Texto-. Mário Carapinha
“A Fé é uma manifestação do amor com que Deus ama os
homens”
A humanidade vive uma crise de valores, cuja única solução é
de natureza espiritual. São tantas as reviravoltas que a vida vai dando ao
longo dos séculos, tantas as transfigurações do EU de cada um, que até a
relação de muitas pessoas com Deus se vai adaptando a esses imprevistos. Tendo
sempre em vista a supremacia dos laços da fraternidade entre as pessoas,
inclusive a reunião de todos os credos numa só fé, é nossa obrigação promover o ideal de quem pensa nos
outros antes de pensar em si. A nossa missão consiste em
empenharmo- -nos todos na promoção da aproximação das pessoas, não em dispersá-las.
Numa sociedade atreita ao apelo dos bens de consumo, a um individualismo
visando exclusivamente o aumento da qualidade de vida material, é fundamental
incentivar a qualidade religiosa, a esperança e o amor.
Eu sei quão complicado é tentar abordar o tema espírito, a
componente do ser humano não visível. Porém, como componente do ser humano é
nossa obrigação abordá- -lo na vida social. Hoje não basta transmitir aos
jovens apenas as faculdades intelectuais e técnicas, mas mais ainda as sociais,
morais e espirituais. É preciso ter em conta que a Igreja se renova na sua missão
evangelizadora. Para isso terá de modificar processos da própria renovação
espiritual, combater o princípio de uma religiosidade, cada vez mais
superficial e desprovida de referências espirituais sólidas, aumentar a
qualidade de vivência na fé, pois esta só faz sentido se for vivida com o
coração. A questão fundamental diz respeito não só à educação dos jovens na
vertente espiritual, a FÉ, mas também a formação dos adultos, capacitando-os
para levarem o seu testemunho a uma sociedade sem bússola, como uma igreja em
mutação.
Urge a promoção de um movimento solidário e integral -
solidário no sentido que os povos de todo o mundo formam uma só família; e
integral, no sentido de que tal desenvolvimento não deve reduzir- -se apenas à
dimensão econômica, devendo incluir de maneira orgânica a dimensão humana e
espiritual. Por uma inserção em CRISTO, as pessoas ascendem a um humanismo
transcendental que lhes dá maior plenitude: tal é a finalidade suprema do
aperfeiçoamento pessoal. Os cristãos têm que interiorizar que “a glória de
Deus” é o homem vivo, é que “a vida da pessoa é o Divino Espírito Santo”.
Relendo a escritura, eles põem-se voluntariamente a considerar a humanidade de
Deus, - com o seu poder, sua humildade, sua força, sua ternura, sua compaixão,
suas exigências. Como amar seu próximo, segundo a caridade bem ordenada.
A Fé é uma manifestação do amor com que Deus ama os homens.
Uma cultura sem Fé viva estará votada a voltar-se sobre a mesma, numa autonomia
sem alma. A nova evan- gelização inclui um franco e leal diálogo ecumênico e
inter-religioso. Fátima tem dado o exemplo, pois já lá estiveram budistas,
hinduístas, muçulmanos e de vários outros credos. Fátima pode tomar-se assim o
pólo de atracção desse diálogo, e inclusive num lugar de encontro entre crentes
e ateus para a construção de uma nova humanidade. Aceitemo-lo ou não, há hoje
uma nova forma de nos relacionarmos com Deus. O que todos temos é de ir ao seu
encontro, seguindo a estrela que nos indica o caminho: Cristo. Façamo-lo
primeiro para na altura própria tentarmos guiar os outros pelo mesmo caminho. A
Fé é um dom de Deus, pois todo o próximo tem de penetrar no nosso coração. Se
fizéssemos uma pequena ideia da glória que nos espera no Além, mui pouco caso
faríamos das agruras e dos prazeres da vida terrena, para todos nos empenharmos
de alma e coração e reforçar a nossa Fé e a dos outros. Se todos tivéssemos uma
bocadinho do Divino Espírito Santo comportavamo-nos ao gosto de Cristo. •
in Jornal dos Franciscanos
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