O Papa é uma pessoa normal: sorri, chora e tem amigos como todos
Francisco concede entrevista a um jornal italiano, em que responde a diversas perguntas sobre este primeiro ano como Papa
“Eu gosto de estar entre o povo, junto dos que sofrem, e andar pelas paróquias. Não gosto das interpretações ideológicas, uma certa mitologia do Papa Francisco. Quando se diz, por exemplo, que saio de noite do Vaticano para levar comida aos mendigos da Via Ottaviano... Jamais me ocorreria. Sigmund Freud dizia, se não me engano, que em toda idealização existe uma agressão. Pintar o Papa como se fosse uma espécie de Superman, uma espécie de estrela, é para mim ofensivo. O Papa é um homem que sorri, chora, dorme tranquilo e tem amigos como todos. É uma pessoa normal”. Assim se mostra o Papa Francisco em uma entrevista publicada hoje pelo jornal italiano Corriere della Sera.
Relação com Bento XVI e estilo “franciscano” de governo
Durante a entrevista, o Papa Francisco aborda a relação com seu predecessor Bento XVI: “O Papa emérito não é uma estátua de museu. (...) Ele é discreto, humilde, não quer incomodar. Conversamos e juntos chegamos à conclusão de que era melhor que visse gente, que saísse e participasse da vida da Igreja”. E fala de seu estilo “franciscano” de governo na Igreja: “O Papa não está sozinho em seu trabalho porque está acompanhado pelo aconselhamento de muitos. Seria um homem sozinho se decidisse sem escutar ninguém ou fingindo que escuta. Mas há um momento, quando se trata de decidir, de assinar, no qual ele fica sozinho com seu senso de responsabilidade”.
Sobre as mudanças neste primeiro ano de pontificado, Francisco dá exemplos claros: “Tinha-se falado da situação espiritual das pessoas que trabalham na Cúria, e então começaram a fazer retiros espirituais. Era preciso dar mais importância aos exercícios espirituais anuais: todos têm direito a passar cinco dias de silêncio e meditação, enquanto que antes na Cúria se escutavam três orações por dia e depois alguns continuavam trabalhando” e recorda que a ternura e a misericórdia são a essência e “o coração do Evangelho”.
Temas polêmicos: abusos de menores, pobreza, globalização e família
O Papa Francisco não evita nenhum tema e responde, por exemplo, a uma pergunta sobre abuso de menores: “Bento XVI foi muito valente e abriu o caminho. E seguindo esse caminho a Igreja avançou muito. Talvez mais que ninguém. As estatísticas sobre o fenômeno da violência contra os menores são impressionantes, mas mostram também com clareza que a grande maioria dos abusos provêm do entorno familiar e das pessoas próximas”. E o Papa continua mostrando a transparência da Igreja: “a Igreja Católica é talvez a única instituição pública que se moveu com transparência e responsabilidade. Nenhuma outra fez tanto. E, no entanto, a Igreja é a única a ser atacada”.
De igual maneira, fala da pobreza e da globalização financeira. O Papa Francisco explica que a pobreza “nos afasta da idolatria. E a quem tem seus celeiros cheios do próprio egoísmo, o Senhor, ao final, lhes pedirá contas”. Sobre o problema da globalização, afirma: A atual globalização ‘esférica’ econômica, e sobretudo financeira, produz um pensamento único, um pensamento fraco. E em seu centro já não está a pessoa humana, apenas o dinheiro”.
A família, eixo central da atividade do Conselho de oito cardeais, também é abordada na entrevista, e o Papa Francisco pede que se evite ficar na superfície do tema: “Os jovens já não se casam. Há muitas famílias separadas, cujo projeto de vida comum fracassou. Os filhos sofrem muito. E nós temos que dar uma resposta. Mas para isso há que refletir muito e em profundidade”. Ele comenta sobre o informe do cardeal Kasper: “Os cardeais sabiam que podiam dizer o que quisessem, e apresentaram pontos de vista diferentes, que sempre são enriquecedores” (...), “fazer crescer o pensamento teológico e pastoral. Isso não me amedronta. E mais: eu busco isso”.
Deste modo, recorda que “o casamento é entre um homem e uma mulher” e afirma que as uniões civis servem para “regular aspectos econômicos entre as pessoas, como, por exemplo, a obra social. Há que ver cada caso e avaliá-los em sua diversidade”.
Mulher, vida e controle de natalidade
“É verdade que a mulher pode e deve estar mais presente nos postos de decisão da Igreja”, afirma o Papa Francisco. “Mas a isso eu chamaria de uma promoção de tipo funcional. E só com isso não se avança muito”. “A Virgem é mais importante que qualquer bispo e qualquer um dos apóstolos. O aprofundamento teológico já está em marcha”.
Sobre bioética e vida, o Papa Francisco retoma o texto da “Humanae Vitae” e se pergunta sobre uma interpretação que se fez do texto: “O tema não é mudar a doutrina, mas ir a fundo e assegurar que a pastoral considere as situações de cada pessoa e o que essa pessoa pode fazer. Também sobre isso se discutirá no sínodo”.
