quarta-feira, 26 de agosto de 2015

A mulher deve ser submissa ao seu marido?

Religião

A mulher deve ser submissa ao seu marido?

Como a Igreja interpreta a frase de São Paulo: "Que as mulheres também se submetam, em tudo, a seus maridos"?

Como a Igreja interpreta a frase de São Paulo: "Que as mulheres também se submetam, em tudo, a seus maridos"?

 
Site do Pe. Paulo Ricardo
25.08.2015
Young thinking couple looking at each otherDean Drobot
Em sua Carta aos Efésios, São Paulo escreve "que as mulheres também se submetam, em tudo, a seus maridos" (Ef 5, 24). A frase, tirada de seu contexto, é usada por grupos feministas para "provar" que a religião cristã oprime o sexo feminino.

Olhando para os fatos históricos, porém, a verdade é que nenhuma religião deu tanta dignidade à mulher como o Cristianismo. Enquanto todas as demais a tratavam como um objeto ou uma propriedade do sexo masculino, a Igreja deu-lhe o papel de protagonista na família e na vida em sociedade, chegando a apresentar várias delas como doutoras da Igreja e mestras da vida espiritual – é o caso, por exemplo, de Santa Hildegarda de Bingen, Santa Catarina de Siena e Santa Teresinha do Menino Jesus.

Ora, se é assim, talvez a sentença do Apóstolo deva ser interpretada de forma diferente da que é feita comumente. São João Paulo II, em sua Carta Apostólica Mulieris Dignitatem, ensina que "todas as razões a favor da 'submissão' da mulher ao homem no matrimônio devem ser interpretadas no sentido de uma 'submissão recíproca' de ambos 'no temor de Cristo'." [1].

De fato, exorta São Paulo, no mesmo trecho das Escrituras: "Sede submissos uns aos outros, no temor de Cristo" (Ef 5, 21). A submissão, portanto, é mútua, não por haver dois ditadores em uma "luta de classes", mas por causa da relação entre Cristo e a Igreja, da qual o Matrimônio cristão é um sacramentum, um sinal (cf. Ef 5, 25. 29. 32).

Assim, pois, ambos os conselhos do Apóstolo – tanto o que exorta à submissão da mulher quanto o que chama ao amor por parte do homem (cf. Ef 5, 25) – não devem ser entendidos em uma única direção. Afinal, não são apenas os maridos quem devem amar as suas esposas, como estas devem amar aqueles; não são, também, apenas as esposas quem devem se submeter aos seus cônjuges, como estes devem fazer do mesmo modo. A Igreja não quer "oprimir" as mulheres, mas fazer com que os casais se submetam reciprocamente, a partir do amor de Cristo.

De fato, que mulher pode temer ser submissa a um marido que, por causa dela, derrama o seu sangue, a exemplo de Cristo, que "amou a Igreja e se entregou por ela"? E que homem pode rejeitar ser submisso a uma esposa que o ama do mesmo modo?

Eis, portanto, o modo como devem viver os casais em santo Matrimônio: abrindo a porta de casa como se abre a porta do sacrário, amando o outro como se ama o Cristo. Nisso não há nenhuma opressão, mas tão somente o amoroso projeto de Deus para o gênero humano.

Referências:

Papa João Paulo II, Carta Apostólica Mulieris Dignitatem, 15 de agosto de 1988, n. 24

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