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UM grupo de amigos, de Portugal, visitou a nossa Casa do Gaiato de
Benguela. Um dos membros do grupo, professor reformado, foi um dos primeiros
filhos desta mãe. Na hora da despedida, disseram que o ponto mais alto da sua
passagem por Benguela foi o encontro em nossa Casa do Gaiato. Deste modo, a sua
visita continua muito viva. Deixaram-nos a promessa consoladora de fazer uma
campanha, junto de conhecidos e outros, para o angariamento de ofertas que
possam ajudar a nossa Casa do Gaiato de Benguela, neste momento crítico da sua
história. Quem dera haja muitos frutos! A sementeira da esperança está feita.
Ontem, 1 de Junho, foi celebrado o dia mundial da
Criança. Estou a escrever-vos, impressionado pela multidão de crianças que
encheram o meu coração e os meus olhos. A nossa Casa do Gaiato de Benguela foi
o local escolhido, pelas entidades responsáveis, para a celebração do
acontecimento, a nível superior. A multidão das crianças de Angola e do mundo
inteiro devem estar no centro das atenções, a nível humano. Vivem no coração da
humanidade inteira. Por isso, no coração de cada um de nós. A dimensão mais
profunda da pessoa deve guardar um cantinho muito querido, cheio de amor, para
cada criança. Tenho, diante de mim, ao escrever estas Notas, o mapa de Angola, 14
vezes maior do que Portugal. Poiso os meus olhos em todos os cantinhos, desde o
Norte ao Sul. Vejo, com o meu coração, o número incontável de crianças a
necessitar dum carinho especial, pela ausência de condições mínimas para o seu
crescimento humano. Alarguemos o nosso olhar a outras partes do mundo. Esta
inquietação é saudável humanamente, porque nos liberta do egoísmo e abre-nos
ao amor no nosso viver diário.
Há momentos, duas crianças, abandonadas pelo pai,
foram acolhidas em nossa Casa. A mãe sente-se perdida e totalmente incapaz de
salvar os seus filhos. Temos a Casa muito cheia e a abundância de pedidos
continua. Não resistimos. A celebração do Dia Mundial de Criança foi o remédio
eficaz para a cura desta chaga. Uma das causas mais graves deste problema
social, relacionado com as crianças, está no abandono dos filhos pela parte dos
pais. E uma verdadeira epidemia. Temos"falado, muitas vezes, neste
assunto. Mas vem a propósito. Quem dera se fizesse muito mais, a nível das
comunidades paroquiais e civis, propriamente ditas. E necessário sensibilizar
as pessoas para a gravidade deste problema, com ressonâncias sociais
gravíssimas. As principais vítimas são os filhos abandonados, porque
inocentes. Queremos avançar sempre mais neste caminho do Amor. Necessitamos
muito, neste momento crítico, dum modo especial, da vossa ajuda. Ainda não conseguimos
dar um passo em frente na recuperação das nossas residências. Temos a nossa
agricultura, de rastos, pois falta-nos o apoio para a compra das sementes e
outros produtos absolutamente necessários. É, sem dúvida, uma hora de provação
muito grande, como nunca passámos. Só uma confiança muito grande que nasce do
vosso amor é capaz de alimentar a nossa esperança.
Entretanto, a preparação dos rapazes mais velhos para os empregos
continua. Neste momento, três estão a preparar os seus passaportes para o
ingresso numa empresa internacional com ligações a vários países. E
interessante e animadora esta forma de ajuda, a partir dos responsáveis na
capital de Angola. Oxalá seja um estímulo para que estes filhos aproveitem as
oportunidades que têm de se preparar dignamente para o seu futuro. Muitos
estão à espera de ocupar os seus lugares. O grupo dos mais pequeninos, muito
numeroso, é uma verdadeira injecção de vida nova, diariamente recebida. A sua
alegria, o seu entusiasmo pela escola, o seu carinho a transbordar pela nossa
vida, é uma marca que não se apaga. Que seria destas crianças se não tivessem o
berço que as acolheu e vai ajudar cada uma a ser um homem. Por isso, vale a
pena dar a vida por amor! Partilhai connosco esta verdade, através da ajuda
possível, ao vosso alcance. Como sinal de gratidão, recebei um beijinho dos
mais pequeninos da nossa Casa do Gaiato de Benguela. Padre manuel António in O GAIATO
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