Ficha Técnica
Título – Criança é Rima
de Esperança
Autor – António Manuel
Couto Viana
Digitação - António
Gonçalves
Orientação Gráfica -
Alberto Abreu
Edição - Centro Social
Paroquial de Nª Sra. de Fátima
Paginação,
Fotocomposição, montagem, Impressão e Encardenação - Tipografia Gráfica da Casa
dos Rapazes
ISBN - 972-97660-2-9
VIANA , António Manuel Couto , 1923-
ISBN 972-97660-2-9
CDU 821.134.3-1"19", VIANA, ANTÓNIO MANUEL COUTO
António Manuel
Couto Viana
Criança é Rima de
Esperança
Versos
Para o Fernando de
Passos,
que me recordou estes
versos,
esquecidos nas páginas de
um jornal,
e me aconselhou a
reuni-los num livro
VERSOS PUBLICADOS, SEM
INDICAÇÃO DO AUTOR,
NO JORNAL A RUA, EM
1979,
COMENTANDO AS
FOTOGRAFIAS
DESTINADAS A ASSINALAR
O ANO INTERNACIONAL DA
CRIANÇA
PRIMEIRAS
PALAVRAS
Criança é rima de
Esperança,
Mas o mundo dos homens é
cruel e é duro:
Não se cansa
De destruir-lhe o
futuro.
E recusa-lhe a infância
(O seu primeiro pão),
Ignorando a fragância
Da flor inda em botão.
Ensina-lhe a violência,
o vício que degrade,
O ódio que enveneno. E,
o que é pior,
Nunca lhe fala na
amizade,
Nunca lhe fala no amor.
Atira-lhe a espingarda
para as mãos.
- Mata! - adulta e
brutal, ordena-lhe uma voz,
Numa guerra entre
irmãos,
Carniceira e feroz.
Sofre-lhe o corpo débil
a injustiça da fome.
A terra devastada vai
condenando-a à morte.
Ninguém lhe dá comida e
lhe diz: - Come,
Pra cresceres e seres forte.
Escrava do trabalho,
desde nova.
E, aos inocentes jogos,
aos brinquedos,
Abriram-lhes a cova
Os castigos e os medos.
Há sempre quem lhe nega
O direito à diferença,
E a expulsa de si, de
fanática e cega,
Só por ter outra raça e
outra crença.
E, à porta da Escola,
Na rua escura, onde a
miséria ensina,
Tenta o pó, a seringa, o comprimido, a
ampola
De uma droga assassina.
- Criança, que nasceste
pra florir
No jardim celeste
(Giroflé - giroflá!),
Inda haverá alguém pra
te acudir,
Além da bola, do pião, do balde e a pá?
Só o poeta, apenas o
poeta
Te conhece, ao rimar-te
com Esperança,
E te ergue da valeta,
Criança!
(13. 7.
2000)
Fotografia número 1
A língua portuguesa
é poesia!
Reparem na palavra
Esperança,
Como ela rima em
mundos d'harmonia
Com criança.
Fotografia número
2
Detrás de arame
farpado
(Coroas cruéis
d'espinhos)
Fitam caminhos
vedados
Os meninos.
Até quando o outro
lado
Lhes nega pão e
carinhos?
Pássaros
engaiolados
Os meninos.
Fotografia
número 3
Ó mundo de dor e
horror:
A mão que traça o
destino
Do riso deste
menino
Dá-lhe o ódio por
ensino,
Não o amor!
Fotografia
número 4
No rosto da criança
o dia já vem perto,
Renovar,
redimir.
É esta a voz do amor que clama no deserto,
Mas ninguém
quer ouvir.
Fotografia número
5
A boneca sem braços
não abraça:
É como uma criança
mutilada...
Vinda de quê? do lixo, da desgraça.
Para quê? para nada.
Fotografia
número 6
Se as crianças
sorriem com agrado
É que nem tudo se
perdeu:
Há luz ainda em
qualquer lado
Para ser Sol em todo
o céu.
Fotografia número
7
Dai de comer à que
tem fome
De pão, justiça,
paz, amor...
Toda a criança tem
um nome
De futuro e de flor!
Fotografia
número 8
A mão é firme, o
rosto é duro,
A arma aponta para
matar!
Mãe, que pariste
este futuro:
Deves chorar,
chorar, chorar...
Fotografia
número 9
Calcando os
destroços de um progresso vão
As crianças vibram
de pura alegria!
Mundo todo alma,
todo coração:
Confia!
Fotografia número
10
Aqui tens um brinquedo
para brincar!
Presta atenção:
Quando o souberes
perfeitamente usar
Estás apto a matar
O teu irmão.
Fotografia número
11
O menino trocou as suas
colecções
De tampas de gasosas,
de botões,
Dos jogos divertidos e
inocentes,
Por uma colecção de
balas!
Homem, que és pai:
porque te calas
E consentes?
Fotografia número 12
Que morte destruiu a
rua?
