domingo, 24 de fevereiro de 2013

O Papa da nossa Fé --- Bispo eméroto de Roma


O Papa da nossa Fé

 
O Ano da Fé é um presente que o Papa Bento XVI ofe­receu à Igreja, entre muitos outros, sendo de destacar o precioso Catecismo da Igreja Católica, de cuja pri­meira edição festejamos os 25 anos. Mas a sua pas­sagem por Portugal também nos ofereceu pequenos exemplos e testemunhos da sua, da nossa Fé.

Refiro-me ao modo como as pessoas recebiam a comunhão das mãos do Vigário de Cristo: de joelhos e com um acólito a segu­rar uma bandeja para recolher as pequenas partículas que even­tualmente pudessem cair das Hóstias consagradas. Soube-se, mais tarde, que se tratava de um pedido formal do Papa e não de um mero gesto protocolar.

O facto deve ter deixado marca na vida interior de alguns portu­gueses, pois aumentou o número de pessoas que se ajoelham, por vezes no chão (sobretudo os jovens) para receber a comu­nhão na boca. Alguns párocos já se aperceberam do fenômeno e colocaram genuflexórios nas suas igrejas, permitindo um maior conforto a quem optar por esta modalidade e mantendo a possi­bilidade da comunhão em pé aos que assim preferirem ou esti­verem impossibilitados de o fazer. Nessas paróquias, reparamos que muitos adultos acompanham o exemplo dos jovens.

Na verdade, é o próprio Cristo que está presente na Hóstia con­sagrada e o Santo Padre recordou-nos isso com estes gestos li- túrgicos de veneração, respeito e adoração. Levantar-se para cum­primentar alguém - os pais, uma senhora, um professor, um su­perior - é um sinal de respeito e de justa retribuição, pois, em princípio, todas estas pessoas contribuíram de alguma forma para a nossa boa forma de viver: deram-nos a vida, formação huma­na, conhecimentos, trabalho e formação profissional, etc.. Quem muito dá, merece alguma retribuição, geralmente manifestada por gestos de carinho, como os beijos dos filhos aos pais. O respei­to é a forma de carinho conveniente entre pessoas que se rela­cionam com menor grau de intimidade ou que desejam manifes­tar reconhecimento ou admiração.

Com efeito, nas relações humanas podemos distinguir dois tipos: as públicas e as privadas. Nas primeiras, é conveniente usar ges­tos previstos ou protocolares e que devem seguir certas regras e convenções de acordo com as tradições dos países, clubes, colégios, etc. Nas privadas é permitida uma maior espontanei­dade. O mesmo sucede em relação a Deus. A comunhão é um acto público e consiste em receber no corpo e na alma o pró­prio Deus que morreu para nos salvar. O gesto conveniente do homem em relação a Deus é de adoração: ajoelhar-se, no nos­so mundo ocidental.

O cuidado de usar bandeja também faz pensar. Se as Hóstias es­tão consagradas, as partículas (migalhas) que delas se despren­dem também o estão e devem ser veneradas com o mesmo res­peito. Uma vez recolhidas, costumam ser colocadas no cálice e consumidas juntamente com água.

Decididamente, devemos agradecer muito ao Papa Bento XVI que nos tenha ajudado a aumentar a nossa Fé, mesmo em atitudes aparentemente de pouca monta.

 In Diário  do Minho ,por Isabel Vasco Costa, em artigo de Opinião

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