domingo, 6 de dezembro de 2015

A Liturgia e a Paróquia


A Liturgia e a Paróquia

 

Sem evangelização não poderá haver liturgia, pois esta é fruto da experiência de fé para poder compreender vivencialmente a complexidade tão nobre, como é nos seus aspectos, compromissos e experiências pessoais e comunitárias, numa celebração litúrgica.

Não se celebra a liturgia sem comunhão entre os participantes, pelo menos, não será verdadeira liturgia. Não haverá liturgia autêntica se não houver comunidade e a comunidade é fruto da liturgia, sem que se despersonalize a pessoa que, na comunidade, participa. Uma comunidade religiosa é uma realidade social quer queiramos quer não, quer seja perfeita, quer seja imperfeita.

A comunidade religiosa é um grupo de pessoas que vivem com objectivos comuns do âmbito religioso, onde a pessoa se realiza socialmente. Ninguém, pois, se pode realizar independentemente dos outros...

É na dimensão social do homem que ele vive mais profundamente a comunidade religiosa e através dela forma uma comunhão pessoal de vida. É através da Comunidade que a pessoa comunica e participa, dá e recebe e onde se exercem as virtudes da humildade e da generosidade, do compromisso e da partilha...

 É estar com os outros e ser com os outros que enriquece a sua espiritualidade porque “nem só de pão vive o homem”. É nela que se integra e se manifesta ser para os outros e ser com eles. Há aqui um relação diferente quando ela é religiosa, cultual, pois vai mais além, é transcendente e não é aleatória; parte da vontade própria e sente a necessidade de intervir, de ser no mundo assim, com os outros e para os outros...

A base desta comunidade litúrgica está na trindade, onde ela é perfeita. A nossa, por mais perfeita que seja será sempre um sinal muito frágil da Trindade Santíssima.

Pela encarnação do filho de Deus, Ele estabeleceu a sua morada entre nós, não está junto a nós, mas está connosco. Isto quer dizer que pela encarnação do Verbo nasceu a Igreja. A Igreja é a humanidade reunida e convocada para a comunhão com Deus, para a comunhão dos homens entre os homens e entre estes e Deus. Só assim é possível pelo Espírito vivermos congregados num só Corpo.

Nos Actos dos Apóstolos há uma passagem muito própria quando se refere a Ananias e Safira que usurparam os bens que lhes pertenciam não os entregando todos como os outros fizeram generosamente ao serviço da Comunidade. Pedro chama-lhes a atenção: “Mentistes contra o Espírito... contra Deus...”. Cf. Hebreus 5.

A comunidade deve discernir que não é ela própria que escolhe, mas Deus. Não somos nós que escolhemos ou nos elegemos para viver comunitariamente um ideal inspirado pelas nossas aspirações religioso-ascéticas. Tem de aceitar que nela pode haver pluralidade de carismas. Se o Espírito Santo é a alma da comunidade, a pluralidade de carismas nela é natural porque onde está o espírito está a abundância das suas graças na construção do Reino, onde, entre os membros, sempre existirá o pecado portanto uma comunidade de pecadores, e ininterruptamente chamados à conversão.

Já abordei a origem da comunidade cristã.

E como comecei não há comunidade sem Liturgia, nem Liturgia sem comunidade, daí que até um sacerdote sozinho pode rezar, fazer a oração, rezar a liturgia das horas com toda a Igreja mas não tem que celebrar a Eucaristia que é um acto estritamente comunitário, onde a comunhão se deve manifestar e o padre sem fiéis não tem motivo para esta oração, Acção de Graças.

Toda a liturgia nasce da comunidade cultual. O culto é a fonte sempre insubstituível da vida e do desenvolvimento.

É por isso que sempre tivemos o cuidado de celebrarmos os sacramentos com a liturgia mais adequada, a começar pela Eucaristia que depois do Baptismo é aquela que alimenta a vida de Comunhão.

