sábado, 18 de janeiro de 2014

Novena do Menino Jesus e outros costumes ouvidos de José Felgeiras falecido há 10 anos, octogenário


Novena do Menino Jesus

 

1º Desse ventre sacro santo

Sai fora meu belo infante

Vinde morar em meu peito

Que eu já vos espero amante

 

2º Sai meu rico menino

Desse ventre virginal

Olhai que toda a demora

Nos é prejudicial

(Não se lembra da ordem)

Vinde já que eu vos espero

Com ternura e devoção

Se ainda não tendes casa

Morai em meu coração

 

Quem me dera já senhor

Ver-vos no mundo nascido

Pois que só dessa maneira

Ficará ele remido

 

Sei pois Deus amoroso

Do sacrário de Maria

Vinde encher os corações

De prazer e alegria

 

Eu bem sei rico senhor

Não ser capaz de morada

Que por Vossa santa vinda

Ficará santificada

 

Eia pois divino amor

Moras são de vir saindo

Eu então serei ditosa

Se vos ficar possuindo

 

(Faltam 2 quadras que não se lembra e canções da infância já não sabe nenhuma)

 

Desse ventre sacro santo

Sai pois belo infante

Vinde morar em meu peito

Que eu já vos espero amante

 

Vinde amor da minha alma

Vinde ao mundo resgatar

Pela vossa santa vinda

Está o mundo a suspirar

 

Vinde pois Deus amoroso

Moras são de vir saindo

Eu então serei ditoso

Se vos ficar possuindo

 

Vinde pois não Vos negueis

Menino a quem Vos chamo

Que fazer altos mereceres

É próprio de quem bem ama

 

Vinde pois não Vos negueis

Menino a quem Vos chamo

Que por Vossa santa vinda

Ficará santificado

 

Sr. José Felgueiros

Nasceu em 1921

No meu tempo de criança a Abelheira possuía meia dúzia de casas e todos eram conhecidos ou familiares. Razão pela qual quando morria alguém toda a gente se vestia de preto e as mulheres trocavam o lenço habitual por um preto.

 

      Sr. Da Cruz das Barras

 

Existia um cruzeiro com a imagem de um santo que segurava um cálice onde saía o sangue da chaga de lado de Jesus. Anos mais tarde alguém mandou construir lá uma capelinha onde o mar atingia, a que se deu o nome do bairro onde foi construída. Dentro tinha apenas 2 imagens (Sr. do Alivio) e mais tarde o nome da capelinha foi trocado.

 

      Festividades

1 – Novena do Menino Jesus

 

Principiava a 16/12 e acabava a 25/12. No dia 25 era a festa da catequese e distribuía-se pelas crianças uma ceira de figos. Era organizada a rifa do Feijão Preto em que a criança que ficasse com um recebia um lencinho branco. Depois fazia-se um leilão de prendas e às 24 h era lançado o fogo. Movia uma orquestra a cantar mas sempre com uma garrafa de cachaça (aguardente) à beira…

            A novena começava às 6h da manhã e às 5h 30 o sino tocava. As mulheres e os homens alternavam vozes e entoavam cânticos com versos. Era constituído por 9 versos diferentes. No fim a festa acabava com a ladainha a Nª Sra.

 

Outros:

De varão nasceu a vara

De vara nasceu a flor

Da flor nasceu Maria

E de Maria o Redentor

 

(Novena do Menino na Misericórdia)

 

Ó meu querido menino

Em que palha estais deitado

Sendo Vós o Criador

Que mundo tenhais criado

2 – Quaresma

 
            Todos os anos processionalmente pela altura da Quaresma saia da capela de Nª Sra. das Necessidades o Santíssimo, o “Senhor aos enfermos” indo visitar os enfermos da Abelheira. O compasso Pascal saía da freguesia de Santa Maria Maior (igreja Matriz). Quem orientava o compasso da cruz era um mordomo que todos os anos era nomeado na festa de Nª Sra. das Necessidades. O mordomo tinha também o encargo de acompanhar funerais desde a casa até ao cemitério municipal.


3 – Festa de Nª Sra. das Necessidades
 

            Principiava no 1º domingo do mês de Setembro e ia ao dia 8. Tinha a respectiva mordomia da festa, 4 mordomos, cada uma usava cestos de flores enfeitados e fazia-se um arco de flores à entrada do caminho que vai para o cruzeiro para enfeitar e abrilhantar a festa.

            Movia um cortejo de oferendas que saía das casas ricas em direcção à capelinha. No adro, existem pedras lavradas (tempo antigo dos romanos) da antiga igreja de Monserrate.

            Segundo outras testemunhas algumas pedras tumulares vieram do adro da Capela das Almas.

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