terça-feira, 9 de dezembro de 2014

RELATÓRIO “ Portugal-Saúde Mental em Números 2014”


 
 

RELATÓRIO “ Portugal-Saúde Mental em Números 2014”
 

O relatório "Portugal - Saúde Mental em Números 2014", que se baseia no 1º Estudo Epidemiológico Nacional de Saúde Mental divulgado em 2013, afirma que um em cada cinco portugueses sofre de perturbações psiquiátricas.

Segundo os dados conhecidos, Portugal apresenta dos valores mais altos de prevalência de perturbações psiquiátricas comparativamente a outros países ocidentais (22,9%), apenas inferiores aos da Irlanda do Norte (23,1%) e dos EUA (26,4%).

Depois das doenças cérebro-cardiovasculares (13,74% da carga global de doença), e com menos peso do que as doenças oncológicas (10,38%), as perturbações do foro psiquiátrico (11,75%) são as que mais contribuem para a perda de anos de vida saudável, destacando-se as perturbações de ansiedade (16,5%) e as depressões (7,9%), de acordo com os dados mais recentes disponíveis relativos a 2010.

Apesar da existência de um grande número de mortes por "causa indeterminada", o relatório aponta para um aumento da taxa de mortalidade por suicídio em 2012, último ano com dados disponíveis, sendo que os valores que mais se destacam se localizam na faixa etária superior aos 65 anos, com uma média de 21,1 casos por cada 100 mil habitantes.  

O relatório apresenta Portugal como um dos países europeus com maior consumo de ansiolíticos, sedativos e hipnóticos.

Nos últimos cinco anos, aumentou o número de vítimas mortais com substâncias psicotrópicas no organismo em acidentes de viação, nomeadamente álcool e drogas. Esta combinação de substâncias é a mais frequente nestas vítimas mortais e representa 53,8%. Das 26 vítimas mortais de acidentes de viação detetadas com substâncias psicotrópicas no organismo em 2013, 11,5% tinham canabinoides, 26,9% opiáceos, 3,8% cocaína e metabolitos e 3,8% várias drogas.

No ano anterior, das 154 mortes por suspeita de suicídio, 23 revelaram conter etanol no organismo, quatro canabinoides, quatro opiáceos e três cocaínas. Nesse mesmo ano, 2.288 mortes tiveram como causas doenças atribuíveis ao álcool e 93 perturbações mentais e comportamentais derivadas do uso de álcool.

 A Direção-Geral da Saúde (DGS) alerta para o facto de que, em todo o país, apenas existirem 24 camas para internamento psiquiátrico para crianças e jovens, 10 na zona norte e 14 para a zona de Lisboa. Esta situação faz com que, em muitos dos casos, os doentes tenham que ser internados noutras estruturas não especializadas.

A DGS afirma, no relatório divulgado, que, em Portugal, os modelos de financiamento e composição colocam as equipas comunitárias de saúde mental em Portugal continuam num patamar de desenvolvimento inferior aos restantes países da Europa Ocidental, declarando que "enquanto este aspeto não se modificar, a intervenção psicofarmacológica tenderá a continuar a ser a resposta predominante, mesmo nas situações em que não está particularmente indicada".

O relatório alerta ainda para a necessidade de reforçar e descentralizar as equipas médicas especialistas, tanto para adultos como para crianças e adolescentes.

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