quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Papa está com muita energia e revitalizado, diz sacerdote argentino


Papa está com muita energia e revitalizado, diz sacerdote argentino

Padre Pepe, que trabalhou com Bergoglio nas periferias de Buenos Aires, se encontrou com o agora Papa Francisco nesse sábado

26.08.2013

Rádio Vaticano

 

 

© YASUYOSHI CHIBA / AFP

O Papa Francisco encontrou-se na manhã desse sábado, 24, com o sacerdote José Maria di Paola, também conhecido como ‘Padre Pepe’ ou ‘Padre villero’. Padre Pepe e o então cardeal Bergoglio trabalharam juntos na periferia de Buenos Aires. A Rádio Vaticano entrevistou o sacerdote após o encontro.

 

Padre Pepe contou que o encontro foi muito emocionante. “Não o via desde que saiu de Buenos Aires. Realmente foi muito emocionante vê-lo como Papa. Para mim é estranho vê-lo assim, mas ao mesmo tempo muito emocionante. Está muito bem. Eu o vi com muita energia e com muita força. Rejuvenescido. Assim voltarei para a Argentina muito contente, porque, mesmo sendo grade a responsabilidade de guiar a Igreja, o vejo com a força necessária para fazê-lo”.

 

O sacerdote afirmou que vê o Papa igual ao que ele era antes. “Fundamentalmente o vejo igual. Também na forma como nos recebe, porque quando íamos à Cúria de Buenos Aires, ele vinha ao nosso encontro com simplicidade. Tinha uma escrivaninha e nada mais e após nos acompanhava pessoalmente para nos saudar. Esta simplicidade se vê também no Vaticano. Continua a ser o mesmo homem, isto é, não um príncipe da Igreja, mas um servidor da Igreja. E esta característica sempre esteve muito presente na sua pessoa. Isto foi o que sempre nos encorajou. Vejo também que existe uma continuidade, porque pensa permanentemente nas pessoas, especialmente às mais necessitadas e quer ter uma relação muito próxima com elas. Fundamentalmente o vejo igual e com muita energia, com muita vontade de realizar. O vejo realmente revitalizado”.

 

Padre Pepe comentou sobre o trabalho na periferia de Buenos Aires. “Ele [Francisco] quer que nós continuemos a trabalhar. Acredito verdadeiramente que o melhor modo de servir o Papa, da nossa parte, seja este de sermos fiéis ao seu trabalho, como antes. E também de contribuir, com a nossa gente e a experiência amadurecida com o Papa, a encorajar outros sacerdotes a viver nas periferias. Sabemos que são tantos que fazem isto em diversas partes do mundo, porém é necessário encorajá-los, porque é um testemunho evangélico para todos. Não somente para quem vive na periferia, mas também para quem vai lá. Pode ser uma união de dois mundos que às vezes são separados por causa da sociedade materialista e individualista. Bergoglio, quando estava em Buenos Aires, olhava a cidade a partir da periferia. Este olhar de Bergoglio foi a grande contribuição à Igreja de Buenos Aires”.

 

O sacerdote conta que levou ao Papa uma camiseta do Atlético de Huracàn, um time rival, do San Lorenzo. “Aceitou a camiseta do Huracán, que é o time rival do San Lorenzo, um eterno rival. Na Argentina, os torcedores do Huracán e do San Lorenzo sempre discutem, são rivais. E desde que se tornou Papa, tem bandeiras do San Lorenzo por tudo, camisetas do San Lorenzo e isto ‘me incomoda’. Então, a diretoria do Huracàn me disse: ‘Pepe, tu és do Huracàn, porque não levas ao Papa alguma coisa nossa, uma camiseta, uma carta?’. Assim entreguei ao Papa a camiseta do melhor time”.

 

Segundo Padre Pepe, o Papa entende de técnica e tática de futebol, “e aplica isto na Igreja. O Papa é um grande diretor técnico”.

 

(Publicado na Rádio Vaticano, no dia 25 de agosto de 2013)

 

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Vida consagrada, em tempos complexos: qual é a saída?

Vida consagrada, em tempos complexos: qual é a saída?
Mensagem do presidente da Comissão Episcopal Pastoral para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada da CNBB, Dom Pedro Brito Guimarães
19.08.2013 - Dom Pedro Brito Guimarães - CNBB
   
No clássico da literatura universal Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll, há uma cena em que Alice está perdida e, de repente, vê, no alto da árvore, um gato. Ela olha para ele e diz:

- Alice: "Você pode me ajudar?"
- Gato: "Sim, pois não".
- Alice: "Para onde vai essa estrada?"
- Gato: "Para onde você quer ir?"
- Alice: "Eu não sei, estou perdida".
- Gato: "Para quem não sabe para onde vai, qualquer caminho serve".
Nesta mesma obra, em outra cena:
- Alice: “Onde fica a saída?"
- Gato: “Depende”.
- Alice: “De quê?”
- Gato: “Depende de para onde você quer ir”.

Querido irmão, querida irmã, não é minha intenção - não tenho este direito -, comparar a Vida Religiosa Consagrada com Alice, com o gato, e nem com o fato de Alice estar perdida. O que gostaria de dizer é que, nas encruzilhadas da vida, “se o homem não sabe aonde quer chegar, qualquer direção parecerá certa” (LaoTsé). E ainda mais: "nenhum vento sopra a favor de quem não sabe para onde ir" (Sêneca). Dizia meu pároco, de saudosa memória: “o que cansa não é a caminhada; é a pressa de chegar ou não querer chegar”.

Creio que muitos de nós já cantamos esta linda canção: “Perdido, confuso, vazio, sozinho na estrada, tentando encontrar um caminho que seja o meu, não importa se é duro, eu quero buscar. Caminheiro, você sabe, não existe caminho. Passo a passo, pouco a pouco e o caminho se faz.Iguais, são todos iguais, ninguém tem coragem sequer de pensar. Será que ninguém é capaz de sentir esta vida e com ela vibrar? Será que não vale a pena arriscar tudo, tudo e a vida encontrar?” (Bendito B. Prado).

