A Dignidade
no Trabalho
Num dos momentos em que Jesus
volta à sua terra, a Nazaré, e fala na Sinagoga, é sublinhado o espanto dos
seus conterrâneos pela sua sabedoria, e a pergunta que eles se põem: «Não é
este o filho do carpinteiro?» (Mt 13, 55). Jesus entra na nossa história, vem
para o nosso meio, nascendo de Maria por obra de Deus, mas com a presença de
José, o pai legal que o protege e lhe ensina também o seu ofício. Jesus nasce e
vive numa família, na Sagrada Família, aprendendo com São José o ofício de
carpinteiro, na oficina de Nazaré, partilhando com ele o esforço, a fadiga, a
satisfação e também as dificuldades de cada dia.
Isto nos adverte para a dignidade
e a importância do trabalho. O livro do Génesis narra que Deus criou o homem e
a mulher confiando-lhes a tarefa de encher a terra e submetê-la, o que não quer
dizer explorá-la, mas cultivá-la e guardá-la, cuidar dela com o seu próprio
trabalhos (cf. Gn 1, 28; 2, 15). O trabalho faz
parte do plano de amor de Deus;
nós somos chamados a cultivar e guardar todos os bens da criação e deste modo
participamos na obra da criação! O trabalho é um elemento fundamental para a
dignidade de alguém. O trabalho, para usar uma imagem, “unge-nos” de dignidade,
enche-nos de dignidade; torna-nos semelhantes a Deus, que trabalhou e trabalha,
atua incessantemente (cf. Jo 5, 17); dá a capacidade de se sustentar a si
próprios, à família, de contribuir para o crescimento da sua Nação. E aqui
penso nas dificuldades que, em vários países, encontram hoje o mundo do
trabalho e empresarial; penso em quantos, e não apenas jovens, estão
desempregados, muitas vezes devido a uma conceção economicista da sociedade, que
procura o lucro egoísta, fora dos parâmetros da justiça social.
Desejo endereçar a todos o
convite à solidariedade, e aos Responsáveis da coisa pública encorajamento para fazerem todos os esforços
para darem novo impulso ao emprego; isso significa preocupar-se com a dignidade
da pessoa; mas sobretudo quero dizer-lhes que não percam a esperança; também
São José teve momentos difíceis, mas jamais perdeu a confiança e foi capaz de
os superar, com a certeza de que Deus não nos abandona. E, depois, gostaria de
me dirigir em especial a vós, rapazes e raparigas, a vós jovens: empenhai-vos
no vosso dever de cada dia, no estudo, no trabalho, nas relações de amizade, na
ajuda de uns aos outros. O vosso futuro depende também de como sabeis viver
estes preciosos anos da vida. Não tenhais medo do empenhamento, do sacrifício,
e não olheis com medo para o futuro; mantende viva a esperança: há sempre uma
luz no horizonte! […]
Um segundo pensamento: no
silêncio do agir de cada dia, São José, juntamente com Maria, tem um único
centro comum de atenção: Jesus. Eles acompanham e guardam, com empenhamento e ternura,
o crescimento do Filho de Deus, feito homem por nós, refletindo sobre tudo o
que acontecia. … Para ouvir o Senhor, é preciso aprender a contemplá-lo, a
perceber a Sua presença constante na nossa vida; importa deter-se a dialogar
com Ele, dar-lhe espaço na oração. Cada um de nós ... deveria interrogar-se:
que
espaço dou eu ao Senhor?
Detenho-me a dialogar com Ele?
PAPA FRANCISCO, Aud.
Geral, 1/05/2013
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