Roteiro de formação em Ano da Fé
“ Escuta, filho, os
preceitos do mestre e inclina o ouvido do teu coração; aceita de boa mente o
conselho dum pai cheio de ternura e põe-no em prática…” .(S. Bento, in
Regra, Prólogo).
O Santo Patriarca, S. Bento, inicia a Regra que deu aos seus
monges usando quatro verbos significativos:
- escutar
- inclinar ( o ouvido )
- aceitar
- pôr ( em prática ).
E estes verbos estão dispostos por uma ordem que não é
casual. S. Bento convoca para uma missão pessoal:” voltar para Aquele de quem
(o leitor) (…) te afastaras”. E para voltar, o nosso Santo Patriarca indica
qual o meio e o modo de regressar.
Escutar será o primeiro passo, isto é,
ouvir com atenção, ou como se diz hoje, numa escuta activa , disponível,
pronta, atenta, decidida, comprometida.
Inclinar (o ouvido) não é mais do que
entrar em intimidade e na intimidade, com o mais profundo da mensagem e com o
mensageiro, ou como dizia S. Exupery no Principezinho, com os ouvidos do
coração.
Aceitar, como todos sabemos não é só
acordo de princípios, com mais ou menos reservas, mas dar um aval total e sem
reservas à mensagem, com humildade de quem se entrega à guarda de quem nos
convida e convoca.
Pôr ( em prática ), no fundo é viver de acordo com o que se
escutou, inclinando o ouvido do coração
e aceitando a mensagem para a viver de forma coerente e fiel, malgrado
as limitações de quem escuta , da surdez do nosso coração e das reservas que o
nosso orgulho, vaidade ou egoísmo impõem à prática e na prática do nosso agir
que, não raras vezes , resvala para a imperfeição de vida.
… Mas, como escreveu o Cardeal Danielou, num livro notável –
“ A Oração, um problema político “ – dos finais da década de 60 do século
passado: um cristão é um pagão em
conversão permanente. De facto, assim é. No fundo, o grande convite de S. Bento é para a nossa conversão. A minha, a
de cada um de nós. S. Bento, obviamente, que se dirigia aos monges do seu tempo.
Mas, não é o tempo de S. Bento o tempo de Deus e o tempo de Deus não é este
tempo?? Creio bem que sim! Tirando aspectos acessórios da sua Regra, esta pode
ser uma verdadeira convocatória para este nosso tempo, mais de 1500 anos depois
de ele ter nascido. E será tanto mais quanto mais formos capazes de, seguindo
S. Bento, em quem o nosso Fundador, filho de S. Bento, se inspirou, de lhe
prestar atenção. De o seguir para, por ele, chegarmos a Jesus Cristo, único
Salvador, ontem, hoje e sempre! De chegarmos ao Senhor Jesus para o anunciar,
como dizia S. Paulo, de uma forma muito incisiva e de que, pessoalmente gosto
muito e que é o lema de vida da MSM : “ a tempo e a contra-tempo”. Mas para
evangelizar é preciso estar evangelizado, como escreveu Paulo VI, na “Evangelii
nuntiandi”. Estar em conversão permanente, em evangelização própria e, por
consequência e imperativo, ser naturalmente um evangelizador. E não é este o
nosso papel,a nossa prioridade, aqui e agora, como freires da MSM?
Como disse recentemente o Papa Francisco I: “ as vossas
iniciativas sejam “pontes”, estradas que levem a Cristo a fim de caminhardes
com Ele. E, neste espírito, permanecei sempre atentos à caridade.(…)” Sede
missionários do amor e da ternura de Deus! Sede missionários da misericórdia de
Deus, que sempre perdoa, sempre espera por nós e nos ama tanto “ ( Papa
Francisco,5.V.2013, no dia das Confrarias e Irmandades). Aqui fica o repto,
para mim. Para nós.
Braga, 30.V.2013
Carlos Aguiar Gomes
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