nos comprometermos em defendê-lo”.
 
Uma das grandes obras de misericórdia é visitar os doentes, ajuda-los a viver com qualidade de pessoas a partir da própria doença; fazê-los ver que, como Jesus, nós nos aproximamos deles para que tenham vida, e a tenham em abundância. Com nossas obras de caridade, podemos transformar toda a civilização humana na civilização do amor.
 
Levando em consideração a condição dos que não podem ir até os lugares de culto por motivos de saúde ou idade, é preciso garantir a assistência espiritual aos doentes, tanto aos que estão em sua casa como aos que estão hospitalizados. É necessário procurar que esses irmãos e irmãs nossos possam receber com frequência a comunhão sacramental.
 
Ao reforçar, assim, a relação com Cristo crucificado e ressuscitado, eles poderão sentir sua própria vida integrada plenamente na vida e missão daIgreja, mediante a oferenda do próprio sofrimento em união com o sacrifício de nosso Senhor.
 
(Carta de Dom Álgel Rubio, publicada pela agência 
SIC)

 

Casamento para sempre no século 21: é possível?


Casamento para sempre no século 21: é possível?
Para fazer seu casamento durar, é preciso cuidar dos detalhes e protegê-lo
Desde la Fe
 http://www.aleteia.org/image/pt/article/casamento-no-seculo-21-5246886281740288/couple-01_pt/topic
         © Oleh
Slobodeniuk / Flickr
Esta é uma experiência comum: nós nos casamos com entusiasmo, expectativas, planos... Mas, depois de alguns meses ou anos, tudo isso se desvanece, desaparece e se transforma em cansaço, hostilidade e abandono.

O que acontece? Casar-se e formar uma família não deveria ser uma experiência maravilhosa?

Sem dúvida, o século 21 os trouxe uma infinidade de transformações em muitos âmbitos: tecnológico, social, cultural, de valores... O casamento e a família também foram afetados por estas mudanças.

Diante desta situação, nós nos perguntamos: em pleno século 21, é possível ter um casamento e uma família felizes, comprometidos, agentes de transformação? É possível ter uma família que seja uma célula social que projete valores e ofereça à sociedade seres humanos íntegros, capazes de transformar o mundo?

Definitivamente, a resposta é afirmativa: sim, neste século é possível dar o “sim” para sempre, um “sim” que supõe compromisso, entrega e amor. Um “sim” capaz de transformar o amor de duas pessoas em um projeto comum que transcenda, que transforme e ofereça vida valiosa.

casamento do século 21 exige um compromisso decidido e valente, no qual o amor inteligente seja o motor de um plano de vida de duas pessoas únicas e singulares que, com toda a sua consciência e vontade, decidem unir suas vidas para realizar o projeto mais importante da sua existência.

Este grande projeto poderia ser comparado com a realização de uma grande obra de arte que é confiada aos dois. Juntos, eles decidem se comprometer, trabalhar e entregar o melhor de cada um nesta grande tarefa.

Para isso, cada um teve de escolher livremente e com grande inteligência e discernimento esse grande “sócio”, essa pessoa na qual confia, da qual conhece as habilidades, a entrega, a sabedoria, os talentos e, sobretudo, a capacidade de amar. Só assim se pode fazer com excelência a obra de arte mais interessante e importante da vida.

Esta obra de arte chamada “casamento”, aberta à vida, para posteriormente se transformar em família, é criada por cada casal, utilizando os talentos, qualidades, valores e virtudes de cada um.

Mas, se querem uma grande obra, precisam cuidar de todos os detalhes, desde a sua preparação: cuidando da matéria-prima – a tela –, daquilo que possa estragá-la, sujá-la, quebrá-la, enfim, de tudo aquilo que impeça de se tornar uma grande obra.

Cada casal realizará isso imprimindo seu próprio “selo” de autenticidade, cuidado, privacidade.

O que dizer das cores da obra? Estas serão também decisão e reflexo de cada casal. Os esposos poderão escolher aquelas cores que manifestam harmonia, luz, detalhes, alegria, compromisso, amor; e evitar aquelas cores que refletem tristeza, abandono do compromisso, infidelidade, apatia, falta de respeito, em suma, falta de amor.

