segunda-feira, 9 de março de 2015

PARÓQUIAS ABERTAS A NOVOS DESAFIOS


PARÓQUIAS ABERTAS A NOVOS DESAFIOS

Os católicos praticantes, dos nominais aos militantes, passando pelos ocasionais, regulares e irregulares - entendendo-se os que participam na missa dominical - estão a diminuir no nosso país.

Os que contam para essa baixa percentagem, muitos, sobretudo nas cidades, não se sentem identificados com a paróquia da sua residência. Procuram mais outras igrejas onde encontram os seus amigos, gostam do padre que preside à Eucaristia ou por outra qualquer razão. Há também os que só procuram a paróquia da sua residência por razões “burocráticas”, por exemplo, quando precisam de pedir transferência de processo ou para batizar os filhos noutro lugar e receber um certificado de idoneidade para ser padrinhos de batismo.

O desfasamento entre a residência e a igreja paroquial verifica-se naqueles e naquelas que se movem por razões de conveniência. Alguns nem sequer conhecem o estilo das assembleias dominicais da sua paróquia de residência e pouco ou nada viram e ouviram o respetivo pastor, sobretudo quando, na mesma paróquia, há outros centros de culto e se dispersam por outros espaços da cidade onde é maior a oferta do cumprimento do preceito dominical do que a procura que vai escasseando.

Vários movimentos de Igreja, hoje mais de espiritualidade do que de apostolado associado, também concorrem para a não identificação com as paróquias. Têm as suas próprias igrejas e centros de culto, normalmente sem repercussão na natureza e missão das paróquias.

Não há mal algum que as pessoas se dispersem consoante os apelos ou as suas escolhas pelos centros de culto. O que pode ser problemático é que as paróquias não trabalhem em rede, umas com as outras, também com os templos que têm reitorias ou pertencem a institutos religiosos ou movimentos.

Face aos novos desafios da configuração real dos católicos mais ou menos praticantes, as paróquias ainda mantêm a sua atualidade. Reconhece-o o papa Francisco, na exortação apostólica “Evangelii Gaudium” (Alegria do Evangelho). Leiam por favor: “A paróquia não é uma estrutura caduca; precisamente porque possui uma grande plasticidade, pode assumir formas muito diferentes que requerem a docilidade e a criatividade missionária do pastor e da comunidade. Embora não seja certamente a única instituição evangelizadora, se for capaz de se reformar e adaptar constantemente, continuará a ser ‘a própria Igreja que vive no meio das casas dos seus filhos e das suas filhas’”.

O papa tem razão quando alerta os cristãos: “É muito salutar que não percam o contacto com esta realidade muito rica da paróquia local e que se integrem de bom grado na pastoral orgânica da Igreja particular. Esta integração evitará que fiquem só com uma parte do Evangelho e da Igreja, ou que se transformem em nómadas sem raízes”.

Rui Osório, conegoruiosorio@diocese-porto.pt, In “Voz Portucalense”, 18.02.2015

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