Andança, itinerância, mendicância, provisoriedade, missionariedade. Errante, vagante; risco, desânimo, solidão, desafio, perda, crise... Quem ainda não enfrentou tais situações ou vivenciou tais estados de ânimo? Porém, tudo passa! Só Deus basta! Sejamos firmes, fortes e fieis. “Os que confiam no Senhor são como o monte de Sião: nunca se abala, está firme para sempre” (Sl 125,1). Quem assim age pode ser comparado a uma casa construída sobre a rocha. Cai a chuva, vem a tempestade, sopra o vento e a casa não cai, pois está firmemente alicerçada (cf. Mt 7,24). Ele precisa apenas do nosso pedido: “permanece conosco, Senhor” (Lc 24,29).

Diante dos desafios, das dificuldades, dos embates e dos combates que a Vida Consagrada enfrenta hoje, como de resto, a própria Igreja, somos tentados a pensar que ela esteja em mar bravio, com seu barco a deriva, sem timoneiro, sem horizonte, confusa, na noite escura, sem perspectiva de um amanhecer banhado de sol. Quantas vezes nos sentimos perdidos, como Alice no País das Maravilhas, à espera de alguém que nos indique uma direção certa e segura.

No entanto, não nos esqueçamos: somos discípulos e discípulas de Jesus! Em meio às tormentas da vida, jamais podemos nos sentir perdidos como Alice! Cristo é nosso Amigo e nosso Guia, nossa Força e nossa Rocha, nossa Esperança e nossa Alegria e nossa certeza de Vitória. As dificuldades e as perseguições fazem parte de quem se faz discípulo de Cristo. Elas são sinais que purificam o nosso sim a Jesus.

A Vida Religiosa Consagrada é uma caminhada bela e edificante. E, nesta caminhada, haverá de cruzar e atravessar os umbrais do ponto focal, do ponto de partida e do ponto de chegada. A Vida Religiosa Consagrada tem seus segredos, seus encantos e suas paixões. O segredo da vocação à Vida Religiosa Consagrada está no encantamento por Jesus, por sua Igreja e pelo seu povo. Ninguém segue fielmente, por muito tempo, a alguém por quem não tenha encantamento. O segredo da fidelidade na Vida Religiosa Consagrada está no encantamento por Jesus, por sua pessoa, seu evangelho e seu projeto de vida.O segredo do seguimento missionário do consagrado e da consagrada está no encantamento pelo estilo e pelo modelo de vida missionária de Jesus. O segredo da vida espiritual do consagrado e da consagrada está na capacidade de se encantar ou se reencantar cada dia, de começar sempre de novo, e partir, sem olhar para trás. O segredo da Vida Consagrada está na fidelidade e na perseverança. Quem assim não vive, a chama da vocação se apaga e a vida perde o seu sentido e vira fadiga e rotina. Neste estado de ânimo, dificilmente uma vocação se manterá fiel e perseverante à obra e à missão.

O papa Francisco, falando, recentemente, aos seminaristas, aos noviços e às noviças, chamou-nos a atenção para quatro pontos que consideramos fundamentais e inegociáveis para a vida e missão da pessoa consagrada a Deus:

1.    Fujam do perigo da cultura do provisório: "eu não culpo vocês. Reprovo esta cultura do provisório que não nos faz bem, pois, uma escolha definitiva hoje é muito difícil. Na minha época era mais fácil, porque a cultura favorecia uma escolha definitiva tanto para a vida matrimonial, quanto para a vida consagrada ou sacerdotal, mas nesta época não é fácil uma escolha definitiva. Nós somos vítimas desta cultura do provisório".

2.    Sintam-se alegres por serem amados e chamados por Deus:“ao nos chamar, Deus nos diz: “você é importante para mim, eu te quero bem, conto contigo”. Entender isso é o segredo de nossa alegria. Sentir-se amados por Deus, sentir que para Ele não somos números, mas pessoas. Sentir que é Ele quem nos chama. Tornar-se sacerdote, religioso e religiosa não é, antes de tudo, uma escolha nossa, mas a resposta a um chamado e um chamado de amor".

3.    Sigam o caminho do amadurecimento, na paternidade e maternidade pastorais:"vocês, seminaristas e religiosas, consagrem o seu amor a Jesus, um grande amor; o coração é para Jesus. E isso nos leva a fazer o voto de castidade, o voto de celibato. Mas os votos de castidade e do celibato não terminam no momento dos votos, continuam. Quando um sacerdote não é pai de sua comunidade, quando uma religiosa não é mãe de todos aqueles com os quais trabalha, se tornam tristes. Este é o problema. A raiz da tristeza na vida pastoral é a falta de paternidade e maternidade que vem da maneira de viver mal esta consagração, que nos deve levar à fertilidade. Não se pode pensar num sacerdote ou numa religiosa que não são fecundos. Isso não é católico! Esta é a beleza da consagração: é a alegria, a alegria".

4.    Sintam-se chamados a uma Igreja missionária:"Deem sua contribuição em favor de uma Igreja assim: fiel ao caminho que Jesus quer. Não aprendem conosco, que não somos mais jovens; não aprendam conosco aquele esporte que nós, os velhos, muitas vezes fazemos: o esporte da reclamação. Não aprendam conosco o culto da reclamação. É uma deusa que se lamenta sempre. Sejam positivos, cultivem a vida espiritual e, ao mesmo tempo, sejam capazes de encontrar as pessoas, especialmente as desprezadas e desfavorecidas. Não tenham medo de sair e caminhar contracorrente. Sejam contemplativos e missionários...”

Caríssimo e caríssima, independente do que vocês fazem, somente pelo modo de vocês viverem a especial consagração a Deus e aos irmãos e irmãs, mais necessitados, vocês sempre me provocaram admiração, encanto, fascínio, paixão e vontade de imitá-los. Dentre tantos elementos que me fascinam, gostaria de destacar alguns:

1. Nas congregações, nos conventos, nos mosteiros, nas abadias, nas clausuras, nas casas de serviços e de inserções, surgiram os maiores e os mais queridos santos e santas da Igreja católica.

2. Nas universidades e faculdades, nos colégios e nas escolas católicas, vocês formam os maiores e os melhores teológos e teólogas, mestres e doutores que alimentam a vida com o sabor e o saber do evangelho de Jesus Cristo.

