segunda-feira, 10 de junho de 2013

Como em cadeira de rodas se encontra sentido para a vida


Laurent apresenta-se com um “adoro Por­tugal, não trocava isto por nada deste mun­do”. É quase embaraçoso vê- lo rasgar sorrisos ao falar dos portugueses e arrepiar-se quando se lembra da forma como o país o acolheu.
Sentado numa cadeira de ro­das desde os 17 anos, depois de um “estúpido” acidente de bi­cicleta e de uma “operação mal feita” (a que se seguiram mais 16), Laurent Lecuyer, 45 anos, tinha tudo para ser dife­rente. Mas não. “Há sempre um lado positivo na vida”, diz-nos. Pela janela vai apre­ciando as vistas. Não são gran­de coisa, andamos num ema­ranhado de ruas de Gaia, a ex- perimentar os autocarros acessíveis da STCP (uma das 50 boas práticas realizadas no país permite a Laurent aceder ao interior do 903, sem qualquer ajuda, deixa-o
sempre sozinho, entra e sai dos transportes públicos sem dramas. Há muitas barreiras? “Claro que há”, ri-se.
Há carros mal estacionados a impedir o acesso às rampas, há passeios intransponíveis, há elevadores que não funcio­nam, há igrejas inacessíveis, há museus impossíveis de vi­sitar, há lugares de estaciona­mento demasiado estreitos, há pessoas que baixam os olhos para não darem lugar na fila. E há muitos mais proble­mas, mas Laurent encontra sempre forma de contorná- los. “Só uma vez liguei à mi­nha filha a pedir ajuda”, diz.
Vale-lhe a força dos braços, ganha com horas e horas de desporto, e o otimismo agar­rado à alma. Conhecer Lau­rent é uma lição de vida.
JN de 8/06/2013

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