sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

TEMPO DE CONVERSÃO


TEMPO DE CONVERSÃO
 

 
 O Ano Santo da Misericórdia não será santo se não mudarmos a nossa maneira de estar na vida pessoal e comunitária. Há que deixar de chamar velhos aos nossos irmãos com mais idade, os quais têm mais sabedoria empírica da vida, porque velhos são os trapos, os farrapos que se lançam ao lixo ou com os quais se faziam fogueiras nas casas ou junto delas para afastar as cobras; saber acolher de braços abertos não só uma criança, mas sobretudo o mais debilitado pela idade ou quem já perdeu alguma juventude em relação a nós; saber acolher o pobre, o marginal, o sem abrigo, o mal cheiroso porque não tem condições de vida; o marginal, o toxicodependente, o que já não pode das pernas porque passa fome; o “pecador” que se aproxima do bem seja no gabinete, na rua, ou à porta do confessionário; a prostituta que se aproxima.

 
Precisamos de ir atrás de quem precisa de um conforto, de um apoio, seja material seja espiritual, para não cair na tentação de querer resolver um problema moral chutando a bola material, por vezes a base do problema moral, para outro que menos tem, só pelo facto de que apesar de ter menos, é mais; abusar do poder para mandar sem amar, trabalhar sem explorar o mais fraco ou chutar da igreja para fora só porque é doente, como os celíacos, e “ipso facto”, está aos olhos de alguns retrógrados fora da comunhão, esquecendo que muitas vezes a lei não pode matar o Amor, na linguagem do evangelho; o espírito da lei vivifica.
 

            Este Ano Santo não será santo se estivermos a vender o que recebemos de graça (Cf. São Paulo), se continuarmos a juntar o nosso tesouro na terra como se outro caminho, o da misericórdia divina, não existisse.

            Se o nosso Deus não fosse Ele Misericórdia, assim como nascemos, morreríamos carregados de traça. Tudo pagaremos caro porque, em Deus, funciona em plenitude a Justiça, e os critérios divinos da justiça são diferentes dos critérios humanos, são mistério. Apesar da sua infinita Misericórdia, só a Ele compete julgar e não aos homens, sejam peritos em leis ou investidos em títulos de alteza social.

           
Somos nós baptizados e nos dizemos Igreja que, se não mudarmos de atitude, afastamos da Igreja muita gente quando Ela deve ser aberta a todos, especialmente aos pobres, aos oprimidos, aos torturados, aos presos, aos postos de lado por isto ou por aquilo.

            Só não ama a Misericórdia o Diabo e, por isso, não devemos querer nada com ele. Tudo por Deus e nada com o Diabo que só gosta de cifrões e é maquiavélico para alcançar os seus fins, como fez Judas.

            Creio que este ano da Misericórdia, em tão boa hora proclamado pelo Papa Francisco, vai ser um ano de muitas graças que nos conduzirão à conversão, à reconciliação, à Paz e a uma Igreja mais santa, como deve ser a Igreja de Jesus Cristo realizada por todos os chamados a construi-la hoje.                                                                                           Artur Coutinho

 



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