sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Alcorão e Bíblia são a mesma coisa? Conheço o Alcorão, mas tem uma história diferente e equiparar...


Quais são as semelhanças e diferenças entre a Bíblia e o Alcorão?

Você sabia que o Alcorão fala de Adão, Noé, Abraão, Moisés, Jesus e Maria? Mas o sentido que os muçulmanos dão a eles é bem diferente do nosso
María Angeles Corpas (2)

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Alcorão (ou Corão) e Bíblia são equiparáveis? Sim e não.

Para entender de maneira simples, podemos dizer que entre ambos há conexões e diferenças, tanto no conteúdo como na forma.

Sem pretender esgotar o tema, podemos começar dizendo que ambos são escrituras reveladas. E, em certos aspectos, o conteúdo dessa revelação é similar e constante: adorar um único Deus e submeter-se à sua vontade. Alcorão e Bíblia representam a cristalização da palavra de Deus que "descende" em épocas diferentes até os profetas.

Adão, Noé, Abraão, Moisés, Aarão, Jesus e Maria são figuras que também aparecem no Alcorão, ainda que suas histórias não coincidam exatamente com as do relato bíblico.

A principal diferença entre ambos quanto ao ensinamento se refere a que a figura de Cristo é concebida de maneira muito diferente. No Alcorão, Jesus é considerado um grande profeta, predecessor de Maomé. Em nenhum caso é reconhecido como Filho de Deus.

O Espírito Santo, para um cristão, é o Espírito de Deus, expressão do amor existente entre o Pai e o Filho. No Alcorão, o Espírito é uma emanação divina, mas não faz parte da sua própria natureza.

Para o Islã, o Alcorão é a palavra revelada de Deus. E o profeta Maomé é apenas seu transmissor, porque essa palavra foi ditada integramente pelo próprio Deus. Para o cristão, a Palavra de Deus é uma pessoa, Verbo encarnado em Jesus, Palavra de Deus feita Homem, e não um livro. O Novo Testamento nos transmite essa Palavra viva mediante o testemunho dos apóstolos.

Tamanho e história

Os 114 capítulos (suras) do Alcorão foram revelados a Maomé em língua árabe, ao longo de 23 anos. Em comparação com a Bíblia, sua extensão total equivale a quatro quintos do Novo Testamento.

Ao contrário do texto muçulmano, a Bíblia, como seu nome indica, é um "conjunto de livros", escritos em diferentes línguas (hebraico, aramaico e grego), por autores diferentes, ao longo de cerca de mil anos (900 a.C. – 100 d.C.). Da mesma maneira, reúne gêneros literários muito variados (históricos, orações, poesia etc.). A vinda de Jesus Cristo é o acontecimento que divide a Bíblia em Antigo Testamento (história do povo hebreu) e Novo Testamento (vida, morte e ressurreição de Jesus).

O cristianismo aceita boa parte da Bíblia hebraica como parte da sua história, enquanto os muçulmanos acreditam que o conteúdo de ambos os testamentos desfigura a revelação original.

Outra grande diferença: como são lidos

Católicos e muçulmanos se aproximam dos seus textos sagrados de maneira muito diferente. Um católico vê a Bíblia como história de salvação. O muçulmano vê o Alcorão como "palavra eterna e incriada" e, portanto, que não pode ser alterada no mais mínimo.

Ambos os textos foram traduzidos a inúmeras línguas para tornar seu conteúdo compreensível. No entanto, a diferença radica em que, nos atos de culto, a Bíblia é usada na língua própria de cada povo. O Alcorão só se usa em árabe, língua de Deus. Daí que seja tão importante a recitação do textos em tais atos.

Quanto à interpretação dos textos, também existem diferenças. Para os estudiosos muçulmanos, estes comentários (tafsir) se centram na história do texto. É de vital importância a ordem da revelação de cada sura, ou seja, o contexto em que foi revelada dentro da vida do Poofeta, já que influencia poderosamente em sua interpretação. Geralmente, estes comentários incluem várias interpretações possíveis e só os ramos fundamentalistas consideram uma única.

Para realizar estes comentários, foram usados os hadith, o conjunto de tradições nas quais alguns eruditos muçulmanos (ulemas) basearam a história e as leis islâmicas. Um método muito utilizado é o estudo da corrente de narradores (isnad) por meios dos quais a tradição foi transmitida.

Ao contrário disso, a exegese bíblica se centrou em determinar os princípios e normas que devem ser aplicados nesta interpretação. Revelados por Deus, mas compostos por homens, os textos bíblicos possuem dois significados diferentes: o literal e o espiritual. Portanto, é vital sublinhar que sua unidade radica no espírito que a inspirou e sua leitura deve ser realizada no contexto da tradição viva da Igreja.

É muito importante levar em consideração que os católicos precisam ser muito cuidadosos na hora de fazer paralelismos simples entre ambos os textos. Unindo a crença em um só Deus e tendo um tronco comum (Abraão), é preciso insistir em que o conhecimento das suas diferenças é recomendável para não relegar aspectos cruciais da fé. O aspecto fundamental radica na figura de Cristo.


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P.S. Deus criou a Humanidade e a mensagem é igual para todos. A mensagem apareceu depois ou ao mesmo tempo em que Deus, AMOR, criou tudo?

