Uma doença pouco
compreendida
Quando alguém tem
dores, sente-as na cabeça, mas quando dói isto, amanhã aquilo e o médico não
descobre por exames dos mais variados que possam existir, não podemos dizer que
está louco e que precisa de ir ao psiquiatra porque é hipocondríaco.
É o diagnóstico
errado e fácil de fazer, mas nada assertivo e correcto, sobretudo para quem
sofre.
Eu passei por fases
muito difíceis na minha vida e o “fingimento” era às vezes o melhor.
A situação
agravou-se com um incêndio contra o qual ia perdendo a minha vida, fiz uma
exaustão tal que a situação piorou ao ponto de não poder fingir muito.
Descoberto e
diagnosticado como fibromiálgico por um médico especialista em doenças de dor,
no Porto, confirmado por dois neurologistas alemães e um reumatológico espanhol
não tive outro remédio senão assumir-me como tal e tratar-me pelo que hoje
posso dizer algo mais.
Para os outros não é
doença nenhuma porque de facto não se vê, mas, controlado, o fibromiálgico vai
fazendo o que pode, aprende a dizer não a muitas coisas e estar onde deve
estar, onde sente que deve estar com alegria e satisfação, foge do incómodo,
não da verdade, mas da dor.
Evitar os esforços
que devo evitar para não alterar as tensões musculares, o cansaço inexaurível,
dormir o tempo suficiente para restaurar todas as forças físicas para o dia
seguinte dar tudo o que pode evitando os excessos.
O fibromiálgico
passa por mentiroso porque parece e apresenta-se bem, mas sempre está em
sofrimento, com mais ou menos intensidade, num local ou noutro, seja onde for e
ninguém dá por isso. Olha-se e diz-se: é pessoa saudável. Nem acredita. É
mentiroso.
Eu encontro-me nesta
situação e conheci fibromiálgicos que se suicidaram porque não resistiram a
viver com a fibromialgia por causa do desencontro, incompreensão, da
intolerância, da falta de afecto, de diálogo, de irmão para irmão, na
humanidade, vive-se muitas vezes numa cruz.
Às vezes, e
sobretudo da parte feminina, pessoas mais afectadas, são abandonadas pelos
maridos, ou estes procuram fora do casamento uma dupla relação, que normalmente
afecta toda a vida de casal, do controle da doença da parte da mulher que passa
a ser uma doente de psiquiatria.
Sou fibromiálgico e
controlo-me muito bem com a medicação. Faço uma vida que, para mim é normal,
mas para outros que me conheceram, não. Daí ser acusado do que não é verdade e
sentir-me-ia mais feliz se tudo fosse ao contrário e eu pudesse voltar aos
tempos em que esta doença não tinha tomado totalmente conta de mim.
Se a Fé é um dom, um
doente de dores crónicas, sejam ou não fibromiálgicas, graças à Fé consegue
vencer, orientar-se e descobrir que em
Deus encontra o suave jugo, o descanso, o alívio, o sentido da vida e o linitivo suficiente para transmitir Alma à
Vida.
Que ninguém desista
porque há sempre um cireneu e este é para mim Jesus Cristo em quem sempre
acreditei.
Não o mereço mas a
minha Fé é Grande.
Neste ano da Divina
Misericórdia mais um tempo para penitência e confiança na Bondade do Pai e as
dores crónicas controladas, ou por controlar, serão lágrimas de Jesus que se
derramam ainda hoje na Cruz.
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