domingo, 12 de outubro de 2014

Formação Missionária (V)




Texto: Frei Álvaro Silva, OFivi
     
O Amor é o princípio 0  fim da nossa Missão
 
Construção do Reino de Deus
A missão franciscana é para o mundo, mas ao mesmo tempo ela acontece no coração de todos os seguidores de Francisco de Assis, como podemos ver numa leitura atenta da Paráfrase do Pai Nosso, onde nos é sugerida uma ‘acção contemplativa e uma con­templação activa’ (PN 2-3).
A missão para Francisco não é expan­são territorial ou reconquista de Jerusa­lém, mas construção do Reino de Deus no coração de cada homem. A nossa missão consiste em levar todos os povos a Deus e Deus a todos os povos. O amor é o princípio e o fim da nossa missão.
Testemunho até ao martírio
A vida exemplar do missionário é já ela um conteúdo da missão, ciya primeira forma é o testemunho de vida ou a «proclamação silenciosa do Reino de Deus» (Cf. CCGG 89,1).
O franciscano missionário não é cha­mado em primeiro lugar a proselitismo, mas a viver o mistério de Cristo e a testemunhá-lo aos homens com a própria vida A simples presença, o testemu­nho de vida, sem nenhuma imposição é o que a sensibilidade contemporânea prefere.
O «missionário-testemunho», como São Francisco pensou na IR 16, não é aquele que demonstra com argumentos a verdade do Reino de Deus. É o que a mostra com a vida, tomando visível na sua vida a Vida d Aquele que o envia A vocação do missionário franciscano é de atrair os homens a Deus, mais do que convencê-los da existência de Deus.
O que atraía as multidões não era o saber e a eloquência de Francisco de Assis, recorda Tomás de Celano na Vida Primeira; mas quem o via e ouvia dava-se conta de que estava diante de um homem cheio de Deus (Cfr. lC 36 e 82).
A nossa história recente está mar­cada pelo luminoso testemunho dos mártires. Só no século XX tivemos 86 mártires missionários franciscanos, a maior parte foram vítimas do regime comunista na China Continua a ser importante para nós a espiritualidade do martírio.
Escreveu João Paulo II no n.° 7 da Aforo Millennio Ineunte: a memória dos mártires «é uma herança que não se deve perder, e que se há-de transmitir para um perene dever de gratuidade e um renovado propósito de imitação».
O primeiro anúncio do Evangelho
Um outro conteúdo da missão fran­ciscana é a PALAVRA «quando for do agrado do Senhor anunciem a Palavra de Deus» (IR 16,8). É o que nos recorda o Papa João Paulo II no n.° 44 da Redemptmis Missio: «O anúncio tem a prioridade permanente, na missão: a Igreja não pode esquivar-se ao mandato explícito de Cristo, não pode privar os homens da “Boa Nova” de que Deus os ama e salva» E também o Papa Paulo VI na Evangelii Nuntiandi recordava no n.° 25: «Dar testemunho de que no seu Filho ele amou o mundo; de que no seu Verbo Encarnado ele deu o ser a todas as coisas e chamou os homens para a vida eterna». O primeiro anún­cio é sempre necessário e em qualquer parte.
Francisco de Assis dirigia-se ao povo com breves e simples palavras, con­vidando à penitência, à conversão, à reconciliação, à paz e ao amor de Deus.
Plantatio et Aedificatio da Igreja e do Carisma franciscano, como dom do Espírito à própria Igreja
Este é outro objectivo da nossa Ordem. A edificação da Igreja onde ainda não existem estruturas ordinariamente estabelecidas, como: prelaturas apos­tólicas, prefeituras apostólicas, vigariatos apostólicos que possam susten­tar a Igreja Local Mesmo que pobre, pequena, insuficiente ou em formação de uma comunidade em crescimento. Como nos recordava o Concilio Vati­cano D no n.° 2 Decreto Ad Gentes, e como João Paulo II, também dizia no n.° 48 da RM: «A missão ad gentes tem este objectivo: fundar comunidades cristãs, desenvolver Igrejas até à sua completa maturação».
O Espírito Santo deu os carismas à Igreja, entre os quais se encontra o carisma franciscano. Assim devemos contribuir para a fundação ou cresci­mento da Igreja Local, oferecendo o carisma de São Francisco de Assis a essas jovens Igrejas, o oferecendo o carisma de S. Francisco de Assis a essas jovens igrejas.


 

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