 



 

 



 

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Menina de 12 anos ensina “teologia das lágrimas” ao Papa Francisco


Menina de 12 anos ensina “teologia das lágrimas” ao Papa Francisco
Ela comoveu tanto o Papa, que ele deixou de lado o discurso que havia preparado e falou com o coração




Ary Waldir Ramos Díaz

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Teologia das lágrimas


Em um discurso improvisado na universidade de São Tomás, de Manila, o Papa Francisco convidou 30 mil estudantes a não serem jovens de museu, que só acumulam informação, e sim pessoas sábias, que também saibam chorar, comover-se com o sofrimento alheio, amar e deixar-se amar, ajudar os pobres, doentes e órfãos.

Mas há uma história por trás desse discurso do Papa. Glyzelle Palomar, de 12 anos, com lágrimas nos olhos, contou ao Papa Francisco que já havia procurado comida no lixo e dormido na rua.

“Por que Deus permite que estas coisas aconteçam, inclusive se não é culpa das crianças? E por que só algumas pessoas nos ajudam?”, perguntou a pequena filipina ao Papa, cobrindo o rosto enquanto soluçava, de tanto chorar.

As lágrimas de Glyzelle inspiraram ao Papa um discurso sublime, que poderíamos chamar de “teologia das lágrimas”. “Sua realidade é superior a todas as ideias que eu havia preparado”, explicou Francisco.

Diante das palavras de Glyzelle, o Papa deixou de lado as folhas do discurso que havia preparado e falou com naturalidade aos jovens: “Ela hoje fez a única pergunta que não tem resposta, e as palavras não foram suficientes, então precisou dizê-las com lágrimas”.

“Quando nos fizerem a pergunta sobre por que as crianças sofrem, que nossa resposta seja o silêncio ou as palavras que nascem das lágrimas”, acrescentou.

Glyzelle se apresentou ao Papa acompanhada por Jun Chura, outro jovem que 14 anos que também foi menino de rua e que leu um emocionante testemunho sobre a vida dos pequenos filipinos vítimas de abusos, drogas e prostituição.

O Pontífice disse que “certas realidades da vida só podem ser vistas com os olhos limpos pelas lágrimas”, e acrescentou: “Se vocês não aprendem a chorar, não serão bons cristãos”.

Francisco, recordando o testemunho desses ex-meninos de rua, afirmou que “o mundo de hoje precisa aprender a chorar, chorar pelos marginalizados, pelos abandonados, pelos desprezados, mas os que levam uma vida mais ou menos sem necessidades não sabem chorar”.

Os testemunhos inspiraram o Papa para improvisar “as palavras que nascem das lágrimas” e, assim, ele pediu desculpas por falar em espanhol e não fazer o discurso oficial, porque ele precisava questionar: “Por que as crianças sofrem?”. E acrescentou que a simples compaixão mundana não serve para nada.

 

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

O sal e a religião


O sal e a religião

Por Anselmo Borges 

DN 17.01.2015

 

A propósito dos trágicos e bárbaros acontecimentos em Paris ficam aí algumas reflexões

 

1. Estamos confrontados com a questão do outro. Somos, por natureza, sociais: fazemo-nos uns aos outros, a nossa identidade é sempre atravessada pela alteridade. Mas o outro enquanto diferença é ao mesmo tempo espaço de fascínio — quem não gosta de viajar para conhecer outros povos, outras culturas? — e de perigo — o outro é o desconhecido perante o qual é preciso prevenir-se.

Viveremos cada vez mais em sociedades multiculturais e multi-religiosas. Aí está a riqueza da diferença, mas, simultaneamente, o sobressalto dessa mesma diferença. Isto impõe o conhecimento mútuo, o diálogo intercultural e inter-religioso. É cada vez mais claro, como há muito repete o teólogo Hans Küng: não haverá paz entre as nações sem paz entre as religiões; não haverá paz entre as religiões sem o seu conhecimento e o diálogo entre elas; urge um consenso ético mínimo global.

 

2. A liberdade de expressão é um direito fundamental e uma conquista civilizacional a que se não pode renunciar. Também no domínio religioso: estou, por exemplo, convencido de que, se a liberdade de pensamento e de expressão na Igreja Católica não estivesse tão tolhida, ela, Igreja, não teria tido os problemas e até infâmias por que tem passado.

Face à crítica da religião, até com cartoons satíricos, patetas e boçais, não fico aflito. Já Kant escreveu que a religião, apesar da sua majestade, não está imune à crítica. Distingo muito bem entre o Sagrado, Deus em si mesmo, que nós nunca atingimos — os cartoonistas também não — e as nossas formas humanas de nos relacionarmos com Ele. Ora, muitas vezes, essas formas são ridículas, inumanas, supersticiosas, e os críticos obrigam-nos a ver isso e a corrigir.

Evidentemente, quem critica deve ter o sentido das suas responsabilidades quanto ao que faz e às suas consequências. Há críticas patetas e boçais: elas ficam com os seus autores.

Por outro lado, quem se sente ofendido ou injuriado, ferido nos seus direitos, tem o direito à defesa segundo a lei: protestando, organizando manifestações, recorrendo aos tribunais. Não se pode é recorrer à violência, ao terror que mata. Frente a um deus que legitimasse a violência bruta, a degola, a violação, a decapitação, só haveria uma atitude humanamente digna: ser ateu. Um deus assim seria pior do que nós, quando estamos de bem com a razão e a humanidade.

 

3. É sabido que também há fundamentalismo entre os cristãos, como lembrou o Papa Francisco, e também os cristãos cometeram barbaridades sem conta. De qualquer modo, aprenderam, também a partir dos ensinamentos de Jesus, que é necessário ler criticamente os textos sagrados, separar a religião e a política, criar Estados laicos, que garantam a liberdade religiosa de todos, incluindo a dos ateus, e resolver os diferendos e castigar os crimes, seguindo leis votadas em Parlamentos pluralistas e democráticos.

