A Liturgia e a Paróquia
Sem evangelização não
poderá haver liturgia, pois esta é fruto da experiência de fé para poder
compreender vivencialmente a complexidade tão nobre, como é nos seus aspectos,
compromissos e experiências pessoais e comunitárias, numa celebração litúrgica.
Não se celebra a liturgia
sem comunhão entre os participantes, pelo menos, não será verdadeira liturgia.
Não haverá liturgia autêntica se não houver comunidade e a comunidade é fruto
da liturgia, sem que se despersonalize a pessoa que, na comunidade, participa.
Uma comunidade religiosa é uma realidade social quer queiramos quer não, quer
seja perfeita, quer seja imperfeita.
A comunidade religiosa é um
grupo de pessoas que vivem com objectivos comuns do âmbito religioso, onde a
pessoa se realiza socialmente. Ninguém, pois, se pode realizar
independentemente dos outros...
É na dimensão social do
homem que ele vive mais profundamente a comunidade religiosa e através dela
forma uma comunhão pessoal de vida. É através da Comunidade que a pessoa
comunica e participa, dá e recebe e onde se exercem as virtudes da humildade e
da generosidade, do compromisso e da partilha...
É estar com os outros e ser com os outros que
enriquece a sua espiritualidade porque “nem só de pão vive o homem”. É nela que
se integra e se manifesta ser para os outros e ser com eles. Há aqui um relação
diferente quando ela é religiosa, cultual, pois vai mais além, é transcendente
e não é aleatória; parte da vontade própria e sente a necessidade de intervir,
de ser no mundo assim, com os outros e para os outros...
A base desta comunidade
litúrgica está na trindade, onde ela é perfeita. A nossa, por mais perfeita que
seja será sempre um sinal muito frágil da Trindade Santíssima.
Pela encarnação do filho de
Deus, Ele estabeleceu a sua morada entre nós, não está junto a nós, mas está
connosco. Isto quer dizer que pela encarnação do Verbo nasceu a Igreja. A
Igreja é a humanidade reunida e convocada para a comunhão com Deus, para a
comunhão dos homens entre os homens e entre estes e Deus. Só assim é possível
pelo Espírito vivermos congregados num só Corpo.
Nos Actos dos Apóstolos há
uma passagem muito própria quando se refere a Ananias e Safira que usurparam os
bens que lhes pertenciam não os entregando todos como os outros fizeram
generosamente ao serviço da Comunidade. Pedro chama-lhes a atenção: “Mentistes
contra o Espírito... contra Deus...”. Cf. Hebreus 5.
A comunidade deve discernir
que não é ela própria que escolhe, mas Deus. Não somos nós que escolhemos ou
nos elegemos para viver comunitariamente um ideal inspirado pelas nossas
aspirações religioso-ascéticas. Tem de aceitar que nela pode haver pluralidade
de carismas. Se o Espírito Santo é a alma da comunidade, a pluralidade de
carismas nela é natural porque onde está o espírito está a abundância das suas
graças na construção do Reino, onde, entre os membros, sempre existirá o pecado
portanto uma comunidade de pecadores, e ininterruptamente chamados à conversão.
Já abordei a origem da
comunidade cristã.
E como comecei não há
comunidade sem Liturgia, nem Liturgia sem comunidade, daí que até um sacerdote
sozinho pode rezar, fazer a oração, rezar a liturgia das horas com toda a
Igreja mas não tem que celebrar a Eucaristia que é um acto estritamente
comunitário, onde a comunhão se deve manifestar e o padre sem fiéis não tem
motivo para esta oração, Acção de Graças.
Toda a liturgia nasce da
comunidade cultual. O culto é a fonte sempre insubstituível da vida e do
desenvolvimento.
É por isso que sempre
tivemos o cuidado de celebrarmos os sacramentos com a liturgia mais adequada, a
começar pela Eucaristia que depois do Baptismo é aquela que alimenta a vida de
Comunhão.