Logo em 1979 já tínhamos uma equipa de liturgia que preparava as missas de cada Domingo. Dela fizeram parte várias pessoas que, semana a semana, na sacristia, onde se fazia tudo, ao fim da tarde, se reflectia na liturgia da Palavra, etc...

Logo houve no princípio um curso de leitores que já se repetiu por quatro vezes. Embora tenhamos insistido, nem sempre se lê do melhor modo, o que me faz muita pena. Ainda outro dia ouvi um comentário destes, “O meu marido telefonou-me para que se fosse à missa desse atenção à primeira leitura e afinal não entendi uma palavra sequer”. E isto que eu estava a ouvir uma senhora a contar a outra, era na realidade, uma verdade porque tinha sido eu o celebrante e ouvi e calei-me. Muitas vezes acontece isso, um ou outro leitor não sabe o que vai ler e depois lê para ele e nem sequer ele, às tantas, foi capaz de compreender.

Tudo tem de ser preparado com antecedência.

Pessoas que nunca participaram em formação de leitores, só em caso de suplência devem ler, mas deve preparar-se antes, como qualquer outro o devia fazer.

Também logo em 1979, ainda no tempo em que era usado a máquina de stencil surge a primeira “Luz Dominical” de forma muito rudimentar, mas havia esse cuidado, com comentários às leituras e informações paroquiais. Nesta altura é de formato A5 e contém os cânticos da missa sobretudo da missa vespertina.

O coral a que chamamos coral litúrgico, é o coral dos mais velhos, formado de pessoas que ficaram do Espectáculo Marcos 9,37 animado por Joaquim Gomes. Aqueles que pertenciam ao coral quando aqui entrei continuaram, mas a pouco e pouco, por isto ou por aquilo, foram deixando, mas há um núcleo que vem desde 1979 ao qual já se juntaram vários colaboradores e, assim, se tem mantido o coral que anima a missa vespertina e festas importantes da Paróquia.

A missa da catequese sempre foi animada por outra gente, mas há 15 anos que a Célia Novo, formada em Arte e Design é a animadora de um grupo juvenil, sempre escolhendo cânticos ao gosto das crianças...

Aparece mais tarde um grupo de jovens que supriu a falta do “coral litúrgico” que também cantou na missa do meio-dia, a tomar este lugar. Na maioria são alunos da Academia de Música, cantam cânticos às vezes a 4 vozes, cânticos clássicos, enfim, uma missa diferente e que a assembleia também gosta.

Logo que aqui dei entrada pareceu-me litúrgico o sacerdote receber à porta da igreja todos os que chegavam para a celebração. Fiz isso muitos anos. Agora é raro, mas quando posso ainda me sinto bem a fazer esse acolhimento a quem chega para celebrar comigo.

Há sempre uma palavra diferente para um ou para outro, enfim... Vamos fazer comunhão poucos momentos depois...

No entanto estão sempre dois paroquianos a receber quem chega a entregar a “Luz Dominical” e, certamente, a fazer um pouco aquilo que eu fazia... Um olá! Uma palavra! Um bem-vindo!... Como está?

Agora esse acolhimento ao sábado tem sido feito pelo pároco dentro da igreja e à porta por um leigo.

Entretanto, enquanto se faz o acolhimento, o animador da assembleia e o coral faz os últimos ensaios dos cânticos para que a assembleia aproveite e possa acompanhar depois o coral, fazendo com que muitos participem no canto.

Os salmistas também têm sido bem preparados para que a celebração seja sempre muito digna.

Procuro não me alongar na homilia, apenas 5 a 7 minutos. Não vá a minha palavra ser mais importante que a palavra de Deus!...

Deste modo são sempre os 45 a 50 minutos o tempo da celebração. Às vezes, por motivo de festa, pode ir mais longe...

Os Ministros Extraordinários da Comunhão não só colaboram na distribuição da Sagrada comunhão, como levam a comunhão aos doentes.

A Eucaristia não é o único acto de culto que envolve a liturgia.