 

4. Não creio que haja guerras e violência exclusivamente religiosas. Aí, a religião servirá sobretudo para legitimar interesses outros: políticos, económicos, geoestratégicos. Penso, por exemplo, que há velhos ressentimentos do mundo muçulmano contra o Ocidente. Lá estão a colonização, as cruzadas, a questão da Palestina, a invasão do Iraque e o bombardeamento da Líbia e o caos que se seguiu, a falta de integração daqueles e daquelas que vivem nos arrabaldes das cidades europeias. Isso não justifica de modo nenhum o terror em nome de Deus, e impõe-se, por exemplo, combater, também pela força das armas, o autoproclamado Estado Islâmico, no quadro, evidentemente, do Direito Internacional. Mas dá que pensar e obriga a agir.

 

5. Como dá que pensar que milhares de jovens europeus sejam aliciados pelo jihadismo para combater nas fileiras do Estado Islâmico. O que é que os move? Não será também porque, face ao vazio de valores, no quadro de um consumismo pedante e do tédio gerado pelo hedonismo fácil, não encontrando sentido, procuram uma grande causa, embora louca? Perante o nada de valores de uma Europa descrente de si, decapitada pelo materialismo, buscam no califado a senda da heroicidade e da salvação?

 

6. Quando vou a Viseu, passo pelo monumento ao bispo D. António Alves Martins, meditando na sua afirmação sob a estátua: "A religião deve ser como o sal na comida; nem muito nem pouco; só o preciso." Por outras palavras, quanto à religião, nem de menos nem de mais. Estou convencido de que, sem religião, isto é, sem a religação ao Mistério último, a vida humana é mais pobre, acanhada, sem horizonte de transcendência e sentido último. Mas espreita sempre o perigo do fanatismo, que pode espalhar a pequenez, a humilhação e até a morte e o horror. O fanatismo, desembocando no terrorismo, é o pior inimigo da religião na sua verdade.

 

 

Por decisão pessoal, o autor do texto não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

CELEBRAÇÃO ECUMÉNICA


                                      ENCONTRO ECUMÉNICO

 

Realizar-se-á uma celebração ecuménica no próximo Domingo, dia 25, às 19 horas, com a presença de um sacerdote ortodoxo, Padre Basílio, luterano Pastor e, por mais um ou outro que não confirmaram, na Igreja da Sagrada Família, na Abelheira, antigo lugar tradicional da cidade de Viana do Castelo.

A propósito, o ecumenismo, de oikouméne, (designando “toda a terra habitada”) ou obra de Deus com a colaboração do Homem que tem uma tarefa a realizar, é o processo de procura da unidade dos irmãos na fé. Emprega-se este termo para os esforços em favor das unidades entre igrejas cristãs através de um diálogo fraternal e cooperação comum para serem ultrapassadas divergências históricas e culturais.

Assim trabalhamos para uma reconciliação cristã que aceite a diversidade no diálogo, nas diferenças… e até chegarmos a um diálogo com as outras religiões, diálogo, inter-religioso.

Este movimento começou com muita pujança, com as missões protestantes a que a Igreja Católica foi aderindo até que se incorporou oficialmente ao movimento ecuménico a partir de 1960, quando o papa João XXIII criou o Secretariado Romano para a Unidade dos Cristãos. Este organismo participou ativamente no assessoriamente ao papa e aos bispos durante o Concílio Vaticano II, além de ajudar os padres conciliares na elaboração de ser consagrado pelo decreto Unitatis Redintegratio de 1964, do Papa Paulo VI.

Este decreto definiu o movimento ecuménico como uma graça do Espírito Santo, considera que o caráter ecuménico é essencialmente espiritual e estabelece que o olhar da Igreja Católica é dirigido às igrejas separadas do Catolicismo: as Igrejas Ortodoxas e as Igrejas Protestantes.

O Papa Paulo VI instituiu diversos grupos de trabalho na linha do diálogo inter-religioso: o Secretariado para os Não-Cristãos, a Comissão para o Diálogo com os Judeus e o Secretariado para os Não-Crentes.

A revista Sem Fronteiras (As Grandes Religiões do Mundo, descreve o ecumenismo como um movimento que se preocupa com as divisões entre as várias Igrejas cristãs. E explica: "Trabalha-se para que estas divisões sejam superadas de forma que se possa realizar o desejo de Jesus Cristo: de que todos os seus seguidores estivessem unidos, de assim, como Ele e o Pai são um só."

A Comunidade de Taizé que, nesta Paróquia, em Ponte de Lima e em Caminha, promove momentos de oração aberta a todos os jovens e pessoas de qualquer idade, de diversas origens religiosas é um forte impulso a esta tão querida unidade que nos faz unir pela fé num ecumenismo espiritual e, em certos casos, pode ser institucional, doutrinal, oficial, local e secular…

Este nosso encontro, nesta altura, não tem outro objectivo se não mais que ficar pelo espiritual para mais depressa nos aproximarmos uns dos outros e nos conduzir à unidade que Jesus tanto proclamou.
 
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Próximo Domingo – Encerramento da Semana da Oração pela Unidade dos Cristãos. Celebração Ecuménica com representação da Igreja Ortodoxa, Luterana e Lusitana às 19H na Igreja Sagrada Familia.

