Comunidade ou paróquia?
Símbolo da diocese de Viana do Castelo
Ainda, muito ameado, existe quem já chame à sua Paróquia,
Comunidade, ou até Comunidade Paroquial. Que terão a ver estas palavras com o
cerne da evangelização, da nossa casa comum? Fui ver: “Paróquia”, é
“delimitação territorial de uma diocese sobre a qual prevalece a jurisdição
espiritual de um pároco”, e “Comunidade”, “uma comunhão, concordância,
concerto, harmonia”. As palavras possuem a força da nossa identidade, a língua
é a nação, por isso vale a pena discernir sobre estes conceitos, porque
práticas, algumas ancestrais, mas que convém destrinçar.
Pelas palavras nos
entendemos, por elas nos desentendemos, elas são o nosso meio comunicativo,
florescendo para o bem ou o mal. É bom que nos entendamos é não releguemos para
circunstancialismos aquilo que poderá ser a base da nossa unidade e união.
Pelas palavras falo ou escrevo, entendo-me ou não, comigo, com os outros, com o
mundo dos seres vivos. Pela palavra, ou não estou isolado ou estou. Pela
palavra certa, não há guerra, pela incerta quantas pessoas morrem em guerra. A
palavra germina na nossa mente o estado da arte quanto ao sentimento,
discernimento e ação consequente, por isso não é displicente o uso ou não de
determinadas palavras.
A “Comunidade Paroquial” seria por definição, uma comunhão
de harmonia, concerto, partilha e concordância, referida a determinados grupos
de cristãos, possuindo um encontro na espiritualidade e na ação evangelizadora
consequente. O pároco, primeiro entre tantos, é imbuído de pela prática passar
a ser um fator de diálogo e de (re) ligação, religar o que não está ligado, nos
outros e com o Outro, Outro que “Eu sou”, na expressão feliz da conversa de
Deus com Moisés. Por outro lado, seria, por partilha, o “cume” do processo
objetivo do encontro de todos, uma “família das famílias”, “cremados” no único
que é a razão última da nossa vida: Jesus.
Se virmos acima, a “Paróquia”, por si, não significa muito
no nosso vocabulário, pois é um “não-diálogo” e um “espaço confinado”, aos fins
determinantes de um sujeito que fala, diz e fez, como numa ilha. A “Comunidade”
é mais lata, não-definidora de um espaço e um tempo. É o situado numa lógica do
abraço, do “ide dois a dois”, e não a “um”. “Comunidade Paroquial” traduz uma
colegialidade com a diocese, na partilha da oração e da reflexão comunitária,
no agir em relação; não define espaços, mas confirma temporalidades históricas
e desafios de futuro. Combate o individualismo e confirma um coletivo - “que
sejais UM, como Eu o sou com o Pai”.
Não é uma semântica palavrosa o que reflito convosco, mas a
consequência da necessidade da Alegria do Evangelho, como nossa missão.
Joaquim Armindo
Voz Portucalense - 15 de Julho de 2015
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