quarta-feira, 8 de julho de 2015

Vivências da Dor


Vivências da Dor

 

Quem sofre, sofre e mais nada. Mais dor, menos dor, cada um sofre as suas, ou a dos outros…mas um doente, normalmente, não gosta de visitas demoradas porque cansam, mas, com tempo comedido, é sempre acto de alívio, de conforto e esperança.

 
 
Como as pessoas que, por si, são negativas não se deve insistir demasiado. O pior que acontece a um doente é alguém que venha filosofar ou insistir demasiado na esperança porque não acredita nele, como aquele que pensa ainda em termos antigos: (É a tal história: está doente, está em pecado e enquanto não tiver acreditado e se confessar não sai “o mal” dele. “Deus não está com ele”. Está a sofrer os males que já fez na terra, agora que os pague. “O que cá se faz, cá se paga”, dizem ainda. Esquecem-se que os nossos juízos são sempre precipitados e não têm em conta os critérios de Deus.

Claro que o pecado, a desobediência deliberada consentida tirou-nos do paraíso…

 
Segundo a doutrina Buda a vida é uma dor e quanto mais se foge da dor, mais imperfeito é. Para chegar ao nirvana é preciso que ame a dor e o sofrimento como um dom para atingir a perfeição.

O nosso Deus, Deus de Amor, não quer que sejamos masoquistas, nem sadistas  e não nos impõe sofrimento. Ele sofre connosco e ninguém está sozinho quando tem dor.

Se alguém se queixa, tem sempre uma razão, ainda que seja uma dor psicológica, mas, que tem razão para se queixar, tem.

Normalmente as dores orgânicas distinguem-se com mais facilidade: hoje é de um pé, amanhã é de uma nádega, depois é duma perna ou dum braço; agora dói o peito ou as costas, o abdómen de noite ou de dia, doem os olhos e o que mais possam pensar. É do estômago, é de algo que não se sabe.

No caso dos fibromiálgicos até muitos os vêem como maníacos que precisam de psiquiatria.

A dor nunca está no local, mas na cabeça. Não é o pé que dói, é o pé que não está bem e transmite o seu mal aos neurónios.

Curando os neurónios, não se cura a dor, mas o sofrimento e o mal lá está no pé, por exemplo.

É preciso tratar do pé e não da cabeça. A cabeça é apenas o reflexo das transmissões pelos neurónios ao centro nevrálgico localizado no cérebro.

Conviver com a dor é sempre fácil quando se convive com fé e confiança n’Aquele que sofreu por nós, sem cometer pecado. A nossa dor nunca será igual à d’Ele.
 
 
Nós merecemos, mas o Mestre não fez mal algum e nós não somos mais que o Mestre.

A dor acaba por nos lembrar que, assim como temos deitar sentido à nossa Alma, há que cuidar do corpo. A Alma dá sempre Vida ao corpo quando ela quer ser grande ao modo de Jesus Cristo, e não ao modo de qualquer coisa porque muitos se dividem por Deus e pelo Diabo, pelo Bem e pelo Mal, e, neste caso, não se observa o conformismo porque no meio não é provado que esteja a virtude. Deus é radical. Ama e só Ama. Nós não podemos estremecer entre o sim e “o sopas”. Ou é sim ou “sopas”. Sim ou não e não há meio-termo, pois aí está toda a razão da nossa vida. Como o amor conjugal, não pode ser um amor assim, assim… Descobrir essa razão é precisamente descobrir o sentido da nossa Vida com Alma, viver com Alma porque a Vida é dom de Deus.


A dor, se superável, faz parte a Vida. Não há Vida sem dor nem, dor sem Vida; os mortos já não sentem nada, mas aí já não tem, aí a Alma que, pela serenidade com que sofreu goza eternamente com o prazer da Vida com Deus, ou então, sofre porque, na posse da verdade, lhe falta a felicidade da Presença que devia ser do seu Criador…

Conviver com a Dor leva-nos a tirar a conclusão de que quando damos ou recebemos somos alertados para a responsabilidade de nossas vivências, valores, sentimentos, condutas… Somos levados a estar atentos mais ao nosso corpo, às nossas emoções e à voz interior e a saber compreender e tolerar o outro.

 
 
 
 
 
Custa menos o sofrimento quando vemos os outros como algo valioso… e estamos a integrar, elaborar, dirigir, aproveitar e usar o serviço do nosso bem-estar e discernimento, não do que somos e dos que são… e os que são. A oposição é sofrimento, segundo Arnaud Desjardins, porque ficamos revoltados quando rejeitamos. Carrega-nos mais essa cruz da revolta. Enquanto o assentimento é felicidade, conduz-nos à felicidade e recuperamos, aproximamos, pois o corpo é o santuário da Alma e nele se tem de viver com sintonia e equilíbrio que são manifestos nos olhos. É por isso que se diz que estes são os espelhos da alma.
 
 

A Alma gregária, ao dar Vida não pode existir e mata, nem pode deixar-se vencer por paixões.
 
Aqui não quero apenas me referir a uma dor em particular, mas nas suas mais variadas formas. Sejam quais forem, a resistência a elas como uma oposição, ainda aumenta a carga da mesma, isto é, maior o sofrimento, maior é a dor.
 

 
 
Quando lhe damos assentimento porque nela descobrimos algo de novo até somos capazes de nos sentir felizes. Mais facilmente nos preparamos para debelá-la e recuperar a saúde, porque nos fizemos mais próximos. Convivemos e dialogamos amorosamente. Fizemos que, no nosso corpo, houvesse um melhor equilíbrio e sintonia daquilo que lhe dá vida, que é a Alma; ainda que seja precária, ela é sempre com sentido elevado, positivo e vivido ao mais alto nível.

Fazer uma convivência sadia entre o Corpo e a Alma é saber compreender e viver a Dor; eis a forma mais simples de viver a Vida com Alma.







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