PARÓQUIAS ABERTAS A NOVOS DESAFIOS
Os católicos praticantes, dos nominais aos militantes,
passando pelos ocasionais, regulares e irregulares - entendendo-se os que
participam na missa dominical - estão a diminuir no nosso país.
Os que contam para essa baixa percentagem, muitos, sobretudo
nas cidades, não se sentem identificados com a paróquia da sua residência.
Procuram mais outras igrejas onde encontram os seus amigos, gostam do padre que
preside à Eucaristia ou por outra qualquer razão. Há também os que só procuram
a paróquia da sua residência por razões “burocráticas”, por exemplo, quando
precisam de pedir transferência de processo ou para batizar os filhos noutro
lugar e receber um certificado de idoneidade para ser padrinhos de batismo.
O desfasamento entre a residência e a igreja paroquial
verifica-se naqueles e naquelas que se movem por razões de conveniência. Alguns
nem sequer conhecem o estilo das assembleias dominicais da sua paróquia de
residência e pouco ou nada viram e ouviram o respetivo pastor, sobretudo
quando, na mesma paróquia, há outros centros de culto e se dispersam por outros
espaços da cidade onde é maior a oferta do cumprimento do preceito dominical do
que a procura que vai escasseando.
Vários movimentos de Igreja, hoje mais de espiritualidade do
que de apostolado associado, também concorrem para a não identificação com as
paróquias. Têm as suas próprias igrejas e centros de culto, normalmente sem
repercussão na natureza e missão das paróquias.
Não há mal algum que as pessoas se dispersem consoante os
apelos ou as suas escolhas pelos centros de culto. O que pode ser problemático
é que as paróquias não trabalhem em rede, umas com as outras, também com os
templos que têm reitorias ou pertencem a institutos religiosos ou movimentos.
Face aos novos desafios da configuração real dos católicos
mais ou menos praticantes, as paróquias ainda mantêm a sua atualidade.
Reconhece-o o papa Francisco, na exortação apostólica “Evangelii Gaudium”
(Alegria do Evangelho). Leiam por favor: “A paróquia não é uma estrutura
caduca; precisamente porque possui uma grande plasticidade, pode assumir formas
muito diferentes que requerem a docilidade e a criatividade missionária do
pastor e da comunidade. Embora não seja certamente a única instituição
evangelizadora, se for capaz de se reformar e adaptar constantemente,
continuará a ser ‘a própria Igreja que vive no meio das casas dos seus filhos e
das suas filhas’”.
O papa tem razão quando alerta os cristãos: “É muito salutar
que não percam o contacto com esta realidade muito rica da paróquia local e que
se integrem de bom grado na pastoral orgânica da Igreja particular. Esta
integração evitará que fiquem só com uma parte do Evangelho e da Igreja, ou que
se transformem em nómadas sem raízes”.
Rui Osório, conegoruiosorio@diocese-porto.pt, In “Voz
Portucalense”, 18.02.2015
Sem comentários:
Enviar um comentário