Thomas More - Um Santo que desobedeceu...
Maria Susana Mexia, in Diário do Minho
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Henrique VIII, rei de Inglaterra, era casado com
Catarina de Aragão e não tinha filhos homens, apenas uma mulher. Alegando
este tacto, pediu o divórcio, para se poder casar com uma jovem cortesã
inglesa, Ana Bolena. Como o Papa não lhe concedeu autorização, em virtude da
sua esposa legal ainda estar viva, o monarca cortou relações com a Igreja
Católica Romana, declarou a dissolução dos mosteiros, confiscou os seus bens e
fundou o anglicanismo, o qual tornou religião oficial da Inglaterra.
Concentrando em si o poder de chefe de Estado e
espiritual, como entidade superior da nova religião, já não precisava de
obedecer a ninguém, nem ao Papa, facto que o levou a inúmeras excentricidades,
a realizar mais cinco casamentos e a mandar matar quem entendesse. Foi excomungado
por Clemente VII em 11 de julho de 1533.
Sir Thomas More (1478-1535) era um advogado
respeitado, honrado, competente e exerceu por algum tempo a cátedra
universitária. Fez parte da Câmara dos Comuns da qual foi eleito presidente. Foi
nomeado Under-Sheriff de Londres e juiz
membro da Commission of Peace. Entrou
para a corte de Henrique VIII em 1520 foi várias vezes embaixador do rei e
tornou-se cavaleiro em 1521. Foi nomeado vice-tesourei- ro e depois Chanceler
do Ducado de Lancaster e, a seguir, Chanceler da Inglaterra.
Mas Thomas More, era católico, não aceitou a
nova religião e, em 1532, pediu demissão do cargo e recusou-se a assistir à
coroação de Ana Bolena, bem como a prestar fidelidade aos seus descendentes.
Henrique VIII condenou-o a prisão perpétua e
depois à morte por crime de alta traição. Foi decapitado em 1535.
Pela sentença o réu era condenado “a ser
suspenso pelo pescoço” e cair em terra ainda vivo. Depois seria esquartejado e
decapitado. Em atenção à importância do condenado o rei, “por clemência”,
reduziu a pena a “simples decapitação”. A sua cabeça foi exposta na ponte de
Londres durante um mês, foi posteriormente recolhida pela sua filha, Mar-
garet Roper.
Devido à sua rectidão de pensamento e exemplo de
vida cristã, foi reconhecido como mártir, declarado beato em 29 de dezembro de
1886 por decreto do Papa Leão XIII e canonizado em 9 de maio de 1935 pelo Papa
Pio XI.
Deste filósofo, autor da imortal
Utopia, Erasmo disse: “É um
homem que vive com esmero a verdadeira piedade, sem a menor ponta de superstição.
Tem horas fixas em que dirige a Deus suas orações, não com frases feitas, mas
nascidas do mais profundo do coração. Quando conversa com os amigos sobre a
vida futura, vê-se que fala com sinceridade e com as melhores esperanças. E
assim é Thomas More também na Corte. Isto, para os que pensam que só há
cristãos nos mosteiros.’’
O seu dia festivo é 22 de junho.
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“É um homem
que vive com esmero a verdadeira piedade, sem a menor ponta de superstição. Tem
horas fixas em que dirige a Deus suas orações, não com frases feitas, mas
nascidas do mais profundo do coração.»
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