Logo em 1979 já tínhamos
uma equipa de liturgia que preparava as missas de cada Domingo. Dela fizeram
parte várias pessoas que, semana a semana, na sacristia, onde se fazia tudo, ao
fim da tarde, se reflectia na liturgia da Palavra, etc...
Logo houve no princípio um
curso de leitores que já se repetiu por quatro vezes. Embora tenhamos
insistido, nem sempre se lê do melhor modo, o que me faz muita pena. Ainda
outro dia ouvi um comentário destes, “O meu marido telefonou-me para que se
fosse à missa desse atenção à primeira leitura e afinal não entendi uma palavra
sequer”. E isto que eu estava a ouvir uma senhora a contar a outra, era na
realidade, uma verdade porque tinha sido eu o celebrante e ouvi e calei-me.
Muitas vezes acontece isso, um ou outro leitor não sabe o que vai ler e depois
lê para ele e nem sequer ele, às tantas, foi capaz de compreender.
Tudo tem de ser preparado
com antecedência.
Pessoas que nunca
participaram em formação de leitores, só em caso de suplência devem ler, mas
deve preparar-se antes, como qualquer outro o devia fazer.
Também logo em 1979, ainda
no tempo em que era usado a máquina de stencil surge a primeira “Luz Dominical”
de forma muito rudimentar, mas havia esse cuidado, com comentários às leituras
e informações paroquiais. Nesta altura é de formato A5 e contém os cânticos da
missa sobretudo da missa vespertina.
O coral a que chamamos
coral litúrgico, é o coral dos mais velhos, formado de pessoas que ficaram do
Espectáculo Marcos 9,37 animado por Joaquim Gomes. Aqueles que pertenciam ao
coral quando aqui entrei continuaram, mas a pouco e pouco, por isto ou por
aquilo, foram deixando, mas há um núcleo que vem desde 1979 ao qual já se
juntaram vários colaboradores e, assim, se tem mantido o coral que anima a
missa vespertina e festas importantes da Paróquia.
A missa da catequese sempre
foi animada por outra gente, mas há 15 anos que a Célia Novo, formada em Arte e
Design é a animadora de um grupo juvenil, sempre escolhendo cânticos ao gosto
das crianças...
Aparece mais tarde um grupo
de jovens que supriu a falta do “coral litúrgico” que também cantou na missa do
meio-dia, a tomar este lugar. Na maioria são alunos da Academia de Música,
cantam cânticos às vezes a 4 vozes, cânticos clássicos, enfim, uma missa
diferente e que a assembleia também gosta.
Logo que aqui dei entrada
pareceu-me litúrgico o sacerdote receber à porta da igreja todos os que chegavam
para a celebração. Fiz isso muitos anos. Agora é raro, mas quando posso ainda
me sinto bem a fazer esse acolhimento a quem chega para celebrar comigo.
Há sempre uma palavra
diferente para um ou para outro, enfim... Vamos fazer comunhão poucos momentos
depois...
No entanto estão sempre
dois paroquianos a receber quem chega a entregar a “Luz Dominical” e,
certamente, a fazer um pouco aquilo que eu fazia... Um olá! Uma palavra! Um bem-vindo!...
Como está?
Agora esse acolhimento ao
sábado tem sido feito pelo pároco dentro da igreja e à porta por um leigo.
Entretanto, enquanto se faz
o acolhimento, o animador da assembleia e o coral faz os últimos ensaios dos
cânticos para que a assembleia aproveite e possa acompanhar depois o coral,
fazendo com que muitos participem no canto.
Os salmistas também têm
sido bem preparados para que a celebração seja sempre muito digna.
Procuro não me alongar na
homilia, apenas 5 a 7 minutos. Não vá a minha palavra ser mais importante que a
palavra de Deus!...
Deste modo são sempre os 45
a 50 minutos o tempo da celebração. Às vezes, por motivo de festa, pode ir mais
longe...
Os Ministros
Extraordinários da Comunhão não só colaboram na distribuição da Sagrada
comunhão, como levam a comunhão aos doentes.
A Eucaristia não é o único
acto de culto que envolve a liturgia.
