sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

“A Misericórdia no Acolhimento”


Paróquia Nossa Senhora de Fátima - Formação de Adultos

Dia: 5 de Dezembro 2015 – Horas: 15:00horas

Local – Igreja da Sagrada Família (Abelheira)

Tema: “A Misericórdia no Acolhimento”

3ª sessão

1 – Objectivos

1.1.   Conhecer a Bula do Jubileu da Misericórdia, Papa Francisco;

1.2. Ler a Carta Pastoral “Sede Misericordiosos”, D. Anacleto – Bispo da Diocese;

1.3     Interiorizar: “Sede Misericordiosos como o vosso Pai é Misericordioso” (Lc 6, 36)

1.4. Aprofundar o termo “Misericórdia” em contexto bíblico;

1.5. Testemunhar a Misericórdia no Acolhimento entre Familiares, Vizinhos e Comunidade;

1.6. Acreditar: “Eterna é a Misericórdia de Deus” (Salmo 136);

1.7. Agradecer a Misericórdia de Deus revelada por Jesus.

 

2 – Textos

2.1 – Bula da Misericórdia

Na Sagrada Escritura, como se vê, a misericórdia é a palavra-chave para indicar o agir de Deus para connosco. Ele não Se limita a afirmar o seu amor, mas torna-o visível e palpável. Aliás, o amor nunca poderia ser uma palavra abstracta. Por sua própria natureza, é vida concreta: intenções, atitudes, comportamentos que se verificam na actividade de todos os dias. A misericórdia de Deus é a sua responsabilidade por nós. Ele sente-Se responsável, isto é, deseja o nosso bem e quer ver-nos felizes, cheios de alegria e serenos. E, em sintonia com isto, se deve orientar o amor misericordioso dos cristãos. Tal como ama o Pai, assim também amam os filhos. Tal como Ele é misericordioso, assim somos chamados também nós a ser misericordiosos uns para com os outros.

A arquitrave que suporta a vida da Igreja é a misericórdia. Toda a sua acção pastoral deveria estar envolvida pela ternura com que se dirige aos crentes; no anúncio e testemunho que oferece ao mundo, nada pode ser desprovido de misericórdia. A credibilidade da Igreja passa pela estrada do amor misericordioso e compassivo. A Igreja «vive um desejo inexaurível de oferecer misericórdia».[8] Talvez, demasiado tempo, nos tenhamos esquecido de apontar e viver o caminho da misericórdia.  Por um lado, a tentação de pretender sempre e só a justiça fez esquecer que esta é apenas o primeiro passo, necessário e indispensável, mas a Igreja precisa de ir mais além a fim de alcançar uma meta mais alta e significativa. Por outro lado, é triste ver como a experiência do perdão na nossa cultura vai rareando cada vez mais. Em certos momentos, até a própria palavra parece desaparecer. Todavia, sem o testemunho do perdão, resta apenas uma vida infecunda e estéril, como se se vivesse num deserto desolador. Chegou de novo, para a Igreja, o tempo de assumir o anúncio jubiloso do perdão. É o tempo de regresso ao essencial, para cuidar das fraquezas e dificuldades dos nossos irmãos. O perdão é uma força que ressuscita para nova vida e infunde a coragem para olhar o futuro com esperança.” Papa Francisco

 

2.2 – Carta Pastoral

“A própria terminologia o exprime, sobretudo aquela em que entram órgãos vitais. É o caso de “misericórdia”: remete-nos para o “coração” (cor, em latim), visto como a parte mais íntima do nossos ser, berço dos sentimentos, das emoções, do afecto, da coragem, do amor; e, na concepção bíblica, sede também das faculdades intelectuais e volitivas. É tudo isso, todo esse centro vital, que sofre e reage perante a “miséria” dos outros. “Que é a misericórdia – pergunta S. Agostinho – senão uma compaixão do nosso coração perante a miséria do outro, que nos leva a socorre-lo, se pudermos?

O grego bíblico, nomeadamente do Novo Testamento, vai mais longe, ao alargar a sede dessa compaixão a todas as “entranhas”. Assim acontece no Benedictus de Zacarias: Graças às entranhas de misericórdia do nosso Deus é que Ele nos salva, pela remissão dos pecados (Lc 1, 78). E S. Paulo exorta-nos, como eleitos de Deus, santos e amados, a revestir-nos igualmente de entranhas de misericórdia (Col 3, 12). Daí o comentário do Papa Francisco: “É verdadeiramente caso para dizer que se trata de um amor “visceral”. Provem do íntimo como um sentimento profundo, natural, feito de ternura e compaixão, de indulgência e perdão.” D. Anacleto Oliveira

 

2.3 – Sagrada Escritura

“Eu quero a Misericórdia e não sacrifícios” (Oseias 6,6)

“Felizes os Misericordiosos porque alcançarão misericórdia” (Mt 5, 7)

“Não julgueis e não sereis julgados; Não condeneis e não sereis condenados; Perdoai e sereis perdoados… A medida que usardes com os outros será usada convosco” (Lc 6, 37-38)

 

3 – Acolhimento

3.1 – Fundamentação Bíblico-Teológica

“Jesus Cristo é o grande modelo do acolhimento, cuja fundamentação teológica encontra-se na Encarnação. Cristo recebe a humanidade, acolhe-a em sua fragilidade e em sua sede de Deus. Outro modelo de acolhimento eclesial é Maria Santíssima. Ela, pelo Sim da Anunciação, recebeu em seu seio o Filho de Deus, com tudo o que isso representava: responsabilidade, riscos e incertezas. O acolhimento +e um acto de amor. Quem ama acolhe e vice-versa.