UM NOVO LIVRO DE JOÃO CERQUEIRA


João Cerqueira Bio

João Cerqueira é doutorado em História da Arte pela Universidade do Porto. É autor de sete livros. A culpa é destas liberdades, A Tragédia de Fidel Castro (publicado nos EUA com o título The Tragedy of Fidel Castro), As reflexões do Diabo, Arte e literatura na guerra civil de Espanha, Maria Pia: rainha e mulher, José de Guimarães (publicado na China pelo Today Art Museum), José de Guimarães: Arte Pública.
 
O livro é publicado em Portugal pela editora Estação Imaginária e será publicado em Espanha pela editora Funambulista. Já recebeu duas propostas para publicação nos Estados Unidos.
 
 

Refeitório Social de Nª Sª de Fátima


Refeitório Social de Nª Sª de Fátima

 

A pobreza é um estado habitual de privação de bens supérfluos, carência de bens necessários à condição social e insuficiência de bens necessários à vida dos indivíduos e da sua respectiva família. A pobreza, definida em relação à situação económica, é a condição real de uma grande parte da Humanidade. Uma grande percentagem das pessoas não dispõe de bens supérfluos, carece do que necessita para desempenhar as suas funções com grande dificuldade, e não têm os mínimos para subsistir com a família.

O pobre é o ser humano que carece do que necessita para o exercício de uma vida digna em conformidade com a sua condição de pessoa (persona). A pobreza considerada nestes termos, é uma pobreza imposta e, por conseguinte, considerada objectivamente como “desumana” e “desumanizante”. No entanto, nunca é demais acrescentar que a pobreza não deve ser considerada somente sob a base económica, mas que o seu significado se estende a todos os âmbitos da vida social e humana: pobreza assistencial, cultural, educacional, jurídica...

A pobreza é mais que um factor de marginalização, é a consequência da marginalização social. Na sociedade capitalista – onde tudo tem um preço – a pobreza constitui um factor de marginalização uma vez que retira ao indivíduo pobre, uma infinidade de possibilidades de participação na convivência social.

Na sociedade Contemporânea há um aumento crescente do número de pobres e começa a aparecer um processo de segregação e de isolamento (guetto). Os pobres não são somente os mendigos, serão os desempregados, os não capacitados para o aparelho produtivo, os vagabundos, os toxicodependentes, alcoólicos, sem-abrigo. Em 1995, encontraram-se na cidade de Viana do Castelo situações de extrema pobreza generalizada presente em indivíduos vagabundos, “passantes”, sem-abrigo, alcoólicos e toxicodependentes, jovens frustrados pela sua situação de desemprego que os impede de aceder a um lugar digno de participação na vida social e ao exercício da cidadania.

Para minorar os efeitos que conduzem à exclusão social e à marginalidade o Centro Social Paroquial de Nossa Senhora de Fátima, celebrou um acordo de cooperação com o Centro Regional de Segurança Social do Norte - Delegação de Viana do Castelo, em 28 de Setembro de 1995, com o objectivo de implementar o equipamento social (Refeitório Social) que respondesse aos problemas desta população- alvo.

O Serviço de Refeitório Social (SRS), desenvolve-se a partir de uma estrutura já existente (Centro de Dia), que apresenta dimensões com capacidade para 36 utilizadores. No entanto, está servir mais de 70 utilizadores devido à procura… e constituiu, no fim de 2014, um saldo negativo de cerca de 50.000 euros ao Centro Social Paroquial.

Daí o gesto da Escola Superior de Saúde que valeu ouro solidário para com esta gente de pobreza diversificada que cada vez vai sendo maior.

 Esta, ainda se vai controlando porque há outra envergonhada (pior) e outra que deixa o seu mundo normal para se dedicar à pilhagem, à violência… (ainda muito pior e reprovável).

A Direcção está agradecida por alguém que se lembrou destes esfomeados e não “coitadinhos” porque a Escola o fez com dignidade e simplicidade uma accão solidária para com esses esquecidos, marginalizados pela sociedade. Toda a gente se lembra, e bem, das crianças que temos no Berço ou CAT. Coisas diferentes e motivações diferentes. As crianças precisam e para elas todos se compadecem, mas para os outros, muitos os afastam e se esquecem como pessoas humanas. Nem os vêem…

A solidariedade vem do Amor de Deus e sua mensagem trazida pelo Verbo encarnado.

Hoje e sempre tem sido algo que nos distingue do puro humanismo, por isso o Papa Francisco pediu uma maior prática da solidariedade e menos violência no mundo.

Falando perante uma multidão de fiéis reunidos na Praça de São Pedro, em Roma, o Papa declarou que "todos temos a responsabilidade de trabalhar para que todo o mundo se torne uma comunidade de irmãos que se respeitam, se aceitam nas suas diferenças e cuidam uns dos outros". E sublinhou que a História "tem um centro: Jesus Cristo" e "um fim: o reino de Deus, reino de paz, de justiça, de liberdade no amor".

E continuou  há dias:

“É preciso defender os pobres,

Não defender-se dos pobres;

é preciso servir os fracos,

Não ser-se dos fracos.”

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

SUSTER E PREVENIR A BARBÁRIE


SUSTER E PREVENIR A BARBÁRIE

por Frei Bento Domingues, O.P.

Público 18.01.2015

 

 

1. Repetiu-se, muitas vezes, que tanto a religião como a irreligião dos portugueses eram bastante analfabetas. Basta, porém, um acontecimento relevante para que os meios de comunicação social mostrem a nossa abundância em peritos do vasto e complexo mundo das religiões. Uns espantam-se, outros duvidam, mas o nosso génio repentino tem destas coisas. Seria, porém, injusto não reconhecer que o panorama da nossa iliteracia religiosa não se tenha vindo a alterar.