Já há uns anos que fizemos
paroquialmente formação para Acólitos Adultos e, desse modo, temos uma equipa
que soleniza os dias de festa com o sacerdote, utilizando a procissão com o
crucífero com a cruz levantada à frente, os ceroferários, o turiferário e o
ajudante seguindo os dois acólitos e o sacerdote.
Mas a missa não é o único
acto de culto. Todos os outros sacramentos são actos de culto com liturgia
também apropriada.
Lutamos pelos baptismos
comunitários, celebrados em colectividades ou celebrados dentro das missas. Os
pais são acolhidos por um casal e depois há preparação para pais e padrinhos
mensalmente feita pelo pároco. Os párocos da cidade distribuíram ultimamente
uns desdobráveis dando informações sobre o que é e as condições necessárias
para o Baptismo. Um trabalho foi feito em comum com as paróquias da Meadela,
N.ª Sr.ª de Fátima, S.ta M.ª Maior, Monserrate, Senhor do Socorro,
Areosa e Darque.
Para o sacramento da
Penitência que renova a graça baptismal prejudicada pelo pecado temos tempos
fortes pela Páscoa e pelo Natal. Pela Páscoa temos 24 horas de acolhimento para
a Confissão e durante o ano à sexta-feira pela manhã antes da missa e à também
antes da missa. No entanto todos os dias pelas 14.30 na Igreja da Sagrada
Família e na Igreja Paroquial sempre que o Pároco ou na vez dele alguém esteja.
Já se fizeram celebrações
penitenciais por altura da Quaresma, mas as pessoas não aderiam com facilidade.
O número era muito reduzido. Fazemo-las agora na festa do Perdão para as
crianças da catequese, e...
O sacramento da Confirmação
já desde há 30 anos, que administrámos o sacramento da Confirmação aos jovens
que completem 10 anos de catequese. No tempo de D. Armindo Lopes Coelho, de 2
em 2 anos sensivelmente vinha crismar aqui na Paróquia, embora alguns fossem à
Sé. Com os critérios do novo Bispo de Viana alguns têm ido à Sé Catedral para
serem crismados no dia de Pentecostes. Aqui agora só haverá crisma quando for
marcada visita pastoral.
Para os que saem fora do
esquema da catequese normal, e já têm idade adulta, há outro tipo de preparação
para o Crisma.
O Sacramento da Santa Unção
tem sido administrado anualmente a idosos e doentes na quarta-feira santa na
Igreja Paroquial, de forma comunitária, e ao domicílio quando pedem. Procuramos
que cada ano seja diferente a festa da Administração do Sacramento da Santa
Unção e da Comunhão Pascal.
Quanto ao Sacramento do
Matrimónio é feito um acolhimento por um casal e depois é feito o CPM (Centro
de Preparação para o Matrimónio) ao Domingo pela manhã.
Temos tratado do processo
civil para ajudar ou facilitar os noivos e organizamos o processo religioso
como não poderia deixar de ser.
Quanto à liturgia
procuramos dar a oportunidade aos noivos de escolherem as leituras e, até às vezes
fazer uma liturgia apropriada a cada casamento para não ser tão repetitiva.
Quanto ao Sacramento da
Ordem!... Nada se tem feito a não ser o aconselhamento e o desafio feito para
que despertem vocações sacerdotais ou religiosas, mas... sem sucesso! Só houve
um seminarista no Seminário Diocesano e no Seminário do Carmo, nestes 25 anos.
E o último sacerdote que esta zona deu à Igreja foi o P.e Manuel
Miranda; ainda não era Paróquia e já falecido, assim como uma irmã religiosa.
Ao longo destes 37 anos, pontualmente,
fizeram-se muitas coisas a nível litúrgico em relação a leitores, ostiários,
acólitos, corais, mec.s, etc.… neste ano santo da Misericórdia prevêem-se
outras mais para utilizar ao longo do ano que poderão ser as mais próximas
tornadas públicas após a abertura da Porta Santa na Sé Catedral.
Esperemos!...Vem, Senhor
Jesus!
PC
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