3. Vocês vivem os mais ricos e os mais bonitos estados de vida cristã: ativa, apostólica, mística, ascética, monástica, contemplativa. Tudo isso através das duas mãos da evangelização: a diaconia fraterna do serviço (Marta) e a diaconia da oração e da contemplação (Maria).

4. Nos hospitais, nas creches, nos orfanatos, nos pensionatos e nas outras modalidades das redes do amor social, vocês geram ou transformam vidas, mentes e corações, curando feridas, enxugando lágrimas, amenizando dores e cuidando dos sofrimentos de muitos irmãos e irmãs que batem às portas das beneméritas instituições de caridade cristã e de promoção social. Vocês vivem, em primeira pessoa, o que muito bem disse Madre Teresa de Calcutá:“Aqueles que ninguém quer, nós, cristãos, os queremos”.

5. Vocês, na Igreja católica, possuem os melhores e mais bonitos modelos de vida fraterna: tudo em comum, num só coração e numa só alma. A exemplo das primeiras comunidades cristãs, entre vocês ninguém passa necessidade (cf. At 4,32s).

6. Vocês preparam os melhores mestres em espiritualidade, os maiores místicos, missionários e mártires, que derramam seu sangue e dão suas vidas em resgate de muitos, como fez Jesus.

7. Vocês vivem, com corações indivisos, os maiores conselhos evangélicos: a obediência, a pobreza e a castidade.

8. Vocês vivem a forma multifacetária da vida cristã: homem e mulher; vocações laical, missionária, religiosa, especial consagração; papa, bispos, padres, diáconos, irmãos, irmãs, leigos e leigas...

Mas, como disse Jesus, a quem muito é dado, muito será exigido. Vocês estão pagando preço muito alto, por causa das ousadias e das audácias missionária, evangelizadora e apostólica (cf. DAp 273,549, 552). No momento atual vocês estão atravessando mares bravios. Entre estes, destacamos apenas dois que estão na origem dos demais desafios: a diminuição das vocações à Vida Religiosa Consagrada tradicional e o aumento das vocações às novas formas de vida consagrada.

Por fim, caro amigo, cara amiga, aceitem, de bom grado, o convite de Aparecida (551): “levemos nossos navios mar adentro, com o poderoso sopro do Espírito Santo, sem medo das tormentas, seguros de que a Providência de Deus nos proporcionará grandes surpresas”. Amém!

Excomungado padre que apoia relacionamentos homossexual e extraconjugal


Excomungado padre que apoia relacionamentos homossexual e extraconjugal
Padre Beto, da diocese de Bauru, será demitido do estado clerical; segundo bispo, suas atitudes têm provocado forte escândalo e feriram a comunhão eclesial
30.04.2013

Um padre da diocese de Bauru, interior de São Paulo, foi excomungado nesse segunda-feira em decorrência de seus pronunciamentos e atitudes contrários aos dogmas e à moral católica.

O padre Roberto Francisco Daniel, conhecido como padre Beto, não pode mais celebrar nenhum ato de culto divino (sacramentos e sacramentais, nem mais receber a Santíssima Eucaristia). O bispo local, Dom Frei Caetano Ferrari, ofm, publicou ontem o comunicado da excomunhão.

Padre Beto tem se manifestado publicamente, de forma controversa, em temas como fidelidade conjugal, bissexualidade e homossexualidade. Neste vídeo, por exemplo, que foi um dos estopins desta fase final da polêmica, ele apoia relações homossexuais e relacionamentos extraconjugais.

“Uma pessoa que tem um relacionamento extraconjugal, e que este relacionamento é aceito pelo cônjuge, aqui existe fidelidade”, diz padre Beto em um trecho da entrevista que está no ar no YouTube.

Segundo o comunicado do bispo Dom Caetano Ferrari, o padre Beto, em nome da “liberdade de expressão”, “traiu o compromisso de fidelidade à Igreja a qual ele jurou servir no dia de sua ordenação sacerdotal”.

“Estes atos provocaram forte escândalo e feriram a comunhão eclesial. Sua atitude é incompatível com as obrigações do estado sacerdotal que ele deveria amar, pois foi ele quem solicitou da Igreja a Graça da Ordenação”, afirma o bispo.

Dom Caetano Ferrari afirma que vinha tentando “há muito tempo” estabelecer diálogo com padre Beto, para tentar superar e resolver de modo fraterno a situação.

“Esgotadas todas as iniciativas”, explica o bispo, ele teve de convocar um padre canonista perito em Direito Penal Canônico, nomeando-o como juiz instrutor para tratar essa questão e aplicar a Lei da Igreja.

O juiz instrutor concluiu que o padre Beto “feriu a Igreja com suas declarações consideradas graves contra os dogmas da Fé Católica, contra a moral e pela deliberada recusa de obediência ao seu pastor (obediência esta que prometera no dia de sua ordenação sacerdotal)”.

Assim ele incorreu “no gravíssimo delito de heresia e cisma cuja pena prescrita no cânone 1364, parágrafo primeiro do Código de Direito Canônico é a excomunhão anexa a estes delitos. Nesta grave pena o referido sacerdote incorreu de livre vontade como consequência de seus atos”.

O juiz canônico agora vai enviar a Roma o processo com os procedimentos para a “demissão do estado clerical” do padre Beto, cujo decreto será emitido pela Santa Sé.

Clericalismo, a pior tentação dos cristãos na realidade brasileira e não só

Clericalismo, a pior tentação dos cristãos
O Papa Francisco deu ao CELAM a trilha a se seguir pela Igreja na América Latina, um caminho que implica evitar algumas perigosas tentações - 19.08.2013
 Jaime Septién, 53
   Ronaldo Correa/JMJ Rio 2013
O encontro do Papa Francisco com a coordenação do CELAM (Conselho Episcopal Latino-americano) no Rio de Janeiro foi decisivo porque descreve claramente o caminho que a Igreja deve seguir na grande pátria da América Latina.

Isso é o que considera o historiador mexicano Jorge Traslosheros Hernández, que é professor e pesquisador da Universidade Nacional Autônoma de México e uma das vozes católicas mais escutadas nos meios de comunicação do país.