Que violência avança?
Na imagem da criança
A vida vibra em paz e
continua.
Fotografia número 13
É um jogo de vigor, uma
competição.
Mais tarde a vida há-de
mudar-lhe o nome:
A eterna meta entre o
pão
E a fome
Fotografia número 14
Os meninos lêem a vida
que passa
A vida que foi, a vida
sonhada.
As letras ensinam o
espírito, a graça
Da alma da pátria
ditosa e amada.
Fotografia número
15
O menino constrói o seu
brinquedo
Com paciência com
ingénuo amor,
Sem saber que constrói o
ódio, o medo,
Para um mundo pior.
Fotografia número 16
Quem faz de uma criança
uma bandeira
Que não seja de paz
Acende o fogo da
fogueira
Que a alma lhe consome e
o corpo lhe desfaz.
Fotografia número 17
Que faz este soldado?
Parece tão zangado
E era tão nosso amigo!
Porque não deita a
espingarda ao chão
E não vem, a sorrir,
dar-nos a mão
P'ra atravessar a rua
sem perigo?
Fotografia número 18
Esta menina ensina à consabida
Sisudez dos sábios:
É preciso aprender a
ler a vida
Com um riso nos lábios.
Fotografia número 19
Que floresta é esta?
Não tem troncos,
raízes,
Nem ramos de verdura e
pássaros em festa
Só ensombra os meninos
infelizes.
Fotografia número 20
Em que paz dormem em
paz
Estas crianças?
Lá fora, que guerra faz?
Quem lançou um aqui jaz
Nas esperanças?
Fotografia número 21
A estrada não acaba
frente a um muro,
Segue sem fim, serena e
franca,
Se este menino caminhar para o futuro
Com o pão na sacola e
uma bandeira branca.
Fotografia número 22
A criança que gosta de
animais
Cresce mais.
Fotografia número 23
Só as crianças sabem
pintar
Com perfeita harmonia,
Mais do que o céu de
azul, de verde o mar,
O mundo de alegria.
Fotografia número 24
Menino, queres um bom
conselho
Para nascer, medrar ao
Sol?
Chuta de ti o mundo
velho
Como uma bola de
futebol.
Fotografia número 25
«Trabalho de menino é
pouco»
(O povo o diz com clara
razão),
«Mas quem o perde é
louco»
E quem dele abusar não
tem perdão
Fotografia número 26
Homens, quando virá esse
mundo melhor
Onde as crianças não
Padeçam com a sua e
alheia dor,
Tenham, além do amor, o
tecto e o pão?
Fotografia número
27
Pede-se um mundo são,
justo, tranquilo,
Para a pureza da
inocência,
Mas ninguém pode construí-lo
Com violência.
Fotografia número
28
As crianças atrás da
grade
Rogam: «Piedade!
Piedade!
Quem nos liberta da
prisão?»
Mas quem lhes der a
liberdade
Tem-lhes cativo o
coração.
Fotografia número 29
O menino e a maçã!
Saudável como a fruta,
Este menino chama-se
Amanhã.
E, por um amanhã
saudável, quem não luta?
1
A língua portuguesa
é poesia!
Reparem na palavra
Esperança,
Como ela rima em
mundos de harmonia
Com criança.
2
Detrás de arame
farpado
(Coroas cruéis
d'espinhos)
Fitam caminhos
vedados
Os meninos.
Até quando o outro
lado
Lhes nega pão e
carinhos?
Pássaros
engaiolados
Os
meninos.
3
Ó mundo de dor e
horror:
A mão que traça o
destino
Do riso deste menino
Dá-lhe o ódio por
ensino,
Não o amor!
4
No rosto da criança
o dia já vem perto;
Renovar,
redimir!
É esta a voz do amor
que clama no deserto,
Mas ninguém
quer ouvir.
5
A boneca sem braços
não abraça.
É como uma criança
mutilada...
Vinda de quê? do
lixo, da desgraça...
Para quê? para nada.
6
Se as crianças
sorriem com agrado
É que nem tudo se
perdeu:
Há luz ainda em
qualquer lado
Para Ser sol em todo
o céu.
7
Dai de comer à que
tem fome
De pão, justiça, paz,
amor...
Toda a criança tem um
nome
De futuro e de flor!
8
A mão é firme, o
rosto é duro,
A arma aponta para
matar!
Mãe, que pariste este
futuro:
Deves chorar, chorar,
chorar...
9
Calcando os destroços
de um progresso vão
As crianças vibram de
pura alegria!
Mundo todo alma, todo
coração:
Confia!
10
Aqui tens um brinquedo
para brincar!
Presta atenção:
Quando o souberes
perfeitamente usar
Estás apto a matar
O teu irmão.
11
O menino trocou as
suas colecções
De tampas de gasosas,
de botões,
Dos jogos divertidos
e inocentes,
Por uma colecção de
balas!
Homem que és pai:
porque te calas
E consentes?
