Violência
Manuel de Oliveira
Martins
Todos os dias somos confrontados nos meios de comunicação
com notícias de violência desmedida e injustificada, com origem, muitas vezes,
em razões fúteis, que degeneram em agressão e/ou em morte.
Este surto de violência tem vindo a aumentar nos últimos
tempos, é preocupante e merece das autoridades uma atenção redobrada e um
inquérito às causas que estão na sua origem.
Sempre ouvi dizer que se deve ex-terminar o mal pela raiz,
expressão com a qual concordo plenamente. Não se deve negligenciar os
princípios básicos que regem a sociedade, sob pena de se perder o controlo
dessa mesma sociedade.
A educação está na base de tudo o que se é na vida. Nela
reside a essência da sociedade que construímos. A educação não suporta negligência
e tolerância, antes pelo contrário, exige disciplina e rigor, que é muito
diferente de prepotência e brutalidade.
É no «berço» que se criam e perpetuam para a vida os bons
hábitos, que a escola deve complementar, e corrigir nos casos desviantes de
conduta atípica motivados pela falta de carinho, atenção e amor, que não foram
ministrados no «berço».
Os casos de violência que têm vindo a lume revelam que a
sociedade está enferma e precisa urgentemente de ser tratada dos males que
padece.
A polícia, entidade do Estado de direito, tem como missão
principal garantir a segurança de pessoas e bens.
Não querendo fazer julgamentos prévios ao oficial de polícia
que foi protagonista dos inqualificáveis incidentes ocorridos no dia 17 de
maio, no final do jogo entre o Guimarães e o Benfica (penúltimo jogo da 1- Liga
de futebol) que terminou com um empate a zero, nem tão-pouco classificar a
instituição de Polícia por este ato tresloucado de um dos seus agentes, não
posso deixar de mais uma vez apelar ao legislador para rever as regras de
admissão e progressão dos agentes de autoridade, submetendo-os a exames
psicotécnicos imprescindíveis para o exercício da profissão que envolve o
contacto com seres humanos possuidores dos mais díspares caracteres e
personalidades.
Os órgãos de comunicação social, céleres em dar a notícia em
primeira mão para captar audiências, também precisam de aprender e ponderar,
quando e como, devem dar a notícia para evitar o despoletar de situações como
as que se viveram no Marquês de Pombal. E preciso ter consciência do
acendimento do rastilho, para evitar situações desagradáveis como aquelas que
se viveram na noite dos festejos do título na zona do Marquês de Pombal, que
podiam ter sido muito mais graves.
Outro caso que se prende com a violência e que merece também
muita atenção da parte do legislador, é o caso do sargento com baixa
psiquiátrica, que possuía um arsenal de 30 armas, das quais 29 estavam
legalizadas; a única que não estava foi a que originou o crime que vitimou o
gerente da pastelaria de Benfica. Um militar perfeitamente identificado e com
cadastro, com baixa psiquiátrica, não pode andar à solta nem ter acesso a uma
arma, muito menos a 30.
Somos aquilo que criamos, para o bem ou para o mal. Não
basta ter pão, é preciso ter educação, ferramenta primordial em toda a
estrutura do ser humano enquanto membro de uma sociedade sadia e culturalmente
evoluída.
A aurora do Lima – 18 de Junho de 2015
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