Segundo Hernández, nesse encontro no Rio de Janeiro o Papa confirmou a conferência de Aparecida (Brasil, 2007) como chave de leitura da missão da Igreja. “Ponderou sua experiência de comunhão, sua abertura ao diálogo e o ambiente de oração. Não houve ‘alguém’ que desse uma linha a se seguir. Conquistou-se a unidade porque se valorizou e incorporou a diversidade, para concentrar esforços em um ponto: que cada católico se converta em discípulo e missionário de Jesus, ali onde Deus o tenha colocado, sempre em comunhão com a Igreja”.

O historiador mexicano explica que o núcleo central da Conferência de Aparecida é a missão continental, que tem duas dimensões: “a programática, que consiste em realizar atos missionários, e a paradigmática, que implica em colocar em chave missionária a atividade habitual das igrejas. Assim, as mudanças serão produto da dinâmica missionária”.

Hernández considera que não há receitas prontas. Cada católico dentro de sua comunidade, cada igreja tem de discernir para encontrar os caminhos adequados. Isso implica necessariamente um diálogo com o mundo cujo significado, assinalou o Papa, explica-se no Concílio Vaticano II.

Jorge Hernández afirma que o discurso do Papa ao CELAM no Rio de Janeiro foi “muito duro”, sobretudo em relação às tentações em que a Igreja na América Latina não pode cair.

“O Papa identificou três tentações que ameaçam desviar o caminho da Igreja. Ele convidou a conhecê-las para discernir com lucidez e astúcia evangélica e assim tomar as melhores decisões. Trata-se da ideologização do Evangelho, o funcionalismo e o clericalismo.

Hernández explica essas três tentações. A ideologização do Evangelho pretende encontrar as chaves de interpretação do Evangelho fora dele  e da Igreja. Tem quatro variantes: o psicologismo, que diminui a fé a experiências agradáveis; o gnosticismo, que a intelectualiza para reduzi-la aos grandes debates, algo próprio de um tipo de ‘católicos iluministas’, que são críticos e sem comunhão real com a Igreja; os pelagianos, que desconfiados da graça de Deus, centram seus esforços em soluções disciplinares e enrijecidas; e o reducionismo socializante, que busca interpretar segundo as ciências sociais e nada mais.

Já a tentação funcionalista paralisa a ação da Igreja ao reduzi-la a uma ONG, ou coisa parecida como uma empresa. O que importa é o resultado, a eficácia, os números.

A tentação clericarizante reduz a experiência eclesial à operação do clero. Os leigos serão especialistas nisso, pois assim evitam compromissos. É curioso. Os ‘católicos iluministas’ são os maiores clericalistas que existem. Sempre tão críticos, tão especializados, atirando a culpa nos bispos sem tomar lugar na comunhão dos batizados.

Hernández considera que a pior tentação é a do clericalismo. Os leigos têm grande responsabilidade no problema. É fácil sobrecarregar os sacerdotes. O clericalismo é um tipo de medo.

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Como falar da morte com meus filhos? Só o cristão valoriza a morte e é capaz de ficar de pé diante dela.


Como falar da morte com meus filhos?

Só o cristão valoriza a morte e é capaz de ficar de pé diante dela. Deus não nos criou para o aniquilamento estúpido, mas para a sua glória e para o seu amor

08.08.2013 * Prof. Felipe Aquino , Cleofas ,

JUSTIN TALLIS

               

A saudade é amarga e as lágrimas não podem deixar de rolar quando perdemos uma pessoa querida. Cristo chorou quando perdeu o amigo Lázaro.

 Fé não é insensibilidade e dureza de coração. Você pode chorar, até diante dos filhos, mas chore como quem tem fé na ressurreição. Veremos os mortos na eternidade.

 Diante da dor da morte gosto de me lembrar de Nossa Senhora aos pés da cruz do seu Amado. Ela perdeu o Filho Único…, Deus, morto de uma maneira tão cruel como  nenhum de nós o será. Ela perdeu muito mais do que nós e não se desesperou. Certamente chorou muito… mas nunca se desesperou e nunca perdeu a fé. Aos pés da cruz de Jesus estava de pé (stabat!). Podemos chorar os mortos; as lágrimas são o tributo da natureza, mas sem desespero e sem desilusão.

 Até o céu; lá nos voltaremos a ver, ensinam os santos. Que grande felicidade será para nós poder encontrá-los, depois de ter chorado tanto a sua ausência! Não nos deixemos levar ao desespero quando alguém parte; não somos pagãos. Lá não haverá mais pranto, nem lágrimas e nem luto.

 São Francisco de Sales disse: “Meu Deus, se a boa amizade humana é tão agradavelmente amável, que não será ver a suavidade sagrada do amor recíproco dos bem-aventurados… Como essa amizade é preciosa e como é preciso amar na terra, como se ama no Céu!”

 São Tomás de Aquino garante que no Céu conheceremos nossos parentes e amigos. Diz o santo doutor:

 “A contemplação da Essência Divina não absorve os santos de maneira a impedir-lhes a percepção das coisas sensíveis, a contemplação das criaturas e a sua própria ação. Reciprocamente, essa percepção, essa contemplação e essa ação não os podem distrair da visão beatífica de Deus.” (S. Teológica, 30, p. 84).

A morte não é o aniquilamento estúpido que pregam os materialistas sem Deus, mas o renascimento da pessoa. A Igreja reza na Liturgia que “a vida não é tirada mas transformada”.

Só o cristão valoriza a morte e é capaz de ficar de pé diante dela. Deus não nos criou para o aniquilamento estúpido, mas para a sua glória e para o seu amor. Fomos criados para participar da felicidade eterna de Deus.

 Santa  Teresinha disse ao morrer: “não morro, entro para a vida”.

 A árvore cai sempre do lado em que viveu inclinada; se vivermos inclinados ao Coração de Jesus, nele cairemos.

 É preciso saber educar os filhos também diante da morte; a psicologia recomenda, por exemplo, que os pais deixem os filhos verem os mortos, se assim eles desejarem, embora não devam forçá-los. Fale da morte com naturalidade aos filhos, e aproveite o momento para ensinar sobre o céu e sobre a ressurreição. Não se pode permitir que as crianças assistam cenas de desespero diante da morte, mesmo que se possa manifestar a dor e sofrimento diante delas.

