sábado, 23 de fevereiro de 2013


A  Conversão de  Gonçalo Malafaia
 
 
Testemunhos


Texto: Frei José Dias de Lima. OFM
“esta trans­formação foi possível pelos senti­mentos cris­tãos que a sua mãe lhe incutira”
Gonçalo Malafaia, armado de arma branca, investiu, contra D. Efigénia, que se preparava para entrar no seu automóvel:
- “A carteira, os anéis e o colar, e já!” Amedrontada, D. Efigénia entregou tudo imediatamente.
- “Aqueles três sacos, que estou a ver dentro do carro, também, rápido!”
-  “Mas, nào são valores, são ape­nas algumas mercearias, uma ^juda para uma necessitada que conta os cêntimos no fim do mês para poder sobreviver!”
- “Fico com tudo!”
-  “É demais! - disse D. Efigénia, num gesto de coragem - para além de querer roubar o que é meu, quer ainda tirar-me estas mercearias que aquela pobre, presa a um andarilho, precisa para matar a fome e a fome do malandro do filho que não quer trabalhar'?!”
-  “Presa a uni andarilho?!” Pergun­tou Gonçalo.
- “Presa a um andarilho, sim!
-  " E onde mora essa entrevada?” Continuou Malafaia.
-  “A dois quarteirões daqui, no fim da Rua Direita no r/c -1.° Esquerdo!”
-  “E como se chama essa mulher entrevada?”
-   “Guilhermina Malafaia é o seu nome! Mas porquê?! Qual o inte­resse em saber o nome e a morada da pobre, se a gente da vossa laia não respeita ninguém?! Quererá também roubá-la?! Seu desgraçado! Desengane-se que o filho lhe leva tudo e a põe pele e osso!”
Gonçalo, corado de vergonha, e sem se atrever a olhar para D. Efigénia, ao mesmo tempo que lhe devolvia a sua carteira e todos os seus perten­ces disse, subitamente:
-   “Fique tranqüila minha senhora, que não lhe farei mal. E desculpe!”
-   "Desculpe?! Essa traz água no bico! Onde se viu ladrão pedindo desculpa e devolvendo na hora o que tão depressa roubou?! Invecti- vou D. Efigénia, muito admirada.
-  “Minha senhora, o meu nome é Gonçalo Dias Malafaia Gomes, e a senhora entrevada no andarilho, a quem se destinam as mercearias, é a minha mãe!”
- “O desgraçado, és tu o filho da Gui­lhermina Malafaia?! Pobre da tua mãe! O que ela passa para te manter, rapazola! Quantos dolorosos desa­bafos, a teu respeito, e que eu oiço com atenção, porque tenho quatro filhos, cresceram, arrumaram a vida mas, graças a Deus, nenhum me causa lágrimas."
- “Diga-me, por favor que lhe diz ela de mim?” Implorou Malafaia.
-  “Olha, rapaz, desabafa que daria sua a própria vida para te tirar desse caminho lamacento em que te meteste, se lhe fosse possível. Agarrada ao terço e a um velhinho livro de orações, não pára de pedir a Deus o milagre da tua mudança de vida e o regresso ao comporta­mento recto e à vida cristã que te levou à Primeira Comunhão e ao Santo Crisma, mas que abandonaste e trocaste pelas más companhias!”. Gonçalo Malafaia, aíi mesmo, com os olhos embaciados pelas lágrimas disse, emocionado pelo que ouviu:
-   “Minha Senhora, não veja mais a luz do dia se a partir de hoje não deixar de ser o traste de filho em que me tomei. Porque há-de minha mãe mendigar as migalhas, de gente tão boa como a senhora, para me dar de comer, se eu posso ser a sua companhia e dedicar-me a um tra­balho honesto para que ela sinta, ao menos, nos poucos anos que lhe restam, alguma alegria e não carre­gue o fardo da vergonha por minha causa? Ah caia eu redondo no chão se falhar este propósito!” Aproveitando a boleia daquela ben- feitora, Gonçalo malafaia acompa­nhou-a até casa da sua mãe, e ali, diante de sua mãe, renovou o com­promisso que tomou. D. Guilher­mina providenciou-lhe um trabalho, que ele agarrou, decidido. A lição que este jovem recebeu, naquele encontro acidental, fê-lo arrepiar caminho e mudar radicalmente o seu proceder. Claro que toda esta transformação foi possível pelos sentimentos cristãos que a sua


-   mãe lhe incutira desde o berço e que ele tinha esquecido em virtude das más companhias que o assediaram, mas que agora estavam produzindo fru­tos de conversão e arrependimento. E que a caridade, unida à fé, dá fru­tos não duvidemos, senão aprenda­mos com D. Efigénia e com a con­versão de Gonçalo Malafaia.

Que lição maravilhosa para este Ano da Fé!                              Fev. 2013,In  Missões Franciscanas

 

 

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