Você se sente capaz de fazer uma grande obra de arte ou de restaurar a que você já começou há alguns anos?

Se você tem inteligência, vontade, decisão, amor, um(a) sócio(a) excelente e grande fé no amor de Deus, pode ter certeza de que é capaz!

(Artigo de Cecilia Elizondo, publicado originalmente em 
Desde la Fe)

sources: Desde la Fe

 
 
 

 
 



 

Você conseguiria perdoar quem matou e estuprou sua filha?


Você conseguiria perdoar quem matou e estuprou sua filha?

Além de perdoá-lo, esta mãe o visitou na prisão e lhe falou do amor de Deus

http://www.aleteia.org/image/pt/article/mae-perdoa-assassino-da-filha-5802825506357248/clotilde-silva-chile_pt/topic
 

 
Portaluz.org



 

Clotilde Silva conta que, na tarde de 27 de fevereiro de 2008, na localidade de Isla Teja (Valdivia, Chile), tudo parecia normal...

“As crianças brincavam na rua, pois todos os vizinhos se conheciam – recorda. Era como uma família grande, não existiam dúvidas ou desconfianças.”

Este era o estilo de vida dessa pequena comunidade rural chilena. Mas naquele dia, à medida que a noite ia caindo e as crianças voltavam para suas casas, ficou evidente que havia acontecido algo com Sofia e Camila, duas pequenas amigas de 6 e 7 anos. Elas desapareceram e ninguém sabia onde estavam.

Clotilde recorda que, ainda que sua casa estivesse cheia de gente naquela noite de incerteza pela ausência da sua filha Sofia, ela sentiu uma intensa necessidade de refugiar-se no Espírito Santo. Sem hesitar, foi até o banheiro, ajoelhou-se e rezou: “Prepara-me, Senhor, dá-me forças para enfrentar o que vier”.

“Hoje, vejo que o Senhor já havia me preparado desde antes, porque fiquei tranquila e serena”, explica, na entrevista concedida ao jornal Portaluz.

A fé provada na cruz

Nesta oração elevada ao seu “paizinho Deus”, como ela costuma chamá-lo, não havia somente abandono e confiança. Quase percebendo o que sua filhinha poderia estar vivendo naquele momento, Clotilde recorda que sua oração suplicante continuou: “Senhor, não permitas que a Sofia sofra! Que ela passe por qualquer coisa, mas que não sofra!”.

No dia seguinte, Clotilde foi até a polícia para registrar uma denúncia formal. Mas, ao chegar lá, sua intuição materna da noite anterior se transformou em certeza: haviam encontrado os corpos de duas meninas. Eram Sofia e Camila.

“Eu não quis vê-la – conta. Foi meu marido quem teve de passar por esse momento. A imprensa me perguntava se eu havia visto o corpo, mas eu não quis; fiquei com a imagem alegre e carinhosa da Sofia. Minha filha era assim e é assim que eu quero me lembrar dela.”

O relatório da autópsia da Sofia foi uma prova de que Deus havia escutado aquela súplica de Clotilde: “Todas as atrocidades que o assassino fez à minha Sofia foram post mortemDeus protegeu a minhafilha da maldade terrenal e isso é algo pelo qual não deixo de agradecer-lhe”.

Testemunha e apóstolo do perdão

Foi de tal magnitude o impacto emocional do aberrante sequestro, assassinato e estupro das duas meninas na comunidade, que rapidamente começaram a chamar o perpetrador de “O chacal da Isla Teja”. Mas no coração de Clotilde não havia espaço para o ódio nem para os apelidos maldosos. “Eu queria mostrar-lhe o caminho de Jesus”, conta ela.

Foi assim que, no meio do processo judicial, Clotilde tomou uma decisão que poucas mães tomariam nesta situação. Ela conversou com o seu pároco, o Pe. Ivo Brasseur, pedindo-lhe seu apoio e ajuda para visitar o assassino na prisão.

“Eu queria vê-lo, olhar para os olhos dele e entregar-lhe o Novo Testamento... o que era da Sofia. Dizer-lhe que ela o lia e que eu o dava a ele para que também lesse, porque agora ele teria muito tempo para conhecer Deus. E também queria que ele aprendesse a orar, para pedir por todas aquelas pessoas que têm a intenção de fazer esta maldade. Este era o meu desejo.”

