BEATO BARTOLOMEU DOS MÁRTIRES
D. Fr. Bartolomeu dos
Mártires nasceu na freguesia de Nossa Senhora dos Mártires, em Lisboa, no
princípio do mês de Maio (no dia 3?) de 1514. Reinava em Portugal el-Rei D.
Manuel I e presidia à Igreja universal o Papa Leão X.
Era filho de Domingos
Fernandes e de D. Maria Correia, começou por ter o apelido de Fernandes Vale.
Este, de um dos avós. Mais tarde adoptou o apelido dos Mártires, em homenagem à
igreja onde foi baptizado.
Chamado por Deus
entregou-se à Ordem dos Pregadores e em 11 de Novembro de 1528 recebeu das mãos
de Fr. Jorge Vogado, Prior do Convento de S. Domingos de Lisboa, o hábito da
Ordem dos Pregadores, em cujo Instituto professou em 20 de Novembro de 1529.
Mais tarde em Salamanca foi-lhe
conferido o título de Doutor e Mestre em Teologia. Passou depois a leccionar Teologia
e Filosofia, durante 28 anos.
Mas a Ordem precisou dele e foi
eleito Prior do Convento de Benfica, nos arredores de Lisboa.
A Igreja precisou dele
em Braga com outra missão e foi nomeado Arcebispo de Braga, cargo que, contra
sua vontade, foi obrigado a aceitar pelo Provincial da Ordem, em Capítulo
reunido em 8 de Agosto de 1558. A nomeação foi confirmada em 27 de Janeiro de
1559 por Paulo IV.
Foi ordenado bispo na igreja de S.
Domingos, em Lisboa, em 3 de Setembro e no dia 8 recebeu o pálio das mãos do
arcebispo de Lisboa D. Fernando Vasconcelos de Meneses e partiu da Capital no
dia 22 de Setembro. Fez a sua entrada solene em Braga a 4 de Outubro.
Acompanhava-o, entre outros, Fr. João de Leiria, que foi seu Mestre de noviços
no convento da Batalha, e a quem confiou, mais tarde, o governo da
Arquidiocese, durante a sua ausência por ocasião do Concílio de Trento.
Em Janeiro de 1560 iniciou
visitas pastorais aos vários locais da Arquidiocese que ia até Bragança,
Miranda, Vila Real…regressando a Braga no princípio da Quaresma. Tenha-se em
conta que o arcebispado de Braga era muito maior do que hoje e que as
deslocações se faziam numa mula.
Participativo e trabalhador
apostólico como era e Arcebispo de Braga, em 24 de Março de 1561 partiu para
Trento, onde chegou em 18 de Maio, a fim de participar no Concílio com que a
Igreja Católica respondeu à reforma protestante. Aí desempenhou um papel de
grande relevo. Terminado o Concílio saiu de Trento em 8 de Dezembro de 1563,
montado numa mula que Pio IV lhe oferecera, tendo entrado na Arquidiocese por
Freixo de Espada à Cinta. Chegou a Braga, como que em segredo, na tarde de
sábado, 26 de Fevereiro de 1564, e no dia seguinte, segundo domingo da
Quaresma, inesperadamente, apareceu a pregar na Catedral.
A partir de então o grande trabalho
do Arcebispo foi a aplicação das Reformas decididas em Trento, o que não foi fácil.
Veio a solicitar a sua renúncia ao
Arcebispado de Braga, que foi aceite. Tinha 67 anos e encontrava-se, escreve
Mons. Ferreira, exausto, esgotado, velho, doente e falho de memória.
Enquanto a renúncia não foi confirmada por Gregório
XIII, prosseguiu a visita pastoral à arquidiocese, que governou durante 22
anos, de 1559 a 1581.