 

(Originalmente publicado em Cléofas)

Resposta ao amor de Deus * Nossa resposta ao amor incomensurável de Deus por nós só pode ser uma: amor a Ele sobre todas as coisas e pessoas, e amor ao irmão como a nós mesmos...


Resposta ao amor de Deus

Nossa resposta ao amor incomensurável de Deus por nós só pode ser uma: amor a Ele sobre todas as coisas e pessoas, e amor ao irmão como a nós mesmos

20.08.2013 -- Prof. Felipe Aquino

Cleofas

Aleteia/Bruno

                                              

                              

Há dois versículos na Bíblia que nos revelam de maneira clara quem é Deus. O primeiro deles é quando o próprio Senhor disse a Moisés: “EU SOU AQUELE QUE SOU” (Ex 3,14ª). Ser aquele que é quer dizer se aquele que existe, independente de qualquer causa. Existe por si mesmo; é incontingente, gera e mantém a vida de tudo o que existe fora do nada. Criou tudo sem precisar de nada. Essa é a majestade e o poder onipotente de Deus; por isso, somente Ele tem o direito de ser adorado. Os demais seres são contingentes.

O segundo versículo que nos revela Deus é o que saiu dos lábios de São João: “Aquele que não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor” (I Jo 4,8). Deus é amor! O amor é a essência da natureza de Deus. Por essa razão, São João insistia que quem não ama não conhece a Deus; não tem a experiência de Deus em sua vida; não tem a vida eterna (cf. I Jo 3,14-15).

Resumindo os dois versículos acima, podemos conhecer um pouquinho sobre Deus: Ele é aquele que é a essência do Seu ser é o amor. Assim, todas as ações de Deus são movidas pelo amor, principalmente pelo amor a cada um de nós.

 Estou convencido de que só seremos pessoas amadurecidas na fé e convictamente religiosas, se experimentarmos este amor de Deus em nossa vida e dermos uma profunda resposta de amor a este Deus e Pai que nos ama sumamente.

 Os apóstolos foram incisivos ao nos lembrarem de que Deus nos amou primeiro: “Nisto se manifestou o amor de Deus para conosco: em  os ter enviado ao mundo o seu Filho único, para que vivamos por ele. Nisto consiste o amor: não em termos nós amado a Deus, mas em ter-nos ele amado e enviado o seu Filho para expiar os nossos pecados” (I Jo 4,9-10). O próprio Jesus nos revelou a imensidão do amor de Deus por nós, quando disse a Nicodemos: “Com efeito, de tal modo Deus amou o mundo, que lhe deu seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16).

 Estou certo de que enquanto não aprofundarmos nossa reflexão sobre esse versículo do Evangelho de São João, experimentando em nosso coração todo o amor de Deus por nós, não daremos uma resposta fiel de amor a Deus e aos irmãos em nossa vida.

 São Paulo sentiu e viveu este amor de Deus por ele e, por isso, disse aos gálatas: “Eu vivo, mas á não sou eu, é Cristo que vive em mim; a minha vida presente, na carne, eu a vivo na fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim.” (Gl 2,20).  Todos nós precisamos, com a graça de Deus, experimentar isso que São Paulo experimentou e que transformou a sua vida: “(Ele) me amou e se entregou por mim.” O que mais queremos?

 Depois que Deus entregou o Seu Unigênito à morte de cruz por nós, ninguém mais pode duvidar do Seu amor. Deus não poderia fazer nada além do que fez para provar o Seu amor por mim e por você, individualmente. São Pedro chegou a dizer: “Não é por bens perecíveis, como a prata e o ouro, que tendes sido resgatadas (…) mas pelo precioso sangue de Cristo” (I Pd 1,18). É o caso de eu perguntar a você: Quanto vale a vida? E a do seu filho? Sei que você vai me dizer que ela não tem preço… é impagável. E quanto vale então a vida do Filho único de Deus?

Deus nos deu a vida por amor, quis que existíssemos, nos tirou do nada, “nos predestinou para sermos adotados como filhos seus por Jesus Cristo” (Ef 1,5).

 

Tudo por amor: Como exclamou o salmista: “Fostes vós que plasmastes as entranhas de meu corpo, Vós me tecestes no seio de minha mãe.  Sede bendito por me haverdes feito de modo tão maravilhoso” (Sl 138,13-14a). Somos  a grande maravilha de Deus; fomos criados à Sua imagem (cf. Gn 1,26) e toda a beleza do nosso ser – inteligência, vontade, liberdade, consciência, etc. – espelha o Seu amor por nós. Além disso, Deus criou este mundo maravilhoso em que vivemos e fez de nós “senhores” de tudo o que criou. Deu-nos a terra que produz o alimento de cada dia, a beleza das flores e os frutos saborosos; deu-nos o subsolo com todas as riquezas minerais; deu-nos os animais de todas as espécies, as aves do céu e os peixes do mar. Tudo criado para nós gratuita, generosa e amorosamente.

 Só não vê e não sente o amor de Deus quem não quer, quem tem os olhos cegos pelo orgulho que o impede de ver e de proclamar a glória de Deus. Desse fala o livro da Sabedoria quando diz: “São insensatos por natureza todos os que desconheceram a Deus, e, através dos bens visíveis, não souberam conhecer Aquele que é, nem reconhecer o Artista, considerando suas obras” (Sb 13,1).

Nossa resposta ao amor incomensurável de Deus por nós só pode ser uma: amor a Ele sobre todas as coisas e pessoas, e amor ao irmão como a nós mesmos (cf. Mc 12,29). Sem uma vida (não palavras) de amor a Deus e aos irmãos, não estaremos em comunhão com o Senhor: “Nisto temos conhecido o amor: (Jesus) deu sua vida por nós. Também nós outros devemos dar a nossa vida pelos nossos irmãos” (I Jo 3,16).  Essa é a resposta de amor que Deus espera de nós, pois “Deus é amor, e quem permanece no amor permanece em Deus e Deus nele” (I Jo 4,16b). Ou ainda mais: “Aquele que não ama o seu irmão, a quem vê, é incapaz de amar a Deus, a quem não vê” (I Jo 4,20b). Amemos portanto a Deus, “porque Deus nos amou primeiro” (I Jo 4,19b). Vivendo assim, nada ou ninguém poderá roubar de nós a paz e a alegria, mesmo entre as tribulações da vida que Deus permite para a nossa santificação.