Clotilde não pôde ver a vida de fé do assassino, porque, oito meses depois de ser preso, ele se suicidou.

No dia em que a comunidade se reuniu no cemitério para enterrar as meninas – comenta Clotilde –, as pessoas estavam agitadas e começaram a gritar: “Que matem o assassino!”. Ela, não conseguindo suportar aquele espetáculo, pegou um microfone que estava disponível no local do velório e, dirigindo-se à multidão, disse:

“Eu não quero que o matem, não se deve fazer isso! O que conseguiríamos com a morte desse homem?”
 
“Não me lembro de tudo o que eu disse – conta, emocionada –, mas falei muitas coisas, e só depois percebi que foi o Senhor quem me fez falar; Ele me fez levantar e falar às pessoas.”
 
O triunfo do amor sobre o mal
 
Naquele dia, toda a comunidade de Isla Teja havia se reunido e, para Clotilde, isso era um sinal do amor de Deus e também uma oportunidade de proclamá-lo.
 
“Chegaram pessoas de diferentes religiões; era como um templo maravilhoso orando a Deus, pessoas unidas em uma fé. Quando me abraçavam, eu podia sentir, em cada abraço, como o Senhor me tirava da dor, e eu me apeguei mais ainda a Cristo, pois Ele ia mitigando essa dor em cada abraço das pessoas, era algo maravilhoso.”
 
“Também nunca precisei tomar calmantes, não quis. Eu estava com Deus e ele estava comigo.”
 
Pode dar seu testemunho anos após o ocorrido é, para Clotilde, uma oportunidade que completa o dar razão da sua fé: “Deus criou em mim um coração sem rancor, sem ódio pelas pessoas. Eu sou uma filha de Deus e quero agir conforme o Senhor, não como as pessoas. Ele nos diz que precisamos ser como crianças e recebê-lo. Quando a pessoa ama de verdade, com o coração, quando abre o coração a Jesus, Deus lhe abre as portas, seus olhos brilham de outro jeito. Mas quando a pessoa está cega, ainda que tenha ao seu lado a flor mais linda do mundo, ela não a enxergará”, conclui.
 
Clotilde, firme na fé, hoje só recorda a alegria da sua filha. Vive em paz e com esperança. “Minha Sofia está comigo e um dia eu estarei com ela.”
 
(Artigo publicado originalmente por Portaluz)

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sources: Portaluz

terça-feira, 27 de maio de 2014

As argolas e as argoladas


Argolada
 
 

Uma argolada é uma gafe. Uma argolada pode ser uma lei injusta e daí não faltarem argoladas na vida pessoal e colectiva como na política, no governo, nos professores, nos alunos, nos pais e nos filhos.

As argolas que aparecem são muitas e semelhantes mas foi em Portugal que vi a mais bonita. Uma cabeça de cavalo na parede com a argola na boca. Uma base interessante e de bom gosto.

O perigo do “ateísmo leve”


O perigo do “ateísmo leve”

Será mesmo que a experiência religiosa é só uma forma de psicose?





Aleteia

Acaba de aparecer nas páginas do The New York Times um intercâmbio de ideias muito instrutivo entre Gary Gutting, professor de filosofia da Universidade de Notre Dame, e Philip Kitcher, professor de filosofia da Universidade de Columbia.

Kitcher se descreve como um defensor do "ateísmo leve", o que viria a significar um ateísmo mais suave que a versão polêmica defendida por Richard Dawkins e Christopher Hitchens. Ao contrário desses colegas, Kitcher admite que a religião pode ter um papel eticamente útil numa sociedade predominantemente laica. Eu não vou entrar no mérito desta característica do pensamento de Kitcher, porque já explorei a redução kantiana da religião à ética em outros textos, mas gostaria de chamar a atenção para um particular aspecto desta entrevista, que mostra, com notável clareza, um dos mal-entendidos fundamentais sobre a religião, bastante comum entre os ateus.

