Laurent apresenta-se com um “adoro Portugal,
não trocava isto por nada deste mundo”. É quase embaraçoso vê- lo rasgar
sorrisos ao falar dos portugueses e arrepiar-se quando se lembra da forma como
o país o acolheu.
Sentado
numa cadeira de rodas desde os 17 anos, depois de um “estúpido” acidente de bicicleta
e de uma “operação mal feita” (a que se seguiram mais 16), Laurent Lecuyer, 45
anos, tinha tudo para ser diferente. Mas não. “Há sempre um lado positivo na
vida”, diz-nos. Pela janela vai apreciando as vistas. Não são grande coisa,
andamos num emaranhado de ruas de Gaia, a ex- perimentar os autocarros
acessíveis da STCP (uma das 50 boas práticas realizadas no país permite a Laurent
aceder ao interior do 903, sem qualquer ajuda, deixa-o
sempre sozinho,
entra e sai dos transportes públicos sem dramas. Há muitas barreiras? “Claro
que há”, ri-se.
Há carros mal
estacionados a impedir o acesso às rampas, há passeios intransponíveis, há
elevadores que não funcionam, há igrejas inacessíveis, há museus impossíveis
de visitar, há lugares de estacionamento demasiado estreitos, há pessoas que
baixam os olhos para não darem lugar na fila. E há muitos mais problemas, mas
Laurent encontra sempre forma de contorná- los. “Só uma vez liguei à minha
filha a pedir ajuda”, diz.
Vale-lhe a força
dos braços, ganha com horas e horas de desporto, e o otimismo agarrado à alma.
Conhecer Laurent é uma lição de vida.
JN de 8/06/2013
JN de 8/06/2013
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