domingo, 19 de julho de 2015

Comunidade ou paróquia?


Comunidade ou paróquia?

                                                                                                                                             Símbolo da diocese de Viana do Castelo
Ainda, muito ameado, existe quem já chame à sua Paróquia, Comunidade, ou até Comunidade Paroquial. Que terão a ver estas palavras com o cerne da evangelização, da nossa casa comum? Fui ver: “Paróquia”, é “delimitação territorial de uma diocese sobre a qual prevalece a jurisdição espiritual de um pároco”, e “Comunidade”, “uma comunhão, concordância, concerto, harmonia”. As palavras possuem a força da nossa identidade, a língua é a nação, por isso vale a pena discernir sobre estes conceitos, porque práticas, algumas ancestrais, mas que convém destrinçar.
 
 
 
 
Pelas palavras nos entendemos, por elas nos desentendemos, elas são o nosso meio comunicativo, florescendo para o bem ou o mal. É bom que nos entendamos é não releguemos para circunstancialismos aquilo que poderá ser a base da nossa unidade e união. Pelas palavras falo ou escrevo, entendo-me ou não, comigo, com os outros, com o mundo dos seres vivos. Pela palavra, ou não estou isolado ou estou. Pela palavra certa, não há guerra, pela incerta quantas pessoas morrem em guerra. A palavra germina na nossa mente o estado da arte quanto ao sentimento, discernimento e ação consequente, por isso não é displicente o uso ou não de determinadas palavras.

A “Comunidade Paroquial” seria por definição, uma comunhão de harmonia, concerto, partilha e concordância, referida a determinados grupos de cristãos, possuindo um encontro na espiritualidade e na ação evangelizadora consequente. O pároco, primeiro entre tantos, é imbuído de pela prática passar a ser um fator de diálogo e de (re) ligação, religar o que não está ligado, nos outros e com o Outro, Outro que “Eu sou”, na expressão feliz da conversa de Deus com Moisés. Por outro lado, seria, por partilha, o “cume” do processo objetivo do encontro de todos, uma “família das famílias”, “cremados” no único que é a razão última da nossa vida: Jesus.

 
Se virmos acima, a “Paróquia”, por si, não significa muito no nosso vocabulário, pois é um “não-diálogo” e um “espaço confinado”, aos fins determinantes de um sujeito que fala, diz e fez, como numa ilha. A “Comunidade” é mais lata, não-definidora de um espaço e um tempo. É o situado numa lógica do abraço, do “ide dois a dois”, e não a “um”. “Comunidade Paroquial” traduz uma colegialidade com a diocese, na partilha da oração e da reflexão comunitária, no agir em relação; não define espaços, mas confirma temporalidades históricas e desafios de futuro. Combate o individualismo e confirma um coletivo - “que sejais UM, como Eu o sou com o Pai”.

Não é uma semântica palavrosa o que reflito convosco, mas a consequência da necessidade da Alegria do Evangelho, como nossa missão.

Joaquim Armindo

Voz Portucalense - 15 de Julho de 2015




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