Kitcher declarou que considera toda a doutrina religiosa não crível. Instado a dar uma explicação dessa postura algo exagerada, ele aponta a pluralidade extraordinária de doutrinas religiosas: cristãos, judeus, hindus, muçulmanos, animistas, etc., todos com visões radicalmente diferentes sobre a realidade, o divino, o propósito humano na vida. E, uma vez que todas as religiões se alicerçam fundamentalmente no mesmo terreno, o de uma revelação apresentada a ancestrais nossos já muito distantes, não há nenhum meio racional de ponderar essas diferenças. O único motivo real de eu ser cristão, diria ele, é o fato de ter nascido de pais cristãos que me passaram as histórias-chave do cristianismo. Se você é judeu, muçulmano ou hindu e tem histórias-chave diferentes das minhas, não há maneira razoável de eu o convencer nem de você me convencer. É o seu mito contra o meu. Esta é, obviamente, uma variante da visão iluminista: a religião positiva seria irracional e, portanto, inevitavelmente violenta, dependendo somente da força bruta a possibilidade de substituir uma religião por outra.

O problema fundamental é que Kitcher ignora por completo o papel decisivamente importante que a tradição religiosa desempenha no desenvolvimento e na ratificação da doutrina. É verdade que a religião se baseia, no geral, em eventos fundamentais, mas essas experiências não são simplesmente repassadas
​​em silêncio de geração em geração. Pelo contrário, elas são peneiradas e testadas, num processo complexo de recepção e assimilação. Elas são comparadas com outras experiências semelhantes; são analisadas ​​de forma racional; são colocadas em discussão e contrastadas com o que sabemos do mundo por outras fontes; são submetidas a investigação filosófica; suas camadas de significação são descobertas através de conversas que vêm se desenrolando ao longo de centenas e até milhares de anos; suas implicações comportamentais e éticas são esmiuçadas e avaliadas constantemente.

Vamos usar um exemplo da Bíblia para ilustrar como esse processo acontece. O livro do Gênesis nos diz que o patriarca Jacó, certa noite, teve um sonho em que anjos subiam e desciam por uma grande escada, enraizada na terra e estendida até o céu. Ao acordar, ele declarou que o local onde havia dormido era santo e o consagrou com um altar. A tradição recebeu essa história e retirou dela implicações que propõem questões metafísicas e espirituais profundas: o ser finito e o Ser Infinito está intimamente ligados um ao outro; cada lugar é potencialmente um local de encontro com o poder que sustenta o cosmos; há uma hierarquia na realidade criada e na sua relação com Deus; adorar a Deus é alentador para os seres humanos, e assim por diante.


Estas conclusões derivam do processo de “peneiração” a que me referi e fornecem a base para algo que Kitcher e seus colegas acham inadmissível: a possibilidade da argumentação concreta sobre a religiosidade. Não é mera questão de contrapor histórias antigas umas às outras; é questão de analisar, triar e comparar esse legado com a experiência. E quando isto ocorre entre interlocutores de diferentes tradições religiosas, desde que sejam pessoas de inteligência e boa vontade, podem-se conseguir grandes progressos. Os parceiros dessa conversa podem descobrir um número notável de verdades em comum, pontos de contato entre doutrinas que pareciam em desacordo total, além de ensinamentos que são, de fato, mutuamente excludentes. Mesmo no que diz respeito aos pontos de discórdia, porém, ainda podem ser propostos, por ambos os lados, muitos argumentos autênticos.

O que me incomoda na proposta de Kitcher é que ele relega todas as religiões ao âmbito do simplesmente irracional. É interessante notar que, várias vezes, no decorrer da entrevista, ele compara a experiência religiosa com as experiências de pessoas que sofrem de psicose. Isto indica o perigo real de uma visão desse tipo: uma sociedade dominada por um ateísmo “leve” como o de Kitcher pode tolerar as pessoas religiosas durante certo tempo, mas irá, em algum momento, marginalizá-las ou até propor interná-las por insanidade. Se você acha esta última sugestão paranoica, repasse a política da União Soviética em relação àqueles que não concordavam com a ideologia imposta.

Em meados do século XIX, John Henry Newman lutou tenazmente para defender a racionalidade das reivindicações religiosas. A entrevista de Kitcher, bem como os volumosos escritos dos seus aliados intelectuais, me faz pensar que a mesma batalha precisa ser lutada também hoje.