quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Um padre do passado? Que fazemos da nossa oblação, da nossa entrega a Deus?


Um padre do passado?
 
Não há padre do passado. Só há padres do presente. Eu não quero ser padre do passado embora reconheça que já não sou o mesmo de há 40 anos.

Seja como for, um Padre enquanto não tiver uma demência senil avançada como qualquer pessoa pode ter e tiver consciência do que faz é sempre padre e os seus atos de sacerdote ministerial são sempre lícitos e válidos, a não ser que tenha cometido alguma infração canónica que suspende a si próprio ou o Bispo tenha de suspender. E quando perder a consciência morrerá sempre padre.

O que eu quero dizer é que as pessoas às vezes acham que os jovens só estão bem na Igreja com padres novos.

Os jovens de hoje são diferentes de outros tempos. Antigamente eram educados e subservientes aos pais, aos avós, aos bisavôs, mas hoje já não é bem assim. É por isso que gostarão mais de um padre jovem, mais próximo na idade, é normal. Embora com menos radicalidade, sempre aconteceu uma tendência da proximidade da idade.

Todos sabemos que para muitos jovens, os pais só interessam enquanto dão dinheiro e os avós idem aspas. Quando não precisam deles, nem os procuram muitas vezes, a não ser em ocasiões de festas.

Portanto não há padres do passado, há mas são jovens com um modo de ser diferentes dos padres mais velhos, idosos e são considerados afastados, antiquados, “peças de museu” e que nada têm a ver com o mundo de hoje, segundo alguns jovens que nasceram e foram ou são educados num mundo diferente.

Em alguns casos isso até é possível, sobretudo, entre aqueles que pouco fizerem por se atualizarem em formação, em busca de nova informação, de nova linguagem, em prática e criatividade pastoral.

Eu tenho 66 anos, já faço parte da terceira idade. É com muito gosto que o afirmo porque, caso contrário, seria sinal de que não tinha atingido esta idade. Esse dom da vida e da minha atividade e das minhas limitações físicas e espirituais, pois não sou um santo, mas um entre todos na Igreja, eu o devo a Deus que mo dá sem o merecer.

Ora isto dá-me prazer e louvo a Deus que me tem dado esta graça. Nele confio e rejeito as forças do mal que, às vezes, caluniando, difamando… querem denegrir a sua imagem e, psicologicamente, destrui-los.

É abominável aos olhos de Deus esta atitude de atirar a pedra e esconder a mão… Respeitemo-nos uns aos outros como irmãos que somos em Cristo. Leigos e sacerdotes devem envolver-se na comunhão da mesma fé e mais nada. Deus é Amor e somos diabólicos quando somos contra o Amor e nos agarramos ao ódio, à vingança, à destruição dos bens materiais e espirituais dos outros.

Que fazemos da nossa oblação, da nossa entrega a Deus?

Sou um padre do passado, mas com vontade de viver o presente com felicidade e alegria que contagie, o que nem sempre acontece porque sou fraco. Enquanto depende de mim, mas não quando depende dos outros que pode ser de provocação e de rejeição e de abandono num Cristo sofredor até à Cruz.

 

1 comentário:

  1. O seu testemunho é comovente, pleno de vitalidade evangélica...é o nosso pastor, que Deus o conserve por muito tempo entre nós Pe. Artur, pois faz-nos muita falta!

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