Vocabulário OPORTUNO
Neste período de vacância da Sé Apostólica é oportuno
recordar o significado de um conjunto de vocábulos que se ouvem com muita
frequência.
Câmara Apostólica. Repartição da Cúria Romana que, depois de
ter tido largos poderes no passado, hoje quase se limita à administração
interina dos bens e direitos temporais da Sé Apostólica entre a morte (ou a
resignação) do Papa e a eleição do sucessor. É o centro das decisões após o
final do pontificado. A ela preside o Cardeal Camerlengo, neste caso D.
Tarcisio Bertone.
Camerlengo. Cardeal que preside à Câmara Apostólica, ao qual
cabem funções importantes durante a vacância papal: administrar interinamente
os bens da Sé Apostólica, (providenciar no respeitante às exéquias do pontífice
defunto, se for o caso), selar o escritório e o quarto do Papa após o final do
pontificado, inutilizar o anel do pescador e o selo de chumbo do pontífice,
assegurar o bom funcionamento do conclave dos cardeais que elegem o novo Papa.
O anel do pescador e o selo de chumbo são insígnias oficiais do Papa.
Feito em ouro, o anel do pescador tem uma representação de S.
Pedro num barco, a pescar, e o nome do Papa em volta da imagem. A anulação
destas duas insígnias significa que, no período da Sé vacante, ninguém pode
assumir prerrogativas próprias do bispo de Roma.
Capela Sistina. Espaço onde, desde 1492, acontece a eleição
do Papa. Deve o seu nome ao Papa Sisto IV (1471-1484), que promoveu as obras de
restauro da antiga Capela Magna a partir de 1477. O Papa Júlio II (1503-1513),
sobrinho do Papa Sisto, confiou a decoração daquele espaço a Miguel Ângelo,
que pintou a abóbada e a parte alta das paredes com cerca de 300 figuras. Tem
as dimensões iguais às do templo do rei Salomão, em Jerusalém: 40,5 metros de
comprimento, 13,2 de largura e 20,7 de altura. (...)
Cardeal. Um alto dignitário da Igreja Católica Igreja
Católica, que assiste o Papa nas suas decisões. É um conselheiro específico
que pode ser consultado, pessoal ou colegialmente, em determinados assuntos,
quando o Papa o desejar. Etimologicamente deriva do latim cardo/cardinis; em
português, gonzo ou eixo, em torno de que gira algo, como é o caso do gonzo da
porta. Algo de fundamental à volta de que se movimenta a Igreja. O título de
cardeal foi reconhecido pela primeira vez durante o pontificado de Silvestre I
(314-335). Cada cardeal é inserido numa ordem própria (episcopal, presbiteral
ou diaconal), tradição que remonta aos tempos das primeiras comunidades
cristãs de Roma, em que os cardeais eram bispos das igrejas criadas à volta da
cidade (suburbicárias) ou representavam os párocos e os diáconos das igrejas
locais. Hoje todos recebem o episcopado. Agrupados no Colégio dos Cardeais, são
também chamados de purpurados, pela cor vermelho-carmesim da sua indumentária.
Na diplomacia são considerados como “príncipes da Igreja”. Na sua forma atual,
o Colégio Cardinalício foi instituído em 1050. Os cardeais são escolhidos exclusivamente
pelo Papa. Elegem o Papa os cardeais que têm menos de 80 anos de idade. (...)
Clausura. Nos institutos religiosos dá-se o nome de clausura
à norma canónica que proíbe aos religiosos/as sair e aos estranhos entrar pelo
menos numa parte reservada das respetivas casas.
Durante o conclave os cardeais eleitores estão em clausura,
isto é, sem qualquer contacto com o exterior. (...)
Conclave. Etimologicamente, cum clavis, fechado à chave. Lugar onde os
cardeais se reúnem em clausura para a eleição do Papa. Em 2005, pela primeira
vez na história, os lugares do Conclave estenderam-se a todo o espaço do
Vaticano. O alojamento é na Casa de Santa Marta; as celebrações litúrgicas, na
Capela de Santa Marta ou eventualmente noutras capelas; a eleição, na Capela
Sistina. (...)
Consistório. Reunião de cardeais para tratar com o Papa de
assuntos de especial importância para a Igreja.
Pode ser ordinário e extraordinário. O primeiro pode ser
público, quando celebra atos solenes, nele sendo admitidas outras pessoas; o
segundo, destinado a tratar dos assuntos mais importantes, é reservado ao
colégio cardinalício. (...)
Cúria Romana. Conjunto de dicastérios e organismos que coadjuvam o Papa no
exercício da sua missão. É um instrumento à disposição do Papa para o governo
da Igreja Universal.
Constituem-na a Secretaria de Estado, as congregações, os
tribunais, os conselhos pontifícios, os ofícios, os institutos, onde são
tratados os diversos assuntos relativos à vida da Igreja. (...)
Decano. Em geral é o membro mais antigo duma corporação.
O decano do Sacro Colégio é um dos seis cardeais a que estão
atribuídas as dioceses suburbicárias de Roma, ao qual compete presidir ao
Colégio dos Cardeais como o primus inter pares (primeiro entre iguais). Tem
residência em Roma.
Dicastérios. São os mais importantes organismos da Cúria Romana, presididos
por cardeais. (...)
Papa. Aquele a quem compete o governo da Igreja, como sucessor de
S. Pedro. É também o Bispo de Roma.
É o sucessor do Príncipe dos Apóstolos, a quem Jesus confiou
a missão de assegurar a unidade da sua Igreja, não só como figura simbólica,
mas com os poderes para isso requeridos de garante das verdades da fé, governo
universal e juiz supremo. No século VI o nome de Papa reservou-se ao Bispo de
Roma. Na qualidade de Bispo de Roma, o Papa tem como catedral a Basílica de S.
João de Latrão.
Sé Apostólica ou Santa Sé. É a sé (sede) do Bispo de Roma que, na sua qualidade de
sucessor do Príncipe dos Apóstolos, é também o Papa ou Chefe da Igreja Católica.
É sujeito de direito internacional reconhecido pela maioria dos Estados, com os
quais troca pessoal diplomático. O representante da Santa Sé junto dos diversos
Estados é o Núncio Apostólico, considerado o decano do corpo diplomático.
Garantia da total independência da Santa Sé é o reconhecimento da soberania do
Estado da Cidade do Vaticano. (...)
Vaticano. Um Estado independente, situado na cidade de Roma, na margem
direita do Tibre, com um pouco menos de meio quilómetro quadrado de superfície.
É um Estado soberano de direito público internacional. O Chefe do Estado é o
Papa. Surgiu em 11 de fevereiro de 1929, em consequência dos Acordos de Latrão,
de 11 de fevereiro de 1929, quando o Papa se viu despojado dos chamados estados
pontifícios. A Cidade do Vaticano compreende o Vaticano, a Basílica de S.
Pedro, os jardins papais e a Praça de S. Pedro. Além disso, o Estado do
Vaticano possui, como propriedades livres, com o direito de extraterritorialidade,
várias edificações em Roma: as igrejas de S. João de Latrão, S. Paulo Fora de
Muros e Santa Maria Maior. Possui também a residência de verão dos Papas, em
Castel Gandolfo.
Silva Araújo, In DM 07.03.2013
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