Importa, no entanto, não esquecer de onde vimos, se quisermos compreender a alergia do Papa Francisco ao clericalismo e ao proselitismo, assim como as resistências ao espírito das suas reformas. A espantosa entrevista à jornalista argentina, Elisabeta Piqué, merecia uma demorada visita que terei de adiar[1]. Mas acima de tudo, se não quisermos confundir o combate aos movimentos terroristas do “Estado islâmico” com o Islão, importa compreender a calda de cultura religiosa de que ele se reclama. Uma viagem ao nosso passado católico pode ajudar-nos a compreender o outro e a ser exigentes no diálogo inter-religioso.

Um prestigioso investigador do Centro de Estudos do Pensamento Português da Universidade Católica, Afonso Rocha, mostrou como no século XIX, mais precisamente, de 1850 a 1910, se processou, em Portugal, uma grande mudança na filosofia da religião. Numa obra notável – coroa de várias outras - apresentou e caracterizou as figuras que mais se destacaram nesse significativo período: Pedro Amorim Viana, José Maria da Cunha Seixas, Teófilo Braga, Antero de Quental, Guerra Junqueiro, Sampaio (Bruno) e Basílio Teles. Manifestaram-se em ruptura com o catolicismo da Igreja de Roma, de então, enquanto adversária da razão, da consciência e do progresso, mas não eram ateus[2].

2. Por um lado, era o próprio catolicismo português que demonstrava continuar completamente preso àquilo que representava a tradição católica no seu pior, designadamente no respeitante à desconfiança para com tudo o que fosse afirmação da liberdade de consciência e de religião, da razão e do progresso, intransigentemente dogmático e tradicionalista na sua prática teológica e pastoral, não indo além de um posicionamento de “reacção”, de “apologética” e de “polémica” em relação a tudo que tivesse sabor a “moderno”.

Segundo este autor, o catolicismo português, ao aproximar e identificar as concepções e as posições destes filósofos e pensadores com o racionalismo, o materialismo, a irreligiosidade e o ateísmo estava a ser guiado por um espírito claramente inquisitorial, intolerante e retrógrado. Com o inquestionável apoio do magistério oficial do Papa da altura, o comportamento teológico-pastoral mais corrente era o de suspeitar e condenar tudo o que fosse concepções e posições de sabor moderno, designadamente as que pudessem minar a doutrina e os dogmas do catolicismo.

Por outro lado, o novo pensamento português, identificado com a consciência, a razão e o progresso, propunha uma sociedade baseada na racionalidade positivo-científica, servida por uma religião de liberdade de consciência e de tolerância. Seria uma religião mística e da razão, sem hierarquia e sem normas, tão alheia à revelação positiva e ao carácter institucional, organizado, como às pretensões do dogma de uma “religião verdadeira”, única e universal, presente na “Igreja de Roma”.

3. Para Afonso Rocha, os pensadores e filósofos que estudou – em comunhão com outros companheiros estrangeiros - longe de poderem ser interpretados e apodados de irreligiosos e ateus, tendo em conta as suas concepções e posições sobre o religioso, deverão ser considerados como profetas e agentes de uma concepção religiosa assente em valores perenes e imprescritíveis.

Quais são esses valores? Uma religião essencialmente mística, de âmbito universal, cujos “dogmas sacratíssimos” não poderão deixar de ser os da liberdade de consciência, da tolerância, da razão e do progresso. Conforme os tempos e lugares, os povos e as culturas poderão traduzi-los em diversas e grandes religiões.

Para mostrar a incapacidade do pensamento católico em compreender o repto do pensamento moderno, a ruptura com o catolicismo de Trento, a liberdade de consciência e de religião, o autor observa que só na década de sessenta do séc. XX, com a “Declaração sobre a Liberdade Religiosa”, no concílio Vaticano II, é que a Igreja conseguiu dar esse salto. Acrescentaria: sem esse salto, estaríamos na situação cultural e religiosa do Islão.

Foi muito importante ver aqueles Chefes de Estado de vários continentes, unidos contra a barbárie e pela liberdade de todos. Mas, diante das suas responsabilidades históricas e actuais, que estão a fazer para evitar tragédias semelhantes?

Desfilar não pode ser o único objectivo daquela grande convocatória. O que importa é tocar a reunir para encontrarem, nas zonas de conflito, onde reina e se desenvolve a barbárie, os meios adequados para a suster e prevenir.

 

 18.01.2015

 

sábado, 17 de janeiro de 2015

Dar Alma à Vida XXXVII


Dar Alma à Vida XXXVII

 

É transformar a Vida em cada dia, em cada momento numa vida nova. Que seja sempre numa Alma com Vida transformada em luz própria que, recebida no baptismo, não se apague mais e seja luz da Luz de Deus.

Dar Alma à Vida é ser prudente como uma serpente e simples como uma pomba, com a astúcia de quem quer viver a Vida com Espírito dinâmico e apelativo de dia e de noite, no trabalho, na diversão ou no descanso.
 

Dar Alma à Vida é fazer dela fogo que aquece, que ilumina e não gelo que nem acende, nem aquece, nem ilumina.

Dar Alma à Vida é quebrar o gelo (o degelo) entre os outros, a natureza, ou toda a obra criada por Deus.

É deixar-se transformar-se no Amor que anima, sofre com quem sofre, dá o que possui e “é fonte e poço e não só fonte”.

