África: Francisco abriu porta santa do Jubileu da Misericórdia na
Catedral de Bangui, «capital espiritual do mundo» por um dia
Agência Ecclesia
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29 de Novembro de 2015, às 17:05
Papa pediu fim da
«espiral» da vingança na República Centro-Africana
Bangui, 29 nov 2015 (Ecclesia) – O Papa Francisco apelou hoje na
República Centro-Africana ao fim da “espiral” da vingança, num dia em que fez
história, ao abrir, pela primeira vez, a porta santa de um Jubileu fora de
Roma.
“Uma das exigências essenciais da vocação à perfeição é o amor aos
inimigos, que protege contra a tentação da vingança e contra a espiral das
retaliações sem fim”, disse, na homilia da Missa a que presidiu em Bangui, perante
padre, religiosos, catequistas e jovens católicos.
A celebração começou com a abertura da porta do Ano da
Misericórdia (8 de dezembro de 2015-20 de novembro de 2016), convocado pelo
Papa, que hoje começou de forma excecional na República Centro-Africana (RCA).
“A todos aqueles que usam injustamente as armas deste mundo,
lanço um apelo: deponham esses instrumentos de morte; armem-se, antes, com a
justiça, o amor e a misericórdia, autênticas garantias de paz”, pediu
Francisco, na Catedral da Imaculada Conceição, que reuniu cerca de 2500 pessoas
no seu interior; outros milhares acompanharam a celebração no exterior da Sé.
Para o Papa, o rito de abertura da Porta da Misericórdia na RCA
fez hoje de Bangui a “capital espiritual do mundo”.
Durante este rito, Francisco sublinhou que quis visitar “uma terra
que sofre há anos a guerra, o ódio, a incompreensão, a falta de paz”.
“Nesta terra sofredora também estão todos os países do mundo que
passam pela guerra”, observou, numa intervenção improvisada, à porta da
catedral.
“Bangui torna-se a capital espiritual da oração pela misericórdia
de Deus”, acrescentou.
O Papa convidou a rezar pela paz “para Bangui, para toda a
República Centro-Africana, para todo o mundo, para todos os países que sofrem a
guerra”.
Francisco surpreendeu a multidão ao falar em língua sango para
pedir “amor e paz”.
Após a fórmula de abertura da Porta Santa, o Papa rezou em
silêncio e entrou na Sé de Bangui, à frente da procissão.
Já na homilia da Missa, com a ajuda de um tradutor, Francisco
deixou uma saudação a todos os centro-africanos, “os doentes, as pessoas
idosas, os feridos pela vida”.
A intervenção convidou os habitantes da RCA a rejeitar “conceções
de família e de sangue que dividem”.
“Depois de nós mesmos termos feito a experiência do perdão,
devemos perdoar”, defendeu.
Neste contexto, o Papa desejou que os responsáveis da Igreja sejam
“artesãos do perdão, especialistas da reconciliação, peritos da misericórdia”.
“Em todos os lugares, mas sobretudo onde reinam a violência, o
ódio, a injustiça e a perseguição, os cristãos são chamados a dar testemunho
deste Deus que é amor”, precisou.
No início do tempo litúrgico do Advento, tempo de preparação para
o Natal no calendário católico, Francisco insistiu na importância da “força do
amor que não recua diante de nada”.
“Reconciliação, perdão, amor e paz”, concluiu, sob os aplausos da
assembleia.
Na saudação da paz, o pontífice argentino desceu do altar e
cumprimentou dois elementos da plataforma inter-religiosa para as negociações
de paz: o pastor Nicolas Guerekoyame Gbangou, presidente da Aliança das Igrejas
Evangélicas Centro-africanas, e o imã Oumar Kobine Layama, presidente do
Conselho Islâmico da RCA.
Após a Missa, o programa da visita papal inclui uma vigília de
oração com os jovens da RCA, junto à Catedral de Bangui.
OC
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