Saudades da Argentina e viagens
O Papa Francisco mostra não sentir nostalgia da Argentina e afirma não ter pensado ir lá antes de 2016, posto que “agora tenho de ir à Terra Santa, à Ásia e depois à África”.
Esta primeira viagem à Terra Santa dá ocasião do Papa explicar que “a teologia ortodoxa é muito rica” e mostra sua expectativa por mais resultados nos diálogos. Sobre a Ásia, revela que mantém contato com o povo chinês: “é um grande povo a quem quero muito bem”.
Relação com Bento XVI e estilo “franciscano” de governo
Durante a entrevista, o Papa Francisco aborda a relação com seu predecessor Bento XVI: “O Papa emérito não é uma estátua de museu. (...) Ele é discreto, humilde, não quer incomodar. Conversamos e juntos chegamos à conclusão de que era melhor que visse gente, que saísse e participasse da vida da Igreja”. E fala de seu estilo “franciscano” de governo na Igreja: “O Papa não está sozinho em seu trabalho porque está acompanhado pelo aconselhamento de muitos. Seria um homem sozinho se decidisse sem escutar ninguém ou fingindo que escuta. Mas há um momento, quando se trata de decidir, de assinar, no qual ele fica sozinho com seu senso de responsabilidade”.
Sobre as mudanças neste primeiro ano de pontificado, Francisco dá exemplos claros: “Tinha-se falado da situação espiritual das pessoas que trabalham na Cúria, e então começaram a fazer retiros espirituais. Era preciso dar mais importância aos exercícios espirituais anuais: todos têm direito a passar cinco dias de silêncio e meditação, enquanto que antes na Cúria se escutavam três orações por dia e depois alguns continuavam trabalhando” e recorda que a ternura e a misericórdia são a essência e “o coração do Evangelho”.
Temas polêmicos: abusos de menores, pobreza, globalização e família
O Papa Francisco não evita nenhum tema e responde, por exemplo, a uma pergunta sobre abuso de menores: “Bento XVI foi muito valente e abriu o caminho. E seguindo esse caminho a Igreja avançou muito. Talvez mais que ninguém. As estatísticas sobre o fenômeno da violência contra os menores são impressionantes, mas mostram também com clareza que a grande maioria dos abusos provêm do entorno familiar e das pessoas próximas”. E o Papa continua mostrando a transparência da Igreja: “a Igreja Católica é talvez a única instituição pública que se moveu com transparência e responsabilidade. Nenhuma outra fez tanto. E, no entanto, a Igreja é a única a ser atacada”.
De igual maneira, fala da pobreza e da globalização financeira. O Papa Francisco explica que a pobreza “nos afasta da idolatria. E a quem tem seus celeiros cheios do próprio egoísmo, o Senhor, ao final, lhes pedirá contas”. Sobre o problema da globalização, afirma: A atual globalização ‘esférica’ econômica, e sobretudo financeira, produz um pensamento único, um pensamento fraco. E em seu centro já não está a pessoa humana, apenas o dinheiro”.
A família, eixo central da atividade do Conselho de oito cardeais, também é abordada na entrevista, e o Papa Francisco pede que se evite ficar na superfície do tema: “Os jovens já não se casam. Há muitas famílias separadas, cujo projeto de vida comum fracassou. Os filhos sofrem muito. E nós temos que dar uma resposta. Mas para isso há que refletir muito e em profundidade”. Ele comenta sobre o informe do cardeal Kasper: “Os cardeais sabiam que podiam dizer o que quisessem, e apresentaram pontos de vista diferentes, que sempre são enriquecedores” (...), “fazer crescer o pensamento teológico e pastoral. Isso não me amedronta. E mais: eu busco isso”.
Deste modo, recorda que “o casamento é entre um homem e uma mulher” e afirma que as uniões civis servem para “regular aspectos econômicos entre as pessoas, como, por exemplo, a obra social. Há que ver cada caso e avaliá-los em sua diversidade”.
Mulher, vida e controle de natalidade
“É verdade que a mulher pode e deve estar mais presente nos postos de decisão da Igreja”, afirma o Papa Francisco. “Mas a isso eu chamaria de uma promoção de tipo funcional. E só com isso não se avança muito”. “A Virgem é mais importante que qualquer bispo e qualquer um dos apóstolos. O aprofundamento teológico já está em marcha”.
Sobre bioética e vida, o Papa Francisco retoma o texto da “Humanae Vitae” e se pergunta sobre uma interpretação que se fez do texto: “O tema não é mudar a doutrina, mas ir a fundo e assegurar que a pastoral considere as situações de cada pessoa e o que essa pessoa pode fazer. Também sobre isso se discutirá no sínodo”.
Saudades da Argentina e viagens
O Papa Francisco mostra não sentir nostalgia da Argentina e afirma não ter pensado ir lá antes de 2016, posto que “agora tenho de ir à Terra Santa, à Ásia e depois à África”.
Esta primeira viagem à Terra Santa dá ocasião do Papa explicar que “a teologia ortodoxa é muito rica” e mostra sua expectativa por mais resultados nos diálogos. Sobre a Ásia, revela que mantém contato com o povo chinês: “é um grande povo a quem quero muito bem”.
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