 (Originalmente publicado em Cléofas, no dia 19 de agosto de 2013)

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

A solidariedade é um dos princípios éticos basilares da concepção cristã de organização social, política e econômica.


A passagem do papa Francisco pelo Brasil, para a Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro, deixou profundas marcas e mensagens, já comentadas amplamente. Desejo, no entanto, retomar o pronunciamento que fez na sua visita à comunidade da Varginha, no dia 25 de julho.

 

Não deixa de ser eloquente que, depois de sua acolhida protocolar na Palácio Guanabara e da peregrinação a Aparecida, o primeiro pronunciamento público do papa Francisco no Rio de Janeiro tenha acontecido, justamente, na visita a uma comunidade pobre. Engana-se, porém, quem pensa que foi apenas um ato teatral do “Papa dos pobres”.

 

Foi daquela tribuna, do meio dos pobres da Varginha, que o Papa pronunciou o discurso social mais importante de sua passagem pelo Brasil. Palavras simples e diretas, como é de seu estilo, para que todos pudessem entender, ele falou com os pobres, mas também se dirigiu a quem tem poder e posses, em todos os níveis, locais e mundiais. Sua fala, de fato, retrata uma síntese da Doutrina Social da Igreja.

 

Observou o Papa Francisco que os pobres são capazes de dar ao mundo uma grande lição de solidariedade, “palavra frequentemente esquecida ou silenciada, porque incômoda”. Dispensando o texto, ele observou que o conceito de solidariedade é tido quase como um palavrão, que não faz parte de certa concepção do convívio social nem deve ser pronunciado.

 

A noção de solidariedade desenvolveu-se, com sempre maior clareza, no ensino social da Igreja do século XX. No egoísmo e individualismo, que permeiam e regulam, com frequência, as relações sociais, cada um, cada grupo ou país é levado a reivindicar e afirmar seus próprios direitos, sem ter em conta a sua contribuição para o bem comum. Na atitude solidária há sempre a preocupação pelo bem comum. A solidariedade é um dos princípios éticos basilares da concepção cristã de organização social, política e econômica.

 

Não se trata de vaga compaixão, distante e descomprometida, diante dos males de outras pessoas próximas ou distantes; pelo contrário, é o empenho firme e perseverante pelo bem de todos e de cada um; uma vez que todos dependem uns dos outros, todos também são responsáveis uns pelos outros.

 

A solidariedade é um dever moral, que decorre dos vínculos de natureza existentes entre todos os seres humanos, membros da mesma espécie e de uma grande família; todos estão vinculados uns aos outros, no bem e no mal; a sorte de uns está ligada à sorte de todos. Estamos todos no mesmo barco.

 

O dever de solidariedade é o mesmo, tanto para as pessoas como para os povos. Seria alienante a ordem socioeconômica que dificultasse ou não estimulasse a solidariedade social. Se dependemos de todos, não podemos desinteressar-nos dos outros e nenhum povo pode pensar em “ser feliz sozinho”; nem devemos esquecer, nas decisões que hoje tomamos, dos que virão a integrar, depois de nós, a família humana.

 

Algumas questões, como a economia, a ecologia e a família, requerem, de maneira mais clara, decisões e atitudes solidárias. A economia mundial é claramente interdependente e as decisões dos governantes da cada país precisam levar em conta também o conjunto da economia mundial. Além disso, “negócios obscuros”, tráfico, mau emprego ou desvio do patrimônio público são atitudes marcadamente anti-solidárias. Também no campo da ecologia, nossas decisões e posturas, no bem e no mal, envolvem os outros e as futuras gerações. E a família, base da vida social, é o primeiro e mais importante sujeito da educação para uma vida solidária; nela se aprende a compartilhar, a ajustar as necessidades de cada um às possibilidades e condições de todos.

 

Negar o princípio da solidariedade levaria também a negar uma das principais forças propulsoras da civilização, para adotar novamente a lei da selva, onde os mais fortes sobrevivem e os mais fracos são abandonados à própria sorte. Os mecanismos perversos que destroem o convívio social, só podem ser vencidos mediante a prática da verdadeira solidariedade. Só desta maneira muitas energias positivas poderão desprender-se inteiramente em prol do desenvolvimento e da paz. Se é verdade que a paz é fruto da justiça (cf. Is 32,17), podemos afirmar também: opus solidarietatis pax – a paz é obra da solidariedade.

 

O papa Francisco apelou à sociedade brasileira para que não poupe esforços no combate às injustiças sociais e na luta pela inclusão de todos os seus membros. A respeito da “pacificação” de comunidades dominadas pelo crime organizado, advertiu que a pacificação duradoura e a felicidade de toda a sociedade só serão conseguidas quando não houver mais pessoas abandonadas ou deixadas à margem: “a grandeza de uma sociedade aparece no modo como ela trata os mais necessitados, aqueles que não têm outra coisa além de sua pobreza”.

 

Com palavras simples e mansas, mas firmes, voltou a afirmar o que já disseram, antes, outros Pontífices em Documentos do Ensino Social da Igreja: diante das intoleráveis desigualdades sociais e econômicas, que clamam aos céus, a Igreja está do lado dos pobres e não pode calar sua voz.

 

Em vez de palavras contundentes sobre as manifestações de rua, acontecidas mesmo durante a sua presença no Rio de Janeiro, ele se dirigiu aos jovens: “vocês que possuem uma sensibilidade especial frente às injustiças, mas muitas vezes se desiludem com notícias que falam de corrupção, de pessoas que, em vez de buscar o bem comum, procuram seu próprio benefício. Nunca desanimem, não percam a confiança, não deixem que se apague a esperança”.

 

É verdade, a realidade pode mudar, quando a solidariedade deixar de ser um conceito antissocial. “Procurem ser os primeiros a praticar o bem e a não se acostumar com o mal”, concluiu o Papa.

 

(Publicado no Jornal O ESTADO DE S.PAULO, edição de 10 de agosto de 2013)

"Boca de Cena" na próxima Sexta-feira, dia 12 de Julho, às 18h30, no Teatro do Monte Estoril


 

ACADEMIA DE LETRAS E ARTES

 

 

Os artistas plásticos Marita Ferreira e Gil Cruz, vão inaugurar a exposição 

"Boca de Cena" na próxima Sexta-feira, dia 12 de Julho, às 18h30, no 

Teatro Mirita Casimiro, no Monte Estoril. 