É dar Vida e é conservá-la.

É entregar a Vida e não a perder.

Dar a Vida é o milagre de quem Ama, é saber que nunca se dá tudo, algo é retido porque só se dá o que se recebe, dá-se do que tem e recebe-se conforme se dá.

Dar Alma à Vida é saber estender a mão para receber e estender a mão para dar.

 

                                                                                                                            Pe. A. Coutinho

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Desadaptar a Igreja


Desadaptar a igreja


Frei Bento Domingues O. P.

1. Este Papa anda a desadaptar a Igreja. Pode parecer estranho, mas já deu muitos sinais de que é isso mesmo que pretende. Importa saber em que sentido. Parece-me algo diferente da “revolução” temida pelos conservadores e desejada pelos progressistas. É algo de mais radical.
Quando se falava de adaptação da Igreja ao mundo moderno pensava-se sobretudo na sua descolagem do “antigo regime”, do seu imaginário e privilégios. Daí o repetido toque a finados do chamado “constantinismo” e da cristandade medieval, às vezes, de forma anacrónica. Saber adaptar-se aos novos regimes políticos era uma questão de sobrevivência, procurando salvar o que era possível proteger, em contextos turbulentos. Mas o mundo moderno da criatividade cultural, do pensamento crítico, das descobertas científicas, dos novos movimentos sociais e políticos era coisa bem diferente e implicava discernimentos mais subtis.

Importa salientar que, mesmo no interior do mundo católico, nunca faltaram pessoas, movimentos e grupos que, no meio de grandes obstáculos e condenações vergonhosas, prepararam a grande viragem do Vaticano II. Sem ele e o reconhecimento oficial da liberdade religiosa, os católicos estariam hoje sem espaço para viver, de forma responsável, a crescente complexidade cultural.

A “desorientação” atribuída ao Concílio (1962-65) revelou apenas a falta de liberdade com que se tinha vivido, em diversas épocas e âmbitos, no interior da Igreja Católica. Para “sentir com a Igreja” era recomendada uma estranha e irracional atitude: se vires que uma coisa é preta, mas a hierarquia disser que é branca, conforma-te com a voz da hierarquia!

Lembro esse universo apenas para avivar a memória, mas sem insistir. Quem desejar conhecer o que foram as relações da hierarquia da Igreja com o mundo moderno dispõe hoje de testemunhos e investigações históricas alérgicas às habituais e cómodas explicações piedosas.

2. Por outro lado, em nome do combate à “teologia da libertação” e com o enfraquecimento dos movimentos operários católicos desenvolveu-se um catolicismo ora aburguesado, ora mistificador, servido por movimentos bem adaptados a essa mentalidade, sem qualquer estratégia operativa de combate à pobreza degradada em miséria, esquecendo que “não é de esmola que as pessoas precisam, mas de dignidade” como agora repete M. Bergoglio.

Com o aumento dos chamados católicos não praticantes, a sedução exercida, em vários países, sobre as camadas populares pelas igrejas e seitas pentecostais e uma moral familiar sufocada pelo irrealismo, com os meios de comunicação social cheios de narrativas de eclesiásticos pedófilos e de escândalos financeiros do Banco do Vaticano, tornara-se evidente que as lideranças de João Paulo II e de Bento XVI, por acção e omissão, desbarataram o crédito do Vaticano II, mesmo quando o invocavam. O papa Ratzinger teve o bom senso eclesial de se demitir.

3. Surge M. Bergoglio, com nítida vontade de não se adaptar ao império idolátrico do dinheiro, aos seus interesses e ambientes – dentro e fora da Igreja –, nem às seduções do fausto e do carreirismo eclesiásticos, dentro e fora do Vaticano. Escolhe, por isso, o nome e o paradigma de um clássico desadaptado ao mundo dos negócios, preocupado apenas em seguir Cristo pobre no meio dos pobres, sem ressentimento, respirando uma incansável poética da realidade de Deus e da natureza. Chama-se Francisco de Assis.

Os gestos, as atitudes e o programa deste Papa (Alegria do Evangelho) revelaram-se completamente dissonantes com os costumes inveterados da Cúria vaticana, das cúrias diocesanas, das burocracias paroquiais e com os tiques do catolicismo convencional. Esse não era o mundo de Cristo, manso e humilde de coração para com todos os aflitos e oprimidos, mas implacável perante os responsáveis pelas periferias sociais, culturais e religiosas do seu tempo. Bergoglio vê o mundo económico, social, político e religioso com o olhar do Evangelho e quer que a Igreja não se adapte a uma religião e a uma economia que matam.

Entretanto, as várias tentativas para desacreditar a denúncia da idolatria imperial do Dinheiro, invocando a sua incompetência na matéria, têm agora de engolir obras como as de Thomas Piketty(1) e de Chrystia Freeland(2), que põem a nu os mecanismos que produzem o fosso crescente entre ricos, super-ricos e o imenso mundo dos pobres, cujas consequências serão cada vez mais dramáticas, caso não se mude de rumo.

A concluir a sua investigação, T. Piketty, recorda que todos os cidadãos se deviam interessar pelo destino do dinheiro. Aqueles que o detêm em grande quantidade nunca se esquecem de defender os seus próprios interesses. C. Freeland observa que os super-ricos globais não vão sabotar, de propósito, “o sistema económico que os criou”.

Uma Igreja que consentisse em se adaptar a esse mundo só poderia merecer o desprezo das suas vítimas e de Cristo. O Papa Francisco apostou em contrariar esse destino, votando duas vezes no número 15: nas 15 doenças da Cúria e nos 15 cardeais de comunidades católicas sem poder na Igreja e no mundo.