Já há uns anos que fizemos paroquialmente formação para Acólitos Adultos e, desse modo, temos uma equipa que soleniza os dias de festa com o sacerdote, utilizando a procissão com o crucífero com a cruz levantada à frente, os ceroferários, o turiferário e o ajudante seguindo os dois acólitos e o sacerdote.

Mas a missa não é o único acto de culto. Todos os outros sacramentos são actos de culto com liturgia também apropriada.

Lutamos pelos baptismos comunitários, celebrados em colectividades ou celebrados dentro das missas. Os pais são acolhidos por um casal e depois há preparação para pais e padrinhos mensalmente feita pelo pároco. Os párocos da cidade distribuíram ultimamente uns desdobráveis dando informações sobre o que é e as condições necessárias para o Baptismo. Um trabalho foi feito em comum com as paróquias da Meadela, N.ª Sr.ª de Fátima, S.ta M.ª Maior, Monserrate, Senhor do Socorro, Areosa e Darque.

Para o sacramento da Penitência que renova a graça baptismal prejudicada pelo pecado temos tempos fortes pela Páscoa e pelo Natal. Pela Páscoa temos 24 horas de acolhimento para a Confissão e durante o ano à sexta-feira pela manhã antes da missa e à também antes da missa. No entanto todos os dias pelas 14.30 na Igreja da Sagrada Família e na Igreja Paroquial sempre que o Pároco ou na vez dele alguém esteja.

Já se fizeram celebrações penitenciais por altura da Quaresma, mas as pessoas não aderiam com facilidade. O número era muito reduzido. Fazemo-las agora na festa do Perdão para as crianças da catequese, e...

O sacramento da Confirmação já desde há 30 anos, que administrámos o sacramento da Confirmação aos jovens que completem 10 anos de catequese. No tempo de D. Armindo Lopes Coelho, de 2 em 2 anos sensivelmente vinha crismar aqui na Paróquia, embora alguns fossem à Sé. Com os critérios do novo Bispo de Viana alguns têm ido à Sé Catedral para serem crismados no dia de Pentecostes. Aqui agora só haverá crisma quando for marcada visita pastoral.

Para os que saem fora do esquema da catequese normal, e já têm idade adulta, há outro tipo de preparação para o Crisma.

O Sacramento da Santa Unção tem sido administrado anualmente a idosos e doentes na quarta-feira santa na Igreja Paroquial, de forma comunitária, e ao domicílio quando pedem. Procuramos que cada ano seja diferente a festa da Administração do Sacramento da Santa Unção e da Comunhão Pascal.

Quanto ao Sacramento do Matrimónio é feito um acolhimento por um casal e depois é feito o CPM (Centro de Preparação para o Matrimónio) ao Domingo pela manhã.

Temos tratado do processo civil para ajudar ou facilitar os noivos e organizamos o processo religioso como não poderia deixar de ser.

Quanto à liturgia procuramos dar a oportunidade aos noivos de escolherem as leituras e, até às vezes fazer uma liturgia apropriada a cada casamento para não ser tão repetitiva.

Quanto ao Sacramento da Ordem!... Nada se tem feito a não ser o aconselhamento e o desafio feito para que despertem vocações sacerdotais ou religiosas, mas... sem sucesso! Só houve um seminarista no Seminário Diocesano e no Seminário do Carmo, nestes 25 anos. E o último sacerdote que esta zona deu à Igreja foi o P.e Manuel Miranda; ainda não era Paróquia e já falecido, assim como uma irmã religiosa.

Ao longo destes 37 anos, pontualmente, fizeram-se muitas coisas a nível litúrgico em relação a leitores, ostiários, acólitos, corais, mec.s, etc.… neste ano santo da Misericórdia prevêem-se outras mais para utilizar ao longo do ano que poderão ser as mais próximas tornadas públicas após a abertura da Porta Santa na Sé Catedral.

Esperemos!...Vem, Senhor Jesus!                                                       PC









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