As palavras iniciais do lema provêm da liturgia. “Esta é a nossa fé. Esta é a fé da Igreja, que nos
gloriamos de professar, em Jesus Cristo, Nosso Senhor” é a exclamação com que o presidente das celebrações
do Baptismo de crianças e do Crisma reage à profissão de fé proferida,
respectivamente, pelos pais e padrinhos e pelos cris- mandos. Num caso como no
outro, toda a assembleia é convidada a associar-se à fé professada, pelo menos
com o amen conclusivo. São palavras que
exprimem, ao mesmo tempo, gratidão e orgulho:
São de gratidão, porque,
conforme nos diz o Catecismo da Igreja Católica, “a fé é um dom sobrenatural de
Deus. Para crer, o homem tem necessidade dos auxílios interiores do Espírito
Santo.”2 É semelhante ao que se passa, a nível humano, entre um pai
e o seu filho: o amor que este nutre pelo pai, deve-o, habitualmente, ao amor
que o pai tem por ele. Entre Deus e nós acontece o mesmo, mas num grau
infinitamente superior: Não fomos nós que amámos
a Deus, mas foi Ele que nos amou e enviou o seu Filho como vítima de ex- piação
pelos nossos pecados (l Jo 4,10). E até para a descoberta deste amor
impensável e a correspondente entrega de fé ao Deus que assim nos ama, é Ele
que vem ao nosso encontro, através de tantos meios e pessoas que nos oferece,
sobretudo na sua Igreja.
Daí também o sentido do orgulho ou
profunda satisfação que sentimos com a nossa fé, um sentimento que deriva da
sua componente humana. É que “a fé exige a vontade livre e a lucidez do
ser humano, quando este se abandona ao convite divino.”[1]
Mas como a iniciativa vem de Deus, gloriar-se por e ao professar a fé
significa, na prática, gloriar-se do que Ele faz em nós e por meio de nós. Ele
próprio no- -lo diz repetidamente na Sagrada Escritura: Quem se gloria,
glorie-se no Senhor.[2]
Por isso gloriar-se em Deus é um dos modos, talvez o melhor, de Lhe
agradecermos e de, assim, fortalecermos a filial comunhão que a Ele nos une.
Como recorda Santo Agostinho, os crentes “fortificam-se acreditando.”[3]
É nesse contexto que o
Santo Padre, para este Ano
da Fé, manifesta a expectativa de que os cristãos,
nos diversos âmbitos da sua vida eclesial,
“encontrarão forma de fazer
publicamente a profissão do Credo.”[4] Na çiossa
Diocese, irão ser
disponibilizados meios para que cada um de nós possa tê-lo
sempre à mão nas três fórmulas
oficiais na Igreja: a do Símbolo dos Apóstolos
(a
mais antiga), a do Símbolo Niceno-
Constantinopolitano (a mais elaborada) e a
fórmula
dialogada (usada na Vigília Pascal e nas
celebrações do Baptismo e do
Crisma). Teremos
assim a possibilidade de rezar o Credo com mais
frequência (se
possível diária), individual e
colectivamente (em família, grupo ou
comunidade). Façamo-lo como sugere Santo
Agostinho: “O Credo seja para ti como
um espelho!
Mira-te nele, para ver se realmente crês em tudo o
que defines como
fé. E alegra- -te cada dia na tua
fé! ”[5]
Tratando-se de símbolos ou sínteses
das verdades
fundamentais da nossa fé, e para que as possamos
proclamar com a
gratidão e o orgulho próprios de
quem realmente crê, peço que se atenda ainda
ao
seguinte:
2. Catecismo da Igreja Católica, n° 179.
Sem comentários:
Enviar um comentário