12
Que morte destruiu a
rua?
Que violência avança?
Na imagem da criança
A vida vibra em paz e
continua.
13
É um jogo de vigor,
uma competição.
Mais tarde a vida
há-de mudar-lhe o nome:
A eterna luta entre o
pão
E a fome.
14
Os meninos lêem a
vida que passa,
A vida que foi, a
vida sonhada.
As letras ensinam o
espírito, a graça
Da alma da pátria
ditosa e amada.
15
O menino constrói o
seu brinquedo,
Com paciência, com
ingénuo amor,
Sem saber que constrói
o ódio, o medo,
Para um mundo pior.
16
Quem faz de uma
criança uma bandeira
Que não seja de paz
Acende o fogo da
fogueira
Que a alma lhe
consome e o corpo lhe desfaz.
17
Que faz este
soldado?
Parece tão zangado
E era tão nosso
amigo!
Porque não deita a
espingarda ao chão
E não vem, a sorrir,
dar-nos a mão
P'ra atravessar a
rua sem perigo?
18
Esta menina ensina à
consabida
Sisudez dos sábios:
É preciso aprender a
ler a vida
Com um riso nos
lábios.
19
Que floresta é esta?
Não tem troncos,
raízes,
Nem ramos de verdura
e pássaros em festa:
Só ensombra os meninos infelizes.
20
Em que paz dormem em
paz
Estas crianças?
Lá fora, que guerra
faz?
Quem lançou um aqui
jaz
Nas esperanças?
21
A estrada não acaba
frente a um muro.
Segue sem fim,
serena e franca,
Se este menino
caminhar para o futuro
Com o pão na sacola
e uma bandeira branca.
22
A criança que gosta
de animais
Cresce mais.
23
Só as crianças sabem
pintar,
Com perfeita harmonia,
Mais do que o céu de
azul, de verde o mar,
O mundo de alegria.
24
Menino, queres um
bom conselho
Para nascer, medrar
ao Sol?
Chuta de ti o mundo
velho
Como uma bola de
futebol.
25
«Trabalho de menino
é pouco»
(O povo o diz com
clara razão),
«Mas quem o perde é
louco»
E quem dele abusar
não tem perdão.
26
Homens, quando virá
esse mundo melhor
Onde as crianças não
Padeçam com a sua e
alheia dor,
Tenham, além do amor,
o tecto e o pão?
27
Pede-se um mundo são,
justo, tranquilo,
Para a pureza da
inocência,
Mas ninguém pode
construí-lo
Com violência.
28
As crianças atrás da
grade
Rogam: - «Piedade!
Piedade!
Quem nos liberta da
prisão?»
Mas quem lhes der a liberdade
Tem-lhes cativo o
coração.
29
O menino e a maçã!
Saudável como a
fruta,
Este menino chama-se
Amanhã.
E, por um amanhã
saudável, quem não luta?
Origem dos versos no
jornal « A Rua »
A língua portuguesa é poesia!
n.º 177 - p. 08 -01.11.1979
Detrás de arame farpado
n.º 137 - p.12 - 25.01.1979
Ó mundo de dor e horror
n.º 139 - p.13 - 08.02.1979
No rosto da criança o dia já vem perto
n.º140 -p.10 - 15.02.1979 A
boneca sem braços não abraça n.º
141 - p.07 - 22.02.1979
Se as crianças sorriem com agrado
n.º 170 - p.08 - 12.09.1979
Dai de comer a quem tem fome
n.º 142 - p.20 - 01.03.1979
A mão é firme, o rosto é duro
n.º 143 - p.11 - 08.03.1979
Calcando os destroços de um progresso vão n.º144-p.06- 15.03.1979
Aqui tens um brinquedo para brincar
n.º 150 - p.08 - 26.04.1979
O menino trocou as suas colecções
n.º151 - p.18 - 12.07.1979
Que morte destruiu a rua?
n.º 153 - p.22 - 17.05.1979
É um jogo de vigor, uma competição
nº 179 - p.23 - 08.11.1979
Os meninos lêem a vida que passa
n.º156 - p.08 - 07.06.1979
O menino constrói o seu brinquedo
n.º158 - p.22 - 21.06.1979
Quem faz de uma criança uma bandeira
n.º 159 - p.08 - 28.06.1979
Que faz este soldado?
n.º 160 - p.08 - 05.05,07.1979
Esta menina ensina a consabida n.º160 - p.18 - 12.07.1979
Que floresta é esta?
n.º164 - p.20 - 02.08.1979
Em que paz dormem em paz
n.º138 - p.16 - 01. 02.1979
A estrada não acaba frente a um muro
n.º168 - p.22 - 02.08.197 A criança que gosta de animais n.º169 - p.16 - 06.09.1979
Só as crianças sabem pintar
n.º171 - p.22 - 20.- 20.09.1979
Menino, queres um bom conselho
n.º172 -p.08 -27.09.1979
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