 

A mostra estará patente ao público até ao próximo dia 11 de Agosto.

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

A apresentação do novo livro do Comandante Martins, na próxima sexta-feira, às 17 horas



O padre Dr. António da Costa Neiva, primeiro pároco desta Paróquia a presidir à procissão de Nossa Senhora das Necessidades


Jornadas da Família que juntaram num dos dias o D. Ximenes Belo e o Bispo da igreja Lusitana em Viana, assimo o Cónego Pais de Lisboa e a esosa do Roberto Carneiro e D. José Augusto Pedreira




As festas necessárias e às vezes explosivas de revolta para alguns

As festas
As festas são sociologicamente muito importantes para a sociedade em geral.
É preciso contagiar alegria, coesão da nossa cidadania, criar momentos de encontros, de diálogo e de diversão.
No entanto, os exageros das festas quer sejam civis quer sejam religiosas, podem ser uma provocação a quem passa fome, para quem se encontra doente e precisa de silêncio e não de foguetes às 2 horas da manhã ou músicas até às 5 horas da manhã.
Há uma festa que conheço, mas só vai lá quem quer. Essa tem festa e barulho toda a noite é no São João d’Arga da Serra d’ Arga.
É uma festa nocturna e quem gostar vai a essa festa lá no isolamento da Ribeira de S. João d’ Arga, na encosta em frete à Bretónia e a meio do Caminho de Chão do Guindeiro e a praia da Ladeira, assim como a meio entre Arga de S. João e Arga de Baixo. Aí não incomoda ninguém, mas, numa povoação, os exageros do barulho, do fogo, das músicas, dos bombos, do vaivém de forasteiros, tudo isso é coisa que gosto, mas, os exageros dos gastos perante a fome que muitos têm às vezes podem ser provocação para quem vive mal.






E dos doentes, que são muitos, é reprovável. Todos devíamos dar ser mais sentidos e encaminhar custos para receitas a favor de quem nada tem: dinheiro para pagar rendas, água, luz, comprara pão carne ou peixe; comprar medicamentos na farmácia, bens essenciais para uma vida com alguma dignidade.
Quando esses exageros se verificam quem for sensível porque muita gente hoje sofre, excepto os políticos e os bens colocados na vida protegidos por leis injustas que geram criminalidade.

Pelo buraco de uma fechadura


Pelo buraco de uma fechadura

Hoje isso não acontece, mas antigamente o buraco de uma fechadura era sempre um lugar para curiosos espreitarem, para ver o que se passava para além da porta.

Pelo buraco da fechadura de uma porta quem nunca de nós não espreitou?

Acredito no contrário, mas a maioria diria que sim: ou para ver o tamanho do cão, ou por curiosidade de ver o jardim, o que se passaria do lado de lá…

É famoso o buraco da fechadura da porta que dá acesso ao jardim da Sede da Ordem de Malta, em Roma, junto à Basílica de Santa Sabina. Pelo buraco se vê o passeio do jardim e o seu cumprimento, ao mesmo tempo e na direcção se vê do alto do Monte Aventino em Roma, a Cúpula da Basílica de S. Pedro,  em Roma.

Deste modo, não sei se ainda hoje acontece, como uma curiosidade para quem visita a vetusta cidade de Rómulo e Remo.

terça-feira, 13 de agosto de 2013

exposição Viana, fiel amiga do Mar. Memórias da Empresa de Pesca de Viana, promovida pelo Centro de Estudos Regionais, Junta de Freguesia de Monserrate, Câmara Municipal de Viana do Castelo e Comissão Social da Freguesia de Monserrate. Apresentação do livro “Viana e a pesca do bacalhau”, de Manuel de Oliveira Martins


 
É já amanhã às 17 horas a apresentação de mais um livro do nosso paroquiano e responsável da Biblioteca... Serve de convite



Nota de imprensa

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Apresentação do livro “Viana e a pesca do bacalhau”, de Manuel de Oliveira Martins

O Centro de Estudos Regionais promove, no próximo dia 16 de agosto, o lançamento do livro Viana e a pesca do bacalhau, de Manuel de Oliveira Martins. A sessão de apresentação terá lugar no Museu de Artes Decorativas, às 17 horas, e antecede a abertura da exposição “Viana, fiel amiga do Mar. Memórias da Empresa de Pesca de Viana”.

O livro, composto por 420 páginas e profusamente ilustrado, integra a coleção “Seiva” das edições do Centro de Estudos Regionais e reúne informação histórica e antropológica sobre a relação da região com a pesca do bacalhau. A publicação aborda os principais momentos da história daquela atividade, apresenta as empresas e os navios que estiveram ao seu serviço, reúne vários depoimentos e menciona as personalidades que se evidenciaram na cidade de Viana do Castelo na promoção do desenvolvimento desta atividade.

2

económica. O livro destaca a Empresa de Pesca de Viana e as figuras que foram responsáveis pela sua administração, entre as quais sobressai João Alves Cerqueira. A apresentação ocorre precisamente no dia em que se cumpre o centenário da fundação da firma que esteve na génese da Empresa de Pesca de Viana.


Manuel de Oliveira Martins, natural de Vale de Cambra, é um apaixonado pelo mar. Tendo seguido a carreira de Oficial da Marinha Mercante, fixou-se em Viana do Castelo onde exerceu, durante quase 20 anos, a função de Piloto da Barra. Durante vários anos, o autor do livro dedicou-se à pesca do bacalhau, experienciando as suas diversas modalidades – pesca à linha, pesca com redes de emalhar e pesca de arrasto clássico e de popa –, embarcado em diversos navios, alguns dos quais inscritos no porto de Viana do Castelo. É autor do livro Pilotos da Pilotos da Barra de Viana do Castelo. 100 Anos de História (1858-1958) , editado pelo Centro de Estudos Regionais, que se encontra esgotado.

A apresentação do livro antecede a abertura da exposição Viana, fiel amiga do Mar. Memórias da Empresa de Pesca de Viana, promovida pelo Centro de Estudos Regionais, Junta de Freguesia de Monserrate, Câmara Municipal de Viana do Castelo e Comissão Social da Freguesia de Monserrate.