Público, 11.01.2015

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(1) Thomas Piketty, O Capital no séc. XXI, Temas e Debates, 2014
(2) Chrystia Freeland, Plutocratas, Temas e Debates, 2014

sábado, 10 de janeiro de 2015

Posso comungar de joelhos?


Religião 09.01.2015

Posso comungar de joelhos?
Uma dúvida de muitos fiéis católicos
Pe. Henry Vargas Holguín (20)

© Jeffrey Bruno / Aleteia
“Ao nome de Jesus se dobre todo joelho no céu, na terra e nos abismos” (Filipenses 2, 10).

Os fiéis têm direito de comungar de joelhos e na boca? A resposta é positiva. Quem quiser comungar na boca e/ou de joelhos, pode fazê-lo.

“Os fiéis comungam de joelhos ou em pé, segundo estabeleça a conferência dos bispos, com a confirmação da Sé Apostólica”, diz a instrução “Redemptoris Sacramentum”, sobre algumas coisas que devem ser observadas ou evitadas acerca da Santíssima Eucaristia, no número 90.

E acrescenta: “Assim, não é lícito negar a Sagrada Comunhão a um fiel, por exemplo, só pelo fato de ele querer receber a Eucaristia ajoelhado ou de pé” (RS, 91).

A Instrução Geral do Missal Romano indica, no número 160, que, “quando comungam de pé, recomenda-se fazer, antes de receber o sacramento, a devida reverência”.

É um gesto simples, mas muito significativo, pois expressa devidamente que a pessoa é consciente de estar diante do Senhor, presente no pão eucarístico.

No que diz respeito a comungar na mão ou na boca, “todo fiel tem sempre direito de escolher se deseja receber a sagrada comunhão na boca” (RS, 92) ou na mão.

O que não está permitido é tomar a Hóstia diretamente da âmbula. E tampouco recebê-la na mão quando se comunga sob as duas espécies. Os dedos não podem ser usados como pinças para pegar a hóstia da mão de quem a distribui.

Quem optar por comungar na mão, saiba que há uma forma correta: colocar a mão esquerda, com a palma virada para cima, com os dedos estendidos e unidos, sobre a mão direita, também com a palma virada para cima e com os dedos estendidos e unidos, formando um trono digno.

Uma vez que a Hóstia consagrada foi colocada na palma esquerda, a pessoa a pega com o polegar e o indicador direito, e a leva à boca, dirigindo a mão esquerda na direção do queixo, como uma patena, para evitar que as partículas possam cair no chão.

Depois, é preciso revisar as mãos e dedos, para consumir as possíveis partículas que tenham caído. Não se deve levar diretamente à boca a Hóstia que está sobre a palma da mão esquerda.

Comungar na mão não é estender uma mão como quem pede ou recebe qualquer coisa, ou como quem recebe a porção de algum alimento que lhe é oferecido no supermercado para degustação.

Então, é importante recordar como posicionar as duas mãos para expressar que se é consciente de que não se recebe algo comum, mas extraordinário: o próprio Deus!

Em suma, é lógico, portanto, pensar que os ministros ordenados ou os ministros extraordinários da comunhão nunca devem impor aos fiéis nenhuma maneira de comungar.

Então, o mais plausível é comungar de joelhos e na boca, mas também é válido comungar em pé e na mão.

Porém, independentemente de como se comunga, é preciso fazê-lo em estado de graça, com o devido respeito e amor, com a consciência de Quem estamos recebendo, com a boa disposição de continuar crescendo na condição de discípulos do Senhor e com o compromisso de levá-lo aonde formos, como sacrários vivos.

Isso implica na necessária preparação, não só da alma, mas também do corpo – entre outras coisas, com o jejum eucarístico.

Como é bonito ver nos adultos essa candidez e alegria espiritual das crianças quando fazem sua primeira comunhão, mantendo essa abertura e simplicidade que as crianças têm ao querer se aproximar de Jesus para melhorar sua vida espiritual.

Nossa maneira de comungar mostra a importância que o Senhor tem para nós; é um apostolado. Mas recebemos Jesus com amor, respeito e adoração porque Ele merece, e não para ficar bem na frente dos outros.

O segredo é exteriorizar o amor: a melhor maneira de exteriorizar esse amor, sem a pretensão de ficar bem na frente dos outros, é comungar de joelhos (em atitude de adoração) e na boca; assim se sublinha, com sinais de admiração, a presença real do Senhor Jesus.


Por que não é tão recomendável comungar na mão?

As mãos são menos dignas; comungar na mão implica algum risco de profanação, como já se viu em muitos casos; existe o perigo de que haja partículas da Hóstia na mão ou nos dedos; não é o mais higiênico, ao ter as mãos sujas devido a que quem comunga veio da rua, talvez tenha mexido em dinheiro na hora da coleta, deu a mão no rito da paz a pessoas que podem ter gripe ou outro mal contagioso e, além disso, os fiéis não têm as mãos consagradas.

Recomenda-se, então, comungar de joelhos e na boca. Mais ainda: quem quiser comungar dessa maneira dará um bom exemplo nos lugares onde não é comum comungar dessa forma.

Se este direito lhe for negado, exija-o. De qualquer maneira, as demonstrações externas de amor a Jesus Eucaristia são tão belas como estar limpos interiormente.

