Como falar
da morte com meus filhos?
Só o cristão valoriza a morte e é capaz de ficar de
pé diante dela. Deus não nos criou para o aniquilamento estúpido, mas para a
sua glória e para o seu amor
08.08.2013 * Prof. Felipe Aquino , Cleofas
,
JUSTIN TALLIS
A saudade é amarga e as lágrimas não podem deixar
de rolar quando perdemos uma pessoa querida. Cristo chorou quando perdeu o
amigo Lázaro.
Fé não é
insensibilidade e dureza de coração. Você pode chorar, até diante dos filhos,
mas chore como quem tem fé na ressurreição. Veremos os mortos na eternidade.
Diante da
dor da morte gosto de me lembrar de Nossa Senhora aos pés da cruz do seu Amado.
Ela perdeu o Filho Único…, Deus, morto de uma maneira tão cruel como nenhum de nós o será. Ela perdeu muito mais
do que nós e não se desesperou. Certamente chorou muito… mas nunca se
desesperou e nunca perdeu a fé. Aos pés da cruz de Jesus estava de pé
(stabat!). Podemos chorar os mortos; as lágrimas são o tributo da natureza, mas
sem desespero e sem desilusão.
Até o céu;
lá nos voltaremos a ver, ensinam os santos. Que grande felicidade será para nós
poder encontrá-los, depois de ter chorado tanto a sua ausência! Não nos
deixemos levar ao desespero quando alguém parte; não somos pagãos. Lá não
haverá mais pranto, nem lágrimas e nem luto.
São
Francisco de Sales disse: “Meu Deus, se a boa amizade humana é tão
agradavelmente amável, que não será ver a suavidade sagrada do amor recíproco
dos bem-aventurados… Como essa amizade é preciosa e como é preciso amar na terra,
como se ama no Céu!”
São Tomás de
Aquino garante que no Céu conheceremos nossos parentes e amigos. Diz o santo
doutor:
“A
contemplação da Essência Divina não absorve os santos de maneira a impedir-lhes
a percepção das coisas sensíveis, a contemplação das criaturas e a sua própria
ação. Reciprocamente, essa percepção, essa contemplação e essa ação não os
podem distrair da visão beatífica de Deus.” (S. Teológica, 30, p. 84).
A morte não é o aniquilamento estúpido que pregam
os materialistas sem Deus, mas o renascimento da pessoa. A Igreja reza na
Liturgia que “a vida não é tirada mas transformada”.
Só o cristão valoriza a morte e é capaz de ficar de
pé diante dela. Deus não nos criou para o aniquilamento estúpido, mas para a
sua glória e para o seu amor. Fomos criados para participar da felicidade
eterna de Deus.
Santa Teresinha disse ao morrer: “não morro, entro
para a vida”.
A árvore cai
sempre do lado em que viveu inclinada; se vivermos inclinados ao Coração de
Jesus, nele cairemos.
É preciso
saber educar os filhos também diante da morte; a psicologia recomenda, por
exemplo, que os pais deixem os filhos verem os mortos, se assim eles desejarem,
embora não devam forçá-los. Fale da morte com naturalidade aos filhos, e
aproveite o momento para ensinar sobre o céu e sobre a ressurreição. Não se
pode permitir que as crianças assistam cenas de desespero diante da morte, mesmo
que se possa manifestar a dor e sofrimento diante delas.
(Originalmente publicado em Cléofas)
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