sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Fé e amor matrimonial


REFLECTINDO.,._____________


Por: Pe. Rodrigo Lynce de Faria

O homem e a mulher, diz-nos o Catecismo no número 372, são feitos um para o outro. Não é que Deus os tenha feito “a meias" e “incompletos”. Criou-os para uma comunhão de pes­soas, em que cada um pode ser ajuda para o outro. São, ao mesmo tempo, iguais enquanto pessoas e complementares en­quanto masculino e feminino.

Por esse motivo, amar também é estimar as diferenças que existem entre o homem e a mulher. Diferenças queridas por Deus desde o principio da Criação.

A maior felicidade a que uma mulher pode aspirar no seu ca­samento é que o marido que está lá em casa seja verdadeira­mente um homem. No entanto, esse facto vai ter como con­seqüências inúmeras rudezas e indelicadezas que ela saberá aceitar e amar porque entende que ele é "diferente".

E aquilo que um marido mais deve pretender para a sua felici­dade matrimonial é que a sua esposa seja de verdade uma mu­lher, apesar de todos os aborrecimentos que lhe possa causar a sua misteriosa e delicada afectividade.

O homem precisa dessas qualidades femininas que lhe faltam e a mulher das qualidades masculinas. É um apoio específico que o homem não encontra nos outros homens, nem a mulher nas outras mulheres.

O problema é que, como diz R. Llano Cifuentes, a nossa épo­ca está cativada pelo mito narcisista do “amor sentimental". Mito que oscila entre o romantismo dourado da paixão que “tudo jus­tifica” e o cinismo duro como o diamante que dá um pontapé no traseiro do outro com estas palavras de “carinho”: “Sinto mui­to... acabou-se o amor”.

Um exemplo muito actual deste cinismo traduzido em palavras sentimentais e enganosas: “Quando o amor começa a murchar não há muito a fazer. O melhor mesmo é procurar que ele mor­ra sem muita dor”. Uma espécie de eutanásia aplicada “suave­mente" ao amor matrimonial.

E fundamental que os casais que se dizem cristãos vivam e saibam transmitir aos outros a alegria do amor gratuito. Um amor sem cálculo, amadurecido, abnegado, que encontra de forma paradoxal a sua maior gratificação sob a forma de felicidade. O amor, mesmo quando inclui o sacrifício - e, se for genuíno, sem­pre o incluirá - é a fonte secreta da felicidade matrimonial.

Porquê tantas crises conjugais nos nossos dias? Talvez por­que muitas pessoas perderam a noção de quem são, de onde vêm, para onde vão e o que fazem por aqui. Essas crises conju­gais procedem antes de mais nada de crises existenciais. A per­da da convicção de se estar a caminhar com passo firme para a felicidade eterna - a perda da fé - gera um processo de dolorosa crise existencial e, consequentemente, também matrimonial.

Pelo contrário, a fé profunda traz consigo uma enorme energia vital, uma força e uma paz da qual só podem falar aqueles que a experimentam. Essa força passa de um cônjuge para o outro, e destes para os filhos.

In D.M.

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