Para terminar, um dado final. Cada um tire suas próprias conclusões: santa Margarida Maria Alacoque contou que Jesus lhe disse: “Entristeço-me com a frieza e menosprezo que têm para comigo neste sacramento de amor”.

A outros santos e santas, Jesus revelou que lhe entristecia ver as pessoas comungando como se estivessem pegando um pedaço qualquer de pão.
 


Pe. Henry Vargas Holguín

 


 

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

O que pode ser apresentado no ofertório da missa?


O que pode ser apresentado no ofertório da missa?

O ofertório costuma receber pouca atenção das pessoas, mas é um momento importantíssimo, talvez o de maior participação dos fiéis na missa

Pe. Henry Vargas Holguín

 © dominicos.org
Já sabemos muito bem que Jesus instituiu o sacrifício e o banquete pascoais. Quando? Na Última Ceia. E, quando o bispo ou sacerdote (representando Cristo) realizam o mesmo ato do Senhor (que os deixou a tarefa de fazer isso em memória dele), o sacrifício da cruz se faz continuamente presente na Igreja.

Por isso, a Igreja organizou a Liturgia Eucarística com as partes que respondem às ações e palavras de Jesus, começando pela apresentação dos dons. Em que consiste a preparação dos dons? Em levar ao altar as oferendas do pão e do vinho com água, ou seja, os mesmos elementos que Cristo tomou em suas mãos; são os dons que se converterão no Corpo e no Sangue de Jesus.

O ministro ordenado que preside a missa, ao receber as oferendas eucarísticas, bendiz Deus pelo pão e pelo vinho que foram recebidos da sua bondade e que são fruto da terra e do trabalho do homem, e as apresenta para que se tornem pão de vida e bebida de salvação.

Antes de levantar e oferecer o vinho, o ministro ordenado ou o diácono acrescenta uma gota de água ao vinho, representando a união hipostática da divindade e humanidade de Jesus. Mas representa também a união da nossa oferenda à oferenda perfeita de Cristo na cruz, junto a cada um de nós.

Isso quer dizer que nós participamos do sacrifício de Cristo; é sinal da participação da nossa natureza humana na natureza divina de Jesus.

Na Igreja primitiva, as oferendas do pão e do vinho eram levadas de casa pelos próprios fiéis ao lugar da celebração. Por isso, seria oportuno recuperar o belíssimo gesto de que as oferendas sejam sempre apresentadas pelos fiéis, pelo menos nos dias de festa.

Apesar das modificações nas modalidades (ou seja, apesar de o pão e o vinho já estarem na igreja), o rito de apresentá-los conserva seu significado espiritual, seu sentido e sua força.

A Instrução Geral do Missal Romano recorda que também se pode receber dinheiro ou outros dons para os pobres ou para a Igreja, trazidos pelos fiéis ou coletados na igreja, os quais são colocados no lugar apropriado, fora da mesa eucarística (n. 73).

Infelizmente, o ofertório costuma passar quase inadvertido, mas é um momento importantíssimo, talvez o de maior participação dos fiéis na missa. É importante saber e levar sempre em consideração que, no pão e no vinho, estão representados todos os dons de Deus que, no sacrifício, voltam a Ele.

O ofertório é o momento de oferecer nossas vidas ao Senhor, oferecer-nos com tudo o que somos e temos. E essa oferenda depois nos é devolvida pelo Senhor transformada nele mesmo.

Quando haja apresentação dos dons, é preciso organizar uma procissão. Portanto, as pessoas que vão apresentá-los devem se preparar antes, ou seja, antes de que o rito comece.

Como se prepara o ofertório e a procissão?

1. Depois da oração dos fiéis, começa a liturgia eucarística; esta, por sua vez, começa com o ofertório. A comunidade se senta.

2. As oferendas são apresentadas pelos fiéis, não pelos servidores do altar.

3. O ministro ordenado que preside a celebração (ou o diácono) se coloca entre o presbitério e a nave central da igreja.

4. Na procissão, sempre se leva em primeiro lugar o pão e o vinho, e depois outros dons para o serviço dos pobres (alimentos) ou da igreja (objetos litúrgicos e outros).

5. A procissão é feita pelo corredor central da igreja.

6. Os que participam da procissão fazem uma inclinação de cabeça antes de entregar as oferendas ao ministro ordenado que preside a celebração (ou a outro ministro delegado por ele) e, sem dizer nada, voltam aos seus lugares.

7. Se, além das oferendas eucarísticas do pão e do vinho, forem levadas outras oferendas, é oportuno precedê-las de algum comentário durante a procissão.

8. Se não houver comentário, deve haver um cântico apropriado.

9. Se houver cântico, este começa quando a procissão inicia.

10. As oferendas de dinheiro coletadas durante a procissão dos dons, que também fazem parte da oferenda, devem ser colocadas em um lugar visível, perto do altar.

11. Outros objetos podem ser levados com caráter simbólico, significando agradecimento a Deus, nosso compromisso de fidelidade a Ele, nossas boas ações, nossos trabalhos e sacrifícios etc. É preciso recordar que a Deus se oferece o melhor do melhor, sempre.

12. Obviamente, é preciso ter cuidado com o que se apresenta, e fazê-lo com a aprovação do ministro ordenado que preside a celebração.

13. O que se leva ao altar como dom deve ser algo que depois vá ficar na igreja, e não ser recuperado pela pessoa no final da celebração da missa.


PS- É que sempre pensei que as ofertas feitas na Missa nunca devem destinar-se a outro fim. Quem oferece, oferece para a comunidade,  igreja, alfaias litúrgicas e para os pobres. Pe. Coutinho