As festas dos Santos Populares, na
Rua da Bandeira, realizaram-se há tanto tempo que não há memória sobre a sua
origem, diz-nos a D. Inês de Passos, com 85 anos de idade. Sabe-se de alguns
episódios anteriores a 1900. Na dobra do século, precisamente em 1900, o pai do
Fresquinha rompeu um par de sapatos, na noite, de tanto dançar. Consta que
apenas se fazia uma fogueira, mas dançava- se toda a noite, junto às Carmelitas
e o Fresquinha fazia muito negócio no tasco.
Em
1910, apareceu a iluminação pela primeira vez, desde a venda do Fresquinha até
à casa do Lopes, onde estava o «Santo Antoninho», num nicho «como uma capela».
A imagem era grande, talvez uns 150 centrímetros. Hoje ninguém sabe dizer desse
nicho e dessa imagem.
As moças, o "S. João" e o cordeiro do carro do S. João da Bandeira. Foto cedida por Alberto Silva
Houve música da brava,
instrumentistas de corda, ferrinhos, gaita de beiços; eram tocadores o Félix,
Manuel Santos, Manecas do Castro e o Jerónimo Caganita.
Nunca meteu polícia, mas às vezes até
seria preciso; havia muitos tascos e a alegria nem toda era espontânea, havia
sempre uma animação regadinha com o verdasco.
Um episódio que marcou estas festas,
aí por 1943, foi a morte instantânea de Isaura Lopes, que morreu a dançar na
rua, em frente ao portal das Carmelitas.
A organização pertencia aos jovens
mordomos que tinham de angariar, ano a ano, fundos para levar a cabo os
festejos populares com as iluminações, a orquestra, o coreto e pagar à banda de
música, etc... Para o conseguir, saía um carro de bois da quinta do Lar das
Meninas Orfãs e Desamparadas. O caseiro da quinta procurava os melhores bois e
preparava-os para meterem uma figuraça e serem bem valorizados, aproveitando a
ocasião para os vender ou trocar. O carro levava um pinheiro e um menino
vestido de S. João e era todo enfeitado de arquinhos em papel, balões, buxo,
hidrângeas, cordões de malmequeres que colhiam nos pauis da Papanata, e era
preparado pelas raparigas, onde punham todo o seu brio e criatividade.
Ao lado do carro
iam as cantadeiras vestidas à vareira: saia preta bordada a vidrilhos e blusas
de chita, franzidas por fora, faixa vermelha atada á cinta, com lenço, cujas
pontas acompanhavam a saia e depois o chapéu preto e varinha na mão com laço e
cravos. As cantadeiras procuravam dar o melhor de si e ainda se conhece a
quadra: A morte seja dada / Ao sair o imprudente / Por não matar o Rei / E não
ser obediente.
Este carro dava a volta pela cidade a
pedir para os festejos.
Em 1930, foi de S.
João neste carro o Henrique Fresquinha.
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