RELATÓRIO “ Portugal-Saúde Mental em Números 2014”
O relatório "Portugal - Saúde Mental em Números
2014", que se baseia no 1º Estudo Epidemiológico Nacional de Saúde Mental divulgado
em 2013, afirma que um em cada cinco portugueses sofre de perturbações
psiquiátricas.
Segundo os dados conhecidos, Portugal apresenta dos
valores mais altos de prevalência de perturbações psiquiátricas
comparativamente a outros países ocidentais (22,9%), apenas inferiores aos da
Irlanda do Norte (23,1%) e dos EUA (26,4%).
Depois das doenças cérebro-cardiovasculares (13,74% da
carga global de doença), e com menos peso do que as doenças oncológicas
(10,38%), as perturbações do foro psiquiátrico (11,75%) são as que mais
contribuem para a perda de anos de vida saudável, destacando-se as perturbações
de ansiedade (16,5%) e as depressões (7,9%), de acordo com os dados mais
recentes disponíveis relativos a 2010.
Apesar da existência de um grande número de mortes por
"causa indeterminada", o relatório aponta para um aumento da taxa de
mortalidade por suicídio em 2012, último ano com dados disponíveis, sendo que
os valores que mais se destacam se localizam na faixa etária superior aos 65
anos, com uma média de 21,1 casos por cada 100 mil habitantes.
O relatório apresenta Portugal como um dos países
europeus com maior consumo de ansiolíticos, sedativos e hipnóticos.
Nos últimos cinco anos, aumentou o número de vítimas
mortais com substâncias psicotrópicas no organismo em acidentes de viação,
nomeadamente álcool e drogas. Esta combinação de substâncias é a mais frequente
nestas vítimas mortais e representa 53,8%. Das 26 vítimas mortais de acidentes
de viação detetadas com substâncias psicotrópicas no organismo em 2013, 11,5%
tinham canabinoides, 26,9% opiáceos, 3,8% cocaína e metabolitos e 3,8% várias
drogas.
No ano anterior, das 154 mortes por suspeita de
suicídio, 23 revelaram conter etanol no organismo, quatro canabinoides, quatro
opiáceos e três cocaínas. Nesse mesmo ano, 2.288 mortes tiveram como causas
doenças atribuíveis ao álcool e 93 perturbações mentais e comportamentais
derivadas do uso de álcool.
A Direção-Geral da Saúde (DGS) alerta para o
facto de que, em todo o país, apenas existirem 24 camas para internamento
psiquiátrico para crianças e jovens, 10 na zona norte e 14 para a zona de
Lisboa. Esta situação faz com que, em muitos dos casos, os doentes tenham que
ser internados noutras estruturas não especializadas.
A DGS afirma, no relatório divulgado, que, em
Portugal, os modelos de financiamento e composição colocam as equipas
comunitárias de saúde mental em Portugal continuam num patamar de
desenvolvimento inferior aos restantes países da Europa Ocidental, declarando
que "enquanto este aspeto não se modificar, a intervenção
psicofarmacológica tenderá a continuar a ser a resposta predominante, mesmo nas
situações em que não está particularmente indicada".
O relatório alerta ainda para a necessidade de
reforçar e descentralizar as equipas médicas especialistas, tanto para adultos
como para crianças e adolescentes.
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