Por Ele todas as coisas foram feitas
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No início do Credo,
proclamamos que Deus é Pai Criador (cf. temas 5 e 6). Agora, no centro do
Credo, voltamos a referir o ato criador para o associar a Jesus Cristo: «Por
Ele todas as coisas foram feitas». E, mais adiante, voltaremos a associá- -lo
com o Espírito Santo. AIa verdade, «embora a obra
da criação seja particularmente atribuída ao Pai, é igualmente verdade de fé
que o Pai, o Filho e Espírito Santo são o único e indivisível princípio da
criação» (Catecismo da Igreja Católica, 316). Agora, vamos aprofundar a relação
de Jesus Cristo com o ato criador. [Para ajudar a compreender melhor, ler:
Colossenses 1, 12-20; Catecismo da Igreja Católica, números 290-294]
«Todas as coisas foram
criadas por Ele e para Ele» - é uma aclamação que faz parte do hino recolhido
ou adaptado por Paulo na Carta aos Colossenses. As afirmações deste hino fazem
parte de um contexto cultural e filosófico em que se pensava que o céu e a
terra estavam povoados por potências misteriosas. Por isso, sem qualquer
dúvida, afirma que Jesus Cristo tem a primazia sobre todas as coisas. I\la
linguagem litúrgica, em especial na solene Vigília, diante do Círio Pascal
cantamos que o Senhor Jesus Cristo ressuscitado é Alfa (A) e o Omega (£2). 0
Alfa é a primeira letra do alfabeto grego. 0 Omega é a última. Jesus Cristo é o
princípio e o fim de todas as coisas. «Em virtude da sua altíssima dignidade,
Cristo precede ‘todas as coisas’, não só por causa da sua eternidade, mas
também e sobretudo pela sua obra criadora e providente: ‘porque n’Ele foram
criadas todas as coisas’. [...] Paulo indica-nos uma verdade muita importante:
a história tem uma meta, uma direção. A história orienta-se rumo à humanidade
unida em Cristo, ao homem perfeito, ao humanismo perfeito. Por outras palavras,
São Paulo diz-nos: sim, há progresso na história. Há por assim dizer uma
evolução da história. Progresso é tudo o que nos aproxima de Cristo e assim nos
aproxima da humanidade unida, do verdadeiro humanismo. Desta forma, no interior
destas indicações esconde-se também um imperativo para nós: trabalhar pelo
progresso é o que todos nós queremos. Podemos fazê-lo, trabalhando pela
aproximação dos homens a Cristo;
podemos fazê-lo, conformando-nos pessoalmente a Cristo,
caminhando deste modo na linha do
progresso autêntico» (Bento XVI,
Audiência Geral de
4 de janeiro de
2006).
Por Ele todas as coisas foram feitas. Esta afirmação faz a passagem entre a
natureza divina e humana de Jesus Cristo, no «Credo niceno-
constantinopolitano». É o coração do Credo! É o coração da História! «No
princípio existia o Verbo. [...] Por Ele é que tudo começou a existir; e sem
Ele nada veio à existência», refere o prólogo do evangelho segundo João
(1,1.3). Esta centralidade de Jesus Cristo já está anunciada no Antigo Testamento
através dos conceitos de «Palavra» e de «Sabedoria». Jesus Cristo é a Palavra
de Deus que chama todas as coisas à existência: «Deus disse...» (cf. Gênesis
1). Jesus Cristo é a Sabedoria de Deus, que acompanha o ato criador como
sublinha o livro dos Provérbios (8, 22-31). «Na Sagrada Escritura a criação
também está muitas vezes ligada à Palavra divina que irrompe e age: ‘O céu foi
feito com a palavra de Javé, e o Seu exército com o sopro da Sua boca... Porque
Ele diz e a coisa acontece... Ele envia as Suas ordens à terra, e a Sua palavra
corre velozmente’ (Salmo 33, 6.9; 147, 15). Na literatura sapiencial
veterotestamentária é a Sabedoria divina personificada que dá origem ao cosmo,
atuando o projeto da mente de Deus (cf. Provérbios 8, 22-31). Já foi dito que
João e Paulo na Palavra e na Sabedoria de Deus verão o anúncio da ação de
Cristo 'por Quem tudo existe e por meio do Qual também nós existimos’ (1
Coríntios 8, 6), porque é ‘por meio d’Ele que (Deus) também criou o mundo’
(Hebreus 1, 2)» (João Paulo II, Audiência Geral de 26 de janeiro de 2000). Esta
centralidade de Jesus Cristo é também evidenciada nos documentos da Igreja. Por
exemplo, na Constituição Pastoral sobre a Igreja no mundo atual («Gaudium et
Spes»): « A chave, o centro e o fim de toda a história humana encontram-se no
seu Senhor e mestre» (número 10). «O Senhor [Jesus Cristo] é o fim da história
humana, o ponto para onde tendem os desejos da história e da civilização, o
centro do gênero humano, a alegria de todos os corações e a plenitude das suas
aspirações» (número 45).
Na Liturgia, todas as
Orações Eucarísticas concluem com a solene proclamação da centralidade de Jesus
Cristo em sintonia com a Trindade: «Por Cristo, com Cristo, em Cristo, a Vós
Deus Pai, todo-poderoso, na unidade do Espírito Santo, toda a honra e toda a
glória, agora e para sempre. Amén». In DM,5.3.2013
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