Os Santos Padres, teólogos dos primeiros séculos, denominam a Igreja comunidade de fé, acolhimento e católica. A Igreja sintetiza a comunidade daqueles que seguem a mesma fé: Há um só Senhor, uma só fé, um só Baptismo. Há um só Deus e Pai de todos, que actua acima de todos, por todos e em todos, afirma São Paulo (Ef 4, 5-6). Esta comunidade caracteriza-se, externamente, pelo dinamismo e a criatividade do amor ao próximo, pois todos são filhos do mesmo pai, que é Deus. Isto é o que chamamos de acolhimento.”

 

3.2 – Referências Bíblicas

“Quem vos receber a mim recebe; e quem me recebe, recebe aquele que me enviou.” (Mt 10, 40)

“A quantos O acolheram deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus.” (Jo 1, 12)

“Sede afectuosos uns para com os outros no amor fraterno.” (Mat 9, 36)

“Assim brilhe a vossa luz diante dos homens, para que eles vejam as vossas boas obras, e glorifiquem o vosso Pai, que está nos céus.” (Mat 5, 16)

“Na verdade vos digo que todas as vezes que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes.” (Mat 25, 40)

“Se alguém vier a mim eu não o mandarei embora” (Jo 6, 37)

“Olha que eu estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, eu entrarei na sua casa e cearei com ele e ele comigo.” (At 3, 20)

 

3.3 – “Quem acolhe, a Mim acolhe”

“Por que acolher bem? O acolhimento fraterno e alegre nos leva a outra indagação: o que o fiel procura em nossas comunidades, ou melhor, quem é que eles vêm procurar? A resposta só pode ser uma: vieram, mesmo sem saber com clareza, à procura de Jesus Cristo! Jesus Cristo que, todavia, foi o primeiro a procurar-vos. De facto, o único significado para uma boa acolhida é levar quem chega a nossos ambientes sagrados a encontrar Jesus Cristo, o Verbo que Se fez carne e veio habitar entre nós. As palavras do Prólogo de São João, de certo modo, deve ser o “cartão de visita” do ministro que acolhe o seu irmão. “No princípio era o Verbo, o Verbo estava junto de Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava, ao princípio, junto de Deus” (Jo 1, 1-2). E diz a grande conclusão: “a quantos, porém, o acolheram, deu-lhes poder de se tornarem filhos de Deus: são os que crêem no seu nome”. (Jo 1, 12). O Senhor também, ao enviar os seus discípulos, vai lembrar-lhes que quem os “acolhe, acolhe a mim, e quem acolhe a mim, acolhe Aquele que me enviou.  D. Orani Tempesta

 

3.4 – Na casa de Zaqueu e Marta

“Zaqueu, desce depressa, porque convém que eu fique hoje em tua casa. E ele desceu a toda a presa, e recebeu-o alegremente. E, vendo isto, todos murmuravam, dizendo que tinha ido hospedar-se a casa de um homem pecador.” (Mat 19, 3-6)

“E aconteceu que indo em viagem, entrou em uma certa aldeia; e uma mulher, de nome Marta, o recebeu em sua casa.” (Lc 10, 38)

“E o que recebe em meu nome um menino como este é a mim que recebe.” (Mat 18 – 5)

 

3.5 – Hospitalidade

Virtude eminente no mundo nómada: Gn 18, 1-8; 19, 1-8; Nm 35, 9-34; Jz 19, 16-26; Sb 19, 14-17n; ritos de acolhimento: oferta de pão e vinho (Gn 14, 18-24), lavar os pés: Lc 7, 36-50; Jo 13, 1-17; 1 Tm 5, 9-10.

 

4 – Prática Cristã

4.1 – Acolhimento;

4.2 – Proximidade;

4.3 – Ternura;

4.4 – Compaixão;

4.5 – Misericórdia;

4.6 – Alimentação;

4.7 – Habitação.

 

5 – Sugestões/Reflexões

5.1 – Como sentir que Jesus vem ensinar a viver?

5.2 – Cantarei eternamente a Misericórdia do Senhor (Salmo 88). Como agradeço a Misericórdia de Deus?

5.3 – Como vai o meu acolhimento na Família, com os Vizinhos e na Comunidade?

5.4 – Qual é a minha capacidade de escutar os outros?

5.5 – Faço silêncio para escutar a Voz de Deus?

 

8 – ORAÇÃO

O Senhor nos guie, nos defenda, nos sustente sempre em seus braços, onde nos sentimos seguros. O Senhor nos mostre o seu rosto e nos dê a sua Paz e Misericórdia. Pronunciarei o Teu nome, meu Deus, solidariamente, no meio dos meus silenciosos pensamentos. Meu Deus dá-me um coração aberto aos outros! Ámen!

 

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