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Família, escola de ternura
Muitos afirmam ter Deus e a família em primeiro lugar,
mas, na prática, acabam investindo mais tempo e recursos em outros elementos
Vinogradov Illya
É importante aprender a construir sobre rocha nossos anseios
mais nobres, para que não acabem como projetos de poucos períodos da vida.
Refiro-me a todos aqueles planos que fazemos na cabeça, mais que no coração, e
que finalmente são dispersos pelo tempo.
Eu gostaria de refletir sobre projetos que incluam o perdão e a restauração
familiar. Não existe instituição sobre a terra que mereça mais atenção que a família.
É nela que Deus começou uma história de salvação e de amor por cada um
de nós; é nela que, apesar de todas as suas deficiências, experimentamos a ternura
de Deus; e é nela, portanto, que devemos fazer nossos maiores investimentos de
tempo e afetos.
É importante diferenciar o que se quer do que se ama e do que se pode fazer. Um
dos aspectos que precisamos analisar, neste sentido, é o tempo investido em
casa. Muitas vezes usamos como desculpa o excesso de trabalho para não estar em
família, apoiando-nos na ideia de poder deixar aos filhos um legado
econômico que lhes garanta o futuro. Isso é uma falácia, pois a fortuna
material não produz a estabilidade e a qualidade de vida que todos querem ter e
defender.
Pensemos em todos aqueles membros da família com quem precisamos nos
reconciliar, e incluamos em nossos projetos a construção de uma nova
oportunidade de amor, perdão, ternura. É importante tomar a
decisão partindo da força de vontade, não dos caprichos pessoais.
É preciso compartilhar melhores espaços e momentos com a família, até
que tais momentos se tornem sagrados para cada um dos seus membros, levando-os
a adiar as demais atividades em prol do lar e do fortalecimento dos vínculos
afetivos.
Pais que não dão carinho aos seus filhos dificilmente terão acesso ao seu
coração. Que o trabalho não se torne uma desculpa para deixar de abraçar,
beijar, acariciar o cônjuge e os filhos; que o dinheiro não se torne um
paliativo para os momentos de solidão; e que a ternura esteja em
primeiro lugar.
Este é um verdadeiro projeto de vida em comum. Todo o resto (casa, trabalho,
lazer) é importante, mas está em segundo lugar na escala de valores do
que deve ser realmente indispensável para todos.
Precisamos revisar essa escala de valores que temos em nossa cabeça,
perguntando-nos se ela está enraizada no coração, porque o problema não está
naquilo em que achamos que nos importa, mas no que verdadeiramente nos importa.
Não conheço ninguém que não diga que Deus e a família estão em primeiro
lugar, mas, na prática, estes dois elementos acabam ficando em um segundo
plano, depois de outros nos quais se investe mais tempo e mais dinheiro.
A felicidade não está longe; dela fazem parte pessoas e situações que muitas
vezes não valorizamos tanto, porque colocamos nosso coração naquilo que pode
trazer algum prazer momentâneo.
A família é uma instituição sagrada, um recinto no qual aprendemos a ternura
e o amor, um espaço no qual conhecemos o amor de Deus e
aprendemos a amá-lo e respeitá-lo. A família talvez seja o único e
verdadeiro tesouro que possuímos na terra, pois, ainda que seja verdade que não
levamos nada desta vida, é nela que ficamos.
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