Um espermatozoide é um pai?
Todos os alunos do nosso ensino básico sabem que um
espermatozoide não é mais do que um gâmeta masculino, uma célula haploide, no
caso humano com 23 cromossomas, dos quais um se diferencia dos restantes 22 e
toma o nome de uma letra X ou Y.É esta característica genética que lhe confere
uma identidade própria e exclusiva e que o diferencia do gâmeta feminino que,
sendo haploide, igualmente com 23 cromossomas, dos quais um é identificado
somente pela letra X.
Num ser humano, salvo excepções, todas as células, excepto
os ditos gâmetas, têm 46 cromossomas, 23 que herdam do pai e outros tantos que
vêm da mãe. Estes gâmetas, haploides, se os seus núcleos se fundirem, originam
uma célula única e irrepetível, com 46 cromossomas ( 23 pares ), dos quais um
par é XX ou XY. Esta célula, diploide, como se vê e sabe, é totalmente
diferente das que lhe deram origem. O seu destino também. Aquelas células, os
gâmetas, muito diferentes entre si, têm um período de vida muito curto e são
produzidos da adolescência até muito mais tarde na vida dos homens e das
mulheres. A célula formada na fecundação do óvulo por um espermatozoide, ovo ou
zigoto, tem e contem um programa que se vai mostrando ao longo da sua
existência e que pode ultrapassar os cem anos, desenvolvendo-se de forma contínua
e sem saltos, como um filme que se vai desbobinando e mostrando o enredo. Esta
célula, o ovo ou zigoto, pode vir a tornar-se pai ou mãe. Pode. Terá que
esperar. Esperar que possa produzir espermatozoides. Esperar que estes
encontrem um óvulo disponível. E que os dois se fundam. E que o ovo, depois
embrião inicial encontre um útero preparado para acolher o novo ser humano, que
pode ser candidato, também ele, a tornar-se pai, um dia muito mais tarde.
Portanto, se nem um ovo ou zigoto se pode apelidar de pai muito menos o
espermatozoide
Assim, o
espermatozoide não é um ser humano e muito menos é um pai.
A mentira intencional é criminosa. Usar linguagem científica
para manipular consciências é muito grave e é puro obscurantismo.
Carlos Aguiar Gomes
Sem comentários:
Enviar um comentário