Causa da crise está na divinização
Quer do
dinheiro quer do poder
O PAPA Francisco não se conforma
com a economia “sem rosto” que esquece as pessoas e agrava as desigualdades,
em nome de “ideologias que promovem a autonomia absoluta dos mercados e a especulação
financeira”. Disse isso a novos embaixadores na Santa Sé.
Se os Estados não
controlarem os mercados, previne, “instaura-se uma nova tirania invisível,
por vezes virtual, que impõe unilateral- mente as suas leis e as suas regras”.
Entende que a crise mundial mostra “a deformidade” e a “grave falta de pers-
petiva antropológica” das finanças e da economia, que “reduzem o homem a
apenas uma das suas exigências, o consumo”.
Afirma que a
solidariedade, “tesouro dos pobres”, passou a ser considerada como “contraproducente”,
contrária à “racionalidade financeira e econômica”. A tudo isso, soma-se “uma
corrupção tentacular e uma evasão fiscal egoísta que assumiram dimensões
mundiais”.
“A adoração do antigo bezerro
de ouro encontrou uma inesperada imagem na ditadura da economia sem objetivo
verdadeiramente humano”, observou, acrescentando que a causa da crise está na
“recusa da ética” e “de Deus”, com a “divinização do dinheiro e do poder”.
HOJE, “os pobres correm
perigo”, como disse o Papa Francisco a uma delegação da Cáritas Internacional,
presidida pelo cardeal hondurenho Oscar Maradiaga. “Está em perigo o homem, a
pessoa humana. Está em perigo a carne de Cristo”, realçou.
Para o Papa, a atual
crise, que ofende a dignidade das pessoas, “não é apenas econômica nem
cultural ou de fé. É uma crise em que o homem sofre as conseqüências desta
instabilidade”.
Elogiando o trabalho da
Cáritas a nível local, nacional e internacional, afirmou que “uma Igreja sem
caridade não existe”. Sublinhou que a Cáritas é “a carícia da Igreja ao seu
povo, a carícia da mãe Igreja aos seus filhos, a ternura, a proximidade”.
As instituições
particulares de solidariedade social, são, na sociedade civil e na Igreja
Católica, um oásis ao serviço das pessoas e do bem comum, com a persistência
da solidariedade e com a prática da subsidiarie- dade, para que o Estado resista
à tentação do autoritarismo. R.O.
conegoruiosorio@diocese-porto.pt in JN Domingo passado
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