João XXIII não só passa à história como um Papa santo e o pai do Concílio Vaticano II. Ele foi provavelmente o Papa mais engraçado da história. Um humor que nascia da simplicidade que transbordava de sua humildade e íntima relação com Deus.
Ele demonstrou isso desde o momento de sua eleição como Papa, na sala que se encontra junto à Capela Sistina. Após ter aceitado ser Papa, segundo prevê a tradição, ele se retirou para colocar as vestes brancas do bispo de Roma.
Surgiu então o problema. Nenhuma das três batinas previamente preparadas servia para ele. Os encarregados ficaram embaraçados, e o novo Papa disse sorrindo: “está claro que os alfaiates não me queriam como Papa”.
Virou costume João XXIII concluir seus encontros com os peregrinos com a frase: “voltem, voltem, pois infelizmente estamos sempre aqui”.
Em uma ocasião, recebeu um bispo italiano em uma audiência que durou mais do que o previsto. Então seu secretário, mons. Loris Capovilla (nomeado cardeal por Francisco), foi lhe recordar que ainda havia uma longa lista de audiências.
João XXIII comentou então com o bispo: “às vezes não sei se o Papa sou eu ou se é ele”.
É famosa sua resposta a alguém que lhe perguntou quantas pessoas trabalhavam no Vaticano. Com naturalidade, respondeu: “mais ou menos a metade”.
Uma vez o “Papa bom” saiu do Vaticano sozinho para ir ao Hospital Espírito Santo visitar discretamente um amigo padre que estava internado.
Ao bater a porta, surgiu a madre superiora que, emocionadíssima, disse: “Santo Padre, sou a superiora do Espírito Santo”. O Papa lhe respondeu: “Que grande carreira fez a senhora, madre!”
Ele costumava confidenciar com seus colaboradores: “com frequência acordo à noite e começo a pensar em uma série de problemas graves e então decido que tenho de falar sobre eles com o Papa. Depois, acordo completamente e me lembro que eu mesmo sou o Papa!”
Com frequência, dizia: “todo mundo pode ser Papa. A prova é que eu sou”.
João XXIII foi o primeiro Papa do século XX que, em certas ocasiões, com discrição, abandonou os muros do Vaticano para visitar pessoas necessitadas. Os romanos, com senso de humor, chamavam-no de São João Extramuros, em referência à famosa basílica de São Paulo Extramuros (ou São Paulo Fora dos Muros).
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