sábado, 22 de fevereiro de 2014

Quero ser pai?

Quero ser pai?

Argumentos a favor e contra a paternidade

Alvaro Real
            
Amanda Tipton
Sim, serei pai. E, como imagino que deve acontecer com a maioria dos homens, estou morrendo de medo. Não tenho vergonha de admitir isso, mas estou certo de que, dentro de alguns meses, negarei ter escrito este texto. Como pai de primeira viagem, pesquisei na internet todo tipo de informação, como se existisse um manual de instruções para ser pai. O resultado está sendo demolidor.

Há pessoas que negam a paternidade acima de todas as coisas. São os "Sem filhos por opção", que argumentam não haver razão peso para ter filhos, que eles causam problemas e atrapalham a vida cotidiana. Além disso, afirmam não ser capazes de assumir a grande responsabilidade de ter, educar e criar um filho. Estes são argumentos muito pessoais, com os quais não me identifico em absoluto.

Eles dizem que alguns motivos para não ter filhos são: não querer sacrificar a privacidade pessoal pelos filhos ou o tempo para seu cuidado e atenção; não reduzir as possibilidades de promoção no trabalho; manter a possibilidade e capacidade de estudar, mudar de cidade, de emprego etc., tanto a curto como a longo prazo.

É muito provável que seja assim mesmo e não me atrevo a refutá-los. Mas esta é uma visão muito negativa da paternidade e, definitivamente, para quem pensa assim é preferível não ter filhos mesmo.

Alguns vão além e chegam a dizer coisas como: é possível oferecer uma maior contribuição à humanidade sem ter filhos; ter filhos por decisão própria não é adequado, quando existem muitas crianças no mundo em condições desumanas, algumas delas em adoção.

Li inclusive apocalípticos que explicam que é intrinsecamente imoral trazer gente ao mundo e, além disso, deve-se evitar o sofrimento que acompanha a vida. E existem as feministas, que consideram a paternidade como uma construção social heteronormativa que subjuga a identidade pessoal e seu progresso, ao restringir as opções de estilo de vida.

Sempre pensei que fazer dos próprios problemas uma ação categórica não é uma boa solução. Mas, além disso, a meu ver, a vida não é um sofrimento; não acho que minha contribuição à humanidade seja tão decisiva assim; e não sei decifrar o que significa "subjugar a identidade pessoal".

Por outro lado, existem os que defendem a paternidade como um bem para a sociedade.

São aqueles que falam de ter filhos como uma forma de garantir a velhice do conjunto da sociedade do bem-estar; falam da necessidade de filhos para compensar o crescimento do envelhecimento da população; e os que veem nos filhos uma forma de transmissão cultural ou social sem a qual seríamos conquistados culturalmente.

Depois de tanta argumentação a favor e contra a natalidade, estou horrorizado, porque o amor entre os pais nunca aparece como um elemento decisivo; então, decidi parar de pesquisar sobre este tema.

É melhor ir dormir e, junto à minha esposa, desfrutar dos primeiros chutes e movimentos da nossa filha. Quando ela perguntar por que a trouxemos ao mundo, eu lhe direi que foi por amor.
 

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