Quando se encontrava em visita pastoral, em 23 de
Fevereiro de 1582, foi informado de que já tinha sucessor, D. João Afonso de
Meneses (1581-1587). Nesse mesmo dia recolheu ao Convento de Santa Cruz, em
Viana do Castelo, que tinha fundado naquela Cidade.
Apercebendo-se
do fim da vida terrena, em 7 de Julho de 1590, fez testamento:
«Eu o Arcebispo D. frei Bartolomeu
quero e ordeno que levando-me Nosso Senhor para si, meu corpo seja sepultado
neste mosteiro de Santa Cruz de Viana que eu fundei. E declaro que faço pura e
irrevogável doação inter vivos a este mosteiro dos meus livros e dos meus
móveis que tenho e assim de tudo o que me pertencer e tiver vencido até o tempo
do meu falecimento».
Veio a falecer pouco depois, em 16
daquele mês e ano, com 76 anos de idade e dois meses. Quis levar consigo um
anel que Pio IV lhe dera, antes de regressar do Concílio de Trento.
Foi sepultado na capela
mor do referido convento, do lado da Epístola. Para impedirem que trouxessem o
cadáver para Braga ficaram na igreja, por ordem da Câmara de Viana, «trinta
homens armados e tantos continuaram depois muitos dias sem faltar momento de
dia nem de noite revezando-se ordenadamente com suas armas na mão como em auto
de guerra. Até que o Prior e Padres pediram à Câmara quisesse escusar o
trabalho».
Em 24 de Maio de 1609
foi trasladado para um túmulo alto de mármore, do lado do Evangelho, no qual
foi posto o seguinte epitáfio, escrito em latim:
Aqui jaz Fr. Bartolomeu
dos Mártires, natural de Lisboa, Religioso da Ordem de S. Domingos, Primaz das
Espanhas, Adão três vezes grande, o qual sendo tirado da sua cela para a Sede e
Arcebispado de Braga, assim foi em sua opinião forçado e violentado, como se o
arrancaram donde tinha cetro e reinado, para ir ser crucificado. E tendo por
mercê de Deus alcançado em segundo lugar aquela graça de bem governar a Igreja,
que os Apóstolos somente tiveram em primeiro, e com tanta abundância, que
resplandeceu entre os homens, como o Sol entre as pequenas estrelas, do que
nasceu ser amado dos Sumos Pontífices, respeitado e amado dos Padres do
Concílio Tridentino. Vendo-se entrado em dias deixou de sua vontade a dignidade
e tornou a povoar alegremente uma cela, que escolheu neste Convento que ele
tinha edificado, na qual passou o restante da vida, amado de Deus e dos homens.
E vivendo em contínuo trato com o Céu por meio de altas considerações e arrebatamentos
de alma, foi levado a ele dentre os braços e ósculos do Senhor, com mágoa dos
pobres e dos Religiosos, aquele que era pai deles, amador da pureza, mártir em
desejos, em profissão de letras. Doutor e mestre, sal da terra, tocha acesa e
cheia de luz, como espelho e treslado de verdadeiros Bispos e entre todos como
a banha e grossura apartada da carne (Ecles. 47). Viveu 76 e entrado em 62 de
hábito e 32 de Arcebispo e cumpridos 8 depois que tornou para a Ordem, faleceu
no Senhor de 1590 aos 16 de julho. Requiescat in pace. Amen.
Ao entrar na Ordem de
S. Domingos, Bartolomeu dos Mártires tomou por divisa Ardere et Lucere. Nolite conformari
huic saeculo.
Ardere: arder em amor por Deus e
pelos homens; Lucere: ser luz para todos. Alumiar o mundo com exemplos e doutrinas,
guardando-se de o querer comprazer ou conformar com suas leis (Nolite conformari
huic saeculo); esta letra, escreve Fr. Luís de Sousa, «lançava em todos os seus
papéis e cartapácios e desta usou depois toda a vida por divisa junto com a
Cruz da Ordem» (de S. Domingos).
