É moralmente aceitável suicidar-se para salvar a vida de alguém?
Os especialistas da Aleteia respondem à dúvida de um leitor
© Jiri Folta
“Até que ponto o suicídio poderia ser moralmente aceitável, no caso de implicar dar a vida pelo outro?” (pergunta enviada por meio da fan page da Aleteia)
Há atos que podem parecer semelhantes à primeira vista, mas que na realidade são radicalmente diferentes. O que aqui se pergunta é um exemplo disso. Existem casos de dar a vida por outra pessoa. Mas não são suicídios. E, se de alguma forma forem, então se trata de uma ação equivocada.
O suicídio consiste em acabar com a própria vida – com o objetivo de morrer. Então, não é propriamente um suicídio, por exemplo, o fato de uma pessoa, em uma tentativa desesperada de salvar a vida, jogar-se da janela de um apartamento ao ter o corpo em chamas e não encontrar outra saída, ainda que morra na tentativa.
Tampouco é considerado suicídio o fato de uma pessoa deixar que a matem para salvar a vida de outra. De fato, há alguns anos, São João Paulo II canonizou Maximiliano Kolbe, quem, sendo prisioneiro em Auschwitz, ofereceu-se para substituir outro preso que seria executado em represália por uma fuga.
O ato de São Maximiliano lhe custou a vida (deixaram-no morrer de fome). Ele não é considerado um “mártir da fé”, como costuma acontecer, pois não morreu por defender a sua fé, mas sim um “mártir da caridade”. De fato, ele encarnou a afirmação de Jesus, quando disse que “ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida por seus amigos” (João 15, 13). Mas isso não foi suicídio, pois não foi ele quem tirou a própria vida.
Não é difícil perceber que estas palavras do Senhor foram ditas em referência a Ele mesmo, em primeiro lugar. Então, nesta questão, o maior exemplo que temos é o próprio Jesus Cristo, que deu sua vida por nós. E a deu querendo entregá-la mesmo.
Suas palavras não deixam dúvidas: “O Pai me ama, porque dou a minha vida para a retomar. Ninguém a tira de mim, mas eu a dou de mim mesmo e tenho o poder de a dar, como tenho o poder de a reassumir” (João 10, 17-18). Mas entregar sua vida consistiu em deixar que outros a tirassem, não em tirá-la Ele mesmo. Por isso, não foi um suicídio.
O suicídio propriamente dito não tem justificativa moral. É possível, e ocorre com frequência, que o suicida padeça de um sério transtorno mental, o que não o tornaria responsável pelos seus atos, mas isso não transforma em bom algo que em si sempre é ruim.
Às vezes, acontecem casos de pessoas que tiram a própria vida pensando nos outros. Por exemplo, o caso de um homem que, diante do diagnóstico de uma doença incurável que traria muitos gastos para a sua família, decide se matar.
Também se discute o caso do agente secreto a quem se pede que se suicide antes de ser capturado, para não revelar as informações que tem. Mas nenhum destes casos, ou outros semelhantes, têm justificativa moral.
O Catecismo da Igreja Católica é bastante claro ao afirmar isso, e explica o motivo: “O suicídio contraria a inclinação natural do ser humano para conservar e perpetuar a sua vida. É gravemente contrário ao justo amor de si mesmo. Ofende igualmente o amor do próximo, porque quebra injustamente os laços de solidariedade com as sociedades familiar, nacional e humana, em relação às quais temos obrigações a cumprir. O suicídio é contrário ao amor do Deus vivo” (n. 2281).
Há atos que podem parecer semelhantes à primeira vista, mas que na realidade são radicalmente diferentes. O que aqui se pergunta é um exemplo disso. Existem casos de dar a vida por outra pessoa. Mas não são suicídios. E, se de alguma forma forem, então se trata de uma ação equivocada.
O suicídio consiste em acabar com a própria vida – com o objetivo de morrer. Então, não é propriamente um suicídio, por exemplo, o fato de uma pessoa, em uma tentativa desesperada de salvar a vida, jogar-se da janela de um apartamento ao ter o corpo em chamas e não encontrar outra saída, ainda que morra na tentativa.
Tampouco é considerado suicídio o fato de uma pessoa deixar que a matem para salvar a vida de outra. De fato, há alguns anos, São João Paulo II canonizou Maximiliano Kolbe, quem, sendo prisioneiro em Auschwitz, ofereceu-se para substituir outro preso que seria executado em represália por uma fuga.
O ato de São Maximiliano lhe custou a vida (deixaram-no morrer de fome). Ele não é considerado um “mártir da fé”, como costuma acontecer, pois não morreu por defender a sua fé, mas sim um “mártir da caridade”. De fato, ele encarnou a afirmação de Jesus, quando disse que “ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida por seus amigos” (João 15, 13). Mas isso não foi suicídio, pois não foi ele quem tirou a própria vida.
Não é difícil perceber que estas palavras do Senhor foram ditas em referência a Ele mesmo, em primeiro lugar. Então, nesta questão, o maior exemplo que temos é o próprio Jesus Cristo, que deu sua vida por nós. E a deu querendo entregá-la mesmo.
Suas palavras não deixam dúvidas: “O Pai me ama, porque dou a minha vida para a retomar. Ninguém a tira de mim, mas eu a dou de mim mesmo e tenho o poder de a dar, como tenho o poder de a reassumir” (João 10, 17-18). Mas entregar sua vida consistiu em deixar que outros a tirassem, não em tirá-la Ele mesmo. Por isso, não foi um suicídio.
O suicídio propriamente dito não tem justificativa moral. É possível, e ocorre com frequência, que o suicida padeça de um sério transtorno mental, o que não o tornaria responsável pelos seus atos, mas isso não transforma em bom algo que em si sempre é ruim.
Às vezes, acontecem casos de pessoas que tiram a própria vida pensando nos outros. Por exemplo, o caso de um homem que, diante do diagnóstico de uma doença incurável que traria muitos gastos para a sua família, decide se matar.
Também se discute o caso do agente secreto a quem se pede que se suicide antes de ser capturado, para não revelar as informações que tem. Mas nenhum destes casos, ou outros semelhantes, têm justificativa moral.
O Catecismo da Igreja Católica é bastante claro ao afirmar isso, e explica o motivo: “O suicídio contraria a inclinação natural do ser humano para conservar e perpetuar a sua vida. É gravemente contrário ao justo amor de si mesmo. Ofende igualmente o amor do próximo, porque quebra injustamente os laços de solidariedade com as sociedades familiar, nacional e humana, em relação às quais temos obrigações a cumprir. O suicídio é contrário ao amor do Deus vivo” (n. 2281).
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