segunda-feira, 21 de abril de 2014

A Inspiração do Espírito Divino




Texto-. Mário Carapinha

“A Fé é uma manifestação do amor com que Deus ama os homens”

 

A humanidade vive uma crise de valores, cuja única solução é de natureza espiritual. São tantas as reviravoltas que a vida vai dando ao longo dos séculos, tantas as trans­figurações do EU de cada um, que até a relação de muitas pessoas com Deus se vai adaptando a esses imprevistos. Tendo sempre em vista a supremacia dos laços da fraterni­dade entre as pessoas, inclusive a reunião de todos os credos numa só fé, é nossa obrigação promover o ideal de quem pensa nos outros antes de pensar em si. A nossa missão consiste em empenharmo- -nos todos na promoção da apro­ximação das pessoas, não em dis­persá-las. Numa sociedade atreita ao apelo dos bens de consumo, a um individualismo visando exclu­sivamente o aumento da qualidade de vida material, é fundamental incentivar a qualidade religiosa, a esperança e o amor.

Eu sei quão complicado é tentar abordar o tema espírito, a compo­nente do ser humano não visível. Porém, como componente do ser humano é nossa obrigação abordá- -lo na vida social. Hoje não basta transmitir aos jovens apenas as faculdades intelectuais e técnicas, mas mais ainda as sociais, morais e espirituais. É preciso ter em conta que a Igreja se renova na sua mis­são evangelizadora. Para isso terá de modificar processos da própria renovação espiritual, combater o princípio de uma religiosidade, cada vez mais superficial e despro­vida de referências espirituais sóli­das, aumentar a qualidade de vivên­cia na fé, pois esta só faz sentido se for vivida com o coração. A questão fundamental diz respeito não só à educação dos jovens na vertente espiritual, a FÉ, mas também a for­mação dos adultos, capacitando-os para levarem o seu testemunho a uma sociedade sem bússola, como uma igreja em mutação.

 

Urge a promoção de um movi­mento solidário e integral - solidá­rio no sentido que os povos de todo o mundo formam uma só família; e integral, no sentido de que tal desenvolvimento não deve reduzir- -se apenas à dimensão econômica, devendo incluir de maneira orgâ­nica a dimensão humana e espiri­tual. Por uma inserção em CRISTO, as pessoas ascendem a um huma­nismo transcendental que lhes dá maior plenitude: tal é a finalidade suprema do aperfeiçoamento pes­soal. Os cristãos têm que interiori­zar que “a glória de Deus” é o homem vivo, é que “a vida da pessoa é o Divino Espírito Santo”. Relendo a escritura, eles põem-se voluntaria­mente a considerar a humanidade de Deus, - com o seu poder, sua humildade, sua força, sua ternura, sua compaixão, suas exigências. Como amar seu próximo, segundo a caridade bem ordenada.

A Fé é uma manifestação do amor com que Deus ama os homens. Uma cultura sem Fé viva estará votada a voltar-se sobre a mesma, numa autonomia sem alma. A nova evan- gelização inclui um franco e leal diálogo ecumênico e inter-religioso. Fátima tem dado o exemplo, pois já lá estiveram budistas, hinduístas, muçulmanos e de vários outros cre­dos. Fátima pode tomar-se assim o pólo de atracção desse diálogo, e inclusive num lugar de encontro entre crentes e ateus para a cons­trução de uma nova humanidade. Aceitemo-lo ou não, há hoje uma nova forma de nos relacionarmos com Deus. O que todos temos é de ir ao seu encontro, seguindo a estrela que nos indica o caminho: Cristo. Façamo-lo primeiro para na altura própria tentarmos guiar os outros pelo mesmo caminho. A Fé é um dom de Deus, pois todo o próximo tem de penetrar no nosso coração. Se fizéssemos uma pequena ideia da glória que nos espera no Além, mui pouco caso faríamos das agruras e dos prazeres da vida terrena, para todos nos empenharmos de alma e coração e reforçar a nossa Fé e a dos outros. Se todos tivéssemos uma bocadinho do Divino Espírito Santo comportavamo-nos ao gosto de Cristo. •
in Jornal dos Franciscanos

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