Onde está Deus? - Em ti e nos
teus irmãos
Já no Antigo Testamento, o templo para os judeus era bem mais que um
espaço físico, onde se situava a Arca da Aliança. Esta era «Presença» de Deus.
E o templo era o lugar da excelência dessa Presença de Deus, de onde jorra em
permanência uma fonte de água viva para todos. A dimensão simbólica do Templo
era bem compreendida no tempo dos primeiros cristãos: eles foram capazes de
reler as escrituras para compreenderem os gestos de Jesus, zeloso pela Casa do
Pai e anunciador de um Templo novo, o seu Corpo ressuscitado. A destruição do
templo feita pelos romanos não afectava o verdadeiro templo edificado pela
morte e ressurreição. A partir de Jesus, a morada de Deus está no Corpo do Ressuscitado,
neste povo da nova Aliança celebrada no sangue de Jesus, em cada um dos
discípulos de Jesus. O baptismo lembra-nos a água viva que jorra do templo de
Deus e faz de cada um a verdadeira morada de Deus: na adesão a Jesus, pela fé e
pelo batismo, cada um de nós torna-se habitação de Deus, templo da Santíssima
Trindade, conforme nos ensina a Igreja. Daí o insistente apelo de S. Paulo aos
primeiros cristãos das comunidades por ele fundadas para o testemunho da
unidade, capaz de despertar os pagãos para o anúncio que lhes oferecia.
Ainda hoje a unidade pela qual Jesus rezou e da qual a Igreja não pode
prescindir, tem os seus sinais bem presentes, seja na doutrina que arranca do
evangelho, seja nos comportamentos que se esperam dos seguidores de Jesus: o
templo ou igreja, tida como «espaço» da habitação de Deus é lugar de encontro
para os crentes. A Basílica de Latrão, catedral do Papa, é mãe de todas as
igrejas, sinal visível e material de uma unidade espiritual à volta de uma
pessoa, o Papa. Como a Catedral de uma diocese é mãe das igrejas paroquiais à
volta de um bispo, centro de comunhão na Igreja local. Como a Paróquia, sediada
à volta de uma Igreja Paroquial com a sua pia baptismal e de um Pastor, o
Pároco, realiza no quotidiano de todos a união visível da Igreja que Jesus
fundou: nela somos gerados para a fé e nela se educa e desenvolve a fé
baptismal, num processo que vai desde o Batismo até ao funeral, que retoma, no
rito da água benta sobre o cadáver, o simbolismo da água purificadora do
Baptismo.
Ser Igreja é construir no único fundamento que é Cristo e realizar a
Unidade é tarefa de todos. Evitem-se pois todos os gestos que possam pôr em
causa a Unidade de todos à volta do Pastor legitimamente constituido.
O Prior de Barcelos - P. Abílio Cardoso
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