Viana do Castelo, 12 de agosto de 2013

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Ele nasceu com apenas 19 semanas: viveu pouco, transmitiu muito

Ele nasceu com apenas 19 semanas: viveu pouco, transmitiu muito

As impressionantes fotografias do pequeno Walter, acolhido carinhosamente pela sua família

05.07.2013
 
 
 
Lexi FRETZ / f2photographystudio. com
 
 
 
 
"Eu o peguei e abracei, enquanto seu coração batia. Deixei-o perto do meu coração, contei seus dedos dos pés e beijei sua cabecinha. Sempre guardarei as cálidas lembranças que tenho dele", explicou sua mãe, Lexi Fretz.

Na semana passada, nasceu Walter Joshua Fretz, irremediavelmente com apenas 19 semanas e 3 dias de gestação, no Hospital de Kokomo (Indiana, EUA), segundo informa Argentinos Alerta.

"Estou muito feliz pelo fato de o Joshua ter ido até o carro buscar minha câmera. No começo, eu não queria fotos, mas agora elas são a única coisa que tenho para me lembrar dele", disse Lexi, fotógrafa por profissão.

Na manhã seguinte, Michayla e Emma foram ao hospital conhecer seu irmãozinho. "Eu não tinha nenhuma dúvida de que queria que as meninas conhecessem seu irmão", explicou a mãe.

Muitos países consideram o aborto legal às 19 semanas de gestação, mas foi nesse momento que o pequeno Walter nasceu, apesar de ter vivido apenas alguns minutos. Mas sua vida não foi em vão. Ao contrário, tocou o coração de milhares de pessoas.

Walter recebeu não somente o amor da sua família, mas suas impressionantes fotografias estão circulando pelo mundo inteiro, demonstrando que o pequeno, no colo materno, é plenamente um ser humano.

Para ver todas as fotos, clique aqui. Se quiser escrever para a família, seu e-mail é lexi@f2photographystudio.com.

A história completa (em inglês) pode ser lida clicando aqui.

(Fonte: Argentinos Alerta)

A erva mate foi fundamental na primeira evangelização na América Latina, foi um instrumento de desenvolvimento nas missões jesuítas no sul do continente



A erva mate foi fundamental na primeira evangelização na América Latina, foi um instrumento de desenvolvimento nas missões jesuítas no sul do continente

05.08.2013     Alvaro Real                
 
 
 

© AFP PHOTO / Javier Raul Dresco
 
 
 
 

O Papa Francisco gosta muito de chá mate. No mate se unem duas peculiaridades: sua nacionalidade argentina, onde é “bebida nacional”, e sua pertença à Companhia de Jesus, a grande precursora do cultivo, da industrialização e da distribuição da erva, considerada “ouro verde”, ou chamada ainda de “chá dos jesuítas”.
 
A utilização da folha de mate para a preparação de bebidas estimulantes e com finalidade medicinal provém das tradições do povo guarani. Foram os jesuítas os primeiros a promover o uso do mate por sua atividade estimulante, o que permitiu aumentar o potencial de trabalho nas missões indígenas e diminuir o consumo de álcool.
 
Houve um tempo em que o mate foi proibido. No dia 20 de maio de 1616, o governador de Buenos Aires Hernando Arias de Saavedra, mais conhecido como Hernandarias, publicou um decreto em que proibia qualquer uso do mate. Ele o denominava como uma erva “do demônio”, “vício abominável e sujo”. Os próprios jesuítas chegaram a ver o mate com maus olhos, mas depois aceitaram controlar o seu cultivo, sobretudo para ajudar os camponeses que o cultivavam.
 
No início da colonização europeia da América Latina, a planta só era obtida na serra de Mbaracayú, no Guayrá, 500 quilômetros ao norte de Assunção. O acesso até esse lugar era difícil, e muitos dos que iam para alcançar os seus benefícios acabavam pagando o preço do clima insalubre.
 
Os jesuítas humanizam o cultivo
 
Os índios a serviço dos espanhóis morriam em massa durante os meses de colheita do mate. As selvas tropicais, a falta de refúgio, a pouca quantidade de alimento, tudo isso proporcionava epidemias e mortes por exaustão. Seriam os jesuítas os encarregados de humanizar, aperfeiçoar e racionalizar a colheita do mate selvagem. Eles atuaram nesse ramo até o ponto da erva ter ficado conhecida como “chá dos jesuítas”.
 
O mate seria então um grande recurso para auxiliar no pagamento de tributos ao reino espanhol. Os padres jesuítas conseguiram encontrar um sistema de fecundação e de cultivo que proporcionava alta produtividade. Assim os jesuítas conseguiram transformar os guaranis em cidadãos do reino.
 
O mate como forma de solidariedade
 
Tudo isso, unido à absorção de elementos religiosos guaranis para a evangelização, permitiu a pregação jesuítica naqueles lares. Em vez de substituir a tradição guarani de casas abertas e propriedade comum, eles conseguiram fortalecer as formas associativas de produção dentro da comunidade e compartilhar com outras comunidades.
 
A solidariedade também foi uma característica. Conscientes da importância do mate, as missões os trocavam por carne ou até artesanato de regiões com menor capacidade produtiva. Produtos agrícolas também eram trocados pelo “ouro verde”.
 
Hábito inalterado
 
Poucas coisas mudaram no hábito de beber mate popularizado pelas missões jesuíticas. Seu consumo enraizou na Argentina, no sul do Brasil, no Paraguai e no Uruguai. O mate, a cuia e a bombilha continuam sendo os mesmos há 200 anos. Só a utilização de garrafas térmicas para manter a água quente foi o que mudou.
 
O ingrediente dos guaranis, especialmente bem cuidado e desenvolvido pelos jesuítas, tornou-se o “chimarrão” no Brasil e simplesmente “mate” na Argentina, Uruguai e Paraguai.
 
Em alguns momentos em que circulava entre os jovens no Rio de Janeiro, o Papa Francisco foi flagrado aceitando um gole de mate de um ou outro peregrino que lhe oferecia. Como um bom jesuíta argentino, o Papa não rejeita um chimarrão.