Um dos problemas com
que D. Frei Bartolomeu dos Mártires se confrontou, logo que chegou a Braga, foi
o da ignorância religiosa, quer de sacerdotes quer de leigos. Mal deu início às
visitas pastorais começou a notar «a falta de doutrina, tanto nos doutrinados
como nos doutrinantes, escreve Fr. Luís de Sousa; muitos sacerdotes idiotas
(ignorantes) e poucos idóneos, alguns viciosos e, ainda assim, maus de
contentar...»
Falando no Concílio de Trento, o
Arcebispo dizia: «Ai, e muitas vezes ai, gravíssimos Padres, que vejo e sei que
se dão hoje as igrejas paroquiais como quem dá hortas ou quintas. E daí vem que
não temos quem ensine, quem confesse, nem quem pregue frutuosamente.
Ele mesmo compôs, para o povo, um
Catecismo da Doutrina Cristã e Práticas espirituais, a fim de ser lido nas
paróquias, onde não houvesse pregação.
Por provisão de 3 de Novembro de
1564 ordenava aos párocos e capelães que lessem aqueles livros ao povo. Os
sacerdotes ilustrados eram dispensados de fazer a leitura mas deveriam tratar
de viva voz esses ou outros temas.
De posse do Colégio e com a ajuda
do Arcebispo os Padres da Companhia de Jesus construíram a actual Igreja do
Seminário dos Apóstolos S. Pedro e S. Paulo, que do lado da Epístola tem o
brasão de D. Fr. Bartolomeu dos Mártires.
Em 1560 D. Fr. Bartolomeu dos
Mártires lançou os fundamentos do Convento de Santa Cruz, da Ordem de S.
Domingos, em Viana do Castelo, onde veio a falecer. Os Religiosos tinham a
obrigação de ir pregar à Matriz aos domingos e festas de Cristo e de Nossa
Senhora e de dar quotidianamente lições de Casos de consciência, excepto
durante quarenta dias de férias, perto do Outono. Na Quaresma deviam percorrer
as paróquias de fora da cidade, a fim de nelas fazerem sermões.
Regressado de Trento,
tratou de construir o Seminário, que, por resultar de uma decisão do Concilio
passou a chamar-se conciliar e tomou como patrono S. Pedro. O local escolhido
foi o Campo da Vinha de Santa Eufémia. Começou a funcionar em Outubro de 1572 e
foi seu primeiro reitor Fr. João de Leiria.
Na opinião de Fr. Luís
de Sousa este foi o primeiro Seminário que em Portugal e porventura em toda a
Espanha se edificou.
P. José de Castro, porém, (Ob.
cit., vol. VI, pag. 9) assevera que o Seminário Conciliar de Braga foi o
primeiro seminário de Portugal e do mundo.
O capítulo 18 e último da Sessão 23
de Reformatione, do concílio de Trento, manda erigir um seminário em cada
diocese para prover à educação dos jovens eclesiásticos. «Todos os que desejam
ver a Igreja reformada concordam nisto, que não há outro remédio, se não criar
os Clérigos como antigamente se criavam, isto é, em Colégios, e encerramentos,
e exercícios de doutrina, e disciplina eclesiástica, e devoção», escrevia o
Arcebispo em carta dirigida de Trento em 9 de Março de 1563 a Fr. João de
Leiria, que na sua ausência tinha ficado à frente da Arquidiocese.
D. Fr. Bartolomeu dos Mártires foi,
juntamente com S. Carlos Borromeu, seu particular amigo, o que, na linguagem
profana de hoje, poderíamos classificar como uma das grandes estrelas do
Concilio de Trento, convocado por Paulo III em consequência do fenómeno
protestante. A ele se deve a maior parte do decreto sobre a reforma (De
Reformatione), votado na sessão 25.ª de 3 de Dezembro de 1563. Composto por
quarenta e dois artigos, pode considerar-se a essência da reforma tridentina.
Trata da nomeação dos bispos e dos deveres dos cardeais, da organização dos
sínodos e dos seminários diocesanos, da visita da diocese pelo bispo, da
reforma dos capítulos e das ordens monásticas, etc.
Do Prelado bracarense
escrevia o Padre Mestre Frei Henrique de Távora, em carta dirigida ao hoje
Beato Inácio de Azevedo, datada daquela cidade de 3 de Novembro de 1561:
«Enquanto ao Senhor Arcebispo, posso afirmar-lhe que diariamente cresce em
luzes e santidade (...) Adquiriu aqui uma extraordinária reputação. Os bispos
admiram-no; os pobres procuram-no porque aqui, como em Braga, é o pai deles».
Foi um grande defensor
dos direitos da Igreja. Da Igreja universal e da Igreja bracarense. A defesa
desta sua Igreja de Braga levou-o a protagonizar, no Concílio de Trento, dois
incidentes originados numa questão de precedência do Arcebispo de Braga sobre
os outros arcebispos não primazes, embora mais antigos do que ele na promoção.
O primeiro, com o arcebispo de Naxo, o dominicano grego D. Fr. Sebastião
Leccavéla, muito mais antigo na dignidade; o segundo, por causa da reivindicada
primazia de Toledo.
O primeiro caso foi
facilmente sanado. Pio IV deu ordens para que D. Fr. Bartolomeu dos Mártires se
sentasse à frente dos outros arcebispos, por ser primaz. (P. José de Castro,
Ob. cit., vol IV, pag. 56-58; 100 sgs.)
Frei Luís de Sousa descreve-nos
o Prelado bracarense do seguinte modo: «Foi
o Arcebispo D. Frei Bartolomeu de boa e bem proporcionada estatura, maior que
meã. Conformava com ela a composição de todos os membros, cabeça grande, rosto
comprido e descarnado; testa larga e alta, que abria em uma venerável calva, os
olhos eram pequenos e sumidos, a vista em ambos torcida. Este defeito (chamam
os latinos aos que o têm Strabores) não é de natureza. Tinha o nariz
proporcionado com o rosto, direito e moderadamente levantado; a boca grossa e o
queixo e beiço inferior um pouco saído. Destas feições resultava uma certa
majestade, que o fazia tão grave e venerável, que de primeira vista, era de
quem o não conhecia julgado por esquivo e intratável; mas conversado não havia
maior brandura: era chão, fácil, humano, mais do que se pode crer. Era alvo de
rosto e antes de chegar à muita idade inflamado sempre em cor. Assim poderemos
imaginar a sua imagem, ou o seu retrato.
O Prior do Convento de
S. Domingos de Viana do Castelo promoveu a beatificação de D. Frei Bartolomeu
dos Mártires, requerendo para isso ao arcebispo D. Rodrigo da Cunha uma
inquirição sobre a vida, virtudes e milagres do venerável servo de Deus,
inquirição que foi feita duas vezes, em 1631 e 1635, pelo Prior do Carmo, da
mesma cidade de Viana
Também se trabalhou na
causa da beatificação no governo do arcedbispo D. José de Bragança (1746 e 1748).
Em Agosto de 1863, por ordem do
prelado D. José Joaquim de Azevedo e Moura, o arcipreste de Viana presidiu a
uma inquirição de testemunhas que depuseram sobre os milagres atribuídos à
intercessão de D. Fr. Bartolomeu dos Mártires.
Em artigo que publicou
no «Diário do Minho» de 26 de Julho de 2001 D. Eurico Nogueira procura explicar
o facto de só agora se proceder à beatificação do Arcebispo Santo. Diz que o
processo informativo de beatificação e canonização, na fase diocesana,
iniciou-se poucas décadas após a morte, em tempo dos Reis Filipes, e
desenvolveu-se por várias etapas, de que recorda algumas.
Informa que por Decreto
episcopal de 21 de Fevereiro de 1989 instituiu em Braga o Tribunal eclesiástico
que apreciaria a cura instantânea de Paula da Costa Madeira Lopes, em 14 de
Setembro de 1964 (então criança de nove meses e actualmente professora de
ensino secundário, natural de Guardão – Tondela), filha do Dr. Carlos Alberto
Madeira Lopes, médico, e D. Olímpia da Conceição Costa Madeira, após preces por
esta dirigidas a Deus, por intercessão do Arcebispo Santo, seguindo a sugestão
do P. António do Rosário Sousa Carvalho, O. P., então no Caramulo, em serviço
de pregação. A Conferência Episcopal Portuguesa, por Decreto promulgado na
sessão ordinária de 12 de Março de 1999, aprovou o processo diocesano de
investigação do milagre examinado.
Na Cidade, conta Fr. Luís de Sousa, «mandou tomar a
rol todo o género de pobres, assim das portas, como envergonhados e viúvas e
donzelas honradas, com tanta diligência que não havia necessidade tão encoberta
que andasse fora de seus memoriais. E porque receava ficar-lhe alguma por
remediar, como se fora algum grande delito, encomendava a pessoas de confiança
e virtuosas que com todo o resguardo e cuidado procurassem saber se havia gente
que antes quisesse padecer que manifestar-se e logo lhe dessem aviso para não
lhe escapar o socorro. E ele por outra parte, com o mesmo segredo, se informava
se viviam virtuosamente. E como achava necessidade e virtude, logo entravam no
rol e conforme à qualidade e família lhe taxava a quantidade que haviam de
haver de seu esmoler, de pão, carne e peixe, azeite e vinagre para cada semana
E o pão mandava dar em grão e aos de mais qualidade ajuntava quantia certa de
dinheiro e alguns alqueires de pão na entrada de cada mês. E a todos se acudia
com tanta pontualidade, que nem no dia limitado havia falta nem na taxa
alteração.
Estes eram
providos todos de vestido e às mulheres mandava dar mantas para não faltarem em
ir à igreja. A muitos que moravam em casas alugadas mandava pagar os alugueres.
A esmola da porta que se dava a todos os pobres que a
ela vinham, era quartas e sextas-feiras e era em dinheiro e achava-se que
passavam de mil pessoas, as que de ordinário vinham a ela em cada um destes dias.
Afora esta esmola costumava o Arcebispo dar de sua mão outra a todos quantos
lha pediam sem excepção de pessoa e para isso trazia na algibeira quantidade de
vinténs em prata, que outra moeda nenhuma conhecia nem lhe sabia a valia. »
Nas visitas pastorais, além de pregar e crismar,
reunia também com os pobres, e «a uns acudia com dinheiro na mão para
remediarem suas necessidades logo, a outros tomava em rol para os mandar
vestir».
Praticava também a hospitalidade. Costumava dizer que
«em sua casa só ele era o estranho e os pobres eram os verdadeiros e naturais
senhores dela».
Em tempos
de maior carestia, como aconteceu na «esterilidade apertada» de 1567 e anos que
se lhe seguiram, «mandou suspender os pagamentos e consignações de dinheiro que
dava de suas rendas para a fábrica do Colégio da Companhia, e do seu Convento
de Viana, dizendo que convinha acudir às paredes vivas com as rendas
pontificais, rendas mais propriamente dos pobres que do Prelado». Chegavam a
juntar-se à porta do Paço, para receber esmola, muito pouco menos de três mil
pessoas, e a todos mandava o Arcebispo dar de comer cada dia. «À noite tinham
suas esmolas, que as vinham buscar muitos homens nobres disfarçados, que
dando-se a conhecer ao Padre frei João de Leiria, recebiam cada um com segredo
e decoro a quantidade de pão que haviam mister para as suas famílias».
Paróquia
de Nª Sª de Fátima 12-05-2014
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