Apontamento
escrito à mão do século XIX
Capella
de S. João d`Abelheira
Fundada em 1300. O ano de 1708 refere-se ao tempo em que se fez algum reparo interior. É tão antiga que já no tempo de D João I, falecido em 1433, ordenou ao senado da Camara fosse em acto da Camara no dia do Santo dizer na referida Capela uma missa rezada pello capellão do mesmo senado para o que consignou certo e estipêndio. Era costume subir o senado á cortezã montado em lindos cavallos, e mais comitiva girando pelas ruas principais.
Finda
a festa tomavam uma refeição nas casas da quinta da Administrador d’esta
Capella. Hoje creio que nem uma luz (missa?)
se diz no dia do Santo!
Tem
um altar-mor para o qual se entra por uma porta no remate do qual se lê a era
de 1708. Dentro ha vestigios d`antiguidades. He antiga a porta que tem a figura
de um arco com uma cruz no topo. Tem um
cruzeiro moderno no pequeno terreiro que ha em frente da capella e para o qual se
sobem 5 degraus, e fica ao lado do norte.
Na
Capella ha uma porta que deita para a Quinta desta Capella foi inteiramente
reparada em 1841.
Havia
n’esta Capella um carneiro que cobria uma campa de pedra com umas armas que
João Coelho de Castro Villas–Boas e Sá, actual possuidor d’esta Capella (….) mandou
tirar porque se topava n’ella com os pés.” Estavam na capella-mór.
Outra
referência que se refere a esta capela pelo meio da qual passa o limite da
freguesia de Santa Maria Maior e Meadela, aparece
São João. —
Esta festa celebrava-se, desde 1528, todos os anos por iniciativa camarária, na
capela da mesma invocação, situada na Abelheira. Foi instituída para honrar o
santo do nome de D. João III, o rei que restituiu os privilégios à Vila, que
andavam meio suspensos desde o ano de 1506, altura em que desobedeceram ao
monarca, queimando as duas embarcações de trigo, quando se preparavam para
levantar ferros do porto desta Vila em direcção a outras partes do Reino. Em
1553 foram corridos, no adro da capela, 6 touros «muito bons». Os moradores
desta freguesia estavam obrigados pela Câmara a fazer fogueiras às portas e
janelas. O Município participava com bandeira, acompanhada de dois oficiais,
que recebiam propinas. No ano de 1605, gastou-se 20.000 rs., «com os nobres que
vam acompanhar a bandeira da camara que no dyto dia vay a sam joham, que está
na freguesia dabilheira ». Em 1610 foi autorizada a despesa de 10.000 rs.„ « na
missa e festa em dia de saom johom baptista dabilheira » 22.
21. , 22. F.G., 109; C.R., 6, 13; idem, 3, 51; idem, 5, 61;
L.A., 1553, 2, 56; idem, 1531, 1, 57; L.R.D., 1587, 45; idem, 1605, 28.
Manuel Fernandes Moreira, O Município e os